A escolha



- Então quer dizer que Gina tinha um caso com um sextanista? - perguntou Hermione, incrédula - Não consigo acreditar.
- Também fiquei surpreso por saber disso - disse Harry - Rony, sinto muito. Não achei justo protege-la.
Mas Rony não disse nada. Olhava insistentemente a lareira apagada.
- Rony?
- Tudo bem - e levantou-se quieto, indo em direção ao dormitório.
- Sinto muito, Harry - disse ela.
- Você sabe que eu não gostava dela - sussurrou ele - Eu gosto de você.
- Harry, por favor - disse ela, desviando o olhar - Não quero falar sobre isso.
- Mas Hermione, não posso evitar. Eu penso em você todo dia, toda hora... Todo minuto. Você é muito importante pra mim.
- Você precisa entender que eu e Draco estamos juntos, e...
- Então é esse o problema? - interrompeu ele, um sorriso grande formando-se em seu rosto - É, é isso que a impede de ficar comigo, não é?
- É... Quero dizer, não só isso, mas...
- É sim! É isso que eu preciso fazer pra te ter! Preciso te roubar do Malfoy!
- Ah, Harry! Já chega.
- Não diga nada, Hermione - disse ele, pondo-se de pé - Só saiba que Malfoy não será páreo para mim - e dizendo isso, saiu correndo em direção ao dormitório. Ela ficou rapidamente de pé.
- Harry Potter, você acha que eu vou ser mais um motivo para suas apostas ridículas com Draco? Harry! HARRY TIAGO POTTER! - mas ele nem se virou. "Não faça isso" - suplicou em pensamento - "Não sei se conseguirei aguentar".

