Fuga
- Agora – disse com firmeza – arrume suas coisas, não temos muito tempo.
- QUEM É VOCE? – vociferou Harry.
- Isso, neste momento, não importa , estou aqui para ajudá-lo, agora arrume suas coisas! – repetiu.
- NÃO! – gritou.
- Bem, nesse caso, não tenho escolha. – disse calmamente o homem.
Apontou a varinha para cada um de seus pertences espalhados pelo cômodo e, um a um, foram sumindo. Tirou um relógio prata de suas vestes, olhou-o, pareceu preocupado. Harry também olhou para o seu relógio, eram cinco para meia-noite.
- Venha! – disse com firmeza.
E agarrando seu braço, machucando-o, começou a conduzi-lo para fora do quarto.
- AI! ME SOLTA! – gritou o garoto.
Harry tentou resistir, porém não conseguiu.
- Por favor, Harry! Estamos sem tempo! – disse com um tom de preocupação.
Logo que saíram se depararam com a Família Dursley bloqueando o corredor fitando os dois, principalmente o estranho, com uma expressão de horror. Tio Válter estava vermelho, com uma cara que misturava raiva, medo e indignação.
- QUEM VOCÊ PENSA QUE É MULEQUE? O QUE EU JÁ DISSE SOBRE ESSA GENTINHA QUE VOCÊ CONHECE INVADIR A MINHA! A MINHAAA! CASA!! HEIN?
- Olhe Sr. Dursley, por favor – disse o estranho com um tom irônico de cordialidade – Cale a boca.
- O QUE?! VOCÊ ENTRA NA MINHA POPRIEDADE COMO SE FOSSE A CASA DA SUA MÃE! E AINDA ME MANDA CALAR A BOCA? QUEM VOCÊ PENSA QUE É?
- Acho que você foi um pouco longe comparando a sua casa com a da minha mãe, sabe! – disse, olhou novamente para o relógio sua feição mudou de preocupado para leve desespero – Agora eu realmente tenho que ir! E, se não se importa, eu estou levando o seu sobrinho também! Para sempre!
Parecia ser loucura, mas Harry estava a ponto de pedir socorro para os seus tios, não sabia para onde estava indo, com quem estava indo e nem por que. O homem, puxando-o pelo braço, recomeçou a conduzi-lo para escadas, e da li, para fora da casa.
- É! VÃO SAINDO MESMO DA MINHA CASA! E PODE LEVAR ESSE TRASTE!
- AH! Já ia me esquecendo – disse o homem pegando sua varinha e, apontando-a para os Dursleys, conjurou – Memmorium!
Uma forte luz azul entornou-os, deixando-os catatônicos, com os olhos vidrados, como se alguém os tivesse resetado.
- Agora, - começou - vocês nunca viram o Harry na sua vida, nunca chegaram a conhecê-lo, nem ficaram sabendo da morte de James ou Lílian. Sempre tiveram uma vida fútil e normal. Hoje à noite ninguém invadiu a sua casa, vocês estão no corredor porque são idiotas, e fazem isso toda noite antes de dormir. E tentem ser, daqui para frente, menos superficiais e preconceituosos. Agora quero que vocês voltem para as suas camas, durmam e voltem a viver normalmente. Bem acho que é isso – olhou novamente para o relógio - Cacete! São duas para meia noite! Vamos Harry!
Começou a puxá-lo novamente com força, desceram as escadas e saíram para a Rua dos Alfeneiros.
- ME SOLTA! ME SOLTA! - vociferou tentando se desvencilhar do homem – AI! VOCÊ ESTA ME MACHUCANDO!
- Fique quieto! – pediu - Bosta! Não vai dar tempo, venha, vamos nos esconder naquele arbusto. VAMOS!
Puxou Harry para um arbusto próximo à casa dos Dursleys, o homem agachou e fez com que Harry o imitasse, tentou resistir, estava apavorado. O que estava acontecendo?
- NÃO! – resistiu.
- Harry, por favor, sente AQUI! – disse com rispidez a ultima palavra, que ainda observando o relógio contava – Nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois...
