De Volta a Hogwarts



Antes do Amanhecer
por Sanrkyroxy
traduzido por Bastetazazis
beta-read por Ferporcel


Sumário: Depois de despedir-se dos pais, Hermione retorna a Hogwarts com o Diretor e decide ver como o mestre de Poções se saiu no seu encontro com Voldemort.

Disclaimer: Qualquer coisa que você reconheça pertence ao talento imensurável de J. K. Rowling; eu só os pego emprestado para brincar um pouco!

* * * * * * *

Capítulo 19: De volta a Hogwarts


Já era no meio da manhã quando Hermione e Dumbledore chegaram de volta a Hogwarts, usando a rede Flu da casa de Snape diretamente para o escritório do Diretor.

Fora necessária muita persuasão, principalmente da parte dela, para fazer seus pais concordarem com o plano de Dumbledore. Houvera confusão, vozes alteradas, e muitas lágrimas. Os Granger ficaram horrorizados, e depois furiosos, ao saber que sua casa não fora apenas atacada, mas também destruída.

A Sra. Granger tentava manter uma fisionomia corajosa depois das palavras sobre casa e lar mais cedo naquela noite, mas Hermione podia dizer que sua mãe estava devastada, apesar de tudo.

Como Hermione não contara para seus pais tudo o que acontecera nos últimos dois anos, o Diretor foi forçado a explicar muitas coisas. Quando Dumbledore deixou a sala para "cuidar de outros assuntos" depois das suas explicações, o silêncio inicial, tenso entre Hermione e seus pais dizia muito mais que qualquer gritaria poderia dizer.

Ela sentira-se mal por não contar aos seus pais tudo o que acontecia no mundo bruxo. Ela não mentira para eles, exatamente, mas esconder a verdade deles não estava muito longe disso. Ela podia dizer que sua mãe estava chateada, tanto por saber do perigo que Hermione correra, como pelo fato de que ela não fora avisada sobre isso. O pai de Hermione estava mais bravo que preocupado, e por mais que ele dissesse o contrário, ela podia dizer que ele a culpava pela situação em que eles se encontravam.

Ela também se culpava.

Ela estava grata por eles estarem vivos, é claro, mas isso não diminuía muito o peso da sua culpa, sabendo que eles estavam sendo forçados a deixar sua casa e seu país unicamente por causa dela.

Seus pais finalmente cederam, com uma condição: eles partiriam para a França, e ficariam lá até o fim da guerra, contanto que Hermione permanecesse em Hogwarts durante este tempo.

Ela concordou sem reclamar, pensando na segurança deles. As visitas a Hogsmeade foram canceladas, de qualquer forma, e ela estava acostumada a passar os feriados da Páscoa na escola. Todos acreditavam que a guerra acabaria, de um jeito ou de outro, quando Harry se formasse no final de junho, então ela nem mesmo considerou o que faria da promessa se isso não acontecesse.

Pouco tempo depois, Emelina Vance, uma bruxa distinta e membro da Ordem, chegou para escoltar os Granger para a casa segura, de onde eles partiriam para a França. A bruxa alta saiu da lareira com Mercúrio, a nova coruja dos Granger, empoleirado em seu antebraço, e Hermione se perguntou como ela havia encontrado a criatura.

Depois de cumprimentar Dumbledore e se apresentar para os pais de Hermione, a bruxa virou-se para ela e disse:

– Olá, Hermione. É bom vê-la de novo, querida.

Ela conhecera a bruxa no verão passado no Largo Grimmauld, e repondeu da mesma forma, acrescentando:

– Como você encontrou Mercúrio?

– Ah, esse é o nome dele? – disse Vance, afagando amorasamente as penas lustrosas da criatura. – Ele estava voando em volta da rua quando eu cheguei na sua casa esta noite. Ele parecia ansioso para se juntar aos seus donos, então eu tomei a liberdade de trazê-lo comigo, já que ele não será capaz de rastrear seus pais até nosso próximo destino.

Hermone ouviu apenas a primeira metade do que a mulher mais velha falou. – Você esteve na nossa casa? – ela deixou escapar. – O que aconteceu com ela, depois que partimos?

Os pais de Hermoine, que estiveram conversando reservadamente com Dumbledore há alguns passos dali, voltaram-se interessadamente para escutar.

Vance olhou rapidamente para Dumbledore antes de responder:

– Não se preocupe com isso, Hermione. Todos estão a salvo; isso é o mais importante, não é?

Hermione viu o olhar de pena nos olhos da bruxa e suspirou. Por mais que ela ouvisse isso, era difícil acreditar que a casa realmente se fora, sem ver por ela mesma. A qualquer momento, ela esperava que alguém pulasse e gritasse: “Surpresa! Primeiro de abril!” mesmo que ainda fosse apenas dezembro.

