Alexander Al Nair
- Não ficarei surpreso se o acontecimento de hoje a noite estiver em todas as primeiras páginas dos jornais bruxos e não-bruxos – comentou Al checando as horas em seu relógio de prata e exclamou – Nossa! Já é uma e meia! Aposto que você está com sono, não é Harry? – perguntou preocupado
- É... Acho que sim... – respondeu percebendo que, de repente, daria tudo por uma cama bem confortável.
- Sabia! – bradou Al – Escute Harry, realmente, me desculpe pelo que te fiz passar. Eu sei que agora toda essa situação parece um pouco... Intragável – disse enquanto pegava um cigarro de seu maço. – Não se preocupe, - acendeu o cigarro e deu uma longa tragada, soltou a fumaça e continuou – Essa sensação vai passar, prometo, amanha é um novo dia – deu outra longa tragada, porém engasgou-se e começou a tossir – Nossa, me desculpe Harry, mas você não se importa de eu fumar do seu lado, se importa? – perguntou Al claramente constrangido.
Harry balançou a cabeça indiferente, não se importava, além do mais o cigarro já estava aceso mesmo. Naquele momento só queria dormir e acordar na casa de seus tios como se nada tivesse acontecido, como se tudo não se passasse de um pesadelo, ou coisa parecida.
- Eu tenho que parar com isso sabe... – disse Al timidamente.
- Ahn? – perguntou Harry distraído.
- Parar de fumar, é um habito nada saudável... Agora, que tal nós sairmos desse beco escuro? Daqui a pouco vamos começar a chamar a atenção de algum andarilho, pedestre... Que seja! Vamos, então?
- Para onde? – indagou o garoto ainda sem entender.
- É bem aqui do lado, é onde eu tenho pernoitado nos últimos... Anos. – respondeu hesitante – O lugar é bem rústico, espero que você não se importe, é bem confortável, eu garanto – disse Al gentilmente.
- Mas eu preciso... Eu não posso, quer dizer... Eu tenho que...
Harry queria dizer que precisava ir, não podia ficar, tinha outras coisas a fazer, e que precisava contatar alguém da Ordem, ou seus amigos, já deviam estar sabendo do que havia acontecido e deviam estar muito preocupados, além do mais não pretendia pernoitar na casa de um completo estranho, porém, antes de poder falar tudo isso, foi interrompido.
- Pode esquecer, Harry – respondeu Al como tivesse lido os pensamentos do adolescente – Acho que nas próximas semanas você deverá permanecer aqui comigo, é para o seu próprio bem, desculpe.
- Mas... – tentou protestar, mas foi interrompido novamente.
- Eu já não mencionei que nós deveríamos sair desse beco escuro? – indagou Al ironicamente – Vamos então, você está com sono e, ao amanhecer, será o garoto mais procurado da Grã – Bretanha, senão da Europa - comentou preocupado – Venha, você está caindo pelas tabelas de tanto sono, posso perceber, você precisa dormir.
Al começou a conduzi-lo para fora do beco em direção à rua. Ao saírem, viraram à esquerda e se depararam com uma placa pendurada lateralmente na parede externa de um velho edifício, com os dizeres:
PENSÃO BROWN
- É aqui, viu? Falei que era do lado. – disse animado.
- A gente está em...
- Estamos em um lugar cem por cento não – bruxo, ou, como vocês costumam dizer... – deu uma ultima tragada no toco de cigarro que segurava entre seu polegar e indicador e, jogando-o no chão, soltou a fumaça e completou – trouxas. Agora venha, vamos entrar.
Al abriu a porta de vidro fazendo menção para Harry entrar primeiro, que obedeceu e entrou tentando não encarar o homem.
A recepção era iluminada por uma fraca luz amarelada dando um ar meio sombrio ao cômodo, o papel de parede, bege com pequenos detalhes em flores, se encontrava parcialmente embolorado e continha rasgos. O local exalava um leve cheiro de mofo misturado com poeira.
Logo à esquerda da recepção havia um velho balcão de mogno onde, atrás dele, deveria se encontrar o porteiro da pensão, porém o lugar se encontrava vazio. À direita, encostado na parede, um sofá vinho se encontrava vazio e com furos em seu assoalho, mais ao fundo havia uma escada que dava, deduziu Harry, para os quartos.
