Cry
Cry
Mandy Moore
I'll always remember
Eu sempre lembrarei
It was late afternoon
Foi num fim de tarde
“Acho que todos que me conhecem, e cerca de 90% dos que não me conhecem, poderiam dizer, com toda a clareza, que eu estava estupidamente estranha ontem à noite. Bem, Harry, Rony e Gina certamente podiam. E é óbvio que eles disseram. E é óbvio que eu respondi que estava bem. E é óbvio que eu estava mentindo.
Mesmo que isso seja um pouco idiota, eu estava realmente estupidamente estranha ontem à noite. Ainda estou, diga-se de passagem. Mas, quando eu o encontrar novamente, eu juro que mato ele. Juro que ele morre. Acho que você quer saber quem era, certo? Não, obviamente não está certo; você é só um objeto – e ainda bem que diários não falam (e cadernos de Poções, idem).
‘Eu não sei por que estava saindo da torre àquela hora. Estava quase anoitecendo, eu deveria estar estudando a matéria de Defesa contra as Artes das Trevas, mas resolvi sair do castelo. Ainda estou me odiando por isso.’
It lasted forever
Que durou para sempre
And ended so soon (yea)
E terminou muito cedo
Hermione saiu do castelo, rumo ao lago. O sol estava se pondo, mas ela nada tinha a temer; ainda não era noite. Ainda. O vento fresco de Setembro batia em sua face, fazendo desvanecerem-se, por alguns momentos, as preocupações de sempre: os exames, as brigas com Rony e Harry, os envolvimentos amorosos complexos de Gina, a lição de Aritmancia, as saudades de casa. Adorava o clima de outono, por mais que as folhas ficassem amareladas e caíssem, por mais que quase sempre estivesse chovendo, por mais que as águas do castelos inteiro estivessem completamente geladas. Ainda assim, aquele vento que dissipava seus temores era uma benção advinda a esses contratempos.
Andando calmamente, sem se preocupar com mais nada, Hermione foi até o lago. Sentou-se à margem, a mente envolta em uma névoa quase palpável. Estava entorpecida. Nada mais via, além do horizonte onde o sol se punha, do lago, com sua superfície plácida, convidativa, doce. Tudo parecia estranhamente límpido e perfeito. Simplesmente límpido e perfeito.
O sol se pôs, com uma lentidão sonolenta, uma luz cansada, mas quente. E o vento ficou mais forte, mais leve. Folhas se desprenderam de árvores, e o cabelo de Hermione começou a ir contra sua face, alojando-se sobre sua boca. Contando com a velocidade do vento, a garota virou o rosto, que começou a ser açoitado por aquela força que ardia e não lhe dava vontade de chorar. E ela viu a última pessoa que imaginava ver.
You were all by yourself
Você era totalmente você mesmo
Staring up at a dark gray sky
Encarando um céu cinza escuro
I was changed
Eu fui mudada
Esfregou os olhos para certificar-se de que não estava sonhando. Não estava. Entre ela e seu maior inimigo estavam apenas três palmos de grama. E ele nem parecia notar que estava ao lado dela. Estava apenas deitado na grama, olhando para o céu escuro, cheio de nuvens cinzentas. As estrelas estavam encobertas e tudo indicava que uma chuva torrencial estava para cair. Hermione fingiu não tê-lo visto, mas não pôde deixar de ouvi-lo. Era como se ele estivesse falando consigo mesmo.
— E é tão estúpido... Ele me põe pra fora como um cachorro e agora diz que precisa de mim... Ah, não, nada feito, não vou voltar para aquela gente só para ser feito de isca, tapete, serviçal... Como se eu não merecesse nada... Não, eu vou continuar fazendo o que eu quiser, o que eu gosto de fazer, e dane-se o que ele pensa, ele não manda mais em mim.
E Hermione percebeu o porquê da solidão de Malfoy. E isso a tocou no fundo do coração. De um jeito como nada antes. E começou a garoar. Aquela garoa fininha que antecede o temporal. O garoto se molhava mas nem percebia.
