Adeus aos Dursleys



- Capítulo 1 -

Adeus aos Dursleys

Era com certeza o verão mais esquisito da história da Inglaterra. Mesmo sendo verão, havia uma densa névoa sob os céus, o que filtrava os raios solares e deixava grande parte do pais com os céus nublados. Os meteorologistas justificavam a causa da neblina como “efeito do aquecimento global, provocado pelos buracos na camada de ozônio causados pela poluição do ar”, o que era uma desculpa razoável para os trouxas, divulgada logicamente pelo Ministério da Magia. A rua dos Alfeneiros, mesmo sendo quatro e meia da tarde, já estava com todos os seus postes acesos, assim como as lâmpadas e luminárias das casas quadradas. Os carros andavam pelas ruas com os faróis acesos ao máximo, para evitar acidentes como os que acontecem diariamente em Londres. A policia local alertava e divulgava medidas de segurança, nos pontos mais isolados ela sugeria que nunca se andasse sozinho, e que as casas ficassem trancadas para evitar roubos entre outros crimes, que poderiam acontecer, pois a nevoa favorecia a ação dos criminosos. Walter Dursley, um homem robusto e alto, com um bigode que lembrava o de um leão marinho lia o jornal na mesa da cozinha resmungando a ler cada linha de noticias desagraveis no jornal, enquanto sua mulher Petúnia, que era pescoçuda e magra lhe servia café feito quase naquele instante.
- Marginais. Aproveitaram-se da neblina e fugiram do presídio. Dez Petúnia, dez deles. A solta nas ruas...
E ele continuou lendo o jornal, tinham noticias sobre uma fuga de assassinos de um presídio ao sul de Londres, depois virou a página e começou a ler um artigo sobre furtos e violações de propriedades privadas, dentre outros transtornos causados pela neblina misteriosa.
- Petúnia, essa porta está trancada? – Gritou o Sr° Dursley.
- Você já me perguntou isso duas vezes Walter. – Ela respondeu furiosa indo mais uma vez conferir se a porta esta trancada. – Está. Está sim!
- Segurança nunca é demais Petúnia, no jornal diz que temos que seguir á risca as medidas de segurança impostas pela polícia.
- E o quê essa porcaria de jornal diz? – Petúnia resmungava, parecendo irritada enquanto espanava os moveis da sala. Ela olhou para a escada e viu que Harry a descia, fazendo em seguida uma cara de nojo e parecendo o ignorar.
- Diz que devemos trancar as portas da casa, sair de casa sempre acompanhados, principalmente as crianças, elas devem ser acompanhadas por adulto confiável sempre. E claro, os mesmos habitantes de uma casa devem estabelecer um sistema de senhas. Nunca devemos abrir a porta sem fazer uma pergunta que só a pessoa que diz estar do outro lado da porta possa responder. E eles sugerem que aos que forem viajar completem a viagem antes de anoitecer, pois a noite é perigosa. - O Sr° Dursley fez uma pausa ao ver que Harry chegara a cozinha e resmungou para ele. – E você com a mesma mania de ouvir a conversa dos outros, não é?
- Eu não ouvi a conversa. – Harry engoliu seco para não se descontrolar. – Eu apenas desci para procurar uma coisa.
- O que você quer, moleque? – O Tio Walter deu um gole em seu café, sem tirar os olhos dele. – Acho que você não perdeu nada aqui embaixo.
- Não perdi. Só quero um calendário. – Harry respondeu com frieza, indo até a um calendário que se encontrava pendurado na parede. – Posso pegar?
- Se isso for evitar você de descer até aqui, á vontade.
Harry puxou o calendário da parede com força, e deu as costas sem agradecer. Subiu novamente as escadas e entrou no seu quarto escuro e trancou-se. Ele olhou para o calendário e viu a data do dia, vinte e nove de julho. Faltava apenas dois dias para ele se tornar maior de idade e sair da casa de sua família, o que o deixava ansioso para que seu aniversário chegasse logo.