Olhou atento para frente da casa número 4, Harry, sem entender, fez o mesmo. Ele ainda não tinha conseguido ver o rosto do homem por causa da escuridão, literalmente não sabia quem ele era.
- Meia-noite! Bem na hora, parabéns Harry! Você acaba de virar um bruxo maior de idade! – disse com um sorriso no rosto.
Harry fez menção para escapar, porém o estranho foi mais rápido e segurou o a tempo.
- O que eu te disse? Fique quieto! Ainda não é seguro!
- QUEM É VOCÊ? O QUE DIABOS ESTA ACONTECENDO AQUI! – Harry continuava insistir, em vão, saber o que estava acontecendo.
- XIU! Cala a boca! – sussurrou
De repente dois estrondos, um seguido do outro, ecoaram fortemente pela rua.
CRACK
CRACK
Harry olhou estupefato, dois indivíduos cobertos por uma longa capa preta aparatarem no jardim da casa dos Dursleys. Os dois usavam uma mascara branca cobrindo a parte de cima do rosto, não havia duvida, eram Comensais da Morte.
- O que é...
- Xiu! Eu mandei você ficar quieto! – sussurrou o homem em um tom de desaprovação e de extrema preocupação.
Seu coração entrou em arritmia, sua respiração começou a acelerar, sentiu um embrulho no estomago e uma ânsia de vomitar. O que estava acontecendo? Até que, finalmente, ele se lembrou: ele agora era maior de idade, portanto, a casa dos Dursleys não lhe servia mais como lar. O feitiço de proteção estava quebrado. A ânsia de vomito aumentou, Harry inclusive fez menção a vomitar.
- Harry, eu sei que isso tudo parece ser demais – disse o homem assistindo o garoto – Mas você esta a salvo isso é o que importa.
Harry não respondeu, continuou a observar os Comensais que pareciam esperar alguém. Então, mais uma vez um outro estalo ecoou, e mais um Comensal aparatou no jardim, formando um grupo de três Comensais da Morte. Uma voz feminina, explicitamente impaciente, dissipou pela rua.
- Onde você estava?
Harry reconheceu a voz, era de Belatrix Lestrange.
- Recebendo ultimas instruções do Lorde das Trevas – uma voz masculina, fria e calma, extremamente familiar, ecoou pela rua.
- Bem, está explicado então! – disse Belatrix – Mas da próxima vez avise, Severus!
Uma onda de fúria invadiu o corpo do garoto, era Snape, o covarde assassino de Dumbledore. Sem pensar, tentou avançar pra cima de seu ex-professor, porém não conseguiu se mexer, estava sendo segurado, tentou se debater para atacar de surpresa e a sangue frio o covarde que pairava a poucos metros de distancia dos arbustos em estavam escondidos.
- Calma Harry – sussurrou o homem ainda segurando-o – eu sei que parece impossível não querer avançar nele, mas pro seu próprio bem, fique aqui parado e calado!
- Como você? Você sabe? Que eu... – Harry estava confuso como o homem sabia da sua ligação com Dumbledore?
- Silencio! – advertiu-o novamente.
Os comensais continuavam a conversar.
- Eu acho Belatrix, que se o Lorde das Trevas tem algo para avisar de ultima hora, não há motivos para eu lhe avisar! Agora, vamos retomar o plano.
- Ok! – disse Belatrix
- Bem, eu e a Belatrix entraremos na casa e cuidaremos de Potter. – disse friamente – Lembre-se Belatrix! Não vamos, nem temos permissão, para tocar em um fio de cabelo do moleque, vamos apenas petrifica-lo e leva-lo para o Lorde! Entendido? – perguntou Snape em um tom ameaçador.
- Entendido – respondeu irritada
- Você Draco, você vai ficar aqui fora fazendo vigília, se alguém suspeito você...
- Eu elimino! – completou energeticamente o garoto.
- Exatamente – concordou friamente Snape – Prontos então? Vamos entrar?
