Na Cerimónia da Recepção



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Capítulo V

Depois de cada um dos novos alunos ter sido encaminhado pelo chapéu seleccionador para a sua futura equipa, Albus Dumbledore, o director da escola de magia, subiu ao estrado que se encontrava no meio da sala e preparou-se para falar aos alunos.

- Antes de mais, meus caros alunos, quero dar-vos as boas-vindas à escola de magia e feitiçaria de Hogwarts e desejar que tenham um óptimo ano! Começo por me dirigir aos mais novos, que estão aqui pela primeira vez…

Entretanto, Remus Lupin, que estava sentado na mesa dos professores sentiu alguém a dar-lhe uma cotovelada.

- Ei, Remus…Quem é aquele ali? – sussurrou Harlene Melpomene, apontando para um professor de cabelos negros oleosos e semblante severo, vestido de preto dos pés à cabeça, que escutava atentamente o director.

- Aquele é o famoso Severus Snape, de quem já te tinha falado. É professor de poções. Ah, e também faz parte da Ordem de Fénix. – respondeu em surdina o professor, a tentar prestar ao mesmo tempo atenção às palavras de Dumbledore.

- Ah! Bem, ele tem um ar um bocado…sei lá…austero. Senti um arrepio estranho quando olhei para ele. – confessou ela.

- Não te preocupes: é o terror dos alunos mas é inofensivo. – brincou Remus.

- Não, não é isso, ele não me mete medo…Mas senti algo esquisito quando o vi. – murmurou a professora. Ouvindo Minerva Mcgonagal tossir de forma um pouco forçada, a seu lado, ela decidiu parar de conversar com o amigo e voltou de novo a atenção para o director de Hogwarts.

-...Quanto aos outros, resta-me lembrar que devem obedecer aos perfeitos e chefes de turma e que devem esforçar-se para não infringir as regras de segurança, como evitar andar na rua de madrugada e não sair sem autorização dos terrenos do castelo.

Nesta altura, Harry baixou a cabeça, sentindo-se ligeiramente culpado e envergonhado – sabia que a mensagem de Dumbledore era sobretudo direccionada para ele.

- Lembrem-se de que estamos a atravessar uma época complicada e em que todos os cuidados são poucos… – Sentindo que os sorrisos começavam a diminuir na plateia, Dumbledore mudou de assunto. – Mas com isto não quero dizer que a vida não corra no seu ritmo normal e que tenhamos que andar cabisbaixos por aí, não! É antes um tempo de união e de amizade, de festa e alegria por aqui estarmos reunidos novamente! Por isso, só um pedido: sejam felizes! – Houve uma explosão de palmas na sala. - E agora vou apresentar o nosso staff deste ano, que conta com duas caras novas, quer dizer, uma delas já bem conhecida: Remus Lupin, que regressou para o cargo de Defesa Contra as Artes Negras…

- Ei, Liz, deves estar no céu, não? – perguntou discretamente Kathlyn , sentada ao lado da amiga, enquanto professor de Defesa Contras as Artes Negras se levantava e era aplaudido. Ela era a única que sabia do fraquinho da amiga pelo professor.

- Yá, ainda não acredito que é verdade! É…tudo o que eu queria! Ainda tu não sabes a forma como dei de caras com ele! – respondeu a rapariga, sem deixar de bater palmas efusivamente nem desviar o olhar de Lupin.

- Aha! Já se tinham encontrado antes? Mas porque e que não me contaste antes, parva? Que óptimo, tens que me contar tudo!

- Sim, depois conto…Só há uma cosia que me está a matraquear a cabeça…

- O quê?

- Ela! – Liz apontou com a cabeça para a professora Harlene Melpomene, que tinha acabado de ser apresentada. Notou-se então um enorme entusiasmo da parte do público, especialmente o masculino, não só pela a notícia da reforma do professor Binns, mas especialmente devido à escultural nova professora.

- E agora, só tenho mais duas palavras para vos dizer. – Afirmou Dumbledore sorrindo. – Bom-Apetite!

E todos viraram a sua atenção para o requintado banquete.

