Solidão



Nesse mês que rapidamente passara, Hermione não manteve contato muito grande com Gina ou Harry. Lhe parecia que o último relutava, de alguma forma, em falar de coisas que não fossem necessárias com ela. E ela sabia que isso doía. Doía saber que a poção de Gina continuava a borbulhar no banheiro da Murta-que-geme, doía saber que ela concluiria seus planos e o enfeitiçaria a qualquer momento. Doía saber que sua melhor amiga, a caçula dos Weasley, tão doce e simples, se transformara em uma criatura ambiciosa, que temia não alcançar seus objetivos. Se não os alcançasse, ela podia até matar, mas conseguiria o que queria de qualquer jeito.
O que mais doía era saber que isso a afetava. Ela podia muito bem viver, vendo Gina e Harry se casarem, terem filhos, envelhecerem e basicamente não fazer nada, muito menos revelar o segredo de Gina.
Mas não. Harry continuaria a incomodando, indiretamente, mesmo se ele nem dirigisse a palavra à ela. Ele continuaria fazendo com que ela tentasse parar o plano de Gina. Mas fora tudo em vão.
O que Hermione mais temia, há um ano atrás, seria perder a amizade dos Weasley e de Harry, que agora, junto com sua família, eram as coisas mais importantes em sua vida.
Quão tola estava sendo. Sabia que antigamente conseguir o cargo de Monitora-Chefe seria o mais precioso agora. Patético. Puxou brutalmente o distintivo das vestes e o atirou no chão, numa tentativa desesperada de descarregar pro chão também sua raiva, seu desespero, a solidão.
Nesse último mês, Hermione sentia-se assim. Só. Não fisicamente só. Em Hogwarts haviam inúmeros alunos, professores, fantasmas, criaturas, e todo tipo de gente que freqüentasse ou visitasse a escola. Mas ela não interessava por nenhum deles.
Estava imersa em um mar de solidão comprometedor. Ela concluiu agora. Não estava imersa em uma solidão física, estava só dentro dela.
"A mente é uma cadeia para uns e um lar para outros. Aqueles que controlam a própria mente, vêem ela como um lar. Aqueles imersos em solidão e depressão vêem ela como uma prisão perpétua, assim como Azkaban. Não é preciso demorar muito para enlouquecer, sentir a sanidade esvair-se do corpo tão rápido quanto a sentira, por um breve momento."
Devia ser isso. E era assim que ela sentia-se agora. Aprisionada dentro da própria cabeça. Justo ela, a qual denominava-se, pelo menos, uma mente brilhante.
Mas ela tinha esperanças. Não podia desistir agora, sendo quem era ou não. Não podia morrer dentro do próprio subconsciente. Não podia desistir de encontrar a saída. Não podia abandonar a possibilidade de felicidade que teria pela frente, agora que negou enxergar a felicidade . E essa felicidade tinha nome, cabelos, olhos, corpo. Essa felicidade chamava amar Harry Potter.
Amá-lo era algo tão confuso. Era sentir-se bem perto dele, torcer para que ele viesse conversar. Era sentir seu corpo abandonar o chão quando enxergava na multidão aquele par de olhos verdes tão conhecidos. Mas sentir o mundo acabar quando visse a enxerida da Parvie Patil pendurando-se no pescoço dele, sussurrando bobagens. Era sentir as energias e a vontade de prosseguir esvair-se do corpo quando passasse pelo banheiro da Murta-que-Geme e lembrar-se que a poção de Gina, pelos seus cálculos, devia estar pronta, ou quase. Era sentir-se vulnerável quando visse aqueles olhos que tão bem conhecia não estarem a fitando.

