O Decreto Educaional n° 30



Capitulo 8:


O Decreto Educacional nº 30

Harry ficou confuso, nada parecia ter mudado; continuava na sala da Direção de Hogwarts, sozinho. Mas logo ele ouviu o ranger da porta abrindo e revelando as pessoas que estava prestes a entrar: Alvo Dumbledore, que parecia muito calmo, em grande contraste com Cornélio Fudge, que transpirava e torcia as mãos em franco sinal de nervosismo. O Diretor ofereceu uma poltrona ao Ministro da Magia que se deixou cair sobre ela. Dumbledore caminhava quase em câmera lenta de tão tranqüilo que estava, até que finalmente ele se sentou em sua cadeira atrás da mesa e começou a encarar com curiosidade Fudge, que logo começou a conversa:

- “Dumbledore, preciso novamente de seus preciosos conselhos.”

-“Em que posso ajudar Cornélio?” Disse o professor unindo as pontas dos dedos abaixo do queixo.

- “ Aconteceu algo inesperado, quase uma tragédia!” O Ministro da Magia elevou o tom de voz pelo desespero.
-“Calma, Cornélio! Pelo que eu saiba, Voldemort já está a cinco anos desaparecido...

-“ Não Dumbledore, isso não tem nada a ver com Você-sabe-quem!”

-“ Eu não consigo imaginar nada mais trágico.. vamos Cornélio, diga logo.”

-“ O segredo do nosso mundo pode estar ameaçado! Alguns de nossos funcionários infiltrados no governo trouxa nos informaram que eles estão de posse de muitas relíquias nossas... objetos realmente importantes que estavam desaparecidos, ou que até eram tido como lendários, que estão com trouxas ou que até mesmo estão expostos em museus trouxas, Dumbledore!!! Isso será um passo para que descubram nossa sociedade! E eu sou um fracasso como Ministro da Magia...”

- “Calma Fudge, não se desespere! Que objetos são esses?”

-“ Ah, Alvo, são muitos... Temos desde alguns caldeirões velhos, enferrujados e sem importância, passando por jóias de famílias bruxas a até mesmo livros do próprio Merlin! Alvo isso será terrível... imaginem os trouxas nos caçando de novo...” O ministro estava prestes a chorar de tão nervoso.

Dumbledore observava Fudge como quem observa uma criança que chora pelo sorvete que caiu no chão. Sorrindo ele começa a tentar acalmar o Ministro.

-“Cornélio, calma! Mesmo que os trouxas descubram a nossa sociedade, o que eu acho muito difícil, eles não voltarão a nos caçar para tentar nos matar, mas sim para que nós usemos a mágica para ajuda-los, o que realmente seria muito inconveniente. Os trouxas já evoluíram bastante, a maioria deles inclusive é relutante em acreditar que a magia existe, mesmo ela acontecendo bem na sua frente... – Dumbledore solta um suspiro – Mas eu certamente acredito que não serão objetos mágicos expostos a pessoas que não sabem do que estes são capazes de fazer que o mundo bruxo está ameaçado, muito pelo contrário..

-“Você acha mesmo isso, Alvo?” Soluçou o bruxo a frente do Diretor de Hogwarts.

-“Se eu fosse um bruxo de apostas, apostaria tudo nisso”.

-“ Mas Alvo, as fontes me informaram que muitas relíquias mágicas importantes, algumas até de poderosa arte das trevas estão expostas em museus trouxas como simples objetos! Isso é um perigo muito grande, estamos correndo sérios riscos se algum deles for parar nas mãos de bruxos mal intencionados...”

-“Cornélio, eu particularmente, se quisesse esconder algo de algum bruxo, eu o deixaria em algum local tipicamente trouxa, principalmente em se tratando de algo muito procurado pelos bruxos das trevas... Eles se acham tão superiores que nunca desconfiariam que algo de tanto valor mágico estivesses nas mãos dos trouxas.”

-“Realmente Alvo, isso faz muito sentido... ninguém desconfiaria que eles estariam assim, expostos, como meros objetos trouxas!” Fudge começou a se animar com a idéia.

-“Então Cornélio, o meu conselho seria não se intrometer nisso, inclusive acho melhor também não alertar o governo trouxa acerca desses objetos. Creio que o Ministério pode manter certa vigilância a distância, algo bem discreto para não chamar a atenção.”

