Perfect



Perfect

Simple Plan

Hey, dad, look at me
Ei, pai, olhe para mim
Think back and talk to me
Pense no passado e me diga
Did I grow up according to the plan?
Eu cresci de acordo com o plano?


Malfoy entrou na sala de estar, apreensivo. Nunca aquele lugar se parecera menos com uma casa quanto naquele dia. O elfo doméstico fez uma bateria de perguntas inúteis para certificar-se de que o garoto era realmente o único filho de Lúcio e Narcisa, e depois, com uma reverência, saiu para avisar ao amo que o Malfoy filho já estava ali. Draco não pôde reprimir um sorriso ao ver o serzinho com orelhas de morcego subir, apressado, meio molenga, as escadas de mármore verde.

Sem muito gosto, o rapaz passou os olhos pelo aposento, fitando cada quadro. Agora pensava que corria o risco de nunca mais vê-los. Nenhum dos quadros estava acordado – Malfoy sempre pensara que ser quadro devia ser muito maçante e cansativo –, então o rapaz moveu sua atenção para o armário negro em que estava a espada que seu bisavô usara para matar um unicórnio. O sangue ainda estava, prateado e brilhante, em um frasco, mas Lúcio dissera que já estava apodrecido. Draco nem sabia que sangue de unicórnio apodrecia.

Quando começou a conjecturar a possibilidade de seu pai ter mentido quanto a isso, o som de passos sutis e moles veio até si. O elfo doméstico fez uma reverência e pediu ao amo que o seguisse. Sem hesitar, Draco foi.

O elfo o levou por escadas, portas e corredores, até parar ao lado de uma porta de ébano e indicar com a cabeça a fechadura, convidando Draco a abri-la. O rapaz enfiou a ponta da varinha na porta e ouviu o clique que avisava que a tranca se abrira. Engolindo em seco, embolsou a varinha e adentrou o aposento.

Era seco, limpo e bem iluminado. Um carpete se estendia pelo chão, sobre o qual estava uma estante de livros, um par de cadeiras almofadadas, uma escrivaninha, atulhada de papéis e com um tinteiro a um canto, e uma cadeira giratória. Da cadeira, olhando fixamente para o garoto, estava Lúcio Malfoy.

A palavra “pai” nem chegou aos lábios do garoto. Estava inclinando-se para murmurar algo como “senhor” quando Lúcio o fez sentar-se e encará-lo. Draco sabia que estava perdido.

— Soube – começou Lúcio – que esteve envolvido em alguma maquinações, na escola.

— Não estou pronto – interrompeu Draco, com toda a coragem que tinha. – Ainda me faltam ensinamentos que traçaste para mim.

And do you think I’m wasting my time doing things I wanna do?
E você pensa que eu estou perdendo meu tempo fazendo coisas que eu quero fazer?
But it hurts when you disapprove all along
Mas machuca quando você desaprova tudo


— Não falo disso, Draco! – rugiu ele, asperamente. – Falo de seu envolvimento com a escória! Grupo de estudos com os sangue-ruins?! Clube de duelos de colégio?!

— Dumbledore disse que eu estava precisando de um reforço para os estudos – Draco falava com calma. – Não pude recusar.

— Era obrigatório?! – perguntou o pai, num acesso de fúria. Pálido, Draco negou. – Então tivesse passado bem longe! Você, andando com essa gentinha, é muito para um pai!

— Mas eu queria fazer! – exclamou ele, interrompendo o raciocínio de Lúcio como um tiro.

— Como é que é? – perguntou o outro, incrédulo.

— Eu queria fazer – repetiu Draco, calma e claramente.

— Não, eu não ouvi isso. Como pôde trair o nosso sangue?!

Draco levantou-se, furioso. Então ele traíra o sangue porque estava tentando conviver com mais da metade da população bruxa? Porque os nascidos trouxas eram maioria, ele sempre soube. Por estar tentando tornar as coisas mais agradáveis, ele estava traindo o sangue? Olhou para o pai, incrédulo. Lúcio fez um gesto para que ele retomasse o lugar. Não era educado ficar de pé em frente a um superior sentado.

