Sustos e Medos
Capítulo Vinte e Três - Sustos e Medos
A minha raiva de Black com toda certeza ainda ia demorar muito pra passar. Sem falar que eu não estava entendendo absolutamente nada. Se Tiago, no alto de sua arrogância, deixava bem claro que seus amigos deveriam se manter bem longe de mim (lembrem-se daquela confusão toda com Remo), que se diria do que Black acabara de fazer? Isso tudo considerando que, entre os três amigos de Tiago, ele era o mais chegado. Eu já não estava compreendendo mais nada. E tenho certeza de que vocês estão na mesma.
O fato final foi que eu fiquei furiosa por não ter conseguido falar com Tiago antes que ele saísse. Justamente quando tudo estava prestes a se encaixar... Maldição.
Todas as vezes que eu encontrava Black na Grifinória, eu não perdia a oportunidade de brigar com ele com todas as minhas forças. Ele já nem reagia à altura da véspera de Natal. Às vezes apenas deixava escapar algum risinho superior, como se soubesse de tudo no mundo, o que obviamente esquentava mais ainda minha cabeça.
Na véspera de Natal recebi cartas de Alice e Frank, me contando das férias. Naquele momento tive vontade mesmo de estar em casa, comemorando a data com a minha família. Mas Petúnia sempre me fazia o favor de estragar qualquer clima amigável que se pudesse formar entre nós. Meus pais ralhavam sempre com ela, isso era verdade, mas eu não tinha culpa disso! Ela podia abominar bruxos, mas cá entre nós, eu acho que bem lá no fundo o grande sonho dourado era vir para Hogwarts, também. Era chato não poder passar um simples feriado em casa como eu gostaria. Era solitário ali em Hogwarts, mas eu nunca trabalhei tanto também. Devorei centenas de livros que estavam na minha lista de espera havia anos.
Poucas pessoas haviam ficado comigo na escola, além, obviamente, dos professores: algumas crianças da Lufa-Lufa, uma menina convencida e intratável da Corvinal juntamente dos dois irmãos mais novos dela, Black, eu, três garotos do terceiro ano e na Sonserina, apenas Snape. Supus que na casa dele as pessoas trocassem o Natal por alguma espécie de culto a Você-Sabe-Quem.
Também tinha me sobrado muito tempo naqueles dias para pensar sobre muitas coisas. Será que as atividades simpáticas dos Comensais também estavam em recesso? Ou será que Snape não estaria mantendo contato com seus queridos pupilos de Arte das Trevas?
Deveriam mesmo estar em Durmstrang, pensei com raiva, antes de ter uma idéia. Corri para a biblioteca, à caça de maiores detalhes.
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O Natal, como eu mesma já disse, nada prometia. O jantar foi quase íntimo; poucos professores nas mesas e quase nenhum aluno nas mesas das Casas. Tratei de manter uma bela distância de Black. Naquele dia específico, eu não estava muito chegada a brigas. Nem mesmo o diretor parecia, pensando bem... Dumbledore parecia um tanto consternado. Se bem que eu poderia perfeitamente ter distorcido sua imagem na minha cabeça, devido à distância e aos meus pensamentos inconstantes.
Agora que Tiago (argh) já estava longe havia alguns dias, eu me perguntava se, afinal de contas, o que eu pensava sentir por ele não seria apenas um fogo de palha. Qualquer um diria que era mesmo uma história excitante, por isso talvez eu tivesse acabado me empolgando. Não tinha certeza de muita coisa. Ele nem mesmo tinha me escrito. Será que tinha ficado tão bravo assim com a minha falta? Talvez tivesse pensado que eu estava apenas me divertindo com ele. Isso teria deixado até eu mesma irritada. Bem, esperem um pouco. Qualquer coisa me deixa irritada. Então tentemos outra pessoa: deixaria até Remo irritado.
Saí cedo do banquete, com uma idéia fixa na cabeça: e se EU escrevesse para ele? Pedindo desculpas, falando alguma coisa... Quem sabe ele entendesse. Mas com que cara eu contaria a ele sobre o que Black tinha tentado fazer comigo? Certamente seria o fim de uma das maiores amizades de todos os tempos de Hogwarts.