O estomago de Harry desabou, estava completamente desnorteado, primeiro um estranho invade seu quarto, apaga a memória de seus tios, e o leva embora a força, agora três Comensais estavam na frente da casa de seus tios revendo os últimos detalhes de como iam capturá-lo. Sem reação continuou observando a cena que se passava em frente ao seu antigo lar.
Snape e Belatrix empunharam suas varinhas, verificaram se estavam sendo seguidos, e entraram na casa dos Dursleys sem fazer barulho, deixando Draco fazendo a vigília.
Ele não podia deixar aquilo acontecer, principalmente porque ele não estava dentro da casa, o que os deixava em maior perigo ainda. Não que ele gostasse dos Dursleys, o que ele não queria é que eles morressem ou se machucassem por sua causa. Harry começou a se debater novamente, precisava entrar na casa, alguma coisa lhe dizia que algo ia dar muito errado.
- Me solta! – exigiu garoto – Eles vão machucar os meus tios!
- Não!Você vai ficar aqui! Não vou deixar que você saia! Não se preocupe com os seus tios, o que importa aqui é você!
O esforço foi em vão, o homem continuava a segurá-lo. De repente um estampido e um grito agudo vieram de dentro da casa. Harry paralisou-se. Outro grito, só que dessa vez grave.
- QUEM É HARRY? PETUNIA CHAME A POLICIA! – era o grito abafado do tio Válter vindo do segundo andar da casa.
Tentou mais uma vez se desvencilhar do homem, mais uma vez foi detido.
- Olha aqui Harry, daqui a pouco o moleque vai perceber que tem algo suspeito atrás deste arbusto! Fique quieto – advertiu-o mais uma vez.
- Não! Eu não quero! Me deixe sair! Eu preciso...
- Não! – respondeu - Harry, infelizmente, você não me deixa outra escolha – disse com um tom penoso.
Sentiu algo prender todos os músculos de seu corpo, não conseguia se mover ou falar, era o feitiço do corpo preso. Um outro estampido. Um grito mais alto ainda. O homem olhou preocupado para a janela do sobrado da casa de seus tios, então olhou para Harry.
- Escute, eu vou solta-lo, mas prometa que você vai ficar quieto, ok?
Sentiu o alivio de seu corpo solto, não queria sentir aquela sensação horrível de novo, portanto ficou apenas assistindo à cena. O homem fitou-o nos olhos e disse.
- Só tente ficar calmo e torça para que nada aconteça com eles.
Torça? Como assim torça? Isso quer dizer que algo poderia acontecer com seus tios, que algo não estava dando certo.
- EU JÁ DISSE! EU E MINHA FAMILIA NÃO CONHECEMOS NENHUM HARRY POTTER! – outra vez o grito de seu tio, abafado pelas paredes de dentro da casa, dissiparam-se pela rua.
Barulho de vidro se estilhaçando. Outro grito agudo. Então três, um seguido do outro, intensos brilhos de luz verde escaparam pelas janelas do sobrado da casa, os Dursleys tinham acabado de ser assassinados.
- NÃO! NÃO! – berrou Harry.
- Puta que pariu! – xingou o homem.
Seu grito fez Draco, que estava desatento examinando o céu, logo ficar em guarda empunhando sua varinha com força.
- Potter? É você? – gritou debochado o garoto – Onde você esta? Pensou que se escondendo nada iria acontecer com a ralé da família que te abriga? HAHAHAHA – riu debochadamente – Deu uma de covarde Potter?
O sangue de suas entranhas subiu por sua carótida com uma pressão de um tiro que saiu pela culatra, fazendo-a pulsar em seu pescoço. Ele tentou sair do arbusto e avançar em Draco, porém mais uma vez, foi detido, mas não foi a tempo, a tentativa de avançar em Malfoy fez o arbusto se mexer, dando a brecha para o garoto localizá-lo.
- Porra, Harry! Viu que você fez? – advertiu, agressivamente, o homem – Fique parado aqui! Eu estou logo atrás de você, mas fique parado e em silencio!