And now I try hard to make it
E agora é difícil fazer isso
I just wanna make you proud
Eu só quis te fazer orgulhoso
I’m never gonna be good enough for you
Eu nunca serei bom o suficiente para você
I can’t pretend that
Eu não consigo fingir que
I’m alright
Eu estou bem
And you can’t change me
E você não pode me mudar


Draco não se moveu. Continuou olhando para o pai, como se dizendo que ele era o errado na história.

— Draco, eu já mandei você sentar – disse Lúcio, num murmúrio.

— Eu passei dezessete anos da minha vida pensando em como seria ter tudo o que você tem... – começou ele, a despeito do murmúrio do pai.

— Sente-se – ordenou Lúcio, as narinas se dilatando.

— ...passei dezessete anos me importando com o que você queria para mim, pensando que aquilo era o melhor que você podia me dar – continuou ele –, pensando em tudo o que você planejava para mim, tentando não me desviar do caminho que você traçou para mim, fosse o que fosse, acontecesse o que acontecesse. Aprendi a odiar os nascidos trouxas e chamá-los de sangue-ruins, aprendi a duelar contra grandes mestres para o caso de eu servir um grande mestre, o seu grande mestre. Aprendi a enganar os outros para tirar proveito, a fazer pessoas de “bucha de canhão” e fazê-las levar a culpa pelo que eu fazia...

— Eu não vou falar de novo! – bradou Lúcio, se erguendo.

— ...e agora eu vejo o que você nunca quis me deixar ver! – berrou Draco, batendo com tanta força na mesa que o tinteiro se espatifou no chão. – Eu nunca vou ser o filho que você sonhou! Eu nunca vou ser digno de um elogio, de um aperto de mão, sequer! Nunca serei digno de herdar o patrimônio sujo que você construiu, NUNCA SEREI O FILHO QUE VOCÊ SONHOU!

— Agora já chega! – exclamou Lúcio, empunhando a varinha. – Você está na minha casa, respeite o solo sobre o qual você foi gerado!

(>Chorus<)

‘Cause we lost it all
Porque nós perdemos tudo isso
Nothing lasts forever
Nada dura para sempre
I’m sorry
Me desculpe
I can’t be perfect
Eu não posso ser perfeito


Draco estava com os punhos vermelhos de fúria. Tudo o que engolira durante todos os anos agora lhe sobrevinha à mente num impulso que ele não conseguia parar. O que lhe vinha à cabeça logo era proferido por sua boca, sem importar-se com mais nada.

— Solo? Esse aglomerado de mármore fria e contaminada? Isso nunca foi terra, nunca!

— Cale a boca, eu sou seu pai!

— Pai?! – Draco perdeu a compostura e varreu todos os papéis da mesa do pai. – Você nunca soube o que era ser pai! Você era um professor, um mestre, se tanto! Acho que nem isso! Até o velho Dumbledore é mais meu pai que você! Eu sempre tive tudo o que seu dinheiro pôde comprar, mas SÓ ISSO!

— Fique quieto, seu verme! – Ele apontou a varinha para o peito de Draco e bradou um feitiço ininteligível. O casaco de Draco foi retalhado e ele levou um corte no rosto, que sangrava. – Você sabe que eu posso fazer muito pior!

— Eu sei, pai, eu sempre soube! – Draco enxugou o sangue com a manga da camisa. – Você nunca escondeu isso de mim! Você nunca me deu um bom exemplo, nunca! Mas essa farsa acaba aqui, EU NÃO QUERO MAIS SER SEU FILHO PERFEITO! CANSEI, C-A-N-S-E-I!

Now it’s just too late
Agora é simplesmente muito tarde
And we can’t go back
E nós não podemos voltar atrás
I’m sorry
Me desculpe
I can’t be perfect
Eu não posso ser perfeito


(>End of Chorus<)


Lúcio empalideceu. O filho que ele criara por tanto tempo estava negando o próprio sangue? Estava negando tudo o que tinha, tudo o que lhe fora dado? Isso era impossível, ele sempre criara Draco para prezar o poder, o dinheiro, ele não trocaria tudo o que tinha por qualquer coisa.