Ela se perguntou se isso estaria no Profeta Diário. Provavelmente não – ela pensou. Talvez fosse melhor assim, também. Ela imaginou que isso atrairia atenção indesejada tanto para ela quanto para seus pais, que sobreviveram miraculosamente.

Um adeus lacrimoso seguiu-se logo depois disso, e Hermione segurou o olhar fixo dos pais até que a Chave de Portal os levou da casa do Snape para o seu próximo e desconhecido paradeiro.

De volta ao escritório do Diretor, Hermione afundou-se em uma das poltronas macias, esfregando os olhos cansada.

– Chá, Srta. Granger? – ele ofereceu. – Ou talvez descansar é o que você precisa, por agora.

Ela assentiu com a cabeça. – Eu estou cansada – admitiu –, mas eu sou daquelas que nunca consegue dormir durante o dia. Eu não dormiria a noite, se fizesse isso.

O Diretor sorriu. – Bem, se você mudar de idéia, estou certo que Madame Pomfrey ficará feliz em lhe dar uma Poção do Sono.

Hermione bocejou, e o Diretor riu levemente. – Eu acho que isso foi um sinal – ele murmurou.

Ela se levantou, mas não se moveu para deixar a sala. – Professor, eu queria apenas agradecê-lo por tudo que fez pela minha família nesta noite – ela disse honestamente.

O Diretor olhou-a por sobre seus óclinhos de meia-lua e disse:

– Não há de que, Srta. Granger, entretanto minhas providências não teriam sido necessárias se não fosse pela ajuda de outra pessoa.

– Eu sei – disse Hermione, entendendo o que Dumbledore queria dizer. – Eu já o agradeci também, mas palavras parecem tão inadequadas depois do que ele fez por mim.

– É mais do que ele recebe da maioria das pessoas – o Diretor comentou. – Não que ele procure por gratidão, mas algumas vezes é bom sermos reconhecido por nossos esforços.

Pensando nisso, Hermione virou-se para a porta, parando por um momento antes de deixar a sala. – Ele já voltou?

O Diretor, acomodando-se atrás da mesa, afirmou:

– Já.

Hermione esperou um momento, mas não se seguiu mais nenhuma explicação adicional, então ela fechou a porta delicadamente atrás de si e seguiu seu caminho até a Torre da Grifinória.

Já no corredor da Mulher Gorda, ela parou, indecisa. Ela chegara até ali mais por hábito que por qualquer outro motivo, mas ela não via nenhuma razão em ir para a sala comunal da Grifinória, ou para o seu quarto, para falar a verdade. Não havia outros alunos na escola, e a maioria dos seus livros estavam no seu malão em casa, então estudar não era uma opção. Faria mais uso da biblioteca neste semestre que o normal, ela supôs.

Ela falara sério sobre não dormir durante o dia, então decidiu sair para uma caminhada para tentar limpar sua mente. Alguma coisa estava lhe aborrecendo no fundo de sua mente, e ela não percebera o que era até que seu passeio a levou ao Saguão de Entrada e às escadas que levavam às masmorras sonserinas.

Ela sabia que Snape já tinha voltado do seu encontro com Voldemort, e que Dumbledore não parecera de forma alguma preocupado... mas não machucaria se ela fosse até lá ver se ele estava bem? Afinal, foi por culpa dela que ele fora convocado pela segunda vez naquela noite, de qualquer forma.

Ela mordeu o lábio e, afastando qualquer apreensão, deu as costas para as escadas das masmorras para subir um lance de escadas até o corredor do primeiro andar e a passagem secreta para os aposentos do Snape.

A sala estava escura, as cortinas fechadas através das janelas panorâmicas, quando Hermione fechou a porta silenciosamente atrás dela. Acendeu a varinha com um feitiço murmurado e ficou surpresa ao ver o mestre de Poções esparramado da maneira mais desconfortável sobre o sofá, deitado de costas, um braço caído de um canto, a mão raspando no chão.

– Professor? – ela chamou baixinho, temendo assustá-lo.

Não houve resposta, e assim que ela aproximou-se lentamente, notou a garrafa de uísque de fogo vazia e emborcada, caída próxima à mão esticada.

Ótimo – ela pensou. Não é nem meio-dia e ele já bebeu até cair.

O pensamento a atingiu como algo decididamente estranho; Snape era uma pessoa que parecia estar sempre no controle, e apreciava esse controle também. Ela nunca vira, na verdade, o mestre de Poções consumir qualquer bebida alcoólica, muito menos uma garrafa inteira.