Involuntariamente enquanto descia, Harry pôde ouvir a conversa entre seus tios. Ele sentiu uma sensação de “deja vi” quanto o Tio Walter falou as medidas de segurança impostas pela polícia. Sentando-se em sua cama ele tentou lembrar onde já tinha visto algo parecido. Logo a resposta veio a sua cabeça, as medidas de segurança do Ministério da Magia. Com isso sua cabeça voltou a se afogar em coisas que o deixavam profundamente amargurado. A morte de Dumbledore no mês anterior, a batalha entre Aurores e Comensais da Morte em Hogwarts, e a traição de Snape. O que o deixava inconformado. Ele pensava em abandonar Hogwarts e seguir em busca das Horcruxes, já havia até decidido partir juntamente com Rony e Hermione após o casamento de Gui e Fleur, embora confiante de sua decisão, ele se sentia perdido, sem saber por onde começar essa sua busca. A coruja com a carta da escola já havia chegado há alguns dias, com a lista de materiais e com uma triste nota sobre o falecimento do diretor Alvo Dumbledore, também informando sobre a segurança mais reforçada do que nunca do castelo e dos terrenos de Hogwarts, assinada pela diretora temporária Minerva Macgonagall. Junto da carta estava uma edição especial do O Profeta Diário, que tinha na manchete o titulo Luto No Mundo Mágico, no jornal repleto de fotos do falecido diretor de Hogwarts que sorriam, havia uma matéria sobre toda sua carreira como professor, diretor e combatente do Lorde das Trevas. Depoimentos de pessoas importantes como Cornélio Fudge, Rufo Scrimgeour, Minerva Macgonagall e uma nota geral da Confederação Mundial dos Bruxos também estavam entre as páginas. No entanto Harry se esforçava para apagar de sua mente esses pensamentos, tentando pensar em algo mais importante no momento, o que fazer quando sair da casa dos Dusleys. Ele já havia combinado com os Weasleys de passar o restante de suas férias N’a Toca. Rony já lhe mandou corujas, confirmando tudo e lembrando a ele que independente de onde ele fosse, ele e Hermione o acompanhariam, o que deixava Harry com um misto de alegria e preocupação. Harry sairia da casa dos seus tios nas primeiras horas do dia 31 de julho, seu malão estava arrumado havia dias, por falta do que fazer ele arrumara e desarrumara várias vezes. Para eles os dois dias seguintes seriam os mais demorados de sua vida.
O resto dos dias, Harry ficara na janela esperando o tempo passar, ele evitava sair do seu quarto o máximo possível, saia apenas para comer, e usar o banheiro. Os Dursleys estavam mais ariscos que o normal. Não apenas por causa de Harry como era de costume, mas por Duda, que havia sido reprovado por baixo rendimento escolar e por sua disciplina deplorável. Duda havia sido levado para a detenção ao menos uma vez a cada mês, seja por arrumar briga com outros alunos mais novos, ou até mesmo por levar bebida e cigarros para dentro do colégio. O Sr° Dursley não via alternativa a não ser culpar Harry por tudo que estava acontecendo.
Para surpresa de Harry, uma outra coruja de Hogwarts foi enviada para ele. Ele abriu a carta imediatamente, era uma carta da Diretora Minerva Macgonagall, escrita com uma caligrafia fina em tinta comum, Harry leu atento cada linha que diziam:

“Potter, eu e Alastor Moody iremos o escoltar até a residência da família Weasley, portanto não saia da casa de seus familiares até que eu e Olho-Tonto tenhamos chegado até ai. Recomendamos também que você avise antecipadamente aos seus tios de nossa visita, pois não seria prudente chegarmos sem anunciação adequada. Seja cauteloso, estamos fazendo o que achamos que Dumbledore faria, então nos espere por Dumbledore.
A propósito, chegaremos nas primeiras horas do dia 31 de julho”

Cordialmente, Minerva Macgonagall “

Harry por instante se preocupou, será que Hermione e Rony por preocupação haviam alertado a Profª Macgonagall que ele quisesse abandonar os estudos e partir em busca dos fragmentos da alma de Voldemort? Mas logo ele apagou esse pensamento de sua cabeça, duvidar da lealdade de seus melhores amigos era tão pecaminoso quanto uma maldição imperdoável. Ele procurou relaxar, e se preparar para avisar aos seus tios sobre mais uma visita de “pessoas esquisitas” a sua casa.
A hora do jantar. Quando todos estivessem reunidos seria a hora mais apropriada para comentar algo do tipo. Mas era quase impossível abrir a boca sem interromper as discurssões entre o Tio Walter e a Tia Petúnia. Um jogava para cima do outro a culpa do comportamento de Duda, mas obviamente também culpando Harry que escondia o riso enquanto lavava os pratos do jantar.