- É, quando eu disse que o lugar era rústico, bem... Quis dizer que, na verdade, está praticamente caindo aos pedaços – disse Al.
- Er... Não faz mal... – murmurou Harry sem jeito.
- Ótimo! Então queira me acompanhar, por favor! – disse animado.
E recomeçou a andar em direção as escadas, Harry o acompanhou.
- Está com fome? – perguntou Al.
Fome! De repente, só de ouvir a palavra, uma sensação de queimação invadiu seu estômago, Harry não havia comido desde as duas da tarde. Não havia jantado, na verdade sua tia provavelmente “esqueceu” de lhe servir o jantar. A sensação de incômodo fez com que seu estômago involuntariamente roncasse alto, deixando-o extremamente envergonhado.
- Vou interpretar isso como um sim! – comentou Al divertido.
- Me desculpe. – murmurou Harry ruborizando.
- Não se preocupe! – bradou Al amigavelmente – Você deve estar sem comer a horas! Aliás, você parece estar bem pálido, Harry – analisou-o preocupado.
- É... Acho que já faz algum tempo que eu não como... - murmurou ainda sem graça.
- Pois é...
Harry continuou a acompanhar os largos passos de Al, em silêncio. O barulho dos passos de ambos e o velho encanamento da pensão eram os únicos ruídos que se dissipavam rasgando o silencioso ambiente da pensão.
Subiram dois lances de escadas até que Al virou à direita ao final do segundo e depois parou. Harry o imitou, deparando-se com um longo e estreito corredor. O local era mal iluminado, o assoalho de madeira estava podre, o papel de parede estava nas mesmas condições do da recepção, havia portas nos dois lados que iam até o final dele.
Uma sensação estranha tomou o corpo de Harry, as condições do lugar lembravam vagamente a casa de seu falecido padrinho. Logo começou a sentir uma pressão em seu peito novamente, sua cabeça foi invadida por lembranças que gostaria muito de esquecer, precisava pensar em outra coisa, mas o silêncio impedia, na verdade, incentivava sua mente a se focar em assuntos nada, nada agradáveis, para seu alívio Al disse:
- O meu é um dos últimos...
E apontando para o final do corredor recomeçou a andar. O assoalho além de podre e solto era barulhento, os rangidos eram agudos e nada agradáveis, sua cabeça estava prestes a explodir quando Al parou em frente a uma porta do lado esquerdo que havia o numero 15 cravado em forminha vagabunda de latão.
- Chegamos! – disse Al animado – Espero que goste Harry, apesar da pensão ser bem ruim o meu quarto até que é bom se for comparado... Ele só é... Digamos... Um pouco bagunçado. – disse enquanto destrancava a porta.
Ao abri-la fez menção para Harry entrar primeiro. As luzes estavam apagadas, mas mesmo assim os contornos das acomodações denunciavam que o aposento se encontrava extremamente bagunçado e além disso, era abafado e exalava um cheiro de roupa suja misturada com cigarro, muito cigarro. Porém a bagunça aparente não era um fator com o qual Harry se importava, pois seu quarto, tirando o cheiro de cigarro, sempre se encontrava no mesmo estado.
- É... Realmente eu não tive tempo de limpar o quarto... – debochou Al – Mas acho que posso dar um jeito nisso... – comentou enquanto tirava a varinha de suas vestes.
E com um leve movimento da mesma os contornos abstratos que denunciavam desleixo no quarto desapareceram dando lugar a sombras e contornos de um quarto extremamente arrumado que até tinha um leve cheiro de pinho.
- Oh, que indelicadeza a minha! – disse sem jeito – Esqueci de acender a luz – disse enquanto apertava o interruptor, iluminando o quarto – Agora sim! Bem melhor!
O quarto parecia ser bem aconchegante, era amplo, arejado, tinha um banheiro. Perto da porta que dava para o banheiro havia um sofá de dois lugares. Uma janela semi-aberta, que dava para um beco escuro, trazia uma leve e gostosa brisa madrugueira para dentro do aposento. As acomodações também pareciam convidativas, principalmente a cama que jazia arrumada, pronta para dormir. Perto da janela havia uma escrivaninha, uma cadeira e mais no canto todos os pertences de Harry encontravam-se perfeitamente arrumados.