Ela precisava ter uma conversa bem séria com Draco. Não sabia do que Harry seria capaz de fazer, e antes que algo acontecesse, precisava avisá-lo. Pensou em diversas e inúmeras maneiras de começar uma conversa sobre isso, mas como já sabia, não conseguiria planejar nada. Ela podia gaguejar, inventar outro assunto, sair correndo. Podia dizer tudo de uma vez só, observar a expressão do garoto, sair correndo. Podia dizer tudo calmamente, observar a expressão do garoto, gritar o que pensava, sair correndo. Ou ela apenas podia dizer o que estava acontecendo, naturalmente, ter uma conversa civilizada, dizer o que pensava, ficar ali, quieta. Talvez esse fosse o melhor caminho, porém a primeira opção lhe agradava mais.
De repente tudo pareceu ter ficado mais complicado para ela. As aulas exigiram feitiços novos e mais difíceis, os relatórios ficaram maiores, os professores mais chatos, as aulas mais cansativas, o dia mais curto, e os deveres dobraram de número. Tudo por causa de tudo que ela vinha carregando. Quando finalmente o dia chegou ao fim, ela viu Draco passando pelo corredor, sério. Não era possível que ele já soubesse do que tinha acontecido naquela noite porquê ninguém estava lá. Somente ela e Harry.
- "Harry contou!" -ela pensou, se lembrando do que Harry tinha dito. "É isso que eu preciso fazer pra te ter! Preciso te roubar de Malfoy!" - começou a se desesperar. Será que Harry seria capaz de inventar coisas á mais para separá-la dele? Ela nunca saberia se não perguntasse.
- Draco! - todas as suas dúvidas foram respondidas quando, mais que indiferente, Draco abriu o sorriso mais lindo de todos. Hermione retribuiu o sorriso, e correu para abraçá-lo. - Podemos conversar?
Eles continuaram andando pelo corredor.
- Draco, eu... Bom, eu nem sei como te dizer isso - ainda não tinha encarado o garoto nos olhos pois sabia que se fizesse isso perderia a coragem de terminar de falar - E está sendo muito difícil lidar com isso - e respirou fundo - Antes de ontem, Rony, Harry e eu estávamos na Sala Comunal, e... Bem, Rony estava muito cansado, então subiu para o dormitório. Harry e eu ficamos terminando um relatório, e quando eu... - arriscou-se a olhar para ele, e assustou-se ao ver sua expressão. Parecia que ele sabia do que a garota estava falando - Quando eu...
- Ele te beijou? - ele disse de repente.
- O quê? - ela perguntou, não acreditando que ele tivesse perguntado logo aquilo.
- Eu perguntei: ele te beijou?
- Draco! Eu...
- Me diz, Hermione, porquê se a resposta for sim, vou logo socar a cara daquele idiota!
- Não foi nada disso, Draco, por Merlin!
- Então o que foi, Hermione? Ele finalmente se declarou pra você? - surpreendentemente Draco chegou aonde Hermione estava tentando chegar. Mas o que a abalou foi o fato do garoto saber dos sentimentos de Harry.
- "Finalmente"?
- Vai dizer que você não desconfiava de nada?
- Jamais! Draco, você sabia então?
- E há alguém que não desconfiasse? Hermione, eu sempre tive medo que isso algum dia acontecesse, e esse dia chegou!
- Não estou entendendo, Draco.
- Você chegou algum dia a achar que o Potter gostasse da Chang? Você achou que ele podia sentir alguma coisa por aquela Weasley? - perguntou ele. Nada daquilo poderia, de longe, fazer sentido - Hermione, o Potter sempre te amou. Sempre. Mas ele é covarde demais, sempre com medo de alguma coisa, ou é a sua amizade, ou é o medo da rejeição! - o garoto tinha as bochechas vermelhas.
- Eu não... Eu nunca imaginei - disse ela enfim.
Ele ficou em silêncio por um tempo, olhando-a.
- Mas então, o que foi que ele disse?
- Ele disse que me amava - ela disse - E, bem... Sim, nós quase nos beijamos, Draco.
- Esse Potter-fede é muito abusado mesmo!
Ela o repreendeu com o olhar.
- Mas, espere... Ontem nós conversamos outra vez. Mas o que importa - disse ela, rápido, ao ver a reação do garoto - É o que ele disse.
- E o que foi que ele disse? - ele perguntou.
- Disse que a única solução para me ter era me roubar de você - e a garota começou a ver os olhos de Draco enchendo-se de fúria - E eu não quero arranjar uma briga entre vocês dois, mas... Harry disse que você não será páreo para ele.
Ele continuou a olhá-la, sem demonstrar nenhuma emoção. Mas ele nunca demonstrava.
- O que você sente por mim?
- Draco... - ela disse, e desviou o olhar - Eu gosto muito de você, você sabe... - ela se aproximou dele e tentou abraçá-lo, mas ele segurou seus braços levemente.
- Você gosta dele? - ele perguntou.
Ela tinha lágrimas nos olhos.
- Eu sempre senti alguma coisa Draco, me desculpe - ele consentiu com a cabeça, respirando fundo, de raiva.
- Infelizmente Hermione, isso já virou uma disputa para mim. Mas eu não desistirei tão fácil de você! - e dizendo isso, saiu marchando de volta para sua sala comunal.

Havia um novo Clube dos Duelos. Todas as pessoas estavam amontoadas em volta de uma grande passarela, onde Harry e Draco encontravam-se de pé e discutiam sobre o amor de Hermione. Ela chegou um pouco antes de Dumbledore dar o sinal para que o duelo começasse. Ela começou a ouvir feitiços que nunca tinha ouvido falar em sua vida, e assim ficou espantada ao perceber que os dois ali sabiam mais que ela. Quando todos estavam cansados de esperar um resultado, Harry acerta Draco com um Avada Kedavra, fazendo-o cair para trás. Hermione pôs-se a gritar, e as pessoas á sua volta começaram a segurar seus braços. Tentou de todas as formas escapar. Em um momento elas foram saindo de perto dela e da passarela, deixando um Draco caído no chão e uma Hermione aos prantos, gritando pelo garoto. A garota soltou um pequeno grito de desespero, e um grande vazio preencheu seu corpo ao perceber que Draco estava morto. Respirou profundamente e então abriu os olhos, aliviando-se por reconhecer o teto do dormitório feminino. Virou-se de um lado, e do outro, porém não iria conseguir dormir. Ficou de pé, e passou a observar o céu lá fora, que ainda estava escuro e estrelado. "Nunca me deixe, Draco" - pensou nervosa - "Minha vida não tem sentido sem você".