- Você é um pai ausente, Walter.
- Não Petúnia, eu trago comida para a casa. A culpa é sua, você que é a responsável pela educação do Duda...
- Eu??? Porquê essa tarefa cabe apenas a mim??? Não lembro de ter feito o Duda sozinha!
- Eu sei que não, mas eu trabalho o dia inteiro na fábrica de brocas, para trazer o dinheiro para pagar as contas dessa família, você ao menos devia se dedicar a cuidar do Duda.
- Ah claro. – Ela arfou e se levantou da mesa sem terminar o pudim de sobremesa. – A culpa é minha por nosso filho estar bebendo e fumando. Como se eu fumasse e bebesse, quem bebe aqui é você!
- Não venha me culpar, é culpa dos amigos dele que você dizia serem ótimas companhias.
- Eu não poderia adivinhar Walter! – A Srª Dursley olhou para janela da cozinha. – Ai vem ele Walter, o Duda...
E no mesmo instante, Duda entrou pela porta dos fundos. Estava com o rosto sujo de algo que parecia ser terra, suas roupas também sujas estavam rasgadas, e ele exalava um cheiro que dava a impressão que ele estava dentro de uma chaminé onde queimava cigarro em vez de lenha. Petúnia olhou para o filho apavorada, Walter se levantou imediatamente e olhou pasmo para o filho da cabeça aos pés. Duda, no entanto nem parecia estar ali, estava sonolento demais para ouvir o gritinho apavorado que sua mãe dera.
- Filho, o que houve com você? – Petúnia o alisou procurando algum machucado chorosa.
- Aconteceu algo comigo, mãe? – Ele respondeu, fechando os olhos.
- Quem fez isso com você, meu filho? – Tio Walter perguntou trancando a porta que o filho esquecera aberta. – Vou telefonar para a polícia.
- Não! – Duda pareceu despertar. Não, a policia não.
- Onde você estava meu filho? – Tia Petúnia pegou um pano molhado na pia e começou a limpar o rosto do filho.
- Estava er... – Duda engasgou. – Por ai.
- Por ai, onde? – Tio Walter lançou sobre ele um olhar desconfiado.
- Sai com meus amigos ai... – Ele coçou a cabeça e pareceu rir – Um vagabundo nos atacou, mas nós demos um jeito nele.
- Graças a Deus, graças a Deus. – Tia Petúnia abraçou o filho aliviada. – Pensei que estivesse se metendo em encrencas até fora da escola...
- E. – Tio Walter começou a farejar no ar um cheiro que não o agradou. – E esse cheiro de cigarro? E esse cheiro de cerveja?
- Bom... – Duda engasgou novamente. – O vagabundo que nos atacou estava fumando e tinha uma garrafa de cerveja nas mãos, ele a jogou na gente...
- Ah, pensei que estivesse bebendo querido. – Tia Petúnia beijou cada uma das bochechas dele que havia limpado. – Viu Walter, nosso filho é tão educado, ele nos obedeceu à risca, não foi Dudinha?
- Claro mãe. – Duda riu. – Eu nunca iria desobedecer vocês, jamais.
Harry ria pensando quanto seus tios eram idiotas. Estava na cara que Duda mentia. Duda com certeza havia bebido e fumado com seus amigos e arrumaram briga com alguma pessoa na rua que o deixara naquele estado, pois Petúnia nem Walter tinham percebido, mas o olho esquerdo de Duda estava inchado. Ele esperou mais um pouco para falar com seu tio. Já eram nove da noite, faltavam três horas para o dia trinta e um chegar, então assim que o tio Walter estava sozinho vendo o noticiário, Harry falou:
- Senhor...
- O que quer, Potter? Vá para o seu quarto.
- Só quero avisar que... – Ele respirou fundo. – Virão me buscar, amanhã.
- Ah finalmente. Que venham. – Tio Walter riu. – Não sei se reparou, mas hoje eu acordei mais feliz do que de costume. Embora sua má influencia tenha afetado Duda, nós vamos nos livrar de você. Não vamos ser obrigados a suportar abrigá-lo sob nosso teto nem mais um dia.
