Suspeitas e Influências

Suspeitas e Influências



Água e Vinho





N/A- Olá pessoas!! Queria só dizer rapidinho que sou muito grata pelos seus comentários, e que esta mesma fic está bem mais adiantada no ff.net, caso queiram procurar... Obrigada!


Capítulo Dezenove - Suspeitas e Influências






Não me bata, não me espanque, não me mande berradores, por favor. Não tenho culpa por estar totalmente fora de controle. Ou tenho?? Estou começando a pensar seriamente na minha parcela de culpa nessa situação maluca que se formou entre eu e Potter.



Nesse ponto da história gostaria que vocês se sentissem como naquelas novelas que eu vejo nas férias, quando de repente aparece uma legenda do tipo "algumas semanas depois..." , pois depois disso a minha vida entrou em tempos de razoável marasmo. Pode-se dizer que a minha vida voltou em parte à tranqüilidade dos meus anos anteriores, quando ainda não havia me deixado beijar por Potter, tampouco encarara Comensais da Morte nem descobrira que convivia com um lobisomem muito simpático todos os dias. Eu voltei a ser um modelo de amiga para Alice e ela para mim, voltei a escutar as impertinentes provocações de Potter, que invariavelmente terminavam com "Evans, sai comigo?". Tanto era que eu já me cansara de responder. Apenas lançava um olhar bem gelado (Alice disse que eu imito otimamente a profª McGonagall quando faço isso) e continuava meu caminho, sem a necessidade de uma palavra sequer.



Felizmente as coisas deram uma acalmada, pois somando toda aquela confusão às minhas lições de deveres extras, eu acho sinceramente que poderia ter ido parar no Saint Mungus com alguma espécie de loucura irrecuperável.



Lembra-se daquelas inspeções que a direção da escola planejara para caçar alguns prováveis Comensais em toda a escola? Bem, sem dúvida o meu exame foi bem tranqüilo; na realidade eu não botava fé de verdade em uma medida suicida como aquela, qualquer um dos culpados poderia esconder seus artefatos em lugares que Filch e Dumbledore jamais pensariam em procurar.



Por tudo isso, vocês podem muito bem imaginar a minha surpresa quando entrei na aula de Poções quase no fim do semestre e me deparei com a carteira mais próxima do professor vazia. Era exatamente onde Lúcio Malfoy costumava se sentar.



-Frank - perguntei, me virando para o lado. - Onde está o Malfoy?



-Não te contei? - Alice retrucou atrás de mim, enquanto Frank engolia o que estava por dizer. - A MAC pegou o Malfoy. Não sei exatamente o que descobriram, mas ele foi suspenso por tempo indeterminado da escola, enquanto apuram as reuniões na Floresta Proibida.



Eu soube que ela queria comentar alguma coisa sobre eu mesma ter colocado Dumbledore na pista dele, mas percebi que Alice não contara nada a Frank, portanto teve que ficar calada em seguida. Voltei o olhar para Remo logo depois, me lembrando que no começo de tudo nós dois éramos os responsáveis. Depois da aula seria bom ter uma conversinha com ele.



Falando no Remo, eu percebi que, no mínimo, Potter deveria ter mesmo tentado melhorar as coisas entre eles. Voltaram a conversar, todos os quatro Marotos, mas eu percebia que não era a mesma coisa de antes. Agora, ao invés de eu ter que salvar algum sonserino ou lufa-lufa indefeso toda a saída de aula, às vezes eles batiam o incrível recorde de dois dias sem causar traumas a ninguém.



Durante a aula.



-Lílian, pode vir comigo até a armário? Morro de medo daquelas raízes bulbadoras, será que você não podia me dar uma mãozinha?



Eu sabia que era uma desculpa.



-Na realidade - ela sussurrou, enquanto andávamos. - Eu me surpreendi de ver que o Malfoy não te atacou em lugar nenhum. Ele sabe que você o dedurou pro diretor e tive medo que ele fizesse algo horrível com você.



Fiquei pensando se deveria responder. Lembrar-me daquela noite em que ele me lançou uma Maldição Imperdoável não era o meu esporte favorito. Se com dezesseis anos Malfoy era capaz de lançar a Imperius, eu não queria nem pensar em como seria quando ele fosse adulto.



