Explicações



Capítulo 16 – Explicações

Draco demorou alguns segundos para se tocar: Gina sabia de tudo.

“Gina, eu...”, começou ele, incerto do que dizer.

“Você, o quê?”, perguntou ela, sem conter a irritação, agora “Você está arrependido, Malfoy? Quer dizer que, depois de me usar como um caminho para uma promoção, você simplesmente está arrependido?”

Aquilo o havia pego de surpresa.

“Quem te contou?”, foi a única coisa que saiu de sua boca, mas arrependeu-se de tê-lo dito assim que viu o rosto de Gina.

“É isso o que te preocupa? Quem me contou? Malfoy, por Merlim, eu descobri sozinha!”, soluçou a garota “Eu ouvi você! Aquela noite que você veio para falar com o meu pai, acertar as coisas... eu ouvi tudo!”

“Certo, eu não esperava por isso... vai fazer as coisas bem mais difíceis...” , pensou Draco, com o coração batendo com força.

O que fazer, exatamente?

Conhecia a ruiva bem o suficiente para saber que ela não deixaria barato.

“Gina, eu ia te contar. Eu juro!”, tenta ele, tentando aproximar-se dela, mas a garota recuou até que suas costas trombaram contra a geladeira.

“Não encoste em mim!”, disse ela, com lágrimas caindo dos olhos achocolatados “Eu estou possessa com você e nada que você diga vai mudar isso!”

Draco passou as mãos no rosto, e, tentou pôr os pensamentos em ordem.

“Eu... eu ia te contar... eu queria te contar, mas...”

“Mas o quê?”, perguntou ela, com cinismo “Em que parte, exatamente, você ia me contar? A que você dorme comigo e depois começa a agir como se tivesse sido a pior coisa que você já fez na sua vida? Ah, tenho certeza de que estava pensando muito em mim, quando fez aquilo!”, com a mão cerrada, Gina socou a geladeira, e Draco apenas ficou mais aflito.

Não era assim que ele havia imaginado a cena do reencontro.

Não mesmo.

Em sua imaginação, Gina pularia sobre ele e se beijariam ardentemente, depois ele lhe contaria toda a verdade e, no começo, ela ficaria um pouco chateada, mas, depois de um pouco de conversa calma e civilizada, ela entenderia e os dois...

Bem...

Certo, a partir daí ele já começou a fantasiar outras coisas que não interessam à ninguém senão à ele mesmo.

“Eu ia te contar. E eu estava, sim, pensando em você... depois do hotel”, tentou ele, com a voz fraca.

“Ah, jura? E aquele beijo ridículo que você me deu, hum? Foi por que? Ah, deixa que eu adivinho... Você ficou com pena de mim, foi? Achou que eu não conseguiria viver sem um último beijo? Achou que podia brincar um pouco mais com os meus sentimentos? Pois ouça bem, Draco Malfoy, eu não gostei de você! Eu não suporto você! E você beija muito mal...”, nesse ponto, a voz começou a fraquear até praticamente sumir e o peito dela subir e descer rapidamente com a respiração acelerada.

Num movimento inesperado, Draco aproxima seu corpo e pressionou Gina contra a geladeira, a ruiva, no entanto, negou-se a encará-lo.

“Gina, olhe para mim...”, pediu ele.

“Não”, a voz dela veio fraca e trêmula.

“Por favor”, pediu, novamente.

“Eu não quero saber de você, Malfoy, por que você não some?”, disse ela, ríspida.

“Porque eu não posso”, disse ele, no ouvido da ruiva, fazendo-a arrepiar-se.

“Como assim...?”

“Certo, eu admito”, cortou ele, aproximando-se ainda mais dela, se é que aquilo ainda era possível “No começo, você era o meio para que eu conseguisse tirar o Ministério do meu pé. E, para mim, não estava nada errado no começo. Mas, então... Mas então, você apareceu. Quero dizer, você realmente apareceu. Revelou um lado que eu nunca tinha visto antes: engraçado, sentimental e... bem...”, para seu próprio horror, sentiu-se corar e tudo piorou quando a ruiva, com os olhos arregalados, em surpresa, fitou-o “E... aí eu comecei... comecei a achar... que o que eu estava fazendo não era certo... porque... porque... porque eu não queria, você sabe... você sabe”, terminou ele, na verdade, mais por falta de palavras do que por qualquer outra coisa.

Quando olhou para dentro daquelas duas bolinhas cor de chocolate e percebeu o perdão que começava a aparecer neles, sentiu um alívio e uma felicidade borbulhando no peito que nunca sentira antes.

“Mesmo assim, você me usou”, teimou ela, mas ele sabia que não estava mais furiosa como antes.