Harry e Rony já estavam terminando o café quando Hermione desceu. Sentou-se ao lado de Rony, de frente para Harry.
- Bom dia, Mione - disse Harry, sorrindo. - Quer uma xícara de chá?
- Não, obrigada - respondeu Hermione, estranhando a atitude do garoto - Não estou passando muito bem.
- O que aconteceu? Não é melhor ir a enfermaria?
- O que te deu, Harry? - perguntou Rony, assustado - Até parece que Hermione é de vidro - Harry fez uma cara engraçada.
- É que eu me preocupo muito com ela - ele respondeu sorrindo.
Hermione não sabia o que fazer.
As aulas naquele dia poderiam ter sido melhores para Hermione, mas não foram. Tudo começou na primeira aula do dia: Transfigurações. Ela queria sentar na primeira carteira, porém, lá do fundo, Harry chamou-a para sentar ao seu lado. Além de achar que estava fazendo grandes favores á ela, fez questão de abrir seu livro na página solicitada, e quando a aula terminou, ajudou-a a guardar o material.
- Harry, eu sei que você está querendo parecer que se preocupa comigo - disse ela, em um momento - Mas eu já sei disso! Você é meu melhor amigo!
- Hermione! - ouviu alguém chamando-a do outro lado da sala. Tinham dois tempos de Poções, e a casa da Sonserina teria aula com a Grifinória.
- Oi Draco! - respondeu ela, e antes que tivesse que dar alguma satisfação á Harry, foi correndo se sentar com ele - Harry está realmente insuportável - sussurrou.
- Ele É insuportável, essa é a diferença - respondeu ele, mau-humorado. Hermione riu baixinho.
- Draco, eu acho que vocês deviam parar com essa coisa boba de disputa... Isso não levará vocês á nada.
- Agora não tem mais volta, Hermione - respondeu ele - Até você terei que disputar com aquele idiota.
- Não xingue Harry, Draco - disse ela - Ele ainda continua sendo meu melhor amig...
- Srta. Granger! Não sei o que aconteceu a você nos últimos tempos, não pára de falar um minuto sequer durante minhas aulas - disse Snape em sua voz arrastada - Talvez você pense que é tão inteligente á ponto de não precisar prestar atenção... Menos 20 pontos para a Grifinória.
- Professor Snape - disse Draco alto - Talvez Hermione pense que é tão inteligente porque ela É inteligente.
- Sr. Malfoy - disse Snape - Não precisamos de um namoradinho defendendo sua namoradinha na minha aula.
- O senhor tem razão - respondeu Draco - Já temos você dando aula pra deixar tudo mais engraçado.
- Agora já chega - ele respondeu. Mas ele nunca faria nada a Draco. - 20 pontos para a Grifinória, e não se fala mais nisso - ele disse em fúria - Mas que isso não se repita nunca mais, Srta. Granger.

- Foi incrível! - disse ela logo que a aula terminou - Não, foi... Foi lindo!
- Não fiz mais do que minha obrigação - disse ele - Você só estava conversando por minha culpa - Hermione sorriu de volta, sem pensar que, do outro lado, alguém xingava baixinho o garoto que tinha lhe defendido.
- "Não fiz mais do que minha obrigação" - Harry imitou Draco para Rony - Babaca!
- Você está com ciúmes - disse Rony simples - Porquê sabe que isso conta a favor dele.
- Não estou não! Só não suporto o jeito dele, é isso! - disse Harry, chutando uma armadura - Ah, você nunca vai entender! - e dizendo, apressou-se para o dormitório masculino.
Naquela noite Hermione ficou pensando na aula de Snape e no jeito como Draco tinha lhe defendido. E em como Harry parecia um bobo. Tudo bem que quisesse mostrar que se importava realmente com ela, mas aquilo já tinha passado dos limites. Mas era o Harry se passando por bobo, por ela... Uma hora achava que era Harry, porém em outra, com mais intensidade, achava que era Draco. Queria apenas que tudo fosse mais fácil. Queria poder ter a certeza da pessoa com quem seria feliz. Aliás, queria não ter que escolher.