Harry continuou a examinar discretamente as instalações até que Al finalmente quebrou o silêncio e perguntou.
- Você disse que estava com fome, o que você quer comer? – Harry não respondeu - Que tal um copo de chocolate quente e umas bolachas? – perguntou Al incentivando-o a responder – Ou você prefere comida mesmo?
- Não! – negou sem jeito – Pode ser o chocolate quente mesmo, obri... obrigado... – gaguejou.
- Tem certeza? – perguntou, Harry balançou a cabeça – Certo então, chocolate é o que vai ser! – disse amigavelmente – Pode ir se ajeitando aqui, Harry, que eu vou buscar o seu chocolate e suas bolachas. O chocolate daqui é ótimo! Sabe, eu até conjuraria um para você aqui agora, mas minhas habilidades como cozinheiro são deploráveis! – disse em tom divertido – Fique aqui que eu já volto! – disse Al e saiu do quarto.
Harry ficou parado no meio do aposento ainda sem reação, tudo parecia tão... surreal, tão inimaginável.
Eu nem vi o rosto dele ainda. Pensou.
Cansado e com a cabeça latejando, por causa dos acontecimentos, sentou-se na borda da cama, olhou para os lados reexaminando o ambiente. Al estava demorando. E se fugisse? Afinal estava sozinho, a oportunidade não podia ser mais perfeita, exceto pelo fato de que estava sem a posse de sua varinha, Al não tinha lhe devolvido ainda. Além disso, seu corpo teve o trabalho de lembrar-lhe de que estava com sono e com fome, era melhor dormir, e talvez ao amanhecer, conseguiria pensar em algo para tirá-lo de lá.
Cansado, jogou-se para trás e deitou-se na cama. Ficou encarando o teto, observando atento o forte e hipnótico brilho amarelado da lâmpada acesa, sem perceber o esgotamento que o transcorria reprimindo as dores em seu corpo. Aos poucos, começou a sentir-se cada vez mais leve, suas pálpebras foram cedendo, estava a ponto de adormecer quando a porta se abriu, assustado e envergonhado deu um pulo pondo-se de pé.
- Desculpe, é que eu estou com sono... Eu não... Não pretendia dormir na sua cama... – disse Harry quase sem voz, tamanho era seu constrangimento.
Em resposta, Al encarou-o desentendido e então sorriu.
- Ah! Harry, não se preocupe, na verdade, a cama é para você, portanto não há motivos para você ficar sem jeito. - disse Al tentando reconforta-lo – Inclusive eu imaginava que quando eu chegasse você já estaria dormindo, sabe? De qualquer jeito... Desculpe-me pela demora. – pediu gentilmente.
- Ah! Sim... Tudo... Tudo bem. – respondeu Harry apreensivo. – Não tem problema. – disse encarando Al, podendo, finalmente, ver direito como ele era.
Al aparentava ter uns 45 anos de idade, tinha cabelos negros, assim como os de Harry, porém eram mais arrumados, não eram tão rebeldes como os do grifinório; os olhos eram castanhos, os cílios grandes e as sobrancelhas grossas. Tinha um rosto fino assim como o queixo, a barba ainda por fazer que o envolvia dava um jeito carrancudo a uma feição gentil e serena. Uma expressão cansada e sofrida e alguns cabelos brancos, que invadiam a têmpora contrastavam com a aparência relativamente jovem que continha.
O estômago de Harry embrulhou-se ao poder ver com calma as feições de Al. Era estranho, muito estranho por sinal, mas tinha a sensação de que o homem que pairava a sua frente era familiar, tinha certeza que o conhecia, apesar de também ter certeza de que nunca o vira na vida. Harry continuou encarando-o sem dizer uma palavra, pois não as tinha, estava embasbacado, procurava a imagem de Al em suas lembranças mais distantes, porém, quanto mais procurava, mais tinha certeza de que aquela era a primeira vez que o via.
- Harry? Você vai ficar aí parado, ou vai comer? Ou você não está mais com fome? – perguntou Al percebendo os devaneios do garoto.
- Ann? – perguntou Harry sendo tirado de sua reflexão.
- Você vai comer? Ou perdeu a fome? – repetiu pacientemente.
