Encontro e Rendição
Capítulo 1 – Encontro e Rendição
“Agora eu posso ser seu anjo
Seus desejos sei de cor
Pro bem e pro mal você me tem
Não vai se sentir só, meu amor”
Se Quiser - Tânia Mara
- Detenção para a senhorita, srta. Granger. – Disse professor Snape com um sorriso irônico nos lábios depois de verificar que Hermione não havia feito a tarefa de casa. Ele não sabia, e provavelmente jamais viria a saber, que o motivo pelo qual Hermione não havia feito a tarefa era Rony. Eles haviam brigado novamente e cada vez as brigas pioravam. Dessa última vez chegaram a apontar a varinha um para o outro, se não fosse por Harry ter chegado na hora certa... O fato era que não tinha conseguido se concentrar o suficiente para escrever nem ao menos cinco linhas dos três metros que Snape havia mandado e acabara por adormecer sobre o pergaminho. – Alguém mais não fez a tarefa? – Draco Malfoy levantou timidamente a mão do lado oposto da sala. – O senhor, sr. Malfoy, ao contrário da srta. Granger, me surpreendeu. Detenção para os dois. Estejam na minha sala às sete. – Draco, ao contrário de Hermione, estivera em uma festinha secreta nas masmorras a noite quase toda e mal tivera tempo para dormir quanto mais para terminar uma maldita redação de poções.
Harry olhou para a amiga durante algum tempo querendo fazer algo por ela. Então as coisas estavam realmente sérias e para piorar ainda aparecia o idiota do Snape e lhe dava uma detenção justamente com o Malfoy. Esperou sinceramente que não piorasse para ela. Já não bastava Mione sofrer com ele todos seus problemas ainda tinha que agüentar sua própria vida sendo bagunçada. Mas no que ele estava pensando?! A vida deles três era entrelaçada de tal forma que parecia uma só, mas ultimamente os nós que pareciam ser cegos estavam se desfazendo e puxando em direções opostas o que o deixava dividido e em uma posição delicada. Resolveu parar de pensar nisso e se concentrar na aula, afinal poções não eram exatamente o seu forte.
~*~
Depois das aulas Hermione e Draco se encontravam à frente da porta do Prof. Snape.
- Entrem. - Disse ele sendo seguido pelos dois e continuou mostrando vários vidrinhos, garrafas e objetos esquisitos. - Vocês terão que colocar esses ingredientes em ordem. De um lado garrafas, que quero que separem pela cor do líquido e nessa outra o resto dos ingredientes por ordem alfabética.
- Como assim ordem alfabética?
- A, B, C... O Sr. sabe pelo menos isso Sr. Malfoy? – Disse Snape sarcasticamente irônico.
- Sim, Sr. Mas o que quero dizer é como vamos saber o nome de todos eles? – Draco respondeu tentando conter sua raiva.
- Aquele livro. - Snape apontou para um livro enorme e empoeirado em cima da mesa. - Tem o nome de todos os ingredientes, e poções, com uma gravura ao lado. Vejam se aproveitam para aprender alguma coisa de útil.
- Mas vamos demorar muito para terminar! - Exclamou Hermione inconformada.
- Vocês têm o resto do ano letivo... - E saindo. - Há! E sem usar magia é claro!
Para Hermione estar sozinha com Draco Malfoy não era nem de longe uma situação agradável. Observou a sala cheia de frascos e objetos estranhos ao seu redor. Snape provavelmente havia colocado um feitiço anti-roubo nas portas e janelas. Observou Draco parado perto de si olhando-a de um modo estranho. Decidiu tomar as rédeas da situação antes que ele o fizesse.
- Você fica com os frascos coloridos e eu com o livro e os objetos. – Disse encarando-o seriamente.
- Quem você pensa que é para me dar ordens, sua sangue-ruim? – Perguntou com sarcasmo levantando uma das sobrancelhas, gesto que irritou Hermione profundamente. Na verdade ela não conseguia definir ao certo o que era, mas tudo nele parecia irritá-la. Desde o modo como a olhava com aqueles olhos azuis acinzentados tão frios ao jeito como deixava a gravata frouxa e a blusa aberta dois, três botões com o início daquele peitoral bem definido a mostra. Era irritante! Por que ele não podia simplesmente manter-se alinhado como sempre parecia nas aulas? Por que não podia olhar as pessoas como tais e não como meros objetos? Pegou-se desejando que ele a olhasse como pessoa, talvez até como mulher, quem sabe um dia não conseguiria mais do que olhares frios e repulsivos daqueles belos olhos. Olhou de lado tentando afastar esses pensamentos. Ele era Draco Malfoy e ela não poderia esperar mais nada de um Malfoy, principalmente sendo nascida trouxa.
