Perto Demais
(N/A: Alguém tinha dúvidas de qual seria o casal mais votado para ter destaque nesse capítulo, por acaso?!)
(Normal – Sirius / Negrito – Nat)
“So close you can almost taste it”
(Unwritten - Natasha Bedingfield)
Estávamos todos na Sala Comunal, naquela entediante noite de quinta-feira. Os outros três marotos, Isa e Lílian estavam jogando uma partida de Snap Explosivo, enquanto eu apenas os observava, sentado em uma das poltronas.
--- Ah Remo, assim não vale! --- Isa reclamou, sorrindo para ele sem corar, o que era quase um milagre, diga-se de passagem.
Pelo que pude constatar, Aluado já ganhava a terceira ou quarta partida consecutiva.
--- Fazer o que... --- ele disse, me olhando de esguelha. --- Sou perfeito!
--- Hey, Aluado! Essa fala é minha! --- reclamei, fingindo estar bravo. --- Vou começar a cobrar pelos direitos autorais...
--- Você é tão previsível, Sirius. --- ele me disse, com um sorriso vitorioso.
--- Muito engraçado, Lobinho! --- falei, no que ele me fuzilou com o olhar.
Quem vê pensa que os outros estavam prestando atenção.
O Pontas e a Lily estavam sentados lado a lado, discutindo, só para não perder o costume. O tradicional de sempre: ele a elogiando, ela o xingando. E por aí a coisa toda vai, vocês sabem...
--- Mas, minha ruivinha...
--- Pela milésima centésima vez, Potter. É EVANS! --- ela falava, revirando os olhos.
Argh, já estava ficando irritante.
Isa estava sentada ao lado da ruiva, ao seu lado vinha Rabicho, o que fazia com que Aluado, que estava ao lado de Pontas, ficasse bem na sua frente. Era tão bonitinho ver os dois trocando aqueles olhares tímidos, há! Acho que já está na hora de falar com o Pontas para a gente dar um empurrãozinho nesse romance...
Foi então que senti falta de alguém.
Corri os olhos pela sala, encontrando facilmente o que procurava. Nat estava sentada à mesa, de costas, fazendo alguma coisa que envolvia penas e pergaminhos.
Cansado de assistir os outros jogarem, resolvi ir até lá também. Puxei a cadeira ao lado da dela, e me sentei, observando-a. Sem mentira, ela estava discutindo com um livro. E, aparentemente, nem tinha notado minha presença.
--- Nat? --- a chamei, despertando-a de seus devaneios.
Ela levou um susto, virando o rosto para me encarar.
--- Ah, Sirius. --- ela disse, voltando a mexer nos pergaminhos
--- Tudo bem com você? --- perguntei, hesitante. Afinal, não é todo dia que se vê alguém brigando com um livro.
Conviver com a minha beleza devia estar afetando a sanidade mental dela. Certo, deixando o meu eu convencido de lado...
--- Tudo bem, só estou tendo uns probleminhas com esse dever de Poções. --- respondi, largando todos os pergaminhos em cima da mesa --- Desisto!
Sirius ia abrir a boca para falar, quando eu ouvi --- e senti, óbvio --- minha barriga roncar. Sorri, envergonhada.
--- Estou há tanto tempo tentando terminar essa coisa que acabei esquecendo de ir jantar.
--- Então devo confessar que conheço o lugar perfeito para irmos! --- ele disse, pegando minha mão e praticamente me arrastando para fora da Sala Comunal.
Não teria tido como negar, mesmo que quissesse. Caminhávamos pelos corredores, ele ainda me guiando.
--- Sirius, onde estamos indo?
--- Surpresa! --- ele disse, com aquele sorriso maroto.
--- Ah, não vale... Conta! --- falei, dando um tapinha no ombro dele.
--- Tenha um pouco de paciência! --- ele disse, rindo da minha curiosidade.
Chegamos, então, em frente a um quadro de frutas, e ele começou a fazer cócegas em uma pêra. Agora sim eu não entendia mais nada.
--- O que exatamente você está fazendo, Sirius? --- perguntei, erguendo uma sobrancelha.
--- Você já vai ver, Nat, já vai ver... --- ele respondeu, misterioso.
Então o quadro se abriu, revelando uma passagem. Ele entrou, e me ajudou a fazer o mesmo, murmurando algo como “vem!”.
Me deparei com uma enorme cozinha, atulhada de pequenas criaturinhas que logo identifiquei como elfos domésticos. Eles vieram até nós, sorridentes.
--- Jovem Black, que honra ter o senhor por aqui de novo! --- um deles disse, com os olhinhos brilhando.
Engraçado o modo como Sirius conseguia se dar bem com tudo e todos --- tirando sua família, é claro.