- Ah! Claro... Vou comer sim... É que... – hesitou sem ter certeza do que podia dizer. – Vou comer sim, obrigado! – respondeu finalmente com um meio sorriso.
- Que bom! – disse satisfeito. – Olha, se você não quiser mais é só deixar o que sobrou em cima da escrivaninha, ok? Agora, se você me der licença Harry, preciso tomar um banho. Suas roupas estão arrumadas no malão, sinta-se em casa. E essa cama onde está sentado é sua. – disse com um sorriso gentil.
- Não se preocupe senhor! Eu posso dormir no sofá mesmo, não tem problema...
- Por favor, Harry, primeiro me chame de Al. - pediu torcendo o nariz – E não se preocupe, eu posso dormir no sofá sem problemas, afinal você é visita aqui. Agora tome seu chocolate antes que esfrie e vá dormir, você está cansado. – disse bondosamente e entrou no banheiro deixando Harry sozinho novamente.
A fome já estava fazendo suas entranhas se contorcerem, porém o sono parecia ser mais cruel, ainda estava muito abatido e confuso devido aos acontecimentos da madrugada, portanto tomou seu chocolate em um gole só e praticamente engoliu as bolachas, saciando sua fome.
O cansaço que tomava seu corpo era tamanho que nem se preocupou em vestir seu pijama ou tirar seus óculos, simplesmente tirou o tênis e se jogou na cama, desajeitado e adormeceu quase que instantaneamente.
Dentro do banheiro Al se encontrava com a cabeça encostada na parede sustentando todo peso de seu corpo. O plano não saíra como queria, os tios de Harry estavam mortos, o seu atraso fez com que eles se encontrassem com os comensais e um deles estava morto.
“Uma notícia e tanto para os tablóides”, pensou ironicamente.
Além do mais o garoto não estava dando nenhum sinal de confiança, aliás, quem confiaria num homem fedendo a cigarro que invade seu quarto à meia noite? A desconfiança de Harry dava para entender e com certeza, essa ia dar certa dor de cabeça para Al, que tinha certeza de que o garoto só não fugira ainda porque estava cansado.
- Porra! – murmurou Al com raiva, dando um soco na parede do banheiro.
Tinha que pelo menos se contentar pelo fato de que Harry estava a salvo, mas do mesmo jeito ainda se sentia culpado pelos acontecimentos, pelo menos se não fosse tão preguiçoso a ponto de não colocar nada para desperta-lo de seu sono, talvez os Dursleys ainda estivessem vivos.
- Ah, que se foda! – murmurou mais uma vez irritado e começou a se despir para tomar um banho. Isso! Um banho com certeza cairia muito bem, um banho bem gelado, para tirar idéias fracas e suposições ridículas de sua cabeça.
Já despido, entrou no box e abriu o registro deixando cair uma água extremamente fria em seu peito, ofegou de susto devido ao choque térmico, mas logo foi se acostumando com a temperatura a ponto de achá-la, de certa forma, agradável, calmante. Deixou o jato cair diretamente em sua nuca, a fim de eliminar de vez o estresse, quando se deu por satisfeito fechou o registro. Sentiu um alivio após a chuveirada, como se todos os seus problemas foram jogados por ralo abaixo, mesmo sabendo que isso não era verdade.
Enrolou uma toalha em sua cintura e saiu do box, foi até a pia e se olhou no espelho que jazia pendura acima da mesma, se observou por um momento e fez uma careta de preguiça.
- Ah... acho que posso fazer a barba amanhã... - resmungou cansado e vestiu as mesmas roupas que tinha despido, menos o sobretudo que pendurou atrás da porta.
Teve o cuidado de não fazer nenhum barulho ao sair do banheiro para não acordar Harry, percebeu que a luz do quarto ainda se encontrava acesa e o garoto jazia na cama dormindo em uma posição no mínimo desconfortável e ainda com os óculos desajeitados no rosto. Al rolou os olhos, foi para perto da cama ajeitou o garoto e tirou os óculos do rosto dele, colocando-os no bolso de suas vestes para que não quebrassem enquanto dormia e então apagou a luz.