Harry olhou para trás. Onde estava o homem? Desapareceu! Assustado resolveu seguir as instruções do estranho, olhou para frente e viu que Draco estava se aproximando do arbusto. Ficou parado tentando fazer o mínimo de barulho possível, assim como tinha sido instruído.
- Eu já te vi Potter! Você esta atrás do arbusto! – avisou Draco – não adianta! É o fim da linha!
Draco começou a se aproximar mais e mais. Dentro da casa ainda se ouvia barulho de vidro se estilhaçando e portas sendo arrombadas, Harry presumiu que estava sendo procurado ainda. De repente sentiu um forte chute no peito.
- Te peguei Potter!
O chute o fez cair deitado no chão, desarmado. Draco se aproximou bem aos pés de Harry e apontou sua varinha bem no meio de seu peito.
- Eu podia matá-lo, sabia Harry? – disse – Pena que o Lorde das Trevas quer você só para ele! – disse com certo desgosto - Ah! Como seria gratificante eu poder te eliminar agora! Mas talvez... – disse abrindo um sorriso malicioso - É, acho que posso tirar uma casquinha, além do mais, o idiota do Snape ainda está te procurando mesmo!
Draco ajeitou sua varinha.
- Cruci...
- ESTUPEFAÇA!
Um jato de luz vermelha atingiu bem o meio do peito do garoto, fazendo-o voar para longe de Harry. Caiu a uns metros de distancia, batendo fortemente a cabeça na sarjeta, inconsciente. Nesse meio tempo, Belatrix e Snape saíram da casa e viram o garoto loiro estirado no chão, com a parte de trás do crânio todo ensangüentado, inconsciente.
- O que está acontecendo... Ah! Potter... – disse Snape tirando sua mascara, seus olhos fitaram friamente os de Harry, que ainda se encontrava no chão. – Vejo que um dos medíocres integrantes da Ordem da Fênix chegou antes que nós para resgatá-lo! Pena! – abriu um sorriso maldoso - Mais um irá morrer hoje!
- Olá Harryzinho! – disse Belatrix imitando voz de criança – Que peninha! Vai perder mais um de seus amiguinhos, olhe não vai chorar viu?
- Vocês dois são tão idiotas que... Bem, era o máximo que eu podia esperar de vocês! Vocês sempre foram assim mesmo. – disse tranqüilo o homem.
Harry olhou-o com cara de desentendido.
- Fique onde está, Harry – disse.
- QUEM É VOCÊ? COMO SE ATREVE A ME CHAMAR DESSE JEITO?! – urrou Snape.
- Ahhh ranhoso... – disse debochado, acendendo um cigarro tranqüilamente e dando um longo e prazeroso trago, soltando a fumaça bem devagar.
- COMO SE ATREVE?! – urrou novamente
- Vocês dois se equivocaram, deixe-me ver, cinco vezes. Primeiro, não sou da Ordem da Fênix. Segundo, não vou morrer. Terceiro, vocês não vão capturar o Harry. Quarto, não sou medíocre. E quinto, ele não me conhece ainda, portanto não somos amigos, Belatrix – respondeu como se estivesse conversando com alguém em um boteco, fitando ironicamente Belatrix.
Deu mais um longo trago em seu cigarro e soltou a fumaça agressivamente para o alto.
- AGORA VOCÊ FOI LONGE DEMAIS! – urrou Snape apontando a varinha para ele.
Porém Belatrix que tomou a iniciativa.
- AVADA...
- AVADA KEDAVRA – gritou o homem, e um jato de luz verde atingiu, em cheio, o peito da mulher, que caiu no chão, quase que instantaneamente.
Harry ficou paralisado de medo, assim como Snape. Belatrix estava estirada no chão, com os olhos abertos, em uma feição de horror, morta.
- Vo-v-vo – gaguejou Snape.
- O que? – perguntou ironicamente - Nunca viu alguém, sem ser da sua laia, praticando essa maldição? Que pena. - apontou a varinha para Snape - ESTUPEFAÇA!