--- Olá, Akon! --- Sirius o cumprimentou, sorrindo.
--- E vejo que trouxe sua namorada junto! --- o mesmo elfo disse, olhando para mim e fazendo uma reverência. --- Srta...?
--- Andrews. --- eu disse, sorrindo, envergonhada. --- Não somos namorados.
--- Ah, entendo... --- ele disse, com um sorrisinho --- E o que vocês desejam, Jovem Black e Srta. Andrews?
--- Se puderem nos conseguir um pouco de comida... --- Sirius disse, passando a mão pelos cabelos.
--- É pra já! --- ele disse, no que vários outros elfos surgiram com bandejas de tudo que é tipo de comida que se pode imaginar.
Sirius e eu pegamos o que pudemos com as mãos, e fomos nos sentar em uma das mesas que havia no local. De tempos em tempos, elfos vinham nos oferecer mais e mais comida.
Já estando completamente satisfeitos, nos levantamos.
--- Obrigada! --- Nat disse para Akon, abaixando-se e afagando as orelhas dele. Engraçado o modo como ela tratava todos de igual para igual, sempre carinhosa.
--- Bom, nos vemos qualquer dia desses. --- me despedi, no que ele fez uma breve reverência.
--- Até logo, Jovem Black!
Saímos da cozinha, e eu suspirei, estufado.
--- Devia ter comido menos, Sirius... --- Nat disse, no que eu a olhei, desconfiado. --- Assim vai acabar ficando gordo! --- ela disse, rindo da careta que eu fiz.
--- Gordo, eu? Ninguém resiste ao corpinho sarado de Sirius Black, minha cara! --- falei, dando meu melhor sorriso.
--- Ah, é mesmo? --- ela disse, me encurralando na parede e colocando a mão por de baixo da minha camisa. --- Pois eu ainda acho que está gordo! --- sussurrou no meu ouvido, fazendo com que eu me arrepiasse.
--- Não brinque com fogo, Nat... --- sorri marotamente, invertendo as posições e apoiando meus braços na parede atrás dela.
Pude ver ela me olhando, estática. Estávamos realmente muito próximos, e não nego que aquela distância mexeu comigo, vendo aquele rosto tão perfeitinho a poucos centímetros de distância, aqueles lábios... Argh, tenho que parar de pensar nessas coisas!
Retomando o que eu pretendia fazer no início, e aposto mil galeões que ela não esperava por isso, comecei a lhe fazer cócegas, fazendo-a rir gostosamente.
--- Ah... pare Sirius! --- foi o que consegui distinguir do que ela falava, em meio ao riso.
Parei, rindo também.
--- Ninguém chama Sirius Black de gordo e fica sem resposta! --- ele falou, com um sorriso vitorioso.
Eu ia abriu a boca para responder, quando ouvimos aquela voz muito familiar. E, àquela hora da noite, só podia ser uma pessoa...
--- Quem está aí? Agora eu pego vocês, moleques insuportáveis!
...Filch. Ele vinha vindo no fim do corredor, com um lampião na mão e sua feição não era o que poderia se chamar de amigável.
Nos entreolhamos, confusos.
--- E agora o que fazemos, Sr. esperteza? --- perguntei rapidamente.
--- Corremos! --- ele disse, pegando minha mão e começando a correr, no que eu o acompanhei.
Saímos correndo em disparada, com o zelador em nosso encalço. Podíamos ouvir ele nos xingando, e não nego que a situação estava divertida. E continuaria, pelo menos enquanto não fôssemos pegos.
Subimos um lance de escadas, entrando no corredor.
--- Droga! --- Sirius murmurou, tão baixo que só pude escutar por estar bem perto dele.
Eu ia perguntar o que havia acontecido, mas não foi preciso. Olhei para os dois lados, percebendo a mesma coisa que ele: o corredor não tinha saída.
--- Grande idéia, Sirius Black! --- murmurei em resposta --- E agora?
Filch já estava quase alcançando o topo das escadas, ou seja: não podíamos voltar para lá. Foi então que vi Sirius abrir um sorriso, pensativo. Por Merlin, que ele tenha tido uma boa idéia dessa vez!
Peguei a mão de Nat, e fui guiando-a pelo corredor, à direita, até chegarmos na armadura que eu havia avistado. As luzes não estavam acesas, e aquele local estava um pouco mais escuro do que os outros... Tínhamos chances de passarmos despercebidos por Filch, considerando que ele não era dotado de muita inteligência.
Encostei-a na parede, colando meu corpo no dela --- e não nego que nós dois estremecemos com o toque --- para que a armadura ao nosso lado impedisse que fôssemos vistos.