Sentei-me na sala comunal, peguei um pedaço de pergaminho e molhei na tinta a ponta da minha melhor pena.
Tiago... Potter.
Acredite, eu tive um ótimo motivo para faltar a aquele... Por acaso eu estava prestes a dizer que nós tínhamos um encontro? E se a coruja fosse interceptada? Aquilo ruiria com a minha moral! Faltar a aquela conversa que você me cobrou. Só espero que não tenha ficado muito nervoso com aquilo. Eu passo ultimamente um bom tempo pensando em como tudo deve continuar confuso para você. Acredite, comigo acontece o mesmo.
Bem, tenho certeza de que você vai querer saber por que, afinal de contas, eu não apareci. Acontece que é uma história muito delicada, e eu nem mesmo tenho certeza se deveria te contar pois isso com certeza pode te deixar muito irritado...
Encarei o papel, mais do que insatisfeita. Ninguém diria que era eu mesma, Lílian Evans, quem tinha escrito aquelas linhas! Era muita hesitação, muitas desculpas para a presunçosa monitora pela qual eu era conhecida.
Enquanto em pensava se deveria começar de novo, num tom mais furioso e já despejando tudo que eu tinha a dizer, o que provavelmente ficaria muito mais a minha cara, o retrato da Mulher Gorda girou. Como só podia ser o maldito Black, dobrei a carta em tantos pedaços quando eu consegui e estendi imediatamente o braço para o livro de Herbologia.
Pela extremidade do meu campo de visão, vi que ele tinha parado bem no meio do caminho para o dormitório masculino e estava olhando divertido para mim.
-Você está mesmo piorando, Evans. - disse ele. - Normalmente você nunca tentaria fingir que está lendo com um livro de ponta cabeça. Sempre achei que você fosse mais esperta do que isso.
-Eu estava conferindo as respostas do exercício - repliquei, automaticamente, voltando o livro à posição certa e o olhando furiosa. - Ainda que isso não te interesse.
-Tsc tsc... - resmungou Black, seu sorriso aumentando. - Realmente... O livro de Herbologia não tem exercícios, Evans. - concluiu, acelerando o passo para o dormitório.
Felizmente ele não olhou para trás, porque eu estava imensamente vermelha. Agora minha vontade de terminar a carta tinha se reacendido. Um ser tão asqueroso quanto Black merecia mesmo tudo que Tiago faria com ele...
Sei que você não deve estar me reconhecendo nesta carta, portanto tornarei isso mais fácil para você, indo direto ao ponto: seu tão prezado amiguinho Sirius Black tem toda a culpa da minha falta. Ele me disse que havia uma reunião de Comensais e me levou para a biblioteca, para que eu os pegasse em flagrante. Contando agora eu sei que pareceu mesmo um plano ridículo, mas não importa. O fato foi que quando chegamos lá e eu vi que não havia nada na realidade, ele tentou me beijar.
Considerando tudo que você fez com o Remo quando aconteceu uma certa outra coisa, suponho que você vá arrancar a cabeça de Black pelas calças... Nossa, essa foi a coisa mais presunçosa que eu já escrevi! Essa aí também não sou eu. Eu não podia parecer tão segura de que ele sairia me protegendo e derrubando o mundo se alguém desse em cima de mim.
Foi quando ouvi novamente os passos de Black na escada. E ele não estava mais com uma expressão risonha e divertida. Totalmente ao contrário. Estava mais pálido, até mesmo um pouco trêmulo, como se tivesse visto o fantasma do professor de Poções do primeiro ano, que costumava dar uma detenção por semana para ele. Foi o que o fez perder toda a inocência e se tornar um insuportável convencido, eu acho.
Desta vez o ímpeto me fez amassar a carta e fechá-la na mão, ao invés de ter a decência de dobrá-la. Maldição, pensei, mais tarde terei que passar isso a limpo.
-Ev... Lílian - murmurou ele.
-Mas afinal de contas, o que você quer? Será que não pode me deixar em paz? - retruquei, antes de notar completamente como ele estava perturbado.