- Ei, Ginny, está tudo bem? – perguntou Hermione à amiga, enquanto comiam.

- ‘Tá, porquê?

- Estás assim com um ar um bocado…ausente.

- Ah, impressão tua. – respondeu rapidamente Ginny, para acabar a conversa para evitar olhar na direcção da amiga, que estava mesmo ao lado de Harry e Cho, em amena e íntima cavaqueira, uma visão que angustiava bastante a ruiva. Sentindo de novo os olhos a picar de choro, virou o olhar húmido para o outro extremo da sala, para conter a inundação que se avizinhava. Por acaso, pousou o olhar na mesa dos Slytherin, onde reparou logo num certo rapaz louro que também parecia estar perdido em pensamentos. Como que se sentindo observado, Draco levantou o olhar, que por um segundo se cruzou com o de Ginny. A rapariga desviou rapidamente os olhos, sentindo a cara em brasa, por tanto o odiar, pensou. Quem é que gosta de ser apanhado a olhar para alguém? Ainda por cima quando esse alguém é o nosso pior inimigo? Pior do que isso, cruzar o olhar com o nosso pior inimigo quando há poucas horas atrás caímos estupidamente nos braços dele? Mas Ginny não pode deixar de pensar que já era a segunda vez no mesmo dia que o Malfoy lhe roubava a vontade de chorar, “quem diria, aquele parvo ainda serve para alguma coisa! Ah! Hora das sobremesas, a minha preferida!”. E a única angústia que restou na mente da ruiva foi escolher entre o bolo de bolacha e as profiteroles!


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Mais tarde, Draco Malfoy entrou pela primeira vez nesse ano no seu quarto -individual, porque era chefe de turma –, e dirigiu-se às malas, colocadas no meio da divisão, para começar a arrumar as coisas.

- Ohhh, como é que o menino Draquinho vai agora aguentar viver sem criados! – Gritou de repente uma voz que fez o rapaz dar um salto.

- Não…eu não acredito, devo estar a delirar eu tenho que estar a delirar… – O rapaz virou-se então de caras e deu de caras com o que suspeitava: no espelho do quarto pairavam agora uns olhos trocistas e um bigodinho de pontas enroladas. – Sr. Rorrim! Mas que diabo está a fazer aqui?

- Oh, mas que forma de receber um convidado! Foi essa a educação que a sua mãe lhe deu? – Perguntou o espelho, com a sua habitual pose arrogante e demasiadamente formal.

- Ora, não me irrite! A minha mãe sabe por acaso que está aqui? – perguntou o rapaz, furioso.

- Mas é claro! Foi ela que me encarregou de ser o seu hmmm…mensageiro e auxiliar se precisar de algo.

- Mensageiro! Ajudante! Mas para quê? Durante estes anos todos não precisei de nenhum mensageiro, muito menos de um ajudante! Ainda por cima… - Draco não acabou a frase, vendo que o espelho se tornava cada vez mais vermelho.

- Fique sabendo que não estou aqui por minha livre e espontânea vontade e que a última coisa que desejava era servir alguém tão impertinente e mal-educado como o menino! Porque eu, um Senhor, um espelho de classe, de uma família de espelhos nobilíssimos, não tenho nada que aturar adolescentes malcriados que não sabem cuidar de si mesmos! Só estou aqui porque a sua mãe me pediu muito e porque a ela devo muito respeito e dedicação! – Vociferou de um jacto o espelho. Por um momento, Draco teve medo que ele se partisse, de tão vermelho e furioso que estava.

- Ok, ok, Senhor Rorrim, eu não quis ofender, só achei estranho encontrá-lo aqui! Mas afinal…a minha mãe explicou-lhe porque é que o mandou?

- Bem, a sua mãe apenas referiu que este ano talvez seja um pouco complicado…perigoso até! Mas, eu como espelho elegante que sou, não quis saber mais pormenores e…

- Está bem, senhor Rorrim, já apanhei a ideia. Mas…complicado e perigoso…Será que a mãe sabe de alguma coisa…? – inquiriu-se Draco, em voz alta, preocupado. Sabia perfeitamente que o pai era um devorador da morte, aspecto a que Narcissa parecia o mais desconhecedora e indiferente possível. Será que ela não sabia mesmo? Ou será que sabia mas tinha medo ou não queria revelar? Será que agora ela tinha tomado conhecimento de alguma coisa terrível que se avizinhava e queria proteger o filho?

