Ciúmes, Eu?



Água e Vinho






Capítulo Onze - Ciúmes, eu?







Dois dias depois, Remo me chamou de lado.



-Você percebeu como não aconteceu nada com Snape e Malfoy?



-Agora que você falou...-respondi, pensativa. Na realidade, me preocupara com aquilo apenas no começo do dia seguinte, e ainda por ter tido pesadelos com Você-Sabe-Quem. Pode parecer estranho, mas a choradeira de Alice sobre Black desviou totalmente a minha atenção. Somada, claro, a um relatório de Poções de última hora. - É verdade. Seria de se esperar que eles fossem até expulsos se pegos em flagrante.



-Exatamente.-disse Remo, batendo o punho na outra mão aberta.- Isso está muito esquisito.



Ele dizia isso enquanto caminhávamos para a aula de Adivinhação, que era, aliás, uma das minhas piores matérias. Eu costumava dizer que eu era tão ruim nisso que sobraria até para as próximas gerações da minha linhagem. Incrível... Mas sempre havia alguém que ria disso.



Sentei-me no fundo da classe, como de praxe. A professora chegou e apenas disse:



-Como sabem, hoje teremos uma prova...



A maioria da classe quase caiu das cadeiras, inclusive eu. Prova?? Que história é essa? Como assim, "como sabem"?? Se eu já sou ruim estudando pras provas, imagina sem... Três alunos que sentavam sempre na frente entreolharam-se, triunfantes, mas na hora eu estava confusa e furiosa demais para dar a devida atenção a isso.



-Como assim, professora?? Do que está falando?-Frank exclamou, duas cadeiras à minha frente.



-Não fizeram minha última tarefa para casa com a devida atenção, eu presumo.-disse ela.- A conjunção de Saturno com Urano indicava claramente que hoje receberiam uma surpresa de uma pessoa superior... Com um pouco de esforço, deduziriam a prova de hoje e poderiam ter estudado.



O meu queixo estava no chão. Saturno, Urano? Que conversa é essa?



Fizemos a prova. Entreguei duas ou três linhas escritas, que até foram mais do que eu esperava conseguir escrever.











Quando estávamos indo almoçar, havia uma aglomeração diante do quadro de avisos. Até fechei os olhos, com medo de mais notícias sobre provas ou qualquer coisa ruim. Quando vi alguns lá da frente conversando, excitados, até pensei que poderiam ter adiantado o Baile de Inverno, mas quando finalmente alcancei o aviso entendi o tumulto imediatamente.



Dumbledore estava baixando uma série de normas que se chamavam MAC - Medidas Anti Comensais. Todas as varinhas dos alunos seriam examinadas, até mesmo dos nascidos trouxas, como eu. Alguns que já estavam na mira dos professores, e alguns que poderiam ter qualquer ligação com Artes das Trevas, não importava a Casa a que pertencessem, receberiam uma coruja sigilosa os convocando para uma inspeção completa, incluindo varinha, bolsos, armários e dormitórios. Saíram boatos de que a diretoria estava pretendendo usar Veritaserum nos suspeitos da Sonserina. Mas, por isso ser o mais puro preconceito, não levei muita confiança nisso.



Como eu teria que cumprir a minha parte nessas medidas, depois do almoço procurei a prof.ª McGonagall novamente, para pedir informações.



-Srta. Evans, acho que está pedindo para ser atacada vindo falar comigo. Se os verdadeiros Comensais virem-na conversando comigo, poderão suspeitar de que foi você quem nos pôs na pista destes alunos. Suma daqui agora. Deixarei no quadro de avisos da Grifinória os horários para cada uma das turmas ser inspecionada. Agora vá. -em seguida ela ergueu a voz.- E sem chorar, Evans, vou mesmo querer aquele relatório para sexta-feira, sem atraso!



Minha atitude não tinha sido tão estúpida. E bem no fundo, eu quase queria dizer bem alto a Snape e Malfoy que eu era a responsável por Dumbledore estar na pista deles, para ver como reagiriam. Mas, pensando bem, eu ainda tenho amor à minha vida. Sei bem que tipo de feitiços eles devem ser capazes de fazer.



