O Acampamento
Capítulo 9 – O Acampamento
Enquanto Draco armava a barraca ao lado de uma lagoa, Gina estava sentada perto da lareira, conversando com alguns garotos que pareciam mais interessados em imaginar o que tinha embaixo daquele imenso blusão do que no tópico da conversa.
“E então... O que uma mocinha tão bonita está fazendo aqui, sozinha?”, perguntou um deles, com um sorriso malicioso “Se você quiser, tem um lugar vago na nossa barraca, nós não nos importaríamos em dividi-la com você, por esta noite...”
O segundo garoto sorriu e negou com a cabeça.
“Na verdade, seria um prazer”, e os dois riram da piadinha de duplo sentido, fazendo que Gina sentisse uma pontada de medo.
“Acontece, garotos, que ela já está muito bem acompanhada”, disse Blaise, sentando-se ao lado da ruiva e passando as mãos pela cintura dela, puxando-a para mais perto “Certo, amorzinho?”
“Puxa, amor, que demora! Achei que tivesse se perdido!”, exclamou Gina, com uma expressão irônica.
Blaise riu.
“Você sabe como é, é difícil esconder corpos...”, disse ele, dando de ombros e Gina teve que abafar um risinho.
“Corpos? Que corpos?”
“Dos últimos que mexeram com a minha garota!”, disse o rapaz, puxando Gina para perto e enterrando o rosto no pescoço alvo dela, sentindo o cheiro gostoso que a pele dela exalava, naturalmente.
Foi aí que ele abriu os olhos e seus olhos chocaram-se com os azuis, furiosos, de Draco Malfoy, que voltou a armar a barraca agora de mau humor e com uma certa violência que não passou desapercebida por ninguém.
Os dois caras colocaram-se de pé e saíram pisando duro.
“Obrigada, Zabini”, agradeceu a ruiva, afastando-o educadamente, com um gesto contido, desencostando a cabeça dele de seu pescoço “Se não fosse por você...”
“Está tudo bem, Weasley!”, disse ele, rindo, galante.
“Bom, espero que você não se esqueça que eu sou uma traidora”, disse Gina, rindo, ao ver a expressão que ele fez ao recordar-se de uma briga que ele e a ruiva tiveram no último ano em Hogwarts, onde ele dissera que ela era realmente atraente, se não fosse pelo fato de ser da família mais traidora do mundo.
Zabini riu.
“Eu era apenas um jovem idiota...”, ele disse, passando as mãos pelos cabelos dela, num gesto que fez Gina sentir um arrepio, era bem verdade que aquela garoto sabia como ser charmoso “...mas agora eu vejo que você é muito mais que um rostinho bonito no meio da multidão, Weasley...”
Gina sentiu aquelas borboletas dentro do estômago e não sabia o que causava aquilo, se as gentis palavras de Zabini ou se o fato de que sabia que Draco Malfoy estava assistindo à tudo aquilo de camarote.
“Será que ele está sentindo ciúmes? Será que se eu beija-lo, ele viria e nos separaria? Merlim, por que eu me importo?” , repreendeu-se Gina, em pensamentos.
Foi então que sentiu os lábios gentis de Zabini colando-se nos dela, sentiu quando a língua dele pediu permissão para adentrar em sua boca, Gina deu passagem e sentiu quando uma mão dele envolveu com mais força sua cintura e a outra perdeu-se entre os fios finos e bem tratados de seus cabelos ruivos.
Zabini beijava muito bem...
“Será que o Draco está vendo isso?” , Gina não pode evitar de pensar, mas logo repreendeu-se novamente e, como para recompensar o pobre Zabini por ter sido menosprezado, quando comparado à Malfoy, ela começou a beijá-lo mais arduamente.
“HEHEM!”, fez alguém, fazendo os dois se afastarem e fitarem um certo loiro que, com os braços cruzados, fitava-os com uma cara de poucos amigos “Será que eu posso falar com você, Zabini?”
Blaise pareceu chateado em ter que deixar a garota, por isso ficou em silêncio, parecendo pesar o que era melhor, se ir falar com o loiro ou se continuar em sua sessão de beijos com a Weasley.
“Agora!” , sibilou Draco, fazendo o cara ficar de pé automaticamente e, num movimento brusco, o loiro puxou o moreno para bem longe da ruiva, segurando com força seu braço e fitando-o duramente “Fique longe dela, Zabini, e eu estou falando muito sério!”
“Por quê?”, perguntou ele, desafiadoramente “Você tem algo com ela?
Gosta dela, Malfoy? Quer fazer o que eu estava fazendo?”
Draco fechou os olhos, tentando controlar o ímpeto de quebrar o nariz daquele pobre infeliz.
“Não, Zabini, eu não quero nada com Weasley, mas ela está sob minha responsabilidade, então é melhor eu mantê-la longe de furadas, e eu te conheço bem o suficiente para saber que ‘furada’ é seu apelido!”, disse
Draco, deixando claro que não estava brincando.
Zabini riu.
“Eu vi sua cara quando eu estava nas preliminares, Draco. Vi quando começou a agir como se aquela barraca fosse seu pior inimigo e, por incrível que pareça, foi bem quando eu estava sentindo o cheiro dela, quando meus lábios estavam tocando o ombro dela e minhas mãos...”