- Ok. Vamos ter que conviver durante algumas noites, então seria bom se não implicássemos um com o outro... E nem nos ofendêssemos. – Respondeu, tentando manter-se calma, por mais difícil que isso estivesse sendo.
- E você acha que eu vou mesmo perder a chance de insultar você, Granger? – Ela era realmente incrível, o modo como se mantinha sempre tão controlada por tanto tempo. Mas ele sabia que com um pouco mais Hermione Granger sairia do sério. Era o seu dom especial fazer isso com ela. A sempre perfeita sangue-ruim Granger não conseguia se controlar perto de um certo louro de olhos azuis. Ninguém mais conseguia fazê-la perder a cabeça, só ele. Pensou bem antes de decidir-se por provocá-la afinal havia sido uma noite longa, um dia mais longo ainda e não pretendia que essa noite fosse também. Pelo menos não sem um pouco de diversão. – Por que você não arruma tudo enquanto eu tiro um cochilo ali no canto? Sabe que a festa que fui ontem me deixou realmente cansado.
Ele estava conseguindo.
- Não vou arrumar tudo sozinha, Malfoy! Sugeri que você ficasse com os frascos e eu com o livro porque presumi que seria mais rápido desse modo, mas se você quiser passar o resto de nossas noites apenas discutindo o quanto nos odiamos, por mim tudo bem. Afinal não sou eu que estou perdendo festinhas super animadas nas masmorras da Sonserina!
Hermione tinha razão, mas Draco jamais admitiria isso. Deu um passo na direção dela pensando em algo que pudesse fazer e/ou dizer. Ela recuou um pouco surpresa fazendo-o perceber que no fundo ela não era muito diferente de uma menininha assustada. E inocente. Será que já tinha beijado alguém?
- Acho que alguém como você... – Disse olhando-a com superioridade – não faz idéia do quão animada uma festa nas masmorras da Sonserina pode ser. – Deu mais um passo na direção dela que engoliu em seco, mas permaneceu parada no lugar com o olhar firme. É claro que ela já havia beijado, apesar do Weasley ser um frouxo, houve o Vitor Krum no quarto ano. Ele ouviu falar. – Alguém como você não pode imaginar como uma festa de verdade pode ser. – Mais dois passos e apenas centímetros separavam os rostos de ambos.
Beijá-la não foi algo premeditado. Na verdade apenas pretendia atiçá-la, deixá-la sem fôlego, mas acabou caindo na própria armadilha.
Hermione ainda pensou em resistir, na verdade poucos antes de ser beijada segurava firmemente a varinha em seu bolso, mas ao sentir o delicioso perfume de colônia masculina que vinha dele, foi dominada por um torpor que a fez afrouxar a mão da varinha aos poucos e sentir as pernas bambas. Ao sentir os lábios dele tocando os seus, pensou seriamente que poderia cair. E se um dos braços dele não lhe envolvesse a cintura realmente teria desabado no chão.
A mão que estava em sua cintura passeava pela sua barriga e por debaixo de sua da blusa, tocando a pele fria e deixando rastros de fogo por onde ia. Não tinha forças para resistir, mas encontrou para corresponder. Passou os braços ao redor do pescoço dele enquanto passeava os dedos por seus cabelos desarrumando-os. Draco separou os lábios para tomar um pouco de ar e continuar o beijo na pele dela, descendo pelo queixo, percorreu um caminho curto até o pescoço. Hermione estava sem fôlego e não conseguia raciocinar direito, sentia uma das pernas dele entre as suas e um desejo que jamais experimentara antes com ninguém. Foi nesse ritmo que os dois foram se movendo cada vez mais rápido a procura de um apóio, mas quando acharam um, foi uma das estantes e acabaram derrubando alguns frascos que os fizeram despertar.
Hermione empurrou Draco, fazendo-o se afastar. Ele parou a menos de meio metro dela e tentou controlar a respiração.
- É assim que começa uma festa de verdade. – Sussurrou ele com um sorriso cínico.