- Coincidência ou não, eu também acordei muito feliz ao saber que não vou mais morar aqui. – Harry exibia um sorriso cínico.
- Mal agradecido. – Tia Petúnia que acabara de chegar a sala resmungou se sentando no sofá.
- Bom, já estão avisados. – Harry girou e subiu as escadas rapidamente, indo esperar acordado até a Profª Minerva chegar.
Mas o tempo tardou a passar, cada segundo parecia interminável graças a sua ansiedade. O relógio de sua cabeceira “tiquetaqueava” freneticamente, enquanto ele refletia deitado na cama, com as mãos embaixo da cabeça. Passou-se uma hora, mais meia e Harry acabou cochilando, e conseqüentemente conseguiu ter um sonho bastante agradável. Ele se via com Gina, abraçados um ao outro N’a Toca, observando o luar. Mas logo seu sonho foi interrompido pelo ruído ensurdecedor do despertador. Eram meia noite, Harry levantou-se rapidamente e foi para a janela observar a rua, que se encontrava completamente deserta e mau iluminada pelos postes. Ele imaginou ter esperado em vão, a carta dizia que eles chegariam nas primeiras horas do dia trinta e um, poderiam chegar de meia-noite, as duas da manhã, as sete horas, poderiam chegar a qualquer momento do dia. Harry pensou em voltar para a cama, mas desistiu imediatamente ao ver dois vultos se aproximarem da casa de seus tios, vindos do lado mais escuro da rua. Ele abriu a janela e uma rajada do ar frio da madrugada invadiu seu quarto, o fazendo estremecer. Com a janela aberta Harry via que os dois vultos se aproximavam, um deles manuseando uma espécie de isqueiro que fazia as luzes dos postes sumirem, deixando a rua mais escura do que antes, sendo iluminada apenas pelas fracas luzes das janelas das casas que estavam sendo filtradas por grossas cortinas.
Os dois vultos chegaram até a porta da casa, Harry ouviu o som da campainha tocar, e em seguida o do Tio Walter e da Tia Petúnia resmungando e indo atendê-la. Ele achou melhor esperar seus tios descerem e segui-los até a sala em seguida. Ficou observando a sala na parte de cima da escada, enquanto via a recepção dada pelos seus tios aos estranhos.
- O que querem a essa hora da noite? – Tia Petúnia resmungou enquanto fechava o roupão cor pêssego.
- Boa noite Sr° e Srª Dursley. – Respondeu uma voz feminina severa que Harry conhecia de longa data. – Viemos aqui para buscar Harry Potter, o sobrinho de vocês.
- Eu sei que ele é nosso sobrinho. – Retrucou o Tio Walter sonolento e furioso. – Esperem aqui, eu vou acordá-lo.
- Não vai ser preciso. – Outra voz que Harry conhecera respondeu parecendo tão irado quanto o Sr° Dursley, mas algo parecia contê-lo. – Aposto meu outro olho que ele não dormiu de ansiedade e se dormiu acordou antes de chegarmos. Jovens... – Ele suspirou enquanto um de seus olhos bastante esquisito girava em 360 graus e um o outro aparente normal fitava a Sr° Dursley que parecia apavorada vendo o olho do homem girar.
- Harry! Desça já aqui! – Gritou o Sr° Dursley. Que pareceu incrivelmente mais raivoso, e com o rosto mais vermelho do que nunca ao ver que ele realmente estava acordado á essa hora quando o ouviu responder com um “Já estou indo”.
- Pensei que os trouxas fossem mais educados Minerva. – Resmungou Olho-Tonto. – Pensei que eles fossem nos convidar para entrar...
- Mas eles vão, Alastor. – Disse a Profª Macgonagall olhando severamente para os tios de Harry. - Creio que a Srª Dursley esqueceu de nos convidar graças ao sono, não é Srª Dursley?
Em resposta, Tia Petúnia se afastou do caminho, sendo imitada por seu marido e fez um gesto brusco com a cabeça indicando que eles entrassem na casa. A Profª Minerva agradeceu com um gesticular de sua cabeça, mas Olho-Tonto entrou e fingiu não ver nenhum dos dois.
Harry desceu em menos de um minuto trazendo seu malão e sua coruja que já estava engaiolada. A professora Macgonagall que usava vestes verdes e seu costumeiro chapéu pontudo observou Harry por baixo de seus pequenos óculos quadrados e depois esboçou um leve sorriso em seu rosto severo.