Ela aproximou-se ainda mais, o braço da varinha esticado para iluminar o rosto dele, e ofegou levemente ao ver a contusão arroxeda que começava a aparecer nas têmporas e no maxilar. Por um instante aterrador, ela pensou que confundira o sono dele, e que ele estava realmente... mas não, ele definitivamente estava dormindo. Ela podia ouvi-lo respirando agora, embora com dificuldade, como se a garganta dele estivesse parcialmente bloqueada.

Obviamente Voldemort não se impressionara, embora ele parecesse ter voltado relativamente ileso, comparado com a outra vez.

– Severo? – ela disse delicadamente.

Ainda não houve resposta, e ela percebeu como seu porte alto era muito grande para caber confortavelmente no sofá, seus pés descalços pendurados de um lado, sua cabeça curvada e arquejada do outro. Frazindo a testa concentrada, ela murmurou um dos feitiços de transfiguração que aprendera no início daquele ano, acrescentando alguns centímetro a mais no comprimento do sofá.

A cabeça de Snape refestelou-se para trás no espaço que o feitiço criara atrás dele, e Hermione viu porque a respiração dele soava tão áspera. Inclinando-se mais perto para direcionar a luz da sua varinha no pescoço dele, exposto acima do colarinho aberto da camisa, Hermione pode distinguir o que parecia ser uma marca de bota na pele pálida.

Ela retraiu-se um pouco, sentindo-se indignada e culpada. Quase não havia dúvida em sua cabeça de que Voldemort punira Snape por causa dela, mas por que ele recorreria a tal forma de tortura física? Pelo o que ela já sabia, Voldemort preferia muito mais azarações, maldições e poções a qualquer tipo de método trouxa primitivo para causar dor.

Franzindo a testa novamente, ela se perguntou que outros ferimentos as roupas de Snape escondiam? Ela deveria curar aqueles que podia enxergar enquanto ele ainda estava dormindo? Depois dos protestos dele na última vez que ela tentou ajudá-lo, parecia uma boa idéia. Eles passaram por muita coisa desde então, embora apenas uma semana tenha se passado realmente. Todavia, ela não acreditava que ele a deixaria bancar a enfermeira com ele, mesmo agora.

Deixando-o por um momento e desarmando as proteções do laboratório, Hermiome pegou um frasco de pomada curativa. Ouviu um ruído atrás dela e virou-se, pensando que o mestre de Poções tivesse acordado e seguido-a até o laboratório. Mas estava deserto, e ela balançou a cabeça enquanto retornava à sala de estar.

A pomada não era o remédio ideal, mas era o melhor que podia fazer com ele ainda dormindo; ela tentaria convence-lo a beber uma Poção para Dor de Garganta mais tarde, para reparar qualquer dano que ela não conseguia enxergar na sua superfície.

Lançando uma luz um pouco mais forte pela sala, para que pudesse ver o que estava fazendo, ela ajoelhou-se ao lado do sofá perto da cabeça dele e abriu o frasco com a pomada.

Hesitante, temendo que ele acordasse, ela levantou o queixo dele gentilmente com uma mão para conseguir acessar melhor o pescoço. Ele continuou dormindo, e ela espalhou uma quantidade generosa da pomada pelo pescoço dele, massageando-o contra a pele com sua mão livre. Foram necessárias algumas aplicações até que as contusões começassem a desaparecer, e ela tentou não pensar na força que alguém teria que exercer para marcar o pescoço dele com o desenho da sola do sapato. Sem dúvida que ele não respirava direito.

Ela largou o queixo dele e voltou sua atenção para o rosto. Podia ver a marca onde um objeto pesado o atingira, o ematoma radiando ao longo de toda a estrutura óssea a partir daquele ponto. Começando por ali, ela passou a pomada pela pele dele novamente, lançando antes um encantamento para ter certeza que os ossos abaixo dela não estavam quebrados.

Ela tampou o frasco novamente e observou atentamente o rosto adormecido de Snape por um momento. Mesmo dormindo, havia um aspecto preocupado nas suas feições, uma linha entre as sobrancelhas tiravam qualquer ilusão de um sono tranqüilo. Ela se perguntou brevemente se era uma carranca de dor, e lançou um feitiço de deteção de ferimentos que Madame Pomfrey a ensinara em Magia Medicinal no ano anterior. Suas suspeitas foram confirmadas quando sua varinha brilhou ao passar sobre as costelas dele, e ela mordeu os lábios, sem saber o que fazer.

Um ferimento como aquele não era uma surpresa, dado os demais que ele apresentava, mas ela não se atrevia a investigar mais sem o consentimento dele. Era tudo o que ela precisava, que ele acordasse com ela tirando as roupas dele.