Um tapa estalou na face de Draco. Ele segurou o pulso dela com a mão que o atingira ainda no ar. Furioso encarou-a e percebeu que ela estava muito vermelha, com lágrimas nos olhos, o peito agitado pela respiração ofegante. Aquilo o desarmou, mas ele não demostrou. Sentiu duas gotas quentes escorrerem em sua mão e percebeu que a dela sangrava.
- Nunca mais ouse levantar a mão para mim!
Sentiu-se ferida. Por dentro e por fora. Ainda sentia arder cada lugar em que ele a havia tocado e beijado.
- Você só sabe magoar as pessoas?
Ele não respondeu. Soltou o braço dela e olhou para o grande livro encima da mesa parecendo pensativo. Hermione se sentia indefesa demais perto dele para não se sentir um pouco aliviada quando ele pareceu esquecê-la por um momento.
- Tome. – Draco falou oferecendo um lenço branco com suas iniciais bordadas em um canto e se dirigindo em seguida ao livro na mesa.
- O que está fazendo? – Perguntou confusa.
- Olhe para sua mão. – Respondeu sem olhá-la.
Repentinamente ela entendeu o que ele estava fazendo e o que quis dizer. Havia cortado a mão ao quebrar um dos frascos e a poção se misturara com seu sangue. Limpou o corte com o lenço e ficou pressionando o local da ferida enquanto ele procurava. O corte era pequeno, mas começava a doer mais do que previa, a mão estava latejando e ficando cada vez mais vermelha.
- Vamos rápido com isso! – Apressou vendo que Draco demorava a encontrar.
- Calma garota! Eu, ao contrário de você, não sou um sabe-tudo viciado em livros! – Respondeu irritado. Já havia se tornado um hábito provocá-la por isso o fazia mesmo sem ter a intenção.
- Ai! – Falou sentindo a mão arder com um formigamento estranho, fazendo com que ele se virasse para olhar como estava o ferimento. Se assustou com o tom vermelho da mão.
- Que droga! Você não podia ter se encostado na mesa?! – Disse se apressando na busca.
- Se não fosse por você eu não precisaria ter procurado um local para me encostar! – Respondeu corando intensamente.
- Tá bom! Agora não é hora pra isso, você não quer que eu te leve na enfermaria?
- Depois que você descobrir qual é a poção seria ótimo, mas assim acho que Madame Pomfrey não poderia fazer muita coisa.
Ele voltou então a procurar no livro e após duas páginas achou o que procurava.
- E então? – Perguntou ansiosa.
- Você não vai gostar de saber...
- Fala logo, Malfoy! – Reclamou Hermione impaciente.
Abrindo espaço para ela passar, Draco indicou o livro para que visse por si mesma.
- Affe! - Hermione foi bufando até a mesa e olhou o que havia escrito na página onde estava aberto.
Ela olhou e não acreditou no que via, pois havia um lobisomem enorme desenhado na primeira página, com os dentes a mostra e um olhar assassino. Levou a outra mão até a boca assustada e começou a ler a página com uma velocidade incrível, porém não demorou muito para sentir um grande alívio, pois se dera conta de que apenas homens podiam transformar-se em lobisomens e sorriu.
Draco percebendo que ela cometera um engano se aproximou cauteloso e apontou a página ao lado, onde para a infelicidade de Hermione havia algo tão horrendo quanto um lobisomem, mas que podia afetar tanto a um homem quanto a uma mulher. Uma vampira.
- Não é possível!
- É sim...
Ela levou as mãos ao rosto numa tentativa inútil de conter as lágrimas. Seus olhos ardiam e sua garganta parecia que ia fechar.
- Calma! Nós... vamos dar um jeito! - Disse Draco sem saber o que fazer. Nunca a tinha visto naquele estado, ela parecia sempre tão forte, tão controlada. Mas naquele momento teve mais certeza do que nunca do quão ela parecia com uma menininha assustada, tendo vontade de protegê-la. Protegê-la para que apenas ele conhecesse aquele lado dela. Poderia parecer egoísmo, mas o sentimento novo que começava a nascer era mesmo egoísta.
- Não quero ficar assim. Não quero! – Falou entre soluços.
Ele passou os braços pelos ombros dela em um abraço na tentativa de acalmá-la. Não funcionou muito bem. Talvez porque Draco não sabia como abraçar alguém para acalmar e confortar ou porque Hermione começava a sentir a maldição aflorando e teve o leve pressentimento de que se continuassem juntos ele correria sério perigo.
- Não! Saia daqui! Fique longe de mim! - Disse Hermione afastando-o.