- Olá Potter. – Falou a Profª.
- Harry. – Olho-Tonto abriu um sorriso e o fechou instantaneamente. – Fico satisfeito que tenha nos esperado.
- Olá Profª, olá Sr° Moody. – Harry os respondeu. – Podemos ir?
- Ótima idéia, Potter. – Concordou Olho-Tonto Moody. – Acho que podemos ir.
- Vamos sim. – Respondeu calmamente a Profª Macgonagall. – Mas antes tenho que trocar umas ultimas palavrinhas com os seus tios, Harry.
Ele concordou com a cabeça e esperou a professora começar a falar. Ela limpou a garganta, olhando para o tio Walter que parecia que estava preste a explodir de raiva.
- Como os senhores sabem, Harry foi deixado a porta de vocês há exatos 17 anos atrás. Por mim e pelo Professor Dumbledore. Porque achávamos mais seguros deixá-los com seus parentes não-bruxos, era apenas um garoto de um ano de idade que precisava de certos cuidados que nem eu e nem o Professor Dumbledore tínhamos tempos para dar, e logicamente, manter o Menino Que Sobreviveu longe dos olhares de seus inimigos e de curiosos, achávamos que ele merecia uma infância feliz e normal para um garoto de sua idade. Mas...
- Ele não a teve. – Olho-Tonto cuspiu as palavras como se não pudesse ter as impedido de sair. A Profª Macgonagall lançou um olhar repreensivo ao velho Auror e continuou exatamente onde havia parado.
- Ele não a teve. E sinceramente ficamos desapontados com a forma que vocês trataram esse jovem e inocente garoto. O faziam de empregado, um escravo mantido em um cárcere embaixo dessas escadas. – Ela indicou com os olhos para o armário debaixo da escada. – Vocês também tentaram a todo custo impedir que ele descobrisse a verdade sobre sua história. Que seus pais não morreram em um acidente de carro, mas sim que foram assassinados por Aquele-Que-Não-Se-Deve-Nomear. Mas mentiras possuem pernas curtas. Logo foi revelado a esse garoto quem ele era, e...
- Eu lembro de tudo perfeitamente, senhora. – Interrompeu o tio Walter de forma grosseira. – Onde quer chegar?
- Resumidamente, quando Harry Potter foi deixado a porta de vocês, lançamos um feitiço poderoso de proteção, para protegê-lo de qualquer ameaça mágica. Esse feitiço teria como tempo limite dezessete anos. E hoje a meia noite este feitiço se desfez. Essa casa não é mais imune a ataques mágicos.
- Isso quer dizer que...? – Perguntou tia Petúnia um pouco mais pálida do que o normal.
- A total imunidade a represarias de Comensais da Morte e seguidores Daquele-Que-Não-Se-Deve-Nomeado se desfez. Vocês estão vulneráveis como qualquer casa dessa vizinhança e como devem saber, eles virão até aqui com certeza...
- Vocês não podem nos deixar sem proteção! – Exclamou tio Walter trêmulo e pálido como uma vela. – Nós abrigamos esse moleque, por 17 anos e agora vocês nos dizem que vamos ser atacados pelos Comedores da Morte...
- Comedores não, idiota. Comensais. – Corrigiu Moody rapidamente.
- Sim, perfeitamente. Vocês são os únicos parentes de Harry, Lílian e Tiago. Creio que os Comensais da Morte vão querer dizimar vocês apenas por seu parentesco com ele. – Respondeu a mulher friamente.
- Quer dizer que estamos perdidos por causa, - Tio Walter lançou um olhar feroz para Harry que recuou um passo. – Por causa dele?!
- É, vocês estão bastante encrencados. Mas não culpem o garoto. A culpa é de vocês por cuidarem mal dele até esta data. – Sorriu Moody satisfeito ao ver o pânico no rosto dos tios de Harry. - Não os proíbo de odiá-lo, mas como seu parente e por ele ser apenas uma criança deveriam dedicar a ele o esforço de respeitá-lo e tratá-lo como uma criança qualquer. Mas vocês o desprezaram e o trataram de forma miserável, como se ele não tivesse o sangue se vocês. Eu não estou disposto a desperdiçar nenhum auror cuidado de seres repugnantes como vocês, não mesmo. Vocês não merecem...