Apesar de se sentir muito cansado, não estava com a mínima vontade de dormir, estava alerta ainda. Olhou para o relógio, eram duas e meia, fazia exatamente uma hora que não fumava. Ao pensar nisso uma sensação de desconforto invadiu seu peito, era o vício. Droga! Pensou. Apesar de querer fumar não queria incomodar Harry, que estava dormindo, com o cheiro da fumaça. Começou a pigarrear tentando fazer com que a sensação passasse, não estava funcionando, na verdade, piorava cada vez que forçava a tosse ou pigarreava. Desesperado, foi até o banheiro onde, pendurado atrás da porta, estava seu sobretudo. Começou a fuçar nos bolsos deste até que achou o que procurava: uma pequena embalagem de bala de menta, que guardou em um dos bolsos de sua calça, mas antes pegou uma.
Saciado o vicio, voltou para o quarto, pegou a cadeira e colocou-a do lado da cama, perto do criado mudo e sentou-se nela.
O sol já invadia o quarto iluminando-o completamente, não demorou muito para que a luz incomodasse o sono de Harry, fazendo-o acordar. Abriu os olhos com pesar sem ter a mínima idéia de onde estava, ou do que havia ocorrido antes de dormir, esfregou os olhos, sua visão estava embaçada ainda, onde estava? Piscou algumas vezes para tentar tira o embaço da visão, sem sucesso.
Ainda atordoado sentou-se na cama, levou as mãos novamente ao rosto, estava sem óculos, notou também que estava coberto, começou a tentar se lembrar... Com certeza esse não era o quarto da casa de seus tios, ele estava em outro lugar, mas onde? Cobriu o rosto com as mãos tentando se lembrar onde estava, mas não conseguia sua mente parecia não querer funcionar. Olhou em direção a janela que deixava o sol invadir o quarto, observou atentamente, uma escrivaninha, seus pertences... Mas onde estavam seus malditos óculos?
- Acho que você deve estar procurando por isso. – disse uma voz vinda logo do outro lado da cama.
Virou-se assustado e deparou-se com Al sentado bem ao lado de sua cama com os seus óculos em uma das mãos. Então tudo que aconteceu foi verdade, nada foi um sonho, os Dursleys estão... mortos. Harry ficou encarando o homem sem reação, sem saber o que falar.
- Tomei a liberdade de te ajeitar na cama, você estava todo torto e com os óculos ainda. Se dormisse daquela maneira iria acordar todo dolorido e com seus óculos quebrados ainda... - disse Al gentilmente. – Me desculpe se...
- Não, tudo bem... – disse sem jeito – Obrigado... Que horas são? – perguntou enquanto pegava os óculos da mão de Al.
- São... – disse, pegando seu relógio. – Onze e meia.
- Nossa! Já? – indagou-se, franzindo o cenho.
- Você foi dormir tarde, Harry – explicou Al serenamente.
Silencio.
- Você está com fome, Harry? – perguntou.
- Acho que não... Obrigado.
- Tem certeza? – perguntou novamente com um tom de preocupação.
- Sim, senhor... Quer dizer... Al – confirmou Harry timidamente.
A cabeça de Harry dava voltas de atordoamento, tudo parecia tão... Surreal, o que diabos estava acontecendo? Por que a Ordem não foi resgatá-lo? Quem era Alexander Al Nair? Por que ele foi salvá-lo? Como sabia que Harry iria ser seqüestrado? O atordoamento foi atingindo um nível completamente desagradável, eram muitas informações juntas, muita confusão para uma única madrugada. Harry estava quase babando, preso em seus devaneios quando Al disse.
- Harry, temo que... - começou hesitante – temo que eu lhe deva algumas explicações, certo?
- É... Acho que sim. – murmurou.
- Que bom... – disse meio apreensivo – Bem, por onde posso começar? – indagou-se – Acho que você tem o direito de saber que, como eu disse hoje de madrugada, seu rosto está estampado em todos os jornais bruxos da Europa.
- Que novidade... – respondeu Harry com amargura.
- Pode não ser novidade pelo fato de sua foto estar nos jornais, porém a situação ainda é delicada... – rebateu Al.
- Como assim?
- Você é um dos suspeitos do assassinato de Bellatrix. – disse firme, porém com pesar.
- O QUE?– indagou Harry, incrédulo. – Mas foi... Mas... FOI VOCÊ QUEM A MATOU!
- Eu sei disso, Harry, não precisa fazer eu me lembrar dos meus pecados. – disse Al, como um sorriso irônico.