Draco saiu de perto dela entre surpreso e assustado.
- Desculpe, estava tentando... ajudar.
Não pôde mais ouvir, saiu correndo porta afora enquanto ele ficava na sala se culpando por tudo aquilo. Foi quando olhou de relance para a mesa e viu o livro de poções que estava ali. Talvez ela ainda tivesse uma esperança.
~*~
Hermione correu pelos corredores de Hogwarts com medo e ao mesmo tempo começando a sentir mudanças ocorrendo em todo seu corpo. Parou atrás de uma coluna. "Calma, Hermione! Você precisa pensar, pensar no que fazer."
Madame Norra vinha caminhando pelo corredor e ao avistar Hermione miou para chamar Filch. Vendo a gata ali sozinha teve um impulso de agarrá-la e retalhar seu corpo de gato em várias tiras sangrentas. Tinha muito ódio acumulado por aquela gata, ela sabia disso e foi nesse instante que percebeu que a personalidade de um vampiro estava começando a vir à tona. Olhou para o jardim de Hogwarts tentando se controlar e então viu o que achou que seria uma solução, pelo menos imediata. O salgueiro lutador que dava para a casa dos monstros. Era ali que Sirius se escondia quando era um lobisomem e era onde ela se esconderia enquanto fosse uma vampira.
Correu para a árvore e entrou na passagem secreta com um pouco de dificuldade para se desviar dos primeiros golpes. Nada havia mudado muito desde a última vez que estivera ali, as mesmas teias de aranha, os mesmos móveis estragados...
Tirou a varinha do bolso e fez um feitiço de limpeza rápido que melhorou um pouco o estado do local, apontou para a cama e a cadeira e disse "reparo" para cada uma. Sentou na cama e pensou, pensou no que sabia sobre vampiros e sobre o que faria para conseguir controlar a si mesma.
"Vampiros se alimentam de sangue, mas eu não posso matar ninguém e nem sair daqui, onde vou arrumar sangue num local como esse?!" Foi ai quando uma ratazana que tinha quase o mesmo tamanho que a gata de Filch passou correndo, fazendo um barulhinho irritante pelas pernas da cadeira, entrando na lareira.
- Eca!
"Nem pensar!" Foi lembrando aos poucos da figura que vira na página do livro. "Não era um vampiro comum, era uma vampira... me pareceu familiar. Acho que já li sobre ela em algum lugar, mas onde? Talvez eu não vá precisar de sangue afinal, talvez seja só um instinto assassino..." Por sorte estava certa quanto a essa parte, mas foi enquanto pensava nisso que se deu conta que foi precipitada ao sair correndo sem nem ao menos tentar ler tudo que estava escrito no livro. Mas agora era tarde para se lamentar, recusara a ajuda de Draco e acabara sozinha ali naquele lugar escuro e sujo.
~*~
Leu rápido:
- "Poção azul, inodora e insípida em frasco de cristal. Essa poção é altamente perigosa." Se é perigosa por que fica em um frasco de cristal? Que droga! "Para que ela tenha efeito é preciso que o sangue da pessoa tenha contato direto com a poção. Os efeitos ainda não são certos, porém sabe-se que é capaz de transformar a pessoa afetada em um tipo raro de vampira chamado Leanan-Sidhe. Por não ser esse o modo natural de transformação a poção apenas tem efeito durante a noite, sendo que durante o dia a pessoa não sentirá e nem se lembrará de nada do que aconteceu durante o tempo em que esteve transformada. Antídoto: Desconhecido."
Draco socou a mesa furioso.
- Maldito Snape! Maldita detenção! O que é que eu vou fazer?! – Não podia ficar se lamentando, pensou, não era do seu feitio. Tinha de procurar uma solução. Tinha de haver uma... algo que pudesse fazer, afinal, querendo ou não ela havia se cortado por culpa dele. – Maldita sangue-ruim! Por que ela tinha que se encostar logo na estante?! Amanhã vou ter que pesquisar algo mais sobre essa poção. Hoje ela que se vire! – Disse isso tentando aliviar toda aquela enorme sensação de culpa que sentia. Na verdade se soubesse onde ela estava iria atrás dela, mas não tinha como saber. Só podia esperar pelo dia seguinte.
Limpou o que estava quebrado no chão e na estante, organizou mais alguns frascos e voltou para sua casa comunal imaginando se Hermione estaria bem e o que faria no dia seguinte.