-“Com certeza, Dumbledore você é um grande bruxo, de uma inteligência invejável...” Dizia o Ministro já se levantando e estendendo a mão para Dumbledore.

-“Ora, Fudge, este é apenas um mero palpite...você tem toda a autoridade de fazer o que achar melhor, até porque, você é o Ministro da Magia!’ Retribuiu o diretor apertando a mão de Cornélio Fudge.

Logo Harry teve a sensação de que estava levitando, a luz desaparecera e por fim, ele sentiu seus pés baterem com tamanha força no chão que ele desequilibrou e caiu. Ele ficou por alguns minutos sentado, do mesmo jeito que caíra, ruminando o que acabara de ver na lembrança de Dumbledore. A princípio, Harry achou que a lembrança não ajudou em nada. Com a cabeça a mil e o corpo cansado, o jovem bruxo resolveu encerrar as incursões nas memórias do ex-Diretor daquela noite. Com um gesto da varinha ele devolveu a lembrança para dentro da garrafinha, tampou-a e guardou-a dentro da caixa junto com as outras e rumou para a torre da Grifinória. Depois de alguns minutos, já quase chegando no retrato da mulher gorda, ele reconsiderou, pois agora ele tinha uma pista: pelo menos uma das horcruxes pode estar num museu trouxa. ‘Mas isso é muito vago... que Horcrux? Em que museu? Quantos museus trouxas existem? Centenas ou até mais! Realmente isso vai ser mais difícil do que eu poderia imaginar...”

********
Numa noite a professora Minerva, depois do jantar, fez um pronunciamento.

- “Gostaria de comunicar, conforme o Decreto Educacional número 30, é facultado à todos os alunos e suas famílias o direito de reivindicar o recesso escolar. Portanto, o prazo para entrega dos formulários de dispensa termina às 18 horas do dia 28 de outubro e a partida do expresso de Hogwarts será as 10 hs do dia 30 de outubro. Lembro também que para aqueles que por alguma razão preferirem continuar no castelo, serão bem vindos. Boa noite.”


Harry lembrou-se da última vez que ouvira falar nos Decretos Educacionais do Ministério da Magia, vindo a mente a figura de Dolores Umbridge e todas as suas tentativas de infernizar a vida dele. Abaixou os olhos e viu em sua mão direita a cicatriz esbranquiçada feita pela pena da ex-professora. Uma ponta de raiva começou a crescer no peito dele, mas a lembrança da mulher sendo engolida por um bando de centauros enraivecidos fez Harry se sentir vingado e isso o reconfortou.

Ele não tinha se dado conta que outubro já tinha chegado e estava quase acabando, até ele ouvir a balbúrdia pelos corredores sobre recesso de Dia das Bruxas. Como ele ainda se continuava orgulhoso demais para pedir a Rony, Mione ou Gina que lhe contasse sobre as novidades, ele se mantinha informado ouvindo as conversas da rádio-corredor: de um grupo de barulhentas terceiranistas da Lufa-lufa se queixavam que justo no ano em que elas poderiam ir ao baile, ele foi cancelado. Uma das meninas fazia uma imitação da Diretora de Hogwarts falando: ‘Infelizmente não há muito que se comemorar, até por que esta escola ainda permanece de luto pela morte trágica de nosso ex – Diretor, Alvo Dumbledore’. Harry riu a performance da menina, mas ficou imaginando se Dumbledore gostaria mesmo de que não houvesse a festa que ele tanto gostava. A dúvida dele foi esclarecida quando se dirigia às masmorras para uma aula de poções com Slughorn; ouviu de um trio de Sonserinos: ‘Mas que porcaria de tradição mais idiota! Por que nós seremos privados de uma festa só por que um diretor velho caduco morreu! E o pior será o ano todo! Hogwarts será um tédio sem nenhuma festinha esse ano... Maldito luto!’