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- Tem certeza de que dormiu bem esta noite, Hermione? - Ron perguntou, notando as profundas olheiras e a palidez dela. Os lábios estavam um pouco arroxeados.
- S-sim, tenho... - Disse, olhando vagamente para um ponto acima dele, franzindo levemente a testa.
- Duvido.
Quando Hermione abriu a boca para responder, Charlotte Whittier se aproximou e sentou-se ao lado de Ron.
- Hey! Essa mesa é da Grifinória, ouviu? G-R-I-F-I-N-Ó-R-I-A! G-R-Y-F-F-I-N-D-O-R! Entendeu ou quer que eu desenhe? - Reclamou irritado.
- Acalme-se Weasley. Não precisa oferecer-me aulas particulares de Inglês porque precisa de dinheiro. Fique tranqüilo, eu sei ler, porque fui à escola, diferente de você.
- O QUÊ! Ah, saia daqui Whittier! Não é bem-vinda! Mione, você está vendo o que essa enxerida est... - Começou Ron, discutindo com Charlie.
Mas Hermione nem prestava atenção. Sentia-se fraca. E estava sentindo realmente fraca.
- Ron, eu... - Começou, mas não terminou. Caiu molemente pela mesa, esparramando-se pela mesma, e atingindo finalmente o chão. A única coisa que viu fora Ron preocupado tentando acudi-la e Harry indo ao seu encontro...Um grito cortara o ar, e era de Ron e Charlie, assustados. Depois disso tudo se dissolveu em cores, até acabar num negro profundo.

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- Senhorita Granger, que bom que acordou! - Madame Pomfrey vinha trazendo-lhe um chá quente e um copo com água.
- Eu...O que faço aqui? - Perguntou, franzindo a testa, quando percebeu que estava na ala hospitalar.
- A senhorita precisou de socorro, desfalecera no jantar de ontem. Fico feliz que tenha recuperado as energias tão rápido... - Disse sorrindo, pousando a xícara com o chá e o copo com água fresca na mesa-de-cabeceira.
Hermione levou a mão à testa. Sentiu-a quente. Devia estar com febre.
- Madame Pomfrey, acho que estou com febre. - Disse rouca.
- E está. Por favor, descanse para melhorar.
Foi aí que ela notou algumas pessoas ali. Ron e Katie ao seu lado, o primeiro a contragosto de estar perto da mesma. Harry e Gina.
- O que fazem aqui? - Indagou confusa.
- Viemos socorrer-lhe. Acredito que saiba o que aconteceu com você, senhorita Granger. - Harry respondera dando um passo a frente.
Ela então se lembrou. Fitou a janela e viu a chuva bater levemente no vidro, produzindo um ruído suave e convidativo.
- Ron, Gina e Srta. Buyrne, espero que não se sintam mal se eu lhes pedir para que me deixem à sós com a Srta. Granger. - Disse olhando para os três e Madame Pomfrey.
- Tudo bem! - Disse Madame Pomfrey nervosa, a contragosto, enquanto os outros três se retiravam - Mas saiba que não permitirei muito tempo. Essa menina precisa de descanso, passou um dia inteiro desacordada, e está febril.

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Assim que os quatro saíram, Harry se aproximou de Hermione.
- O que deu em você? - Perguntou, nervoso e ansioso.
- Como assim 'o que deu em você'? Um desmaio não é uma boa resposta? - Falou com raiva, mágoa e tristeza misturados.
- Acalme-se. Quero saber porque está fazendo isso. Porque está estragando sua vida, mergulhando-a em solidão e depressão. - Explicou.
- Não tenho mais motivos para prosseguir. - Disse, a voz um filete, de tão fraca.
- Não diga isso. Não pode desistir. - Falou, chateado.
Olharam-se por um bom tempo. Até ele quebrar o espaço que existia entre seus corpos, envolvendo-a num abraço doce e quente. Ficaram por um bom tempo abraçados, ouvindo o suave ruído que a chuva produzia, Hermione sentindo as lágrimas desse mês angustiado saindo de seu coração e derramando-se pelo rosto...

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N/A: Não me matem por esse capítulo. Eu tinha que escrever essa chatice mesmo, ter um tempo para dedicar à um mês da história. Bem, parece exagero, mas a maioria dos casos de depressão iniciam-se assim, de pensamentos assim. Hermione já apresenta sintomas, mas garanto que ela não ficará doente.
Dora, obrigada pelo comment! Fico feliz que goste de atualizações rápidas...Mas às vezes dá uma preguiça de escrever...Rsrs...Hermione Malfoy Potter, preciso falar alguma coisa? E fico feliz por comentar em minha outra fic...
Bem, quem puder, deixe um comentário pra mim em meu website: www.ewbrasil.co.nr - sobre a Emma Watson, Hermione Granger, de Harry Potter...

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