~*~
Estava se considerando sortuda por não haver nenhum espelho ali, pois sentia que seu rosto e seu corpo estavam mudando e ela imaginava que só podia ser para pior, apesar de seus seios terem crescido, sua cintura afinado, o cabelo estar liso e brilhante e a pele estar mais macia e luminosa. Na verdade, a única coisa negativa eram os caninos que pareciam estar pouco a pouco ficando maiores. E também aquela vontade louca de fazer algo bastante perverso com alguém, iludir, enganar e dissimular.
Não podia se deixar transformar em o que quer que fosse e sair por aí no meio da noite fazendo coisas que abominava, se não conseguisse se controlar por bem o faria por mal. Apontou a varinha para si mesma e rezou para que aquele feitiço durasse até de manhã.
- Petrificus Totalis.
~*~
Levantando cedo, Draco foi à biblioteca antes do café. Não tinha conseguido dormir direito mesmo, já que sempre que cochilava acordava assustado por sonhos com rostos pálidos, livros gigantes e poças de sangue.
Chegando lá, percebeu Madame Pince que lhe lançou um sorriso leve e perguntou:
- Estudos de última hora sr. Malfoy?
Draco respirou fundo tentando usar todo seu charme naquela hora, se debruçou um pouco no balcão e falou suavemente com ela num tom de voz um pouco rouco.
- Não, nunca faço isso. Mas será que a srta. poderia me informar onde encontro informações sobre vampiros?
Com um leve sobressalto, Madame Pince recolocou os óculos no lugar com a ponta do dedo. Draco achava esse tipo de gesto irritante, mas se conteve.
- E por que o sr. estaria atrás de informações sobre vampiros?
- É para uma pesquisa que estou fazendo, Defesa Contra as Artes das Trevas, sabe? – Encarou-a com um sorriso sedutor.
- Sei, mas infelizmente não posso ajudá-lo muito já que a maioria das informações sobre vampiros fica na seção restrita. – Então ela sorriu. – A menos, é claro, que o sr. esteja atrás de vampiros caseiros.
- Não, não. Então quem sabe se eu especificasse mais minha procura, a srta. poderia me dizer se o que procuro está lá ou não? – Fez um esforço muito grande para não rir ao chamá-la de senhorita.
- Fale.
- Estou procurando por um tipo de vampiro chamado Leanan-Sidhe.
- O sr. não está com muita sorte, por que não procura algo mais comum como um bicho papão para pesquisar sobre? A maioria das informações sobre a Leanan-Sidhe ficam na seção restrita.
- A srta. poderia então, por favor, me dizer em que parte dessa maravilhosa biblioteca está a parte que não se encontra na seção restrita? - Perguntou Draco já cansando daquele joguinho.
- Claro, querido. Fica bem ali. É um livro chamado “Seres Que se Alimentam de Sangue e Suas Características”. - Draco já ia se afastando em direção ao corredor que ela indicara. - Quarta prateleira de baixo para cima.
Ele se virou, sorriu e piscou para a bibliotecária, que ficou se abanado.
~*~
Acordando dolorida e com uma enorme dor de cabeça, Hermione se perguntou onde estava e o que tinha acontecido, piscou os olhos e começou a se recordar. Lembrou do beijo na detenção (corando com a lembrança), da poção azul, de sair correndo e de se esconder ali, concluiu que havia dormido depois disso já que não lembrava de mais nada.
Levantou, se espreguiçou tentando colocar todos os membros no lugar e seguiu para o salão comunal da grifinória. Sentiu-se com sorte, pois ainda era cedo e não havia olhares curiosos nos corredores, mas ao atravessar o quadro da mulher gorda sentiu sua sorte acabar.
- Onde você dormiu!? - Perguntou Gina assim que viu Hermione chegar.
- Er... aqui! – Respondeu sendo pega de surpresa pela garota e pela pergunta.
- Não foi, não! Não te vi chegando ontem a noite e nem saindo hoje de manhã. - Insistiu ela seguindo a amiga que se afastava em direção ao dormitório feminino.
- Bem... cheguei muito tarde e sai muito cedo. – Disse querendo encerrar o assunto.
- Não acredito! Vai me fala Mione, você tava com o Malfoy né?! E por que seu rosto ta sujo de sangue... e você chorou? – Hermione realmente deu graças a Merlin por não ter esbarrado com ninguém nos corredores nessa hora.
Ela revirou os olhos e se sentou na cama cansada e surpresa com a primeira pergunta.