Ela quase deu uma risadinha, mas, vendo a aparência sofrida nas feições dele novamente, levantou-se e lançou outro feitiço:

– Sobrietus.

Quanto antes o álcool saísse do corpo dele, mais cedo ele acordaria, e ela poderia ver o quanto o ferimento remanescente o incomodava.

Recolhendo a garrafa vazia de uísque de fogo, ela a colocou na mesa de centro, depois encantou as cortinas para abrirem um pouco, permitindo que um pouco da luz do final da manhã infiltrasse na sala.

Dirigindo mais um olhar de relance ao mestre de Poções, ela voltou para o laboratório para procurar uma poção contra ressaca. O Sobrietus livrava o corpo do álcool, mas não dos efeitos colaterais de uma bebedeira. Ela tinha o pressentimento de que Snape precisaria da poção se ele tivesse, como Dumbledore lhe disse, que apresentar qualquer nova informação para o encontro da Ordem naquela tarde.

Não encontrando nada entre os estoques do mestre de Poções, ela arrumou tudo para preparar um lote novo. Seria útil, também, ela pensou com um sorriso torto, para os alunos que voltassem antes do Ano Novo. Sempre havia alguém que conseguia passar uma garrafa de Velho Ogden escondida no malão depois das festividades familiares de Natal.

Perdida em pensamentos, ela assustou-se ao ouvir o mesmo ruído que ouvira antes, vindo do outro lado do laboratório. Ela ficou parada e escutando por alguns instantes, enquanto o ruído continuava. Parecia vir de perto da bancada de trabalho do mestre de Poções, coberta com anotações e pergaminhos espalhados.

Pegando sua varinha, ela caminhou vagarosa e silenciosamente na direção do barulho, procurando por qualquer sinal de movimento. Parou abruptamente quando ela se colocou na altura de um dos lados da bancada, e ela paralisou.

O barulho não voltou, mesmo depois de Hermione permanecer parada feito pau por alguns minutos. Ela balançou a cabeça novamente, perguntando-se se estaria tão cansada a ponto de estar ouvindo coisas.

Ela estava a ponto de voltar para preparar os ingredientes quando um livro na bancada do Snape chamou sua atenção; não era um livro qualquer, mas o livro de notas que ela lhe dera de Natal apenas dois dias atrás.

Ela abriu rapidamente a capa e ficou surpresa ao ver alguns ingredientes de poções já listados na página auto-indexadora. Sorriu cosigo mesma, satisfeita que ele tenha falado a verdade quando disse que o presente fora apreciado.

Ela reconheceu alguns dos ingredientes como aqueles usados no antidoto na Poção Cruciatus, mas havia outros que ela não estava familiarizada. Com a curiosidade tomando conta, ela folheu para a próxima página, esperando encontrar a que poção eles pertenciam.

Ela se viu fitando a receita para a Poção Cruciatus.

Ela respirou fundo, seus olhos correndo pela lista de ingredientes, que se tornavam mais horríveis conforme ela progredia. Snape se recusara previamente a ensiná-la quanquer estágio do preparo daquela poção, ou mesmo a falar sobre seus ingredientes. Ela o vira preparando vários deles, mas nunca se aventurara tanto a ponto de perguntar o que eram, ou por que eles faziam parte da mistura.

Realmente era uma poção horrível; uma coisa que com certeza Snape desejava não ter inventado. Mesmo conhecendo os efeitos da poção, Hermione não conseguia deixar de ficar fascinada com a lista de ingredientes, imaginando as maneiras como eles todos se combinavam e reagiam para formar a poção quase mortal. Ela estava tão absorta no método de preparo que não ouviu qualquer movimento atrás dela, ou percebeu que não estava mais sozinha no laboratório, até sentir uma mão em seu ombro. Ela ofegou, fechou o livro com força, e virou-se, ficando cara a cara com o lívido mestre de Poções.

Com o rosto branco de raiva, ele sibilou:

– O que, em nome de Hades, você pensa que está fazendo?

* * * * * * *

Continua

N.A.: Este é definitivamente o último capítulo antes de eu viajar. Eu tenho que pegar um avião daqui a seis horas, mas hey, quem precisa dormir?

Obrigada a todos que leram e/ou deixaram reviews. Se tudo correr bem, terei um capítulo novo digitado e pronto para postar quando retornar no dia 10!

N.T.: Antes do Amanhecer ficou em 3o lugar na categoria Parseltongue do OWL Awards!!! Obrigada a todos que estão lendo esta fic e tiveram um tempinho para ir lá e votar!

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