Em meio á tantos e outros motivos mais, Hermione ainda tinha que se preocupar com o fato de duas pessoas brigarem por sua atenção. Harry, além de se oferecer para segurar seu material, fazia todo e qualquer tipo de favor a ela. Se ela não soubesse realmente dos sentimentos dele poderia se questionar se aquilo tudo não passava de uma brincadeira de mal gosto. Draco, por outro lado, não se preocupava com pequenos detalhes. Queria ser mais do que apenas aquela pessoa educada que abria a porta para a menina passar. Queria defende-la de tudo e de todos que tentavam lhe prejudicar, queria gritar no meio do Salão Principal tudo o que sentia por ela, queria se ajoelhar em sua frente e pedí-la em namoro. Grandes passos que, talvez, Harry nunca pensasse em fazer. E as semanas foram passando assim. O modo anormal e exagerado de Harry e o silêncio de Draco. E cada vez mais Hermione parecia ceder para o lado de Harry, porquê este podia passar o dia inteiro ao seu lado se quisesse - afinal, pertenciam á mesma casa - coisa que Draco não poderia fazer. A raiva de Draco ia crescendo, ao mesmo tempo que o medo e a insegurança aumentavam junto.

Hermione estava sentada sozinha no dormitório feminino. Estavam todos lá embaixo, jantando, porém ela não tinha a mínima fome. Tinha que tomar uma decisão importante pois sabia que não era certo permitir que aquela situação entre Harry e Draco continuasse. Agora ela sabia. Talvez fosse por suas atitudes, talvez fosse por causa de seu amor que era muito grande, mas agora ela tinha certeza da escolha. Suspirou triste por consentir que iria magoar alguém. Alguém que ela gostava muito. Saiu do dormitório á fim de revelar logo sua escolha, porém em seu trajeto encontrou Draco.
- Hermione - disse ele, meio baixo. Balançou negativamente a cabeça, então prosseguiu - Potter ganhou. Outra vez. Estou desistindo, Hermione... Como sempre ele conseguiu me vencer. Não consigo disputar seu amor com ele, porquê mesmo que eu tenha absoluta certeza de que te amo muito mais do que ele pode pensar, não tenho força pra isso. Ele consegue se tornar mais forte que eu - e arriscou-se a olhar para ela. Hermione encontrava-se calada, porém concordando com tudo - Mas... Só quero que você saiba que ele nunca, nuncá chegará perto do que sinto por você - e a garota continuava quieta - Então...
- É, me desculpe, Draco... - Hermione baixou os olhos, triste. O coração de Draco começou a gelar-se, e os momentos deles juntos passaram por sua mente rapidamente - Mas... - ela suspirou -... Acho que dessa vez você se enganou, Draco Malfoy - e um sorriso abriu-se em seu rosto. Um sorriso que fez Draco acordar para a realidade - É você que eu quero, Draco! É você - e sem pensar em mais nada, Draco puxou Hermione para mais perto, sussurrando algo que há muito tempo precisava dizer.
- Eu te amo, Granger.
Ela riu baixinho.
- Eu te amo, Malfoy - e para que ninguém, nem mais nada pudesse contradizer o que aquelas palavras diziam, se beijaram. Se beijaram do jeito que tinha que ser, e que estava escrito: como duas pessoas extremamente apaixonadas.


N/A: E alguém tinha dúvidas?

Isabella.

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