- De onde você tirou isso!?
- Sério! Fala a verdade... - E se sentou ao lado dela na cama – Vocês tão juntos né?! Conta aí, como ele é!?
Hermione ficou muito vermelha e respondeu nervosa:
- Eu não estava com ele!!!
- Ah, conta outra...
- Mas é verdade! E isso não é sangue, é tinta! Um dos frascos quebrou e eu me sujei... tentei lavar o rosto, mas não deve ter saído. – Completou rápido, mentindo mal, mas por sorte Gina não se interessou muito pela explicação sobre o sangue e as lágrimas.
- Sei... Mas e o que vocês ficaram fazendo até tão tarde numa detenção?
- Trabalhando! - Disse Hermione terminando a conversa bruscamente, pois entrou no banheiro e trancou a porta atrás de si. Como ela sabia tanto? Provavelmente Harry e Rony haviam lhe dito sobre a detenção e ela imaginou o resto. Odiava fofoca. Trocou de uniforme e desceu para almoçar, lá encontrou Harry e Rony sentados na mesa da grifinória. Sentou ao lado de Harry.
- Oi. – Cumprimentou.
- Hei, onde você estava ontem à noite? – Perguntou Harry curioso e preocupado ao mesmo tempo.
- Err... Perdi o horário na detenção! - Respondeu corando violentamente.
- Mione você não é boa em mentir, nunca foi.
- Tá... mas eu não estou mentindo!- Completou rápido confusa.
Harry chegou mais perto dela e sussurrou:
- Tudo bem, se não quiser falar na frente do Rony, mas depois você vai me dizer o que aconteceu.
Uma idéia repentina ocorreu a Hermione, estava cansada da lerdeza de Rony.
- Na verdade é bom que eu fale logo enquanto ele está por perto. - E se afastando de Harry para que Rony pudesse ouvir. - Eu estava com um garoto e perdi o horário.
Rony do outro lado de Harry engasgou com o próprio almoço e caiu na gargalhada logo depois.
- Conta outra, Hermione! - Falou Rony rindo alto como se não a estivesse evitando desde que ela sentara a mesa.
Por sorte, ou talvez não, Draco que passava atrás deles já voltando da biblioteca ouviu parte da conversa e se aproximou por trás de Hermione, sem saber direito o que estava fazendo, apenas seguindo seus instintos mais uma vez, e esperando que dessa vez eles o fizessem fazer a coisa certa. Colocou a mão no ombro dela dizendo com um olhar superior para Harry e Rony:
- É verdade, ela estava comigo.
Todos da mesa da Grifinória se viraram para eles e depois todos do salão os estavam observando. Observando Hermione mudar de um tom rosa claro para vermelho sangue enquanto Draco Malfoy, o cara que odiava sangue-ruins a defendia. Rony engasgado novamente não conseguia dizer muita coisa e Harry simplesmente ficou sem palavras.
- Qual é Malfoy?! Porque você está defendendo ela?! – Perguntou Rony ficando de pé furioso ao mesmo tempo que derramava metade do café sobre si mesmo.
- Porque ela é minha namorada. – Respondeu aparentando calma.
Algumas garotas da sonserina já tinham lágrimas nos olhos e tramavam vinganças contra Hermione, os outros alunos comentavam o caso e alguns mais empolgados incitavam a discussão com gritinhos de Urra! Eiiita! e etc. E para provar suas próprias palavras Draco puxou o rosto de Hermione para o lado e a beijou passionalmente. Ela, que mal podia pensar em qualquer coisa, retribuiu da melhor forma que conseguia. Quando os lábios dos dois se separaram, todos estavam em silêncio, prendendo a respiração.
~*~
Deixou-se escorregar atrás da porta abraçando os joelhos.
- Por que você fez isso!? Ai minha reputação! - Reclamava Hermione, minutos depois, para Draco numa das torres de Hogwarts.
- Agora você tem uma graças a mim. Devia estar é feliz! – Respondeu com raiva. Por que ela estava reclamando tanto se no final ele não fizera mais do que ajudá-la?
Depois do beijo ele a puxara para fora do salão comunal deixando todos abobalhados, principalmente Harry e Ron. Antigamente Draco Malfoy tinha um lema: Posso me arrepender do que não fiz, mas nunca do que fiz. Ultimamente isso estava mudando. Não conseguia se arrepender por ter beijado Hermione, alguma coisa dentro de si o impedia disso, mas como não conseguia culpá-la, se arrependeu por não ter feito a redação de poções, se arrependeu de ter ido a maldita festa nas masmorras da Sonserina.