--- Não faça... Barulho... --- murmurei, no ouvido dela.
Filch adentrou o corredor, iluminando tudo com o lampião, mas, por sorte, não nos percebeu ali. Era realmente muito burro! Praguejou qualquer coisa, e tornou a descer a escada.
Eu e Nat continuamos na mesma posição, sem mover um músculo. Podia sentir a respiração ofegante dela no meu pescoço, e aquele perfume estava me entorpecendo. Recuei minha cabeça um pouco para trás, para olhá-la. Era tão bela... Tão frágil, e tão perturbadora ao mesmo tempo.
Aqueles olhos negros brilhavam fortemente, mesmo no escuro, me encarando firme, pareciam ver até mesmo a minha alma. Me perdi dentro deles, perdendo também meu bom senso.
Inconscientemente, levei uma das minhas mãos, antes apoiada na parede, à cintura de Nat, nos aproximando ainda mais, se é que isso era possível, e com a outra coloquei para trás uma mecha de cabelo dela que teimava em cair em sua face. Baixei o meu rosto, ficando da altura do dela, sem deixar de encará-la.
Nós estávamos perto.
Perto demais.
Eu estava extasiada com toda aquela proximidade. Os olhos de Sirius, seu corpo colado ao meu, seu perfume, era tudo tão... Inebriante! Aquilo não devia estar acontecendo, mas quem disse que eu conseguia pensar em alguma coisa?
Nossas bocas estavam quase se tocando, eu já podia sentir o hálito quente dele, e aquilo estava levando embora o pouco que sobrara da minha razão. Razão essa, que foi dar um passeio no momento em que ele me encurralou na parede.
Me sentia segura ali, e isso era tão raro... Mas ao mesmo tempo lembrava da fama dele, de todas as garotas que eu vira chorando por sua causa. Meus pensamentos estavam mais confusos do que nunca, e só de uma coisa eu tinha certeza: não queria sofrer. E com Sirius, isso era uma possibilidade que não se podia descartar.
E eu não estava disposta a correr esse risco.
Embora meu corpo e meu coração pedissem piamente para que eu continuasse, a razão falou mais alto.
--- Filch... Já foi... --- foi tudo que consegui murmurar, ainda encarando-o.
--- É... Eu sei. --- ele respondeu, simplesmente.
Ah, era tão difícil parar Sirius quando ele queria alguma coisa, agora eu entendia muito bem porque todas aquelas garotas não conseguiam dizer não. Ele era praticamente irresistível.
Percebi que ele descia ainda mais o rosto para perto do meu, mais um centímetro e nossos lábios se tocariam. Vamos, Natalie, vire o rosto, faça alguma coisa, mexa-se! Porém meu corpo relutava a obedecer ao meu cérebro.
No último segundo, consegui virar meu rosto.
Sirius realmente tinha reflexos rápidos, pude constatar. Recuou sua cabeça para trás assim que fiz meu movimento. Eu não tinha coragem de olhar para ele, deveria estar me odiando agora.
--- Acho... Acho melhor irmos. --- foi o que ela disse.
Quem era eu para contestar?
--- Certo.
Me afastei, e saímos caminhando, cuidando para não fazer nenhum barulho. Uma fuga por noite já era mais do que suficiente... Chegamos à Sala Comunal e, como eu esperava, os marotos, Lily e Isa ainda estavam lá. Cada um atirado em uma poltrona, aparentemente entediados.
--- Demoraram, hein? --- Pontas perguntou, com um sorriso maroto.
Ele não perdoava uma.
--- Tivemos apenas alguns... Probleminhas! --- Nat respondeu, sentando-se em uma poltrona, enquanto eu fazia o mesmo em outra.
--- Passeio noturno... Sirius Black... Natalie Andrews... Imagino o tipo de probleminha que vocês tiveram! --- falou, novamente.
--- Potter! --- Lily o repreendeu, no que eu o olhei com um sorriso vitorioso.
--- Sabe como é, Pontas... Ninguém resiste ao meu charme! --- falei, passando a mão pelos cabelos, no que Nat me olhou, franzindo a testa --- Já o seu não parece estar funcionando com uma certa ruivinha que eu conheço.
Ele me olhou, fechando a cara.
--- Agora é sério, Sirius. O que vocês estavam fazendo? --- Aluado perguntou, erguendo uma sobrancelha.
--- Ah, vão ser curiosos assim lá na...
--- Estávamos na cozinha. --- Nat respondeu, me interrompendo --- E depois tivemos que escapar do Filch. --- continuou, rindo.
--- Escapar do Filch? --- Isa perguntou, nos olhando desconfiada.