-Relaxe, isso vai te interessar - ele falou lentamente, encostando-se a um sofá, olhando para o chão e pondo as mãos na cabeça. - Acabei de saber. Tiago foi atacado por doze Comensais da Morte, perto da casa dele.
Senti algo horrível se contorcer dentro de mim enquanto esbarrava no tinteiro e sujava todo o tapete da sala comunal.
_____
Tudo à minha volta ficou enevoado por um tempo. Nem estava me importando que Black fosse capaz de perceber a intensidade do meu choque. Eu não conseguia acreditar. Varri para longe todos os papéis que estavam antes jogados sobre o meu colo.
Black, a esta altura, estava sentado, com a cabeça apoiada nos braços.
Olhei para ele, me esforçando para recuperar a sanidade.
-Como aconteceu? - perguntei, mas a minha voz saiu pouco mais alta do que um sussurro.
-Eu não sei o que ele estava fazendo fora de casa - Black disse. - O pai dele não me disse. Mas quando saiu, a menos de um quarteirão os Comensais o pegaram. O Sr. Potter acha que eram os mesmos que o andavam ameaçando por aqui...
-Que droga, Black, diga logo como ele está! - exclamei, descontrolada.
-Vivo. - ele falou lentamente. - E está em casa, não o levaram para o Saint Mungus. Você sabe, a mãe dele é curandeira. Mas ele ainda não acordou.
-E o que mais?
-Eu não sei de mais nada - Black sacudiu os ombros. - Vou falar com Dumbledore e ver se posso ir até a casa dele. Quem sabe ele libera alguma chave de portal pra mim.
Muitas coisas não estavam se encaixando. Como de costume. Mas algo era certo; aquela sensação horrível, como se eu pudesse perdê-lo pra sempre a qualquer momento, insistia. Então eu soube que grande besteira era pensar que ele poderia ter sido apenas um fogo de palha.
-Quando você vai até Dumbledore? - acabei perguntando.
-Agora. - replicou Black, sem me olhar. - Se você fosse eu, saberia bem como o velho está sempre acordado em horas malucas.
-Eu vou junto. - falei, antes que pudesse pensar com clareza. Foi quando Black ergueu a cabeça e me estudou.
-Desde quando você se importa com o Pontas? Achei que você fosse comemorar quando soubesse. - completou, com um olhar malicioso.
Cedo demais para dizer qualquer coisa significativa, pensei. Ao menos tratando-se de Black.
-Caso você não saiba, ou melhor, como você bem sabe... Eu sou uma das maiores responsáveis pela caça aos Comensais da Morte de dentro de Hogwarts, Black. Se eles atacaram Potter, claro que me interessa. Poderiam até mesmo ter atacado você que a reação não seria diferente. - completei, com o meu melhor (e na ocasião, o mais falso) tom desdenhoso.
Black esqueceu-se da preocupação por um instante e riu de mim.
-Diga o que quiser, Evans. De qualquer jeito, o velho Pontas vai adorar saber da sua reação.
-Hum. - foi meu único resmungo, quando dissemos a senha para a Mulher Gorda e tomamos o rumo do escritório de Dumbledore.
Novamente sozinha nos corredores com Black, e novamente por conta de uma história que envolvia os Comensais da Morte. É claro que eu estava suspeitando. E o pior era que, se fosse outra emboscada, eu estava outra vez caindo direitinho. Irritada? Impressão sua...
Foi quando viramos um corredor e demos de cara com a Prof.ª McGonagall.
-Professora! - exclamou Black, surpreso. - Por favor, não estamos infringindo as regras, estamos indo falar com o Prof. Dumbledore por causa do que eu...
-Sim, sim, Sr. Black, se puder calar essa boca por alguns segundos poderá perceber que não estou aqui para castigá-los. - cortou a professora secamente. Eu adorava quando ela fazia isso, mas naquela noite eu não conseguia desviar os meus pensamentos do que tinha acontecido. - Eu estava justamente indo chamá-los, a mando do diretor.
Alguns minutos depois, Black e eu estávamos sentados no escritório do diretor, bem de frente para o próprio, que andava lentamente de um lado para o outro, atrás de sua mesa.