- Agora todos pensam que estamos namorando... – Murmurou ela gemendo.
Draco se abaixou ficando da altura dela e com os joelhos dela entre suas pernas.
- Foi mal, mas é que não consegui agüentar o Weasley tirando uma com a sua cara daquele jeito, mas se você quiser volto lá e desfaço o mal entendido. – Disse tentando ser amigável. De um modo ou de outro eles acabariam tendo de conviver durante algum tempo e se aquela convivência fosse ao menos um pouquinho pacífica, seria melhor e além do mais não gostava de vê-la daquele jeito, frágil. - Fala alguma coisa. - Disse ele passando a mão entre o rosto e o cabelo cacheado dela.
Hermione colocou a própria mão em cima da dele segurando-a.
- O que você está tentando fazer comigo, Malfoy?
Sentindo algo se contorcer em seu estômago quando ela o chamou pelo sobrenome Draco retirou a mão do rosto dela. O modo como se tratavam era uma prova do quão distante estavam.
- Como assim?
- O que é tudo isso? Você me defendendo, se preocupando comigo, estando do meu lado. Nós não somos amigos, somos?
Tentando tornar aquela conversa algo divertido ele sorriu levantando e estendendo uma mão para que ela fizesse o mesmo.
- Não mesmo, mas já que você não se opõe, agora somos namorados. – Hermione sorriu. Era um sorriso triste, Draco percebeu, mas pelo menos era um sorriso e provavelmente queria dizer que ela concordava, o que não era mal.
~*~
Apesar de Harry insistir com Rony de que provavelmente era só uma fase, ou mais um plano da amiga para tentar descobrir algo sobre as armações de Draco, resolveu deixar que ela explicasse aquilo tudo quando tivesse vontade. As coisas ultimamente andavam muito complicadas para que ele entendesse e se os dois amigos não estavam se falando, pelo menos por enquanto era melhor, porque assim não discutiam.
O casal era a novidade do dia e quem sabe até da semana. Por onde passavam ouvia-se cochichos e as meninas da Sonserina já tramavam contra Hermione azarações das mais terríveis. Mas como os dois não andavam se agarrando pelos corredores não davam motivos para mais fofocas a não ser as do tipo "Que casal mais sem graça!", "Aposto que o Draquinho está passando mal nas mãos dessa Granger."
~*~
- O que você faz aqui Malfoy!?
Draco fechou rápido o livro que tinha nas mãos segurando-o atrás de si, surpreso se levantou.
- É... eu, bem... – Gaguejou tentando pensar numa resposta. Ela o pegara em “flagrante” enquanto procurava algo mais sobre a maldição depois do almoço na seção que Madame Pince indicara.
- Vamos! - Insistiu Hermione. Até que ele não ficava tão mal confuso e parecendo um pouco indefeso. Haha, Draco Malfoy indefeso, nem pensar, mais um segundo e ele provavelmente lhe daria uma resposta curta e grossa.
- Isso é uma biblioteca Granger! Local publico caso você não saiba. – Tão previsível. Não queria admitir que estava tentando ajudá-la e muito menos que estava preocupado, mas não estava vendo outra escolha. Como explicaria o que sabia e o que acabara de descobrir sem baixar a guarda? Vendo que Hermione se calara e olhava para a mão dele atrás das costas com curiosidade, resolveu admitir.
- Na verdade estava procurando algo sobre você-sabe-o-quê. – Até que não era tão difícil. Suspirou mostrando o livro que tinha nas mãos.
- E então, encontrou algo!? – Perguntou ansiosa esquecendo as implicâncias.
- O nome daquilo é Leanan-Sidhe. - Continuou lendo no livro - "Leanan-Sidhe: É considerada uma vampira que atrai os homens para dançar antes de sugar seu sangue. Também é tida como musa dos poetas, aqueles que ela inspira tem uma vida de sucesso, embora curta. Sua origem é desconhecida, mas acredita-se que seja encantada pois também sabe ser boa e gentil."
- Ai meu Deus! - disse ela cobrindo o rosto com as mãos - Isso é quase uma prostituta!
Draco riu e afagou os cabelos castanhos dela. Ela era realmente bem inocente de vez em quando.
- Calma, tem mais. - E contou o que havia lido sobre a poção no livro.
