Epílogo, parteII



Corine não chorou, não teve um ataque, nada. Só se levantou e foi acariciar o sobrinho e sussurrar que estava tudo bem, que tudo ia passar. Quem não a conhecesse podia achar que ela estava se controlando, não era isso. As dores, as perdas, decepções, tristezas,...Já eram tantas que ela nem se abalava. Voltou à sala e perguntou:
-E acharam algum testamento dela?
Dumblendore respondeu:
-Sim, aqui está.


“Maninha, não foi só você que podia vislumbrar o futuro de vez em quando, eu também sou capaz. Já sabia que ia morrer, não chore, por favor, Peter precisa de você. Na verdade, nem sei por que ele sofreria, a mãe dele sempre foi você. Quem deve precisar de você mesmo é Sirius, que bom, é uma oportunidade para vocês recuperarem o tempo perdido. Tudo meu vai para você, até as roupas de que gostar (faça o que quiser com as que não gostar). Diga a Sirius que eu o amo muito, e a Peter também, quando ele puder entender. Estou feliz, veja: você e Sirius as amarão, Peter terá uma mãe melhor do que eu seria, vou me reencontrar com Mama...Podia ser melhor, eu queria conhecer meus sobrinhos...Mas supero (hehe). Por favor, doem meus ossos e órgãos (se tiver sobrado algum corpo) e cremem o resto.
Sinto muito por não poder me despedir melhor,
Tina

P.S: EXIJO que você fique morando na minha casa, para cuidar de Peter(e por outros motivos não-mencionáveis)





Corine fez cara de dor e cerrou os dentes, o ódio por aquele que um dia chamara de pai crescia...Lembrou de uma passagem do diário da mãe:



“Não culpo Tom pelo que me fez, não sinto ódio por ele, sinto pena. Ele foi uma criança desorientada e um adulto sem limites, muito poder em mãos de alguém que não soube usar...No meu caso e no dele. Tolo, no momento em que me chutou, todo o poder que ele havia absorvido de mim voltou para as mãos de sua legítima dona. A pessoa que lhe contou minha história provavelmente não a contou direito.

‘...Porém, se ele/ela a abandonar, tudo se desfará. É necessário que seja recíproco, não adianta que ela se entregue se não houver troca. É a Lei da Alquimia, tudo o que se recebe deve ser pago com algo de valor correspondente, quer ele/ela queira ou não.’

Pobre ingênuo, o ‘preço’ que ‘estipulei’ será futuramente ‘cobrado’ pela minha próxima encarnação, como não me entreguei por completo não cobrarei o preço todo. Ricky fará o resto.
Espero que minhas filhas compreendam seu pai.”




Corine entedera a mensagem e já sabia quem era Ricky. Tina havia ganho, de herança, o colar da mãe, manchado com o sangue dela, só que o fecho não abria e era pequeno demais para passar pela cabeça de alguém, portanto ficava numa caixinha de veludo no quarto dela. Já Corine ganhara o diário da mãe, com a capa manchada pelo sangue dela e as páginas impregnadas com aquele cheiro de jasmim que seu corpo exalava, mesmo tendo se passado 18 anos desde a morte da mãe, Corine sentia sua presença naquele cheiro persistente, nos conselhos, nas explicações e nos desenhos que jaziam naquelas páginas. Corine sentia uma nova sensação fluir pelo seu corpo. Nojo. Um profundo nojo do progenitor, por ter feito a mãe de marionete e tê-la abandonado quando ela mais precisava dele. O nojo foi substituído por raiva de si mesma por desejar um “amor paterno”
-Corine? Lily a olhava, preocupada
-Entendo que esteja triste, mas...
-NÃO ESTOU TRISTE, REMO!
Todos se assustaram. Dumblendore viu naqueles olhos castanhos (que já tinham sido cinzas) a sombra de Tom Riddle e a influência que ele exercia sobre a menina, como Mar e Lua, apesar de nunca ter criado efetivamente a “filha” Dumblendore desconfiava, que, na época em que formulamos nossa personalidade e buscamos nosso ídolo, Corine tivesse visto no “pai” esta figura.
-Corine, ninguém está te recriminando por se abalar com a morte da sua irmã. Dumblendore disse naquela sua voz calma que lhe era característica.
-Não estou abalada.-disse Corine entre dentes -Espero, nem que eu tenha que morrer para isso, que a minha filha seja a próxima encarnação de minha mãe.

Dois anos depois nascia Mary, pele alva e olhos azul-esverdeados, quase incolores.


O fecho do colar abriu.












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