Elos Sinistros



Cap. 17 Elos Sinistros

Snape se trancara por precaução.Acordou no meio da tarde com batidas violentas na porta e uma fina poeira caía dela a cada pancada.
Ele andou descalço até ela e apurou os ouvidos, pela respiração ruidosa era Tobias.
Deu um suspiro sôfrego.

-Severo! Moleque desgraçado abra essa porta! Não abrigo um preguiçoso nessa casa!

-Já vou, senhor.- ele disse entre dentes reprimindo sua raiva.

“Não ligaria a mínima se fosse morto” pensou e sentiu logo uma pontada na cabeça. Severo desconhecia o pacto de vida e morte existente entre seus pais.Abriu a porta e Tobias que pareceu não reconhecer o filho por um segundo cambaleou pra trás e estreitou os olhos.

-Prepare algo pra mim.- ele disse num grunhido seco.
Ele assentiu indiferente e passou por seu pai.Tobias agarrou a gola de sua blusa.

-Como é que se diz? – perguntou encostando seu nariz ao do filho, salpicando o rosto deste com gotículas de saliva.

-Sim, senhor. – Severo acentuou a palavra com desprezo abaixando os olhos e lutando contra impulsos sanguinários.
Tobias o soltando com um sorriso maldoso e satisfeito com sua aparente autoridade naquela casa, viu o adolescente de 16 anos ir em direção à cozinha.

- Maldito. – Snape praguejava entre dentes, o rosto queimando. Com incrível agilidade ele preparou algo detestável, mas tragável e levou até a sala, onde Tobias sentara ouvindo um utensílio trouxa que não diferia muito do de um bruxo: um rádio.

- Senta aí.- ele ordenou, quando Severo fez menção de se retirar.O rapaz hesitou por um momento e sentou-se olhando seus punhos que apresentavam os nós dos dedos brancos pela intensidade com os fechava.
Tobias mascou o fumo e olhou de soslaio para o bruxo, parecendo se divertir com o esporte favorito dele: torturar seu filho.

-Eu não devia ter deixado a bruxa te mandar pra esse colégio de gente macabra.- ele disse e cuspiu um pedaço do fumo no tapete próximo ao pé de Severo, que o desviou com asco daquela direção.Ficou em silêncio. “Quem é o macabro?”

-Se você fosse normal ainda dava pra te fazer como eu. – ele disse como se isso fosse tudo que Severo sempre quisesse.

-Nunca confie nelas... – O homem disse com ar de quem tem muita moral.Severo achava estranho que estivessem conversando, sim poderia chamar aquilo de conversa, porque o pai praticamente o ignorava como filho desde que se entendia por gente.Eram estranhos um para o outro.
-Um conselho, é um conselho... – ele riu insanamente, os olhos se iraram de uma hora pra outra e pousaram no rapaz.

-Suma daqui! – ele mandou batendo a mão pesada e cheia de calos no braço da poltrona.

Severo se retirou calmamente, estava acostumado com as mudanças bruscas de temperamento de Tobias.
Novamente foi enclausurar-se em seu quarto.Quem sabe poderia estudar no forro do teto e fazer os deveres do colégio?

Arrastou o armário e abrindo um pequeno alçapão entrou de impulso em seu “local secreto”, nada mais que um pequeno sótão improvisado onde ele poderia ter privacidade para estudar sem que apertassem seu pescoço por isso.

-Muito bem, não posso realizar feitiços fora de Hogwarts, não é?- ele disse se animando, junto a seus materiais de escola que se encontravam lá desde que chegara.Aquilo sim era seu mundo. - mas ninguém disse que não posso fazer poções...

Pegou seus imensos exemplares uns dos quais relíquia de família que ele deveria ter doado à seção restrita da biblioteca.Sua mãe não precisava saber...Havia também seu conhecimento em anotações das Artes das Trevas, vinha estudando as várias facetas dessa magnífica matéria.Inclusive descobrira no começo do ano anterior que conviviam com uma das matérias das Artes das Trevas: um lobisomem. Snape teve uma breve taquicardia ao relembrar o terror que se apossara dele ao ver aquela medonha fera quase ao seu encalço.Potter. Aquele insuportável armara contra ele. E tudo que estava fazendo era uma tese própria sobre o assunto, afinal já sabia há muito tempo que Lupin era uma daquelas coisas medonhas. Só queria uma prova, talvez um pêlo, queria analisar tudo, uma mania que não seria perdoável caso acontecesse algo com ele.
E depois o insano se supôs herói e até chegou a pedir desculpas a Severo.Ele balançou a cabeça afastando aquelas cenas de sua cabeça e logo a imagem de Lílian voltou à sua mente.Pegou o caderno de História da Magia. Se fosse tão mau assim ele teria dito a todos que aberração era Remo.Mesmo que Dumbledore não tivesse pedido ele nunca teria contado. E embora fosse da turma de Tiago, nunca teve nada contra Lupin, fora o fato de ter companhia desagradável.Lílian não o julgava mal, ela até insistia em achar algo bom nele.
“Dê aspectos do comportamento e vida dos elfos antes e quando foram escravizados em 1357. Mínimo de 100 linhas”
Pelo menos lhe restava algum consolo dessa vida sem sentido.Uma garota um pouco ingênua que lhe dera uma chance de ser alguém diferente. O coração dele se enchia de ternura ao pensar nela. Um gosto amargo, porém, logo invadia seu ser ao lembrar da situação e do sono de esquecimento que ele mesmo lhe proporcionara. E Evans aceitou o destino que ele impusera, confiara nele. Tinha o dever de não decepcioná-la, mesmo que ela nem lembrasse disso.E depois, Bellatriz. Aquela garota era um perigo para a comunidade bruxa.Parecia não ser muito boa do juízo, levada a exageros.E aquela espécie seita que o procurara através dela?O que significava tudo aquilo? Talvez...talvez fosse esse o motivo da preocupação de Dumbledore?Pois seria exagero. Ou não? Como sabiam de tudo que ele fazia às escondidas naquele colégio também se tornava um mistério, achava-se tão cauteloso com regras...A não ser que...
Um calafrio percorreu sua espinha e fez gelar seu corpo no verão ameno.A não ser que estivessem usando de Legilimência com ele.Jogou os pergaminhos onde já se viam 50 linhas escritas de lado e abriu o exemplar da seção restrita.

Cap.LVI Legilimência

Leu com afinco o imenso capítulo que se passava a seus olhos.Sim, aquelas palavras faziam algum sentido.Mas será que existia um bruxo tão poderoso a ponto de poder ler sua mente à longa distância? E se isso fosse verdade, porque teria tanta necessidade de ler a sua mente em particular? Lembrou da conversa com Bella e pareceu compreender que ela também estava sendo fortemente influenciada por esse bruxo, de uma hora para outra ela estava mais sombria e perspicaz que de costume. Suas ações mais estudadas e mais frias. O lugar abafado e seu crescente nervosismo começaram a deixar gotas de suor em sua testa. Folheou o livro depressa, a cabeça doendo estranhamente, molhou a ponta dos dedos na boca e achou o que procurava.

Cap. CLII Oclumência

Seus olhos pesaram e tudo a sua volta foi desaparecendo na escuridão, lentamente.
Sentiu frio e notou que se encontrava numa casa muito escura e grande.Grossas cortinas cor de vinho tapavam as janelas por toda a extensão da sala e seu coração se enregelou ao ver uma cobra imensa ao pé de uma poltrona.

-Não tenha medo, Severo.- Um homem cuja presença impunha considerável temor falou numa voz gélida. – Estamos entre amigos.Não é Nagini?...

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.