--- Vocês são loucos?! --- Lílian disse, incrédula --- Podiam ter levado uma detenção!
--- Ah, ruivinha... --- falei, no que vi Pontas me fuzilar com o olhar --- Você tem que aprender a se divertir um pouco.
Ela apenas revirou os olhos.
--- E, sabe... Acho que o Tiago não faria objeção a te ensinar! --- Isa disse, fingindo estar séria.
--- ISA! Até você? --- Lílian a repreendeu, corando levemente --- Merlin, o que eu fiz para merecer amigos desse tipo? --- ela disse, rindo.
Parando para pensar, até que a ruivinha estava mais calma esse ano, levando as coisas mais na esportiva.
--- Viu, Lily... --- Pontas começou, despenteando os cabelos, como sempre --- Suas amigas também são a favor do nosso amor!
--- Amor, Potter? --- ela disse, o olhando pelo canto dos olhos --- Depois desse seu delírio vou até dormir. Vocês vêm comigo, garotas? --- perguntou, no que as outras duas assentiram com a cabeça --- Boa noite!
--- Sonhe comigo! --- Pontas não desistia nunca.
--- Sonhar? Com você no meio, só poderia ser um pesadelo. --- ela respondeu, com um sorriso vitorioso.
Isa levantou para subir também, no que vi Remo segurar o braço dela. Que milagre era aquele, alguém poderia fazer o favor de me explicar?
--- Boa noite. --- ele murmurou, corando um pouco.
--- Boa noite para você também, Remo. --- ela respondeu, dando um beijo na bochecha dele e se dirigindo para as escadas do dormitório das garotas --- Nat?
Ela também levantou, passando por mim. Coloquei a mão em seu ombro, e sussurrei no ouvido dela: boa noite, minha loirinha! Ela virou o rosto para trás, sorrindo, e deixou um beijo no ar para mim. Por Merlin, que garota!
Sentei-me novamente em uma das poltronas, contemplando o nada.
--- Ah... --- Pontas começou, apoiando o rosto no braço e fazendo cara de sonhador --- Como o amor é lindo!
--- Pensando na Lily? --- Rabicho perguntou. Às vezes eu me surpreendia com a ignorância dele... Era óbvio que aquele comentário se referia à mim.
--- Não, Pedro. Ele está falando de um certo cachorro que nós conhecemos muito bem... --- Aluado falou, sorrindo marotamente e me encarando --- Parece que ele finalmente entrou na coleira!
--- Sirius Black, na coleira? --- perguntei, ironicamente. --- Já disse, só no dia em que Merlin voltar a Terra.
--- Certo, Almofadinhas. --- Pontas disse, no mesmo tom que eu.
--- Ah, Aluado, não está esquecendo que semana que vem é lua cheia, está? --- perguntei, fugindo do assunto.
--- E como eu poderia esquecer? --- ele questionou, desanimado.
--- Mas por que essa cara? --- Pontas perguntou. --- Será nossa primeira aventura do ano!
Já havia virado tradição nos acompanharmos Aluado, nas nossas formas animagas, naquelas noites. Com o tempo havíamos conseguido conquistar a confiança dele quando transformado, e de vez em quando até dávamos uma saidinha da Casa dos Gritos...
--- Eu nunca vou convencer vocês de não irem junto, não é mesmo?
--- Não! --- eu e Pontas respondemos ao mesmo tempo, rindo.
Passamos mais alguns minutos conversando, até que Aluado nos forçou a subir, delicadamente.
--- Hora de ir para a cama, Marotos! --- Ah, Aluado. Sempre a voz da razão...
N/A: se eu fosse vocês, estaria querendo me matar agora. Sim, eu sei que eu fui pra lá de cruel não fazendo nenhum beijinho sequer, mas entendam... Ia perder o sentido que eu pretendo dar para a fic se isso já acontecesse agora. Pelo menos satisfiz um pouco a vontade de vocês de Sirius/Nat, não é? Ah, eu amo esses dois também... Mas enfim, vocês gostaram? Porque isso é o que importa.
Eu e minha mania de colocar trechos antes dos capítulos... Não consigo evitar! Traduzindo o de hoje: “Tão perto que você pode quase sentir o gosto”. Convenhamos, não poderia ter se encaixado melhor.
Vou tentar destacar o Remo e a Isa no próximo capítulo, mas lembrem-se que a fic não se trata só de romance... Há muito mais coisas que eu preciso envolver.
Obrigada por todos os comentários! Não sei o que seria dessa pobre autora sem vocês. ^^
Beijos!
p.s.: sejam bonzinhos... quanto mais comentários, mas rápido vem o capítulo cinco, que eu acredito que se chamará Primeiros Vestígios.
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