Corujas voaram o dia inteiro pelo castelo, mas não vi uma só pessoa a recebendo. Era como se as corujas apenas entregassem sua correspondência quando encontravam o destinatário sozinho. Provavelmente ainda não queriam espalhar todos os suspeitos. Mais adiante quem sabe pendurassem os Comensais da Morte descobertos nos lustres do Salão Principal. Era, afinal, o que mereciam.









Semana seguinte. Aula de Herbologia. Adivinhem quem estava falando demais do meu lado.



-Tiago, ainda não consigo acreditar -sussurrou Remo para ele, parecendo francamente impressionado.- Você saiu com Lílian Silvertorn?



Essa garota em questão tinha o mesmo nome que eu, mas essa era nossa única coincidência. Era a menina mais popular da Corvinal. Uma patricinha, se a minha opinião interessa a vocês. Nada mais propício para a uma menina do tipo dela sair com Tiago Potter.



Este, por sua vez, deu um sorriso convencido. Fingi não estar prestando atenção, e continuei cortando as raízes de solilóquia, uma plantinha muito irritante que espirrava um jato azul-ácido sempre que eu a cortava no lugar errado.



-Pois é, Remo, sabia que ela não ia resistir a mim por muito tempo, afinal, ninguém resiste...



Pude sentir que ele tinha olhado pra mim por um momento ao dizer isso, mas logo disfarçou. Felizmente não tinha contado a ele daquela coisa HORRÍVEL que me fizera no Expresso de Hogwarts.



Cortei de novo do lugar errado, e tive que me desviar do jato azul. Potter se virou para mim, dessa vez abertamente.



-O que foi, Evans? Eu te desconcentrei? Ohhh, me desculpe, juro que não foi a minha intenção.



-Poupe-me, Potter.-retruquei, logo armando a minha voz de ironia.- Façamos assim; eu não falo com você e você não fala comigo. Fique conversando com Remo sobre suas aventuras amorosas. Prefiro fazer tudo sozinha a ter a sua ajuda.



Pedro McFisher me olhou surpreso. Era a primeira vez que me via retrucando alguma coisa que Potter dizia. Ele também estava cortando as raízes, coitado, e Remo apenas fingia, pois aparentava estar pendurado em cada palavra de Potter.



-Bem -falou Remo devagar, tentando acalmar os ânimos.- o Dia das Bruxas já é semana que vem. Suponho que você vai dar um jeito de sumir com Silvertorn, não?



Potter sorriu maliciosamente. Meu sangue fervia nas veias.



-Ah, com certeza, né? Não posso perder uma oportunidade dessas, não concorda?









-Eu é que não devia perder essas oportunidades de espancar o Potter nas aulas de Herbologia.-sibilei, enquanto saía das estufas com Remo e Alice nos meus calcanhares.



-Por que ele te incomoda tanto assim, Lílian? Eu vivo tentando entender, mas até hoje...-murmurou Alice.



-Fora que é perceptível que Tiago estava falando de uma Lílian para provocar outra.-resmungou Remo, atrapalhado com os livros.



-O que exatamente você está querendo insinuar com isso, Remo Lupin??-inquiri imediatamente.



-Ora, mas é óbvio.-disse ele, pegando o livro de Runas do chão.- Tiago sempre quis sair com você, Lílian. Fez isso pra provocar seus ciúmes. E estou vendo que conseguiu. Você ficou de péssimo humor depois de saber que ele saiu com Silvertorn.



-O QUÊ?-exclamei, quase histérica.- Remo, você endoidou?? Eu SEMPRE fico de mal humor quando tenho que passar mais de dois segundos perto de Tiago Potter!! Como você pode pensar que alguém tão mesquinho e convencido poderia provocar algum ciúme, por menor que fosse, em MIM??



Acelerei o passo, indignada.



E me veio na memória a lembrança de um certo beijo.



E depois de um jato azul-ácido, que me deixou de mal humor de novo.







N/A - Me desculpem por demorar tanto com os novos capítulos! Não me matem, por favor! Pensem no que poderá acontecer neste Dia das Bruxas!! Ah, se vocês estão lendo Água e Vinho no fanfiction.net , eu aconselho que entrem no meu site, http://geocities.yahoo.com.br/pocoestropicais, lá sempre vão achar coisas exclusivas sobre as minhas fics, ok?

E não esqueçam do Dia das Bruxas, por favor!!

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