- Alastor, basta! – A Profª Macgonagall interrompeu o homem com sua voz firme, o fazendo se calar imediatamente. – Não viemos aqui para humilhá-los, apenas para buscar Harry e levá-lo em segurança a casa de Arthur e Molly e deixar cientes os tios dele da situação de perigo que eles se encontram.
- Não temos saída? – Perguntou Petúnia horrorizada.
- Sim. Fujam do país. Mudem-se. – Disse Macgonagall. – Mas, tem uma possibilidade desse feitiço permanecer e proteger vocês o quanto for necessário.
- Então usem essa maneira! Diga qual é! Quanto custa? – Tio Walter procurou em seu roupão cinzento sua carteira.
- Oh não Sr° Dursley. Essa maneira é gratuita. – Riu Macgonagall.
- Então o que estão esperando para fazer?
- Ele decidirá. – Macgonagall indicou com a cabeça para Harry.
- Eu? – Perguntou ele assustado?
- Sim, o destino de seus tios está em suas mãos, Potter. – Respondeu calmamente a professora.
- Mas o que tenho que fazer? – Harry perguntou confuso.
- Potter. – Macgonagall foi à direção ao garoto. – Você decidirá se quer seus parentes protegidos ou se vai entregá-los ao deus dará.
- Eu não os entregaria ao deus dará. – Cochichou Moody para Harry. – Os Entregaria aos Dementadores, acho que eles iam apreciar os lanchinhos.
Harry viu a cara pálida de seus tios ficar cada vez mais branca. Eles estavam com as mãos trêmulas, e se entreolharam apavorados.
- Alastor, chega! Eu o trouxe para escoltar o garoto junto a mim, e não para opinar sobre as decisões que ele mesmo deve tomar.
- Por favor, Harry. – Para a surpresa de todos, tia Petúnia havia deixado saltar de sua boca esse pedido. – Não nos deixe morrer.
- Petúnia o que pensa que está fazendo? Implorando clemência a ele? –Tio Walter perguntou mais irado do que estava. – Não vou pedir nada a ele.
- Peçam desculpas a ele, Senhores. – Alastor murmurou.
- Troca justa. – A Profª sorriu. – Peçam perdão a ele por tudo que causaram, quem sabe isso não possa influenciar Harry em sua decisão?
Harry olhou para a sua professora confuso, não sabia exatamente se queria perdoar os seus tios, mas algo dentro dele o fez decidir imediatamente.
- Não! – Ele exclamou. – Não quero ver vocês se humilhando e pedindo desculpas a mim, porque eu sei que elas seriam cheias de rancor, ódio e sem sinceridade.
- Potter... – Olho-Tonto olhou para o garoto incrédulo. – Seu olho mágico que girava em 360º parou subitamente e o fitou na mesma direção que seu olho normal.
- Profª Macgonagall. – Harry olhou para a bruxa e falou calmamente. – Pode manter a casa protegida. Não vou me rebaixar ao nível deles, os fazendo suplicar por meu perdão. Por que assim como eles eu não os perdoaria jamais pelos anos de sofrimento e solidão que passei aqui. E por mais que eles mereçam um belo castigo, - Harry suspirou. – Acho que meus pais não iriam querer que eu fizesse isso.
A Profª ouviu as palavras de Harry atenta, o observando com uma mistura de surpresa e admiração. Depois abriu um sorriso e o respondeu:
- A casa vai se manter protegida. Eu e Alastor vamos prolongar o feitiço de proteção. Agora podemos ir, Harry.
- Sim, podemos. – Harry arrastou o malão em direção a porta, sem trocar sequer um olhar com seus tios, saindo pela porta deixando todos para trás. A Profª Minerva lançou seus olhares profundos aos Sr° e Srª Dursley e falou ainda abalada pela decisão de Harry.
- Viram? Deviam se orgulhar de terem ele com seu sobrinho. – Ela deu as costas, e saiu seguindo Harry pela porta.
- Não se orgulhem – Falou Moody dando as costas e também saindo. – Vocês não o merecem tê-lo como seu parente. – Ele bateu a porta com força e seguiu os demais pela rua, deixando um silêncio pavoroso na sala dos Dursleys.

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