Os dias subseqüentes foram de pura euforia dentro do castelo, já que o inverno já estava se aproximando, e o frio começava a incomodar nos jardins. A grande maioria dos alunos estava empolgada com a mini férias que eles teriam. As aulas seriam suspensas no dia 29 e só recomeçariam na semana seguinte. Harry cogitou sair durante estes dias, mas ele foi convencido por livre e espontânea pressão de Lupin por ‘ser melhor para sua segurança ficar em Hogwarts’ mas o fator determinante foi o conselho de Slughorn sobre os NIEM’s: no ano anterior Harry foi bem em poções por mérito do Príncipe Mestiço. O antigo livro de Snape, muito a contra gosto de Harry, definitivamente estava fazendo falta, já que ele estava com um desempenho sofrível na matéria. O professor sugeriu a Harry que intensificasse os estudos, se ele pretendia tirar uma boa nota nos exames do final do ano. Afinal, já que ele estava preso em Hogwarts para se preparar para enfrentar Voldemort, nada melhor do que ele se preparar também para a profissão de Auror do Ministério da Magia e, portanto, ele precisava se esforçar mais em Poções.



Na manhã do dia 30 de outubro, Harry acordou bem tarde, imaginando que teria a torre da Grifinória praticamente pra si, já que quase todos em Hogwarts iriam pra suas casas. Mas para sua surpresa, encontrou mais pessoas no salão comunal do que ele esperava: um casal de namorados do sexto ano se beijando no sofá mais próximo da lareira, uma dupla de garotos do terceiro ano jogando xadrez, mas o grupo que mais chamou atenção dele jogava uma animada partida de snap explosivo: Neville, Rony, Gina e um garoto do quinto ano. Numa mesa mais afastada estava Hermione, concentrada lendo um grosso livro, junto com mais duas meninas do quarto ano.

Uma pequena explosão foi ouvida, e em seguida gargalhadas. Harry que já estava no meio do caminho que levava ao buraco do retrato, parou e se virou para os quatro que jogavam snap explosivo. Neville e Rony tinham os rostos e mãos chamuscados, enquanto Gina e o garoto do quinto ano pulavam abraçados. Aquela cena, ver Gina sorrindo abraçada a outro garoto, fez um certo monstro já conhecido de Harry rugir com toda força dentro do seu peito. Por segundos Gina e Harry olharam um nos olhos do outro, transmitindo toda a dor, saudade, paixão, raiva e outros muitos sentimentos que os invadiam naquele momento, numa velocidade incrível. Harry fez uma cara de indiferente que fez Gina fechar o sorriso e lentamente foi se afastando do colega que a abraçara. Ela, que não viu nenhuma mudança na expressão de Harry com a atitude, no instante seguinte, abriu um outro sorriso e lascou um beijo rápido que pegou de raspão na boca do garoto a sua frente. Harry soltou um bufo de raiva e virou-se com violência em direção ao buraco do retrato.

Tomado pelo ciúme, Harry caminhava falando coisas que nem ele mesmo sabia o que significava. Num corredor do terceiro andar, para extravasar a raiva que estava sentindo, lançou um feitiço no archote mais próximo, fazendo este voar e indo cair quase do outro lado do corredor. Dois passos depois, Madame Nor-r-ra atravessou o caminho dele. Harry parou, analisou a posição da gata para avaliar como seria o melhor jeito de chutar o bichano. Ele já se preparava como se fosse bater um pênalti, usando a gata de bola, quando Lupin gritou para ele parar.

-“Harry, não faça isso!”

O garoto pousou o pé no chão e se virou para ver o professor que o chamara.

-“O que deu em você? Chutar a Madame Nor-r-ra? Tudo bem que até na minha época em Hogwarts, seu pai, Sirius e eu também implicávamos com a gata do Filch, mas você não é disso. O que houve, aconteceu algum problema?

-“Eu não estou encontrando nada relevante sobre as horcruxes...” Mentiu Harry.

-“Sim, sei, mas então por causa disso você agora vai sair por ai destruindo o castelo e chutando os bichos que cruzarem o seu caminho? Ironizou Lupin, com um sorriso maroto nos lábios. “Realmente, eu não acredito que seja esse o verdadeiro motivo da sua revolta. Acho que ele deve ter a ver com uma certa ruivinha da Grifinória...Ah, tal pai tal filho...” Suspirou o professor de DCAT.

Harry deu um sorriso tímido e Lupin abraçou-o pelo ombro, rindo alto.

-“Vamos Harry, vamos até a minha sala que eu te preparo um chá e a gente conversa sobre isso.”

-“Não Lupin, acho que eu já estou mais calmo. Vou para a biblioteca, tenho muito o que estudar . Slughorn está no meu pé...” Harry se muniu de desculpas para escapar da conversa.

-“Tudo bem Harry, mas durante o recesso faço questão que nós conversemos mais.”