- Alô, Terra chama menino Draco, Terra chama menino Draco! – Acordou-o então a voz importuna do espelho.

- Hã, o que é que quer agora? – Perguntou o rapaz com maus modos.

- Preciso de saber se posso então habitar temporariamente no seu espelho…

- Bem, não é que me agrade muito, mas já que veio mandado pela minha mãe, pode ficar. – Respondeu o louro. Por um lado até era boa ideia ter alguém para desabafar e uma forma de comunicar mais rapidamente com a mãe.

- Então fica assim. E já agora, tenho ainda que o informar que não vou passar aqui todo o meu tempo: não pense que vou ser a sua ama-seca, porque eu tenho muito mais que fazer do que aturar meninos mimados!

- Mas que boa notícia que me dá! Vá, vá quando quiser! Não faz cá falta nenhuma! – respondeu Draco com maus modos, que estava mais interessado em descobrir o que preocupava tanto a mãe.

-Ah sim! – e o espelho voltou a passar por todas as cores do arco-íris, acabando num violeta-avermelhado, começando depois a desaparecer. – Vai arrepender-se dessas palavras menino Draco! E não pense que se vê livre de mim, porque para mim trabalho é trabalho e passo o que for preciso para ser fiel à D. Narcissa mesmo tendo que…!

A voz do Sr. Rorrim foi desaparecendo e Draco, finalmente a sós sorriu. Mesmo que não o admitisse nem a si próprio, a presença do Sr. Rorrim agradava-lhe, dava-lhe segurança e, especialmente, muito gozo! Ainda ficou algum tempo a pensar no que levara a mãe a mandá-lo, mas começou a sentir-se molenga e decidiu despachar-se a arrumar as coisas o mais rápido possível.

Começou então a desfazer as malas e, e, ao meter a mão num bolso de umas das malas, sentiu o toque suave do estojo de veludo cinzento. Sentou-se então no chão, tirou o estojo do saco e abriu-o. Pegou cuidadosamente no amuleto brilhante e passou o dedo pela sua superfície fria e delicada. Ainda não percebia bem porque é que a mãe lho tinha dado e, sinceramente, não achava que tivesse alguma utilidade mágica. Mas, ao mesmo tempo, sentia-se inexplicavelmente atraído por ele. Quando tacteou as letras da inscrição, a imagem do encontro com a Weasley, no comboio, invadiu-lhe subitamente os pensamentos: a entrada brusca dela no compartimento, o arrepio que sentiu ao agarrá-la nos braços, o ar atrapalhado dela quando descobrira que tinha sido ele a agarrá-la, a sua desenvoltura e graça ao responder-lhe… “Mas o que é que se passa comigo! – interrompeu-se então Draco, quase alarmado – Eu, a gastar um momento do meu tempo a pensar na Weasley? Isto não é normal, já estou tão cheio de sono que já sonho, ou melhor, estou a ter pesadelos acordado! Vale mais arrumar o resto amanhã…” E foi à procura do pijama noutra mala. E, de tão ensonado que estava, nem reparou que deixara o estojo cinzento aberto, no chão. Nem que o pingente em forma de meia-lua emitia agora um brilho intenso e luminoso, como que subitamente encantado.


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P.S: Hmmm...O que terá provocados arrepios em Harlene e o que significará o estranho brilho do colar?Respostas, só nos próximos capítulos! Já agora, só uma pequena curiosidade: leiam o nome do espelho em espelho, ou seja, invertido :).

Nota da Ficwriter: Queria dar um obrigada enorme a todos os que leram e deixaram comentários na fic, nomeadamente a Marta, Fenf Igo e mayara MatosEspero que continuem a acompanhar e a gostar da fic *abraça forte*!
E gente, já sabem que adooro demais comentários, por isso, por favor, deixem a vossa opinião, é muito importante para mim! Beijinhos docinhos*

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