(>Chorus<)
In places no one will find
Em lugares que ninguém encontraria
All your feelings so deep inside (deep inside)
Todos seus sentimentos tão profundos (tão profundos)
Sabendo que se arrependeria desse ato, Hermione tocou o ombro de Draco, para ver se ele percebia que era noite e estava chovendo. Ele não se moveu. A garota tentou um Finite Incantatem, mais por tentar do que por outra razão, mas não surtiu efeito. A chuva estava engrossando. Então, completamente decidida, Hermione deu um tapa no garoto. Malfoy simplesmente sentou-se, olhando para o chão. Estava absorto em seus sentimentos, seus pensamentos. Parecia encantado com alguma coisa. Hermione estava pasma. Não tinha nenhuma noção do que deveria fazer, então murmurou:
— Malfoy? – Ele não reagiu. Ela tentou falar mais alto: - Malfoy. – Ele continuou não reagindo. Hermione berrou, então: - Malfoy! – Ele continuou sem reação. A garota tentou então uma técnica diferente: - Draco?
Como se despertasse de um devaneio, ele a fitou.
Surpresa.
It was now that I realized
Foi então que percebi
That forever was in your eyes
Que sempre esteve em seus olhos
The moment I saw you cry
O momento que eu te vi chorar
(>End of Chorus<)
Os olhos dele estavam molhados, a face, idem. Não, não era a chuva, que agora estava caindo acompanhada de trovões realmente estrondosos. Eram lágrimas. Simples lágrimas. Lágrimas de.. dor? Ódio? Remorso? Hermione não sabia. Mas ele estava chorando.
— Mione, é você? – perguntou ele, sem se preocupar em enxugar o rosto. – É realmente você?
Ele, a chamando de Mione? O.K., alguma coisa estava realmente errada com aquele garoto. Primeiro ele falando sozinho – Draco Malfoy com certeza era capaz de encontrar alguém que ouvisse suas lamúrias e chorasse de suas desgraças –; depois, chorando – não era ele que era sempre o forte e nunca chorava? –, e agora, chamando-a de Mione? – Hermione nem sabia que ele sabia seu nome! Era muito para um dia só. Mas, sem entender por que fazia isso, ela levantou o rosto dele e murmurou, compadecida:
— Sim, Draco, sou eu... O que houve, por que você está assim?
— Eu estou tão sozinho... – Ele baixou a cabeça novamente, e Hermione sentiu uma lágrima cálida e quente tocar-lhe a mão que ainda segurava o rosto do garoto. – Você me faz um favor?
Hermione daria tudo, naquele momento, para dizer um “não”, largar aquele garoto e sair correndo. Suas roupas estavam encharcadas e pesadas, seu cabelo estava ensopado e a água escorria pelo seu rosto como se ela estivesse tomando banho. Mas, ainda assim, tudo o que ela conseguiu pronunciar foi um fraco “diga”.
The moment that I saw you cry
O momento que eu te vi chorar
— Olha nos meus olhos e diz que eu não sou um animal asqueroso – murmurou ele, erguendo a cabeça. – Por favor.
Hermione realmente quis sair correndo quando ouviu isso. Aquela crise de carência estava passando dos limites. Ele estava muito estranho para estar normal. Mas não correu. Olhou para ele e disse:
— Não – Ele segurou sua mão, como se precisasse dela para sobreviver. – Não, você não... – Ela sentia que sua cabeça estava pesada e girava. - ... não é... – Ele agora a estava olhando de um jeito muito desolado, quase encantador. - ... nenhum animal... as...
Ela não terminou a frase. Sob a chuva de outono que quase feria com seus pingos realmente grossos, como projéteis, ela sentiu que seus lábios estavam grudados com os daquele garoto. Ela colocou as mãos nos ombros dele e o empurrou, sentindo-o cair na grama com um baque molhado. Tocou os lábios, incrédula, virando-se e se preparando para correr. Virou-se para ele mais uma vez e viu algo que daria a vida inteira para nunca ter visto: ele tirou a capa e atirou-a ao lago. Em seguida, fez o mesmo com o suéter e a gravata da Sonserina que haviam sido feitos por sua mãe, com fio de prata, e que ele nunca tentaria tirar. Então, ele a olhou, perscrutante, a camisa branca encharcada da chuva, e sorriu. Um sorriso doído, culpado e agradecido. E sentou-se na grama, atirando o anel que era símbolo dos Malfoy, para que repousasse no fundo das águas em que agora jazia o que lhe lembrava a família. E Hermione finalmente correu.