-Sr. Black e Srta. Evans. - disse Dumbledore lentamente, parando e olhando-nos fixamente. - Eu imagino que saibam perfeitamente por quê estão aqui.
-Sim, sabemos - me apressei a dizer. - E achamos que o senhor teria mais informações sobre o que aconteceu com... Potter.
Fiquei um pouco vermelha, por quase ter deixado escapar o primeiro nome dele. Eu não suportaria a cara de triunfo que Black faria se ouvisse essa falha minha.
-Acredito que eu saiba algumas coisas que possam interessá-los. - disse Dumbledore, voltando-se para Black. - Está com o espelho aí, Sr. Black?
-Estou - respondeu Black, enfiando a mão num bolso da capa e tirando um espelho comum. Ergui uma sobrancelha mas não falei nada. - Eu chamei o Tiago para perguntar como estava sendo o Natal dele, para falar de alguns dos nossos... - notei que aí ele me olhou de relance. - planos. E o pai dele encontrou o espelho jogado em cima da cama dele, depois que eu já estava gritando por algum tempo.
-Como eu não te ouvi gritando com um espelho? - não resisti a perguntar.
-Pus um Feitiço Silenciador na porta, oras - replicou Black como se isso fosse óbvio, virando-se depois de volta para o diretor. - E aí ele me disse o que tinha acontecido, mas sem muitos detalhes.
-Certo. - ouvi Dumbledore dizer, parecendo não ter um pingo de pressa sequer. Coisa que, cá entre nós, me deixava mais nervosa a cada momento. - Vou dizer-lhes o que aconteceu. Você sabe, Sirius, que seu amigo teria uma passagem para o grupo seleto dos Comensais da Morte se estalasse os dedos. Sua família é toda composta de bruxos, e os talentos dele são inegáveis. Não há nenhuma dúvida de que seria um aliado interessante para Voldemort.
Eu me encolhi com o nome, mas disfarcei; em Black notei um mero tremor com o nome, mas ele sustentou o olhar do diretor e evitou demonstrar qualquer reação maior.
-Mas - Dumbledore prosseguiu. - ele se negou a fazer parte deles, e, para piorar sua estima entre eles, sempre se esforçou para fazê-los parecerem... idiotas, ao máximo possível. Portanto, é certo que eles devem ter se organizado para dar uma boa lição a ele nessas férias, quando ele estaria longe de Hogwarts e, conseqüentemente, de todos os professores e monitores.
Que ironia. Eu era monitora e devia cuidar da segurança de Potter... Era irônico pensar em como certa vez acontecera exatamente o contrário, e ele me salvara dos braços de Lúcio Malfoy.
-Não sei se o objetivo deles era liquidar com Tiago; provavelmente era. Mas obviamente, eles não conseguiram. Por serem tantos contra ele, ainda terei que averiguar como ele conseguiu escapar.
Em seguida, o diretor ficou quieto. E eu, que estava esperando uma história muito mais completa, não resisti:
-É tudo?
-Sim, Lílian. - Dumbledore respondeu calmamente.
-E... Eu posso ir lá? Fazer companhia pra ele?
O diretor balançou a cabeça.
-Fora de cogitação, Sirius. Ficar longe de Hogwarts é tão bom para Tiago quanto para você. Caso não se lembre, teve as mesmas chances de se tornar um Comensal da Morte.
Black se levantou, parecendo bravo.
-Pouco me importa se eu sou um sangue puro! E o senhor sabe disso! Eu já estou cansado de ser confundido com Malfoy, com Narcisa, com Bellatrix... - Black contava nos dedos enquanto falava, me olhando de relance outra vez. - Ninguém confia em mim por causa da DROGA do meu sobrenome!
Dumbledore assistiu pacientemente à explosão de Black.
-Ninguém aqui está dizendo que você é um deles, Sirius. - ele falou depois. - Você não vai para a casa dos Potter porque eles podem estar esperando por isso.
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Black ainda estava soltando fogo pelas ventas quando chegamos à Torre da Grifinória.