O feitiço atingiu Snape que , assim como o Draco, voou e caiu estirado no chão batendo a cabeça na sarjeta.
Harry estava abobado, acabara de ver a assassina de seu padrinho sendo morta. Não sabia o que falar ou o que fazer. Estava aterrorizado com toda a situação.
O homem, que parecia tranqüilo, se dirigiu até o corpo de Belatrix, fitou-o dos pés a cabeça, depois olhou atentamente para as imediações procurando algo suspeito. Finalmente olhou para Harry e disse:
- Venha, temos de entra entrar na casa.
Seu sangue começou a ferver, queria saber o que estava acontecendo, queria saber quem era o homem, sem mais pensar berrou.
- QUEM É VOCÊ? O QUE ESTÁ ACONTECENDO? O QUE ACONTECEU? ME FALE! VOCÊ INVADIU A CASA DOS MEUS TIOS, ME PEGOU, AÍ APARECEM TRÊS COMENSAIS E... E...- Harry não conseguia mais falar, estava ofegante de tanto gritar.
- Me desculpe Harry, realmente, não me apresentei. Meu nome é Alexander Al Nair. Estou aqui, como você mesmo já pode constatar, para te salvar, eu sou seu Guardião. – explicou-se o homem, agora Al.
- QUE? Guardião? Você é do ministério? – preferiu não ter perguntado, agora estava mais confuso do que antes.
- Não, não sou.
- DE ONDE VOCE VEIO?
- Não importa. Depois eu te explico direito, Harry – respondeu calmamente – Agora, venha.
- Aonde?
- Já lhe disse, vamos entrar na casa.
- ELES ESTÃO MORTOS! – berrou – NÃO HÁ NADA PARA VER!
- Eu sei que eles estão mortos, isso é obvio, mas não é disso que eu me refiro. – e, dando uma ultima tragada em seu cigarro jogou-o no gramado, entrou na casa.
Seria uma chance perfeita para escapar no momento, mas ele não o fez por dois motivos, porque estava sem varinha e porque precisava saber direito o que estava acontecendo, portanto seguiu Al.
O interior da casa estava irreconhecível, um pandemônio, como se um furacão tivesse passado por dentro dela. Quem entrasse lá nunca iria perceber que aquele lugar já tinha pertencido à mulher mais asseada do Reino Unido.
Enquanto Harry pairava um pouco a frente à porta de entrada, aterrorizado, Al observava cada canto da sala atentamente, como se estivesse procurando algo, quando se deu por satisfeito subiu as escadas, deixando-o sozinho na sala de estar.
De repente, sem aviso, uma forte dor atingiu o âmago de seu peito, uma dor nada confortável, como se um vácuo estivesse sendo formado bem no meio dele. Sua respiração começou a ficar bem rápida a ponto de suas narinas arderem de tanto ar que se passava por dentro delas. A cada segundo que passava a dor aumentava. A respiração aumentava. As narinas ardiam mais. A angustia da dor que sentia começava a ultrapassar o nível do insuportável.
Ele não queria subir para ver os Dursleys, sabia que, se subisse, iria sentenciar de vez a morte deles, fato que pretendia fingir que nunca acontecera que tudo não se passara de um sonho. Mas a dor no peito continuou aumentando, a angustia não cabia mais em seu corpo, suas mãos tremiam intensamente e sem cessar, a pressão aumentava mais e mais. Dor. Angústia. Pressão. Dor. Angústia. Dormência. Dor. Angústia
Não se agüentou, subiu correndo, de dois em dois degraus, a escada e, ao terminar, se deparou com uma cena lamentável, trágica, intragável: os corpos dos Dursleys estirados no chão com uma expressão de horror tatuada nos rostos de cada um deles. Al examinava agachado, minuciosamente o corpo, desfalecido, de Duda. Ele sabia que iria se arrepender, mas deu alguns passos pra frente e encarou o rosto de seu tio Válter, os olhos dele estavam abertos, vidrados, sem vida, como se ele tivesse visto o demônio em carne e morrido do susto.