Durante o recesso Harry ficou praticamente como um fugitivo dentro de Hogwarts. Quando ele não estava no quarto, ele se enfurnava na sala precisa, tentando se concentrar nos estudos de poções, saindo somente pra comer. Ele não suportava ver Gina se divertindo com os outros na sala comunal. Outra coisa que Harry queria evitar era a conversa com Lupin. Ele bem que conseguiu fugir dele, até o jantar do último dia do recesso.

-“Harry, de hoje você não me escapa! Vamos até a minha sala e lá a gente conversa sobre esta revolta toda....” – chegou Lupin divertido.
- “Professor, é que eu....” Tentou escapar Harry.
- “Não, Harry, primeiro nós vamos conversar.” – Mas o professor foi incisivo e não deixou alternativas ao garoto senão acompanhá-lo.

Durante o caminho, eles conversaram sobre o tempo e outras amenidades. Mas assim que Lupin fechou a porta, ele foi direto ao ponto.

-“Harry, por que você está fugindo dos seus amigos?”

O garoto soltou um muxoxo. Já não agüentava mais repetir isso:

-“Eu não tenho mais amigos. Além de eu ser uma bomba ambulante, o principal alvo do ódio de Voldemort, ou seja um perigo iminente pra qualquer um, além disso, os únicos amigos que eu tinha me traíram!”

-“Realmente Harry, não é a toa que você é filho de James Potter e Lily Evans! Que turrão! Já te disse mais de mil vezes que eles não sabiam de nada, principalmente Gina...”

-“Não me interessa saber nada sobre Gina...”Cortou Harry

-“Mas vocês precisam...” E Lupin também acabou por interromper ele.

-“Olha, professor, se você me chamou aqui pra me falar sobre Gina, é melhor eu ir embora, por que eu não quero falar neste assunto, ok?”

-“Está bem Harry, vamos falar sobre as horcruxes então. Você me disse que não estava encontrando pistas relevantes sobre elas.”

-“É, os livros não tem ajudado muito. Mas na lembrança de Dumbledore eu consegui uma possível pista.”

Lupin demonstrou bastante interesse com a novidade de Harry, que contou com detalhes a conversa que ele viu na memória de Dumbledore. Contou que, a principio, tinha achado-a completamente inútil, mas que depois repensou e concluiu que uma horcrux pode estar na posse de algum trouxa rico, que acha que tem uma obra de arte medieval, ou então que ele pode estar exposto em um museu trouxa.

-“Com certeza, em ambos os casos vai ser como procurar agulha no palheiro...” disse Lupin pensativo.

-“Peraí, como você sabe essa expressão trouxa?” Harry ficou confuso e intrigado pelo professor que ele jurava não ter nenhum conhecimento do mundo trouxa, ter usado aquela expressão.

-“Her, hum, é que, hum...” Lupin ficou ruborizado, tentando se explicar – “eu acho que estou passando muito tempo com a Tonks... ela tem esse costume de falar expressões tipicamente trouxas...”

Os dois gargalharam. Harry teve um desejo quase incontrolável de fazer uma brincadeirinha, um comentário engraçado, mas ele se conteve e guardou pra si. E Lupin , recuperado da vergonha, retomou a investida em Harry.

-“Pois é Harry, até eu e Tonks nos acertamos, mas você insiste nessa teimosia com Gina.”

-“Professor, eu acho que está ficando tarde.” Disse Harry já se levantando da cadeira.

-“Tá ok então, Harry. Não toco mais nesse assunto. Senta ai que a gente ainda não terminou de conversar. Você tem alguma idéia por onde começar as pesquisas dos museus?

-“Não tenho.” Disse sem emoção.

O professor parou, fitou Harry por uns instantes, como se o analisasse. Depois olhou pro teto, coçou a cabeça e no final falou.

-“Só nos resta tentar nas edições antigas do Profeta Diário. Eu vou também conversar com Arthur Weasley para saber se ele tem alguma ocorrência com objetos suspeitos...”

-“Ah, claro, por que eu não pensei no Sr. Weasley antes?”

-“Você quer que eu responda?” Disse divertido Lupin, o que Harry fingiu que não ouviu e continuou.

-“Será que você pode me dar autorização para procurar nas edições antigas do Profeta Diário?”

-“Claro que sim. Bem, acho que já está na hora de você ir. Então me procure amanhã depois do almoço que sua autorização estará pronta.

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