-Sim, Alice. - respondi. - Eu também pensei nisso.



Devo assumir que o tempo que passamos sem Malfoy foi uma era bem mais tranqüila pra mim, e pra todos os outros nascidos trouxas de Hogwarts. Lembro-me de que quando eu era mais nova, tinha uns doze anos mais ou menos, ele costumava pregar peças em mim, me deixava toda melada ou me fazia atolar o pé na beira do lago, para depois rir com Snape e dizer que só alguém inferior como eu teria caído numa coisa daquelas. Claro que depois que eu cresci e foi a vez de Potter e Black azararem Malfoy e Snape, mas são traumas de infância, sabe? Eu me lembro de ter chorado muito por causa daquelas coisas. Sabe de uma coisa, se eu não tivesse Alice naquele tempo eu não seria metade do que sou hoje.



Por tudo isso, acho que você vai compreender perfeitamente quando, quase no fim do semestre, eu, Alice e Frank vimos ninguém menos que Lúcio Malfoy, de volta à mesa da Sonserina, sorrindo presunçoso.



-Mas o que...? - Frank murmurou, olhando para o mesmo lugar que eu.



-Que absurdo! - explodi. - Como ele voltou? Ele é um Comensal, todos sabem disso! Vejam só a cara dos outros!



Levantei-me depressa e fui até onde Remo, Potter, Black e Pettigrew estavam sentados.



-Remo - falei depressa, como nos velhos tempos. - O que significa aquele loiro enjoado de volta à mesa da Sonserina?



-Significa que vamos ter diversão outra vez - riu Black, se intrometendo. - Lembre-me de dizer isso a ele, Pontas, nunca achei que fosse sentir falta de azarar o Malfoy.



-Diga que a escola não é nada sem ele e talvez ele exploda de convencido - riu Potter também. - Eu sempre percebi que você azarava vários, mas o Malfoy sempre foi o seu favorito...



-REMO - repeti, enfatizando que não tinha falado com os dois.



-Ah, bem, eu... - murmurou ele, pensando um pouco - Honestamente? Como eu vou saber? Você também é monitora, Lílian, e afinal de contas sei tanto quanto você.



-Hum. -resmunguei, só para não ficar quieta. - Temos que falar com a Profª McGonagall. Algo está errado ali!



-Ohhhh - caçoou Black. - Se você não me dissesse, Evans, acho que eu nunca chegaria essa conclusão.



-Com certeza não iria, de tão ocupado que está tentando chamar à atenção. - sibilei, com um olhar de lado para ele. - Depois do almoço iremos atrás da McGonagall, tudo bem pra você, Remo?



-Ah, sim, tudo bem - replicou Remo, ficando ligeiramente vermelho.



Voltei ao encontro de Alice e Frank com uma isca de pena. Será que Remo ainda gostava de mim? Ah, puxa, eu queria mesmo gostar dele, ele é tão gentil e tão bom... Odeio quando meu subconsciente trabalha ao contrário do que deve.



*-*-*-*-*-*-*-*-*



Os cartazes sobre o Baile de Inverno já estavam pregados pelas paredes do castelo e em todos os murais de avisos havia uma semana, e eu nem dera atenção àquilo. Bem, pra ser sincera, eu tinha pensado um pouco no assunto, mas no final das contas não cheguei a conclusão nenhuma; ultimamente minha vida andava meio desplanejada.



Depois do almoço, Remo e eu fomos mesmo falar com a Profª McGonagall.



-Eu sei, já esperava que viessem atrás de mim. - disse a professora. - Venham comigo e o diretor lhes explicará melhor.



-Mas professora - balbuciei eu, que não esperava por tamanha atenção. - Nós temos aula em meia hora, e é bem longe, será que não podia nos explicar aqui mesmo, e um pouco mais rapidamente...?



Sem me ouvir, ela fez sinal para que nós dois a seguíssemos.



-Andei pensando - sussurrou Remo, enquanto andávamos. - Aquele pai do Lúcio... Será que ele não armou alguma pra livrar o filho?



-E o que ele poderia ter feito? - eu perguntei, intrigada.



