Reencontro
Capítulo 15 – Reencontro
“Isso é simplesmente ridículo... eu tenho o direito de ir naquele baile... era o que eu mais gostava de fazer!”, pensou Gina, irritada, enquanto apertava uma almofada contra o rosto.
Olhou-se no espelho, virou-se.
Estava em boa forma, era bonita, poderia conseguir encontrar um cara bonito, e poderia ficar com ele, depois namorar, depois casaria e depois, por fim, mas não menos importante, esqueceria para sempre daquele episódio com aquele loiro asqueroso que não conseguia tirar da mente.
“Eu mereço isso!”, disse Gina, tentando convencer a si mesma “Eu mereço!”, e, repetindo isso, mentalmente, vestiu o vestido rosa e, com a ajuda da varinha, fez o penteado mais bonito no qual pode pensar e, por fim, passou um pouco de maquiagem.
Embora Gina não achasse isso, era de conhecimento geral que era dona de uma beleza natural esplendida, que dispensava maquiagens e semelhantes. Poderia ficar bonita com o uso de um simples batom.
A maquiagem leve que havia passado apenas ressaltava os lábios convidativos, e as bochechas ficavam levemente mais coradas, os olhos pareciam mais brilhantes...
“Eu estou horrível”, murmurou Gina, por fim “Na verdade, eu nem mesmo posso entrar lá! Não vou conseguir!”
Sentou-se na cama, desolada.
Então, uma imagem de Draco rindo abertamente e comentando algo como “Ah, eu mexi com ela, cara! Nem veio para a festa mais importante, tudo isso para não me encontrar!” e isso a deu forças, pôs-se de pé e lançou um olhar corajoso em direção à porta e saiu por ela.
Ficou parado fitando a fonte, em silêncio, enquanto a água saia ruidosamente do beicinho do anjo que estava sentado em cima do que parecia ser um cogumelo.
Não tinha visto Gina em lugar nenhum e o baile já havia começado havia algum tempo.
“Uma hora e quinze... mas quem está contando?”, pensou Draco, consigo mesmo.
Passou as mãos pelos cabelos, frustrados.
Sabia que ela estava brava por causa da cena do hotel, mas não entendia porque ela nunca havia comparecido ao Ministério – sim, ele tinha que admitir que todas as vezes que ela era solicitada, tinha um pequeno dedinho dele no meio -, parecia que ela o estava evitando.
Foi quando ele se voltou para o grande salão e seus olhos encontraram com dois olhos castanhos que estavam arregalados em uma expressão de surpresa e, antes que ele pudesse chamar pelo nome da ruiva, ela deu as costas e entrou praticamente correndo para o salão à dentro de novo.
“Merda”, falou ele, em voz baixa e, quando deu por si, estava correndo em direção ao salão, predestinado a encontrar a ruiva.
Ia contar tudo a ela.
Ia.
Ela merecia a verdade.
E tudo ia dar certo.
Tudo tinha que dar certo.
Gina desceu radiante para o salão, com uma expressão completamente falsa. Quando Hermione a viu, sorriu e levantou-se, correndo em direção à amiga.
“Você é a pessoa que eu mais amo! Não sabe como estava entediada! Os papos com a Fleur são tipo ‘Nossa... Aquele cara não é um gato? Como estou?’ e eu toda, tipo ‘Fleur, lembre-se, você é casada’ e ela, toda ‘Claro, claro, que seja’... Passei por umas...”, então, balançou a cabeça, como se querendo esquecer o episódio “Então, o que me conta de bom? O que te tirou de lá?”
“Bom, nada... na verdade, acho que não quero ficar aqui por muito tempo”, confidenciou Gina “Vim só fazer um social e daqui a pouco subo...”, enquanto falava, seus olhos varriam o baile, ansiando e temendo encontrar com o loiro que havia lhe servido de companhia.
“Ah, não...”
“Hermione, eu vou buscar um pouco de bebida, quer alguma coisa?”, perguntou Gina, decidindo que o melhor era cortar o mal pela raiz. Não queria mais ouvir a amiga implorando por companhia.
Gina caminhou até a mesa de bebidas que ficava no outro extremo do Salão, pegou um pouco de ponche e parou perto da grande entrada para os jardins e foi quando arregalou seus olhos, lá estava ele.
Seu coração deu um salto e sentiu as mãos soarem.
Engoliu em seco.
O que faria?
Não conseguia se mover, por mais que quisesse.
Então, aconteceu.
Ele se virou e seus olhos se encontraram. Gina sentiu o coração dar um pulo e, em pânico, girou nos calcanhares e começou a correr no meio da multidão.
Estava certa desde o principio.
Não estava pronta para encontrar com ele.
Não estava agora, e não estaria nunca.
Só queria seu quarto, sua cama e um bom copo de leite.
Draco passou praticamente correndo pela multidão, desviando da melhor maneira que conseguia dos chiques convidados, e foi quando estava quase alcançando a entrada que dava para o luxuoso corredor que dava acesso à casa do ministro que Dean parou à sua frente.
“O que está fazendo?”, rosnou o homem.
Draco tentou olhar pelo ombro do moreno e conseguiu ver a silhueta de Gina se perdendo, então voltou-se para Dean, sentindo-se suar.
“Preciso ir lá...”
“Você precisa ficar aqui!”, sentenciou o moreno, sério.
“Não, olha, Dean...”