Ouviu com a boca entreaberta, a garganta seca, sentindo os olhos começarem a arder ao ouvir sobre o antídoto ser desconhecido no final. Assim que Draco terminou de falar, Neville apareceu no corredor onde estavam e avisou um pouco embaraçado:
- Há! Oi Hermione! Que bom que achei vocês dois juntos. A professora McGonagall me pediu para encontrá-los e dizer que quer falar com vocês o mais rápido possível na sala dela.
Os dois se encararam surpresos e dirigiam-se para a sala da professora McGonagall a passos largos e bastante tensos imaginando o que ela queria falar com eles. Chegando na porta da sala Hermione andou dois passos à frente e deu duas batidas fortes na porta. Um "entre" abafado foi ouvido de dentro da sala e eles empurraram a porta passando por ela e parando em frente à mesa da professora.
- Neville disse que a sra. queria falar com a gente... - Começou Hermione tentando conter o nervosismo.
- É verdade, mas não é exatamente comigo o assunto de vocês. - Disse Minerva séria e vendo a expressão de dúvida que surgia no rosto dos dois continuou. - O professor Dumbledore me encarregou de entregar essas cartas para cada um de vocês pessoalmente e antes que comecem a me fazer montes de perguntas vou logo dizendo que não sei do que se trata.
Entregou um envelope verde para Hermione e um vermelho para Draco. Os dois que já estavam confusos ficaram mais ainda, mas quando abriam a boca para falar a professora os dispensou dizendo:
- Então é só. Já podem ir.
Eles se viraram contrariados e seguiram para fora da sala. No corredor cada um olhou para o próprio envelope e levantou a cabeça para encarar o outro, foi quando disseram em uníssono:
- Você não vai abrir o seu?
- Não aqui na sua frente Malfoy! – Exclamou a garota contrariada tentando esconder seu envelope como se Draco fosse tentar roubá-lo a qualquer momento.
- E você acha que eu vou deixar você ficar me espionando enquanto eu leio?! – Disse arrogante olhando-a com desprezo, também tirando o envelope vermelho das vistas dela.
- É mais fácil você me espionar! Afinal quem é que estava procurando detalhes sobre a maldição, mesmo não tendo nada haver com ela?! – Sentiu-se mal por usar algo que Draco estava fazendo para ajudá-la contra ele, mas não lembrou de nada mais que pudesse dizer para se defender.
Corou muito levemente se perguntando com quem ela tinha aprendido a dar aquele tipo de resposta contradizendo-o. Já ia responder quando a professora McGonagall abriu a porta de sua sala e deu de cara com os dois discutindo no meio do corredor.
- O que significa isso!? Que discussão é essa na porta da minha sala?! Lá de dentro pude ouvir as vozes dos dois! – Disse crispando os lábios até que se tornassem apenas uma linha fina.
- Desculpe professora... não queríamos lhe incomodar - Tentou Hermione ainda se recompondo envergonhada.
- Mas incomodaram, srta. Granger! Os dois, nada de ficarem discutindo no meio dos corredores. Se vocês têm problemas no seu relacionamento resolvam em particular, "roupa suja se lava em casa!"
Dizendo isso a professora seguiu pelo corredor e dobrou em uma esquina. Deixando uma Hermione e um Draco confusos com o que tinha acabado de acontecer.
- Ela disse mesmo "roupa suja se lava em casa"? - Perguntou ele quase sem poder acreditar.
- Ela se referiu a algo pessoal dos alunos? O que ela quis dizer com "problemas no seu relacionamento"? - Perguntou ela piscando seguidamente para tentar entender o que se passara.
- Será que é porque todo o colégio pensa que estamos namorando? – Disse Draco estalando os dedos na frente do rosto dela para chamar sua atenção.
- É mesmo. Mas com tanta coisa acontecendo agora esse é o menor do meus problemas.
Draco pensou que não era muito legal ela se referir a uma coisa que ele tinha feito para tirá-la de uma enrascada como problema.
- Se você acha que isso é um problema poderíamos simplesmente "terminar".
Hermione se arrependeu na mesma hora do que havia dito, os olhos dele agora estavam tão frios que chegavam a assustá-la um pouco. Mais tarde ela descobriria que essa frieza era apenas uma máscara que ele adquirira para disfarçar os próprios sentimentos.
- As aulas já vão começar. Preciso ir. - Disse ela de repente se afastando rápida deixando-o sozinho no corredor.
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