— Draco, seja racional, uma vez nessa sua vidinha medíocre.

— Agora eu estou sendo racional! – exclamou ele, apertando a varinha no bolso com muita força. – PELA PRIMEIRA VEZ NA MINHA VIDINHA MEDÍOCRE, EU CONSIGO DISTINGÜIR VOCÊ DE MIM! EU NÃO QUERO MAIS SER SEU CLONE! NADA QUE VOCÊ FAÇA OU DIGA VAI ME FAZER VOLTAR À VIDA QUE EU TINHA, POR MAIS FÁCIL QUE ELA FOSSE!

— Pare de gritar enquanto você está na minha casa!

— Só sua, não é? – murmurou Draco, cínico, irônico. – Sempre foi só sua! Agora eu tenho a minha casa, a minha vida: aquela escola que você me fez odiar e amaldiçoar, aqueles colegas que você me fez azarar pelas costas ou mandar para armadilhas! Agora eu tenho quem, gostando ou não de mim, vê em mim um líder em potencial, uma pessoa em potencial! Uma p-e-s-s-o-a em potencial, e não um objeto! UMA PESSOA, PAI, VOCÊ SABE O QUE SIGNIFICA A PALAVRA “PESSOA”? PORQUE VOCÊ NUNCA ME TRATOU COMO UMA!

— Ou você se cala ou será expulso de sob esse teto! – ameaçou Lúcio.

— Então que eu seja! – exclamou ele, se virando, saindo e batendo a porta com força. Pôde ouvir um feitiço sendo disparado para a porta fechada às suas costas, algo que lembrava uma Maldição Cruciatus.

O elfo doméstico parecia bastante apreensivo quando viu Draco saindo da sala com o casaco estraçalhado e o corte no rosto, que voltara a sangrar. O rapaz temeu sinceramente pela vida do ser, então tirou o casaco e atirou-o para cima. Foi com os olhos brilhando de emoção que o elfo pegou a roupa semi-destruída e saiu correndo para longe. Draco sorriu. Um sorriso doído, ferido, livre. Aquele sorriso.

I try not to think
Eu tentei não pensar
About the pain I feel inside
Sobre a dor que eu sinto aqui dentro


Voltou para Hogwarts no mesmo dia. Era uma quinta-feira de outono, na semana da primeira visita a Hogsmeade. Entrou no castelo e nem olhou para as mesas das casas, vazias àquela hora da tarde. Devia ser algo em torno de três e meia, quatro horas no máximo. Draco foi até a Sala Comunal da Sonserina, esperando que ela estivesse igualmente deserta. Não estava.

Pansy, ao lado de Crabbe, Goyle e Mila Bulstrode, discutiam sobre algumas futilidades. Zabini estava impressionando alguns alunos do primeiro ano com uma serpente conjurada por ele. Sem paciência para justificativas, conversa ou mesmo um boa-tarde, por mais polido que fosse, Draco se esgueirou pelas paredes e foi até o dormitório. O ambiente ali era mais acolhedor que o da fria Sala Comunal. As paredes eram de pedra, mas havia três grandes janelas que davam para um gramado verde-esmeralda, em que pequenas sempre-em-mente floresciam, na primavera. Mas agora era outono, e as flores não estavam ali. A grama úmida era quase um convite, mas ele não estava nem um pouco animado. Só agora percebia a gravidade do que fizera. Negara a casa, o sangue, o brasão dos Malfoy. Negara tudo pelo que estivera trabalhando durante dezessete anos. E ele sentia que doía, afinal, era a sua vida. Ou melhor, fora. Eles nunca o perdoariam. Ele nunca o perdoaria.

Foi até seu malão e trocou de roupa, colocando novamente o uniforme de Hogwarts. O anel de seu pai ainda estava em seu dedo. Sentou-se na cama, desolado. Foi perdido em pensamentos que ele viu uma coruja negra de grandes olhos muito brilhantes pousar na mesa de cabeceira de sua cama, com uma carta endereçada a ele. Sem muito ânimo, Malfoy a pegou. Era de seu pai.