- ISSO NÃO TEM GRAÇA! – gritou Harry.
- Eu sei que não tem, agora, se você me deixar continuar a falar o que os jornais estão dizendo e o que o ministério está fazendo a respeito, eu agradeceria muito. – respondeu calmamente. – Você não é o principal suspeito, na verdade, eles duvidam muito que você seja o assassino.
- Como assim?
- Harry, você não tem o perfil de um bruxo que executa maldições imperdoáveis, além disso, sua varinha é registrada, ou seja, se você executasse algum feitiço você seria pego, como já foi... duas vezes. – explicou serenamente.
- Então que é o principal suspeito?
- O ministério acha que ela foi executada porque ela não seguiu as ordens da missão.
- Humm?
- Eles acham que não fazia parte da missão matar seus tios, Harry, provavelmente não fazia mesmo, mas essa foi a única teoria plausível que eles conseguiram tecer devido a falta de evidencias concretas sobre o que aconteceu. – Al fez uma pausa, olhou para Harry e continuou – Eles encontraram a casa de seus tios totalmente devastada, como você mesmo pôde ver, porém eles perceberam que seus parentes foram mortos à queima roupa, no meio do corredor do andar superior da casa, fato que não faz sentindo nenhum, visto que a casa inteira, do porão ao sóton, estava devastada.
- Mas... Mas... O que eles... – gaguejou.
- Estão achando o que aconteceu? – perguntou Al, tirando a duvida da boca de Harry.
- Isso... – respondeu Harry amargamente.
- Veja bem, os encarregados da investigação já teceram várias teorias sobre o que aconteceu, uma mais longe do que realmente ocorreu que a outra, portanto não se preocupe com isso, Harry. – disse Al calmamente.
- Mas e quanto a mim? – indagou – Eles não sabem onde estou? Não sabe o que ocorreu comigo?
- Interessante a sua pergunta! Bem eles acham que podem ter acontecido duas coisas... – respondeu Al pensativo.
- Quais?
- Bem, eles acham que você pode ter fugido antes da invasão, pois os aurores não acharam nenhum de seus pertences dentro da casa e quanto a outra hipótese é que...
- O que? – interrompeu Harry, aflito.
- Que você tenha... – começou Al apreensivo
- Que eu tenha o que? – interrompeu Harry novamente.
- Que você tenha sido seqüestrado pelos Comensais, Harry. – respondeu Al.
- O QUE?
- É isso mesmo, mas não se preocupe...
- Como assim não me preocupar? – gritou – Eles acham que eu fui seqüestrado e estou nas mãos de Voldemort e eu não estou! Todo mundo deve estar preocupado, meus amigos, a Ordem! Eu... Eu preciso contatá-los! Eles devem estar loucos de preocupação! Preciso mandar uma carta! – disse – Não! Preciso ir embora!
- O que? – perguntou desentendido – Por quê?
- Eu preciso ir! Meus amigos, a Ordem, minha... – hesitou – namorada, todos devem estar me procurando! Preciso vê-los, preciso falar que eu estou bem. Eles devem estar pensando que eu fui realmente seqüestrado e que estou nas mãos de... de... EU PRECISO FALAR QUE ESTOU BEM! – berrou nervoso.
- CALMA HARRY! – berrou Al de volta – Você precisa se acalmar! Olha pra você, está tremendo! Respira fundo, se acalme e coloque seus pensamentos no lugar! – disse calmamente, Harry obedeceu. – Harry, eu entendo a sua preocupação na preocupação dos seus amigos... Nossa! Essa frase soou estranha! – caçoou, Harry fez um sorriso sarcástico em resposta – Eu entendo mesmo, – continuou Al – porém não posso deixá-lo fazer isso, Harry.
- O QUE? – indagou incrédulo – NÃO!
- Eu não posso deixar você sair daqui, Harry, pelo menos por enquanto. – respondeu Al.
- Por quê?
- Como eu te disse, eu lhe devo algumas explicações... – Al começou a falar, mas logo foi interrompido.
- Mas...
- Harry, me deixa te explicar, você pode ficar quieto apenas por um minuto? – perguntou Al seriamente.
- Eu... Eu... Posso. – Harry respondeu fazendo muxoxo.