“E Collen, para você, Malfoy”
“Quer saber, foda-se!”, resmungou Draco, empurrando o chefe para o lado “Pode deixar a carta de demissão na minha mesa amanhã de manhã!”, disse Draco sério, enquanto começava a correr para dentro da casa, procurando por Gina.
Gina tirou o vestido com um tacada e vestiu a primeira roupa que viu à frente, que resumia-se à uma calça de moletom cinza com uma blusa branca um tanto justa e limpou a maquiagem rapidamente.
Estava cansada disso.
Fingiu pro pai que não sabia de nada, e aquilo foi parcialmente fácil, já que mal o via... mas quando viu Draco... tudo voltou.
Tudo.
Ela o amava.
Não queria admitir, nem aceitar, nem nada, mas era a mais pura verdade, e isso era o que a deixava mais furiosa. Uma parte dela lutava para acreditar que ele realmente a amava e que tudo aquilo era um mal entendido.
Talvez fosse!
Talvez ela estivesse com muito sono e entendera tudo errado e...
Não!
Nada daquilo havia sido errado.
Ela sabia disso!
Por que ficar se iludindo?
Por quê?
A barriga de Gina soltou um ronco levinho.
“Quero um leite...” , choramingou, em pensamentos, enquanto saía de sua cama em direção à cozinha.
Onde ela estaria?
Aquela mansão era imensa e achá-la seria fácil como achar uma agulha dentro de um latão de lixo, e, levando-se em consideração que mandara Dean ir se foder, alguém já o devia estar caçando àquelas horas.
Ouviu um barulho vindo da cozinha e aproximou-se, na ponta dos pés, pronto para aparatar, caso fosse um dos irmãos Weasley, mas parou abobado ao ver a mais nova dos Weasleys, Gina, a sua Gina, abrindo a geladeira e pegando uma caixa imensa de sorvete e sentando-se na mesa, com uma cara de choro.
Abriu a boca e pensou em falar algo, mas Gina o interrompeu.
Na verdade, não o interrompeu, começou a conversar sozinha, já que não o havia visto.
“Leite... Leite, nada... Eu quero sorvete... E nem me importo em engordar, porque eu vou virar freira!”, resmungou, choramingando e fazendo aquele bico que Draco conhecia bem demais “Homens... hunf... loiro filho da mãe!”, esforçou-se para tentar abrir o lacre do sorvete, mas não conseguiu.
“Eu... vou... abrir... aiiiiiin... que... difícil!”, ela já estava levantada e agora estava praticamente tacando o sorvete na mesa, com o esforço.
Draco sentiu o riso vindo, então, limpou a garganta.
“Gostaria de alguma ajuda, senhorita Weasley?”, Gina soltou um berro e virou-se, olhando-o, lívida.
“Você... Eu...”, a surpresa era incontestável, até que ela olhou para o chão “O que faz aqui, Malfoy?”
“Malfoy?”, perguntou Draco, e depois lembrou-se de todo o ocorrido, de como Gina havia ficado confusa e de como ele merecia ser chamado pelo sobrenome “Bem, o Papai Noel sei que não sou...”
Gina revirou os olhos e manteve-se de pé, abraçando o pote de sorvete, ignorando o fato de que ele estava umedecendo a área da blusa contra a qual estava sendo pressionada.
“O que faz aqui? Achei que estava ocupado com o seu trabalho”, resmungou, por entre os dentes.
Draco estranhou.
“Bem, sim, eu estava trabalhando. Obviamente, não posso viver só de pão e certamente não vou ficar pedindo esmola no sinaleiro...”, não pôde evitar perceber o olhar de Gina, eles eram... praticamente... assassinos. Irritados.
Ela estava... brava com ele?
“Obviamente, ninguém te daria esmola, já que ninguém acreditaria que um filhinho do papai como você está necessitado!”, resmunga ela, sem nem mesmo se dar o trabalho de olhar para ele e, com um gesto forte e irritado, conseguiu abrir a tampa do pote “Ora, veja só...”, comentou, mais para ela do que para o loiro, perplexo, à sua frente.
“Gina, qual é o seu problema?”, perguntou Draco, franzindo o cenho.
“Primeiro, é Weasley para você, OK? E, segundo, mas não menos importante, eu não tenho problema algum, talvez, um loiro retardado que se acha bom demais para se relacionar normalmente com pessoas esteja parado no meio da minha cozinha quando eu quero ficar sozinha, mas se você considera isso um problema, ou não, não é da minha conta”, resmunga ela.
“OK... Isso não está fazendo o mínimo sentido...” , pensou Draco, cada segundo mais perplexo.
“Gina...”, ao perceber o olhar dela, revirou os olhos e engoliu em seco “Eu sei que mereço isso, pelo hotel...”
“Não é pelo Hotel!”, irritou-se Gina “E não se faça de desentendido! Você achou que eu não fosse descobrir nunca!”
Ele arregalou os olhos, confuso.
“Gina, por Merlim, qual é o seu problema?”
“O meu problema, Malfoy, é você!”, quase berrou a garota, controlando-se para não dar um ataque de chilique “Então, como é que é? Foi bom me usar para conseguir o seu empreguinho novo, querido?”, perguntou ela, com um sorrisinho triste, mas os olhos estavam com um brilho cruel e Draco soube, naquele momento, que não seria fácil como ele achara que seria.
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