It was late in september
Estava tarde em setembro
And I've seen you before (and you were)
E eu te vi antes (e você foi)
“Agora você entende por que eu quero matar aquele garoto: porque eu odeio ele! Odeio com todas as minhas forças! Fiquei gripada, tive que tomar aquela poção nojenta pra poder conseguir respirar, tive que jogar minhas roupas fora e, mais importante, tenho certeza que a correntinha que ganhei de Tonks no ano passado prendeu em alguma parte da roupa daquele cretino! Ah, eu mato ele! Será o duelo mais sangrento de Hogwarts!
Ah, quer saber, esquece... Você é só um caderno de Poções cujas últimas páginas eu tô fazendo de diário... Nem vale a pena gastar tinta escrevendo nisso aqui.”
Hermione fechou o caderno e olhou ao redor. Maldito Malfoy! Não fizera a lição de Aritmancia por causa dele! A garota lutava para encontrar o garoto no Salão Principal, em plena tarde de setembro, domingo, enquanto guardava o material que usara para a pesquisa que a professora Vector a obrigara a fazer por ela não ter entregue a lição. Estava se roendo de ódio. Enquanto se levantava para sair, seus olhos localizaram o garoto que estava mais jurado de morte do que Voldemort, ao menos para ela. E ele estava exatamente do mesmo modo em que estivera na noite anterior.
You were always the cold one
Você sempre foi o frio
But I was never that sure
Mas eu nunca estive certa que
You were all by yourself
Você era totalmente você mesmo
Staring up at a dark gray sky
Encarando um céu cinza escuro
I was changed
Eu fui mudada
O rosto estava seco, mas Hermione podia ver, através daquele véu de impassibilidade, que ele estava ferido. Empunhou a varinha, pronta para estuporá-lo, ou qualquer coisa parecida – o Salão Principal estava quase deserto, ninguém veria –, mas desistiu quando ele andou até ela, trêmulo, e, passando pela garota, sorriu. Exatamente do mesmo jeito que na noite anterior.
Hermione estava simplesmente furiosa com ele. Largou a mochila, pesada de livros grossos, na mesa da Grifinória e, protegendo-a com um feitiço que sabia, saiu correndo atrás de Malfoy, que já saira pelas grossas portas duplas de carvalho. Saiu do castelo numa velocidade espantosa. Seu sangue fervilhava de ódio, e ela queria, com todas as suas forças, tirar satisfações sobre o que acontecera com eles dois naquela noite. O céu estava nublado, mas não choveria naquele dia, ela sabia.
Interceptou o garoto andando perto do lago. Malfoy estava tão calado, tão misterioso, que Hermione pensou seriamente que ele estava ficando mentalmente abalado. Ele levantou a cabeça e olhou a garota, sem mover um músculo da face. Falou, então:
— Isso é seu. – E lhe estendeu a correntinha que Tonks dera a ela. – Prendeu na minha camisa.
E, sem mais palavras, ele se virou e começou a andar pelas elevações, entre árvores, grama e urzes. Hermione sentiu a voz prender na garganta, e, quando ele estava já estava quase fora de seu campo de visão, exclamou:
— Obrigada, Draco!
Ele virou-se para ela e sorriu, daquele jeito. E aquele sorriso doeu em Hermione, por muito tempo.
(Chorus)
I wanted to hold you
Eu quis te abraçar
I wanted to make it go away
Eu quis fazer isto ir embora
I wanted to know you
Eu quis te conhecer
I wanted to make your everything, all right...
Eu quis construir seu tudo, satisfatoriamente...
“Eu sei, eu não deveria estar fazendo isso, mas eu preciso falar com alguém! De preferência, alguém que não me responda, subestime, machuque, ou coisa que o valha. Merlin queira que Snape não peça o meu caderno.
Ele me devolveu a corrente. Me devolveu com um olhar tão triste, tão ferido... Ele tem andado tão ferido, ultimamente, que ainda não tive coragem de matá-lo. Ao contrário, quando ele me devolveu a minha correntinha, quis pular no pescoço dele, abraçá-lo, confortá-lo, agradecer, agradecer muito. Pela primeira vez, acho que há algo dentro de Draco (Malfoy?) que merece ser conhecido, questionado, aprendido.
Mas eu sei que ele perdeu alguma coisa. Queria poder ajudá-lo. Queria poder esquecer o passado e ajudá-lo, ele parece muito triste, muito machucado, como se já não tivesse mais nada do que tinha antes. Coitadinho dele. Eu não gostava dele, e ainda NÃO GOSTO, mas estou com pena. Bom, O.K., aula de Poções, vamos voltar pra realidade.”