-Não sei - replicou ele, com um gesto. - Os Malfoy são podres de ricos há dezenas de gerações. São influentes. De repente, se convencessem a direção de que o que encontraram não era nada de significativo...



-Você acha mesmo que Dumbledore cairia numa dessas?



-Claro que não. Mas não é apenas Dumbledore que precisa ser convencido de alguma coisa para manter um aluno aqui...



Com isso McGonagall parou e abriu a porta do escritório do diretor. Deixou-nos a sós com ele logo depois de dizer a Dumbledore porque estávamos ali.



-Sim sim - disse ele, meio que falando sozinho. - Andei querendo falar com vocês. Uma pena que não tenham trazido o Sr. Potter. Creio que isso também seja do interesse dele.



Remo engoliu em seco e eu me encolhi com a menção à Potter.



-Viemos como monitores - me forcei a falar. - E estamos curiosos pra saber que o que disseram para manter Malfoy aqui.



-Sim, eu sei porque vieram. E lamento dizer que Lúcio Malfoy permanece na escola por um pequeno detalhe. Falta de provas.



-Mas como...? - Remo quase se levantou da cadeira onde acabara de sentar.



-Eu sei, os testemunhos de vocês deveriam ser provas suficientes. - o velho interrompeu, com os olhos fixados em Remo. - Deveriam. Mas são apenas testemunhos. Lúcio Malfoy foi afastado desta escola por artefatos estranhos e de formas suspeitas entre seus pertences. Sinto por não ter permissão para entrar em maiores detalhes. São assuntos da escola.



-Mas esses artefatos não significavam nada de incriminador?? - eu não me contive.



-Significariam decerto, se tivessem chegados intactos ao Ministério da Magia para serem examinados. - a barba de Dumbledore se mexeu no me pareceu um sorriso irônico. - Infelizmente o correio foi... Interceptado... E só nos restaram testemunhos anônimos.



-Meu testemunho não tem nada de anônimo - insisti. - Eles sabem perfeitamente que sou uma dos culpados por estarem no pé deles. Eu não me importaria de assinar um depoimento.



-Nem eu - apoiou Remo.



-Sei disso, conheço muito bem a vontade de têm de incriminar os Comensais da Morte que estão sendo treinados tarde da noite. - Dumbledore disse com um aceno. - Mas não quero a atenção dele sobre vocês ainda.



-...dele, diretor? - Remo repetiu, hesitante.



-Sabem de quem eu estou falando. - retorquiu Dumbledore com um fogo de fúria repentina nos olhos. - Os rapazes e moças em treinamento dentro da escola são só uma parcela do que ele está fazendo. Quero guardar os dois - e o Srs. Potter e Black também, provavelmente - para algo mais importante, um plano onde pretendo incluí-los mais adiante.



Remo e eu nos entreolhamos, estranhando. O que exatamente ele estava querendo dizer?



-Não posso dizer mais nada sobre isso, por enquanto. - Dumbledore continuou, recostando-se em sua cadeira novamente. - Estou acionando modos de pegar novamente os treinamentos secretos e isso já é muito mais do que dois monitores comuns deveriam saber. Devo pedir que por um tempo não chamem mais à atenção dos Comensais da Morte infiltrados na escola. Não gosto de deixá-los confusos como sei que estão - ele acrescentou. - Mas dizer mais seria arriscar a segurança dos meus planos.



*-*-*-*-*-*-*-*-*-*



Não sei quanto a vocês, mas eu não estava me sentindo nem um pouco aliviada com as explicações de Dumbledore, muito ao contrário; a preocupação tinha no mínimo duplicado. Remo e eu voltamos andando devagar, meio que esquecidos das aulas da tarde.



-O que Dumbledore quis dizer exatamente com "ele"? - perguntei.



Pra ser sincera eu sabia a quem ele se referia, mas queria confirmar e ao mesmo tempo queria ter bancado a idiota, para que na verdade fosse uma pessoa completamente diferente.



-Provavelmente... - Remo parecia medir cuidadosamente as palavras. - Bem, acho mesmo que ele estivesse falando de Você-Sabe-Quem.