Harry sentiu seu estômago espremer se espremer de enjôo, uma ânsia de vomito atingiu o garoto de novo, a pressão que sentia no peito já era de como se estivesse a treze mil metros de baixo d’água, uma pressão que ainda aumentava. Sua respiração estava tão rápida que cessou de repente, sentiu algo bloqueando sua traquéia que fazia o meio de sua garganta doer, uma dor que irradiava para o resto de suas entranhas. Seus joelhos começaram a tremer, seu corpo começou a desabar. Engasgo. Ânsia de vomito. Mais um engasgo. Ânsia. Tonteira. Palpitações. Pontadas no coração. Seus olhos começaram a arder. Seu corpo tremia. Suor. Frio.
Então, finalmente, o alivio veio: caindo de joelhos, rendendo-se, todo o seu sentimento e sua dor transformaram-se em minúsculas, claras e salgadas gotinhas d’água que saiam dos cantos de seus olhos trincados. Cada lagrima expulsada de seus olhos parecia que tirava uma tonelada de peso em suas costas. Não tinha idéia do por que de seu choro, seus tios, assim como seu primo, sempre o trataram como um cachorro, às vezes até inferior a um, então por que não estava feliz? Esse pensamento fez ele se sentir enojado de si mesmo, era verdade que odiava os Dursleys, mas nunca desejaria a morte deles.
Seu rosto estava molhado tamanha era a quantidade de água que derramara de dentro de si. Seu peito ainda doía, mas a dor era menos intensa. O choro não cessava, ele queria que parasse, mas não conseguia, era automático.
- Harry, – disse Al com um tom penoso – eu... Eu lamento muito. Não era isso que eu previa, foi uma fatalidade, me desculpe.
- NÃO! – berrou ainda chorando – SE VOCÊ NÃO TIVESSE ME SEGURADO NADA DISSO TERIA ACONTECIDO! NADA!
- Harry, você não ia conseguir salvar seus tios nem seu primo, você estava sem varinha.
- NÃO IMPORTA! ENTÃO POR QUE VOCÊ NÃO TENTOU IMPEDI-LOS ANTES?
- Eu não sabia que isso ia acontecer me desculpe mais uma vez, por favor.
- AAAAA!! AAAAA!! – gritou desesperado.
Al se aproximou de Harry, e agachou bem a sua frente, ele cheirava fortemente a cigarro.
- SAI DAQUI!
- Não, Harry.
- SAAAAI! – urrou mais uma vez
E em um ato completamente inesperado, da parte de Harry, Al abraçou-o.
- Calma, calma, tudo vai acabar bem. Prometo cara. – disse compassivamente.
Ele não sabia o que fazer, nunca vira o homem na vida, nem teve a oportunidade de ver seu rosto direito, e esse estava, em um ato de compaixão, abraçando-o, tinha vontade rejeitar o abraço, porém continuou depositando suas lagrimas no ombro amigo que Al ali dispunha.
- Agora venha, vamos sair daqui, ok? Aqui não é um lugar saudável para você ficar, nunca foi. Além do mais, o ministério deve estar chegando a qualquer momento. – disse Al ainda abraçando-o – Você sabe aparatar?
- Sei, mas não tenho licença ainda. - disse soluçando.
- Bem não tem problema, além do mais você não sabe aonde nós vamos. Venha, vamos aparatar do lado de fora da casa.
Al levantou e ajudou Harry, ainda soluçando, a se levantar. Saíram de dentro da casa, Snape e Draco ainda se encontravam inconscientes no chão.
- Agora, segure meu braço.
Harry obedeceu e segurou.
- Pronto?
Harry balançou a cabeça, e sem aviso, desaparataram. Logo teve a sensação de seu corpo ser puxado para todas as infinitas direções no espaço possíveis ao mesmo tempo, uma sensação nauseante invadiu seu corpo mais uma vez, devido à aparatação.
CRACK.
Quando deu por si, ambos se encontravam no fundo de um beco escuro na cidade de Londres.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!