“Mas eu tentei não usar. Eu juro! Quando... bem... quando as coisas começaram a ficar mais sérias... eu... eu quis dar para trás... e não quis também, porque eu queria... você sabe... eu queria você...”, Gina corou nessa parte e ele sorriu, carinhoso, embora ainda não conseguisse entender qual era o problema em contar para ela a verdade, porque se embolava tanto! Ensaiara esta mesma conversa milhões de vezes, em seu quarto “e tudo se misturou e... e... e eu queria ter contado tudo antes... mas... eu não tinha coragem. Eu sabia que você ia ficar brava e... bem...”

Gina encostou a cabeça no ombro dele e soltou um suspiro cansado.

“Devia ter me contado. Poderíamos ter dado um jeito...”, aproveitou aquele momento para sentir o cheiro de perfume importado de Draco, como sentira falta daquilo! “Você se arrepende?”

“De não ter te contado? Muito!”, diz ele, passando os dedos pelos cabelos ruivos da filha do Ministro.

“Não... de... ter aceito o serviço”

“Claro que não! Se não fosse por ele, Weasley, eu nunca ia descobrir esse meu lado pansexual!”, riu ele, arrancando um risinho da garota, também, que ergueu o rosto para fitá-lo e, então, ambos se beijaram.

Apaixonadamente.

E era quase como se nada tivesse acontecido.

Como se não tivessem se separado por quase um mês, como se Gina nem mesmo tivesse brava há menos de cinco minutos atrás.

“Eu...”, tentou começar ele, quando os dois se separaram, respirou fundo, para tentar recuperar o fôlego, enquanto Gina dava risada da cena.

“Te deixei sem ar, senhor Malfoy?”, perguntou ela, solenemente, divertindo-se com a cena.

Ele esboçou um sorrisinho e balançou a cabeça.

“Eu sabia que você ia me perdoar”, disse, dando de ombros “Na verdade, achei até que foi fácil demais”, acrescenta, enquanto Gina cruza os braços no pescoço dele, abraçando-o “Nem precisei fazer a serenata, nem nada. Não teve graça”

“Ah, Draquinho, calma...”, ela riu, e, ia abrir a boca, quando ouviu a voz familiar de Hermione ecoando.

“GINA!”, era Hermione.

Gina empurrou Draco para longe, bem a tempo.

Hermione entrou na cozinha e apontou a varinha para Draco Malfoy.

“Não se mova, Malfoy. Sabemos de tudo!”

“Tudo?”, estranharam Draco e Gina ao mesmo tempo.

Agora, quem entrava na cozinha era Rony.

“Não encoste nela, seu traidor!”, vociferou Rony.

“Merlim...”, sussurrou Gina “O que está acontecendo aqui?”, exigiu saber e o casal fitou-a, surpreso.

“Ele não tentou te matar?”, perguntou Rony, erguendo a sobrancelha.

“Pff...”, fez Draco, do outro lado da cozinha, revirando os olhos e esticando a mão para uma maçã qualquer.

“Não”, fez uma Gina, indignada “Por quê?”

Rony e Mione trocaram olhares sem graça.

“Então...”, Rony limpou a garganta “O que ele está fazendo aqui com você?”, perguntou, convencido a não perder a razão.

Estava com uma varinha e queria que Malfoy fosse o alvo.

“Rony, não foi nada demais!”, adiantou-se Gina, com os pensamentos a mil.

Aos poucos, a família Weasley inteira começou a entrar na piscina e Draco apenas observava, recostado na parede, comendo preguiçosamente a maçã, enquanto Gina tentava explicar para todos eles que o loiro não era assassino e, muito menos, seu namorado.

OK, então, ela estava mentindo sobre a segunda parte, mas...

Bom, eram quinhentos Weasleys contra um único Malfoy, não era bem uma luta justa, certo?

“Papai, por favor!”, irritou-se Gina, por fim “Eu estava chateada e Malfoy percebeu isso, me seguiu, preocupado comigo! Querendo saber o que estava acontecendo, entendeu?”

“Achei que vocês não se gostassem”, resmungou Rony, rabugento.

“E eu não gosto mesmo dela”, agora foi a vez de Draco Malfoy anunciar-se “Mas, como percebi que ela estava péssima e nenhum de vocês nem mesmo se dignava à perguntar-lhe o que acontecia, resolvi que, talvez, eu lhe pudesse ser útil em alguma coisa”, falou ele, dando de ombros “Bom, agora, eu acho que vou indo para o meu apartamento, já que, obviamente, nada mais vai acontecer, certo?”

“Claro, claro...”, gaguejou o senhor Weasley “Sinto muito por isso, senhor Malfoy”

“Relaxa”, fez o loiro e, rapidamente, piscou para a ruiva e, então, aparatou.

Era isso.

Estava tudo bem de novo.

Certo?

Continua...

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