I'll always remember...
Eu sempre lembrarei...
It was late afternoon...
Foi num fim de tarde...
In places no one will find...
Em lugares que ninguém encontraria...
“O.K., estou aqui de novo, eu sei, eu não deveria, eu não deveria, eu sei, eu sei, caramba! Mas eu não estou consguindo esquecer aquele sorriso, naquela noite, ontem à tarde, não consigo! Eu juro que gostaria, mas n-ã-o consigo!!!! Ele está martelando na minha cabeça!!! Pelo amor de Merlin, eu estou ficando louca! Alguém tira essa COISA de mim! Eu não quero ter que encarar aquele sorriso de novo, oh, não, por Merlin, não. Se ele me olhar de novo daquele jeito eu choro! Gina está realmente preocupada comigo, tadinha... Ela e TODA A ESCOLA!!!! Mas eu não consigo voltar ao normal. Quer saber, eu vou tirar essa história a limpo. C-a-n-s-e-i.”
In places no one will find
Em lugares que ninguém encontraria
All your feelings so deep inside (forever was in your eyes)
Todos seus sentimentos tão profundos (sempre estiveram em seus olhos)
“O.K., amarelei. Estou aqui, de novo, frente a frente com ele. QUE MENTIRA!!! Ele está na mesa da Sonserina, falando, como sempre, mal dos grifinórios. Agora eu mato ele. Agora eu m-a-t-o e-l-e! Ele merece, ah, merece! Agora eu vou pular em cima do pescoço dele e arrancar cada pedacinho dele, um por um!”
Ela fechou o caderno e se encaminhou até a mesa da Sonserina, a varinha embolsada. A professora McGonnagall cravara os olhos em Hermione, e parecia prever que um duelo de titãs estava para acontecer, ali, no meio do jantar. A garota foi até Malfoy, cutucou-o dolorosamente no ombro e apertou a varinha na mão. Ele olhou para ela, completamente risonho e cheio de sarcasmo.
— O que você quer? – perguntou o garoto.
— Lá fora – murmurou ela. – Nós temos um assunto para terminar, lembra?
— Pra falar a verdade, não, Granger. – Ele fez uma cara de pateta desmemoriado e olhou para sua turminha da Sonserina. – Eu tenho alguma coisa pra resolver com essa sangue-ruim?
Os sonserinos vaiaram e assobiaram alto. Hermione sentiu-se corar e apertou tanto a varinha que seus nós dos dedos chegaram a estalar. Ela a empunhou num impulso mortal. Malfoy foi encostado contra a parede do Salão Principal, impassível. Hermione lembrou-se que, no terceiro ano, ele fizera cara de uma criança apanhada em flagrante roubando doces numa loja. Agora, mostrava-se simplesmente calmo. E Hermione viu.
It was now that I realized
Foi então que percebi
That forever was in your eyes
Que sempre esteve em seus olhos
The moment I saw you cry
O momento que eu te vi chorar.
Uma única lágrima se formou no canto do olho do garoto, e Hermione seguiu-a com os olhos, vendo-a deslizar pela face de Malfoy e parar no canto da boca do rapaz, que a entreabriu, mas fechou-a em seguida. Piscou, sentida e lentamente, como se encorajando Hermione a seguir em frente, mas ela baixou a varinha. Eram os mesmos olhos que haviam chorado dois dias atrás, os mesmos lábios que haviam sorrido daquele jeito doído, e que lhe haviam beijado tão ternamente por tão poucos instantes. Guardou a varinha no bolso e murmurou:
— Eu não posso.
Baixou a cabeça e nem se preocupou quando viu que Severo Snape vinha em sua direção, pronto para denunciá-la a Alvo Dumbledore pelo ataque quase empreendido contra Draco Malfoy. Não viu os lábios de Malfoy formarem duas palavras que ele raramente pronunciaria em público: “Muito Obrigado”.
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Bom, conforme prometido, aqui está o segundo capítulo. Bom, digamos que eu vou continuar chantageando vocês, então... bom, quando tivermos dez comentários totais, de pessoas diferentes, o último capítulo será postado. Desculpa a chantagem...
^^Kissus^^
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