- Que bom! – bradou Al – Por onde eu posso começar? – indagou-se pensativo – Ah, claro! Você sabe por que os Comensais tentaram te seqüestrar ontem, ou você ainda não se tocou? – perguntou Al ironicamente.
- Porque ontem eu completei 17 anos e o feitiço que... Que... Que...
- Dumbledore – Al completou percebendo a dificuldade de Harry em pronunciar o nome do falecido diretor.
- É... – confirmou hesitantemente – Os Comensais tentaram me seqüestrar porque ontem o feitiço me protegia dentro da casa dos meus tios cessou, portanto eu estava vulnerável...
- Exatamente Harry! Dumbledore era um dos únicos fatores que mantinham Voldemort relativamente longe de você o outro obstáculo era justamente o feitiço que Dumbledore lançara em você quando você era pequeno que te protegia dentro da casa dos seus falecidos parentes. – Al fez uma pausa, inspirou profundamente e continuou – Harry, por que você acha que Voldemort mandou matar Dumbledore? Por vingança? Por raiva? – Harry tentou responder, mas Al interrompeu respondendo às próprias indagações – A morte de Dumbledore fazia parte de um engenhoso plano cujo objetivo era você, Harry. Com ele morto, você se tornou muito mais vulnerável, a não ser pelo feitiço que te protegia, porém este não ia durar para sempre, quando você completasse 17 anos ele cessaria e foi exatamente isso que ocorreu.
- Ocorreu o que? – perguntou impaciente.
Al rolou os olhos, bufou meio impaciente e disse.
- Dumbledore foi assassinado perto do seu aniversario de 17 anos, você não percebeu ainda, Harry? A genialidade do plano de Voldemort?
- Er... Não...
Al rolou os olhos novamente.
- A morte dele causou muita instabilidade na comunidade bruxa, todos sabiam que o único que Voldemort temia era o velho diretor de Hogwarts. Mas a instabilidade foi maior e mais intensa apenas em um lugar, um lugar estratégico para Voldemort e seus Comensais: a Ordem da Fênix, cujo trabalho era proteger você, porém com o mentor e percussor morto, a estabilidade da Ordem foi abaixo, principalmente porque Dumbledore fora assassinado por um deles: Severus Snape. Iria levar tempo para a Ordem se organizar novamente, tempo suficiente para Voldemort realizar o objetivo final do plano: seqüestrar você. – Al fez uma pausa, olhou para o teto pensativo e continuou – Bem, agora eu acho que você pode deduzir o que aconteceu certo? Ah! Já ia me esquecendo, em relação ao que está escrito nos jornais sobre o seu suposto seqüestro, não se preocupe... eu acho que... se você tivesse sido realmente seqüestrado pelos Comensais, eu temo que a Ordem já notaria.
- Como assim?
- Pense um pouco, Harry. Apesar de Voldemort não ter ido buscar você pessoalmente, assim que ele tivesse você em mãos ele o mataria!
- Tá! E daí? - perguntou impacientemente.
- E daí que com você morto ele não se preocuparia mãos em se esconder, já que o único que pode deter o Lorde das Trevas, pois possui um poder que ele desconhece, é você! Portanto não se preocupe Harry, seus amigos sabem que pelo menos vivo você está. Acho que o único motivo deles ficarem preocupados é que você é suspeito de assassinato e porque eles não têm a mínima idéia de onde você está. – explicou Al.
A cabeça de Harry parecia que ia girar, era muita informação, muita confusão para uma única manhã. Al parecia estar certo, mas como ele sabia de tudo aquilo? Ele parecia estar a par de todos os acontecimentos inclusive...
...já que o único que pode deter o Lorde das Trevas, pois possui um poder que ele desconhece, é você...
A profecia! Apenas Dumbledore e Harry tinham ciência sobre ela. Seu coração começou a descompassar. Varias duvidas começaram a atormentar sua cabeça, de repente percebeu que Al sabia de coisas demais, como se ele tivesse um dossiê da vida de sua vida.
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Caros amigos, me perdoem a demora da atualização... problemas de inspiração... perfeccionismo etc etc ¬¬ Mas aqui está! \o/ O proximo capitulo nao deverá ser longo, portanto ele nao vai demorar uns 4 meses como esse demorou uhauahuhaa... Abraços e beijos.
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