-Inferno Sangrento - extravasou ele, jogando-se numa poltrona macia. - Um plano deles. Como se os sonserinos tivessem cérebro pra tanto!
Eu achei melhor não responder. Não conhecia muito bem aquele Black bom garoto, tão anti-comensais, e era melhor ser cautelosa com ele.
-É o meu melhor amigo! Que quase morreu! E eu não posso nem ir ver como ele está! - ele parecia uma panela de pressão atirando fumaça para todos os lados com aquela raiva latente do diretor. - Isso é ridículo! E VOCÊ!
Repentinamente Black voltou-se pra mim, e eu me senti a culpada de toda a pobreza do mundo com a raiva que ele demonstrava.
-Você é a garota mais cabeça-dura que eu já conheci! Eu não sei como o Pontas consegue gostar tanto de você! O cara devia estar morto agora se dependesse de você! Francamente! O cara morre por sua causa e você fica aí olhando pra minha cara como se eu fosse uma quimera! Não faz nada! Que espécie de grifinória é você, afinal?
Parou por um momento e esfregou o rosto com as mãos.
-É por causa daquele dia na biblioteca, não é? Você achou mesmo que eu trairia meu amigo, não é??
O que eu responderia? A verdade podia ser desastrosa. Sirius Black não andava fazendo o menor sentido pra mim nos últimos tempos.
-Então... o quê? - acabei perguntando timidamente.
-O QUÊ? Você me pergunta O QUÊ? - ele estava de pé gesticulando furiosamente no ar, e eu estava encolhida no sofá, como se fosse o meu pai brigando comigo. - Olhe, eu devia mesmo te dizer, mas eu NÃO VOU porque dei a minha palavra ao Pontas! Sabe o que é isso? Fidelidade de amigo?
Em qualquer outro dia da minha vida, eu teria revidado, gritando com ele exatamente no mesmo tom de voz. Mas não. Aquele dia eu não conseguia ver inverdades nas palavras do convencido e irritante Sirius Black.
-Estou vendo que não. Se me dá licença, vou dormir e tentar esquecer que o meu amigo está enfiando o pé na lama por causa de uma pessoa como você.
Virou as costas e entrou furioso no dormitório masculino.
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Dizer que as palavras dele me tiraram o sono foi pouco. Dizer que tiraram lágrimas seria mais honesto, comigo e com vocês. Mas eu não cheguei a entender bem por que eu estava chorando. Eu me sentia mal ainda, por insistir em achar que revelar os meus sentimentos poderia me tornar mais fraca ou mais vulnerável às pessoas. Como eu queria mudar, só Merlin sabia. Mas eu não conseguia.
Lutei para manter o controle no dia seguinte, quando desci para o café da manhã. Fui de cabeça baixa e levei um livro junto, para tentar me distrair e não olhar na cara de Black de novo.
Meu olhar recaiu sobre Snape, na mesa da Sonserina. E eu podia jurar que não era imaginação minha. Ele estava olhando para Black com a expressão mais feliz desse mundo. Sorrisos ficavam meio estranhos na cara dele, mas acreditem. Ele estava feliz da vida. E eu sabia por quê.
Talvez... E se eu tentasse arrancar alguma coisa dele e depois o obliviasse? Não devia ser tão difícil... Se bem que Tiago uma vez me disse para tomar cuidado com ele, disse que ele era mais perigoso do que parecia... Mas não. Eu não conseguiria simplesmente me levantar e voltar para a minha sala comunal como se não soubesse de nada. Ele tinha ordenado o ataque a Tiago, por correio coruja. Eu tinha certeza.
Saí sorrateiramente e fiquei esperando num dos corredores que davam para as masmorras; eu sempre via os sonserinos saindo por lá. Alguns minutos depois, ele surgiu e tomou um belo susto ao me ver, eu sabia, mesmo que ele tivesse disfarçado depois.
-Snape - murmurei ameaçadoramente. - acho que precisamos ter uma conversinha.
-Não tenho tempo para confraternizar com Sangues Ruins - ele retorquiu rispidamente.
-Ah sim, nós vamos conversar - falei, sacando a varinha num movimento rápido. - Porque você tem algumas informações que me interessam muito.
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