“CALA... A... BOCA!”, sibilou Draco, sério, fitando-o, com raiva.
“Eu sabia!”
“Não!”
“Você!”
“Não, cala a boca, Zabini ou eu o farei!”, ameaçou Draco, com a varinha em riste, apontando para o nariz do moreno, que sorriu novamente, com escárnio.
“Certo, Draco, eu não vou mais tocar na sua amada”, zombou, e, ainda rindo-se, girou nos calcanhares e caminhou em direção à Gina, abaixando-se para falar com ela.
Draco pronunciou um feitiço e ouviu o que os dois falavam.
“Sinto muito, Weasley, mas não poderemos nos divertir hoje”, e Gina riu com escárnio, como se a idéia daquela noite passar de beijos nem mesmo tivesse passado pela sua cabeça.
“E posso saber o por quê?”
“Porque você não pergunta para o seu amigo Draco Malfoy?”, perguntou ele, olhando de esguelha para Draco, que engoliu em seco, quando viu os olhos duros de Gina caírem sobre ele e ela levantar-se, caminhando em sua direção.
“Como eu te odeio, Zabini!” , foi a única coisa que Draco conseguiu pensar e, quando deu por si, Gina estava cara a cara com ele, fitando-o como se ele tivesse matado toda a sua família.
“Com que direito você sai por aí falando para os caras que me interessam que eles não podem ficar comigo?”, perguntou Gina, séria.
“Olha, Weasley, eu vou deixar uma coisa bem clara: você não se
interessou por Zabini”, disse Draco, evitando olhar para ela.
“Por que eu não posso ficar com quem eu quero?”
“Porque você não quer ficar com ele!”
“Quem disse?”, perguntou ela, explodindo de raiva “Quem foi que te disse que eu não quero ficar com ele, Malfoy?”
“Eu sei que não quer”, disse Draco, friamente.
“E o que eu estava fazendo, então? Explique-me, já que você me entende melhor do que ninguém!”, intimou a ruiva, olhando-o com mais dureza que antes.
Draco parou de arrumar a barraca e fitou-a pela primeira vez, naquele dia, bem no fundo dos olhos castanhos achocolatados.
Eram os olhos mais lindos de todos, com certeza.
“Você está me punindo pelo o que eu disse, é isso o que você está fazendo”, disse ele, depois de uma longa pausa.
“Te punindo?”, ecoou Gina, com escárnio.
“Por eu ter dito que não te achava sexy, Weasley. Você está querendo me mostrar que você é sexy, por isso, o Zabini”, disse
Draco, com firmeza, desarmando Gina.
“Se você me acha feia e não se importa comigo, por que não me deixa ficar com quem eu quero?”, perguntou ela, tentando conter a humilhação, porque, sabia, bem no fundo, que o loiro a desmascará-la.
“Porque, Weasley...”, e Draco pareceu procurar por um motivo plausível que não o verdadeiro ‘porque, Weasley, quando eu te vejo, mal consigo controlar a minha vontade de tocá-la, beijá-la e possuí-la, mas eu não posso! ’, então, achou um bastante convincente “Porque, Weasley, eu sou responsável por você e não vou permitir que você faça nenhuma burrice!”
Gina limpou rapidamente uma lágrima, enquanto procurava por algumas trocas de roupas limpas em sua mala – que Draco havia comprado na loja de roupas, na tarde daquele mesmo dia – e levantou-se, girando nos calcanhares.
“Aonde você vai, Weasley?”
“Não interessa!”, disse ela, com a voz trêmula.
Draco a segurou com força pelo ante-braço e puxou-a, de maneira que ela ficou de frente para ele.
“Me interessa, sim, Virgínia, aonde você vai?”, perguntou ele, sério.
“Vou tomar um banho, posso?”, perguntou ela, com frieza.
Draco pareceu hesitar, então mexeu em sua bolsa e entregou-lhe uma toalha.
“Cuidado”
Gina limpou uma lágrima teimosa e confirmou com a cabeça.
“Tudo bem”, e, dando as costas para ele, saiu em direção ao lago nas proximidades.
Draco havia ficado quase duas horas esperando por ela, mas logo caiu no sono, foi aí que, algumas horas depois de ter adormecido, Draco acordou com um barulho.
Pondo-se sobre os cotovelos, encarou Gina que, molhada, mas já vestida, tilintava os dentes de frio. Embora já estivesse adormecida.
“Weasley?”, chamou ele, preocupado, pondo a mão sobre a testa dela.
Estava fria.
Com cuidado, Draco observou, procurando por algo que pudesse usar para cobri-la, por falta de algo, ele a puxou para mais perto e evolveu-lhe as cinturas com as mãos, aconchegando-a contra o próprio corpo.
Sentir o corpo frio dela contra o seu, quente, fez com que ele sentisse um arrepio e um choque de sensações.
Aos poucos, sentindo-se estranhamente completo só de ficar deitado, com ela aconchegada contra ele, adormeceu, com a sensação de plenitude enchendo-lhe o coração.
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