Baixei a cabeça, pensando em como poucas vezes eu quis tanto estar errada ao pensar alguma coisa.



-Droga - xinguei dali a pouco, olhando o relógio. - Temos que correr... Já estamos atrasados, Remo, somos monitores, devíamos ter pensado numa hora melhor para...



-Chega, Lílian - interrompeu ele em voz baixa, cumprimentando um fantasma ligeiramente entediado que passava por nós. - Você já matou aula antes?



-Eu? Tá maluco?? Nunca! - exclamei. - Por que pergunta? O que ficaríamos fazendo se matássemos aula?



Logo depois percebi que não devia ter perguntado; Remo ficou em silêncio e eu meio que li os pensamentos dele.



-Ah, bem... Eu andei pensando que seria importante termos uma conversa... Faz tempo que eu ando pensando nisso e...



Virando um cruzamento de corredores, apenas vi uma cabeça loira com longos cabelos encaracolados esbarrando com tudo em Remo, que recuou um passo no susto e segurou a garota que estava prestes a levar um tombo memorável - e apesar do cabelo loiro e dos olhos claros, eu soube que era aquela menina do terceiro ano, Tonks.



-Oh, droga! - exclamou ela, aparentemente morrendo de vergonha. Remo, que segurara-a pelos ombros para que não se estatelasse no chão ajudou-a a se recompor, ainda bastante surpreso. - Me desculpe... - continuou ela, falando apressadamente. - Estou atrasada para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, por favor...



Tonks olhou para Remo, muito vermelha, e foi quando eu me perguntei se todo aquele rubor era apenas por ter trombado com alguém mais velho. Inocentemente, ele disse que não havia problema nenhum. Ela então se afastou apressada, depois de recolher suas coisas, olhando constantemente para trás. Como eu conhecia mesmo aquela menina? Ah, sim...



-Aquela é Tonks, não é, Remo? - perguntei. - Ouvi falar que Black estava querendo sair com ela...



-Ah, não, isso seria impossível - replicou Remo, um pouco surpreso. - Eles são primos. De fato, no começo do ano Sirius perseguia a garota em vários lugares, mas era por outros motivos. - ele deixou a voz morrer e eu não perguntei mais.



Na realidade eu já havia me esquecido de Tonks em si. Estava pensando em como ela me salvara de uma tremenda saia justa com Remo.



-Então... - falei. - Estou indo pra aula, você não vem?



Ele não fez mais oposições. Seguiu-me até a sala de Feitiços.



*-*-*-*-*-*-*-*



À noite, contei tudo para Alice e Frank; depois Remo chegou novamente e me ajudou com o final da história.



-Suspeito e estranho. - murmurou Alice. - Achei que dessa vez tínhamos mesmo nos livrado do Malfoy.



-Do que estão falando? - uma voz detrás do sofá, intrometida e presunçosa, falou. Vocês sabem de quem estou falando.



-Dumbledore - disse Remo meramente.



-Ah - Potter sorriu largamente e se sentou no braço do sofá onde eu estava. Obviamente me encolhi mais para o lado de Alice. - O Aluado me contou... Mas todos nós sabemos porque o Lúcio Lambido Malfoy continua por aqui, não sabemos?



-Não. - retruquei, ríspida. - Será que o superdotado Potter seria capaz de informar a nós, burros e ignorantes mortais?



-Já que você pede com todo esse amor, Evans - disse ele com um olhar malicioso pra mim. - Francamente, não acredito que vocês não pensaram no pai de Malfoy. Com um pai daqueles não tirariam nem mesmo o próprio Você-Sabe-Quem de Hogwarts.



-Odeio mesmo admitir que isso faça sentido - murmurou Alice, rindo da minha cara. - O pai do Malfoy poderia perfeitamente dar um jeito de sumir com as provas que incriminavam o filhinho dele.



-Viram só? - replicou Potter, mais cheio de si ainda. - Mereço um beijo, não mereço, Evans??



-Se eu sempre fosse te dar as lições que você merece - resmunguei, olhando o chão. - Já estaria coberto de feitiços e amontoado como pó embaixo do tapete.



Potter riu da minha rabugice e me mandou um beijo. É, as coisas tinham mesmo voltado ao normal.


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