Do you know you used to be my hero?
Você sabe que você costumava ser meu herói?
All the days you spent with me
Todos os dias que você passou comigo
Now seem so far away
Agora parecem tão distantes
And it feels like you don’t care anymore
E sinto como se você não se importasse mais


Draco,

Sei que deves estar muito arrependido de nossa conversa, mas creia, também estou. Chamei-lhe para casa para oferecer-lhe um serviço que a mim teria sido grande honra, mas os anos já pesam nas costas de seu pai, filho.

Me desculpe pelo quão grosso fui contigo. Estou desesperado. Para completar, você libertou o nosso elfo doméstico mais velho, mais obediente e prestativo. Ele me faz muita falta: era meu redator. Há muito tempo não pego em uma pena para escrever qualquer coisa que não seja minha assinatura, então, não tenho mais noção de como se escreve uma carta para qualquer pessoa, tanto menos um filho.

Me lembro que, quando você era menor, você dizia que queria ser como eu. O que houve para que mudasse tanto de opinião? Foi algo que eu fiz, algo que alguém lhe disse sobre mim? Me responda o mais rápido que puder, estou preocupado.

Quanto à missão, quando nos vermos, explicar-lhe-ei de que se trata. Não despreze essa carta, sou apenas um velho pai arrependido.

Lúcio Malfoy

Draco teria sido enganado, não fossem aquelas duas palavras fatídicas: estou preocupado. Lúcio Malfoy nunca as dissera em toda a sua vida. E nunca se arrependera, também. E, pelo traço do “D”, ele pôde perceber que fora Narcisa Malfoy quem lhe escrevera a carta, o que dizia, com todas as letras: Lúcio nem fora capaz de endereçar uma carta com nem uma ordem para o próprio filho. E Draco agora sentia nojo por ter amado tanto o homem que aprendera a chamar de “pai”.

And now I try hard to make it
E agora é difícil fazer isso
I just wanna make you proud
Eu só quis te fazer orgulhoso
I never gonna be good enough for you
Eu nunca serei bom o suficiente para você
I can’t stand another fight
Eu não posso suportar outra briga
And nothing’s alright
E nada está bem


(Chorus)


Pegou uma pena e um pergaminho novo, pronto para escrever aquela que, não sabia ele, era a última carta que endereçaria ao pai. Suspirou e pensou, por um momento, se deveria realmente falar tudo o que, no calor da discussão, não dissera, para ele. Resolveu que sim, deveria. Afinal, querendo ou não, eles tinham o mesmo sangue.

Pai,

Não sei por que essa carta está tomando forma sobre esse pergaminho, mas você me mandou uma carta, quer a resposta, então... É o mínimo de educação que eu lhe responda.

Não, não me arrependo de nossa discussão. Não conversa, discussão, mas gostaria de não ter-lhe dito daquela maneira áspera e brusca. Não quero o serviço, antes de qualquer coisa. Estou em idade de colégio, me deixe ao menos terminar a parte normal da minha vida.

Sim, eu libertei o elfo, e não me arrependo; num acesso de fúria, sei que o mataria. Ele o odiava, pai, como todas as pessoas e seres que você subjugou lhe odeiam.

Agora, quanto à outra pergunta, bem, será uma longa resposta.

Nada do que qualquer pessoa dissesse teria conseguido mais efeito em mim que eu ter percebido, por mim mesmo, o quão você eu estava me tornando. Como eu disse, agora repito: tentei te fazer o pai mais orgulhoso do mundo. Tentei fazer tudo o que você me mandou fazer, me convencendo de que era o melhor. Odiei muitas pessoas porque os pais delas o odiavam, porque os pais delas não eram bruxos ou simplesmente porque não eram puro-sangue. Perdi a chance de conhecer várias delas. Zombei de quem se atrapalhava em matérias em que eu me dava bem, de quem não tinha a perícia em duelar que você instigou em mim desde que eu era pequeno, de quem não sabia manejar a vassoura com a excelência que obtive em anos de prática. Perdi mais chances de conhecer pessoas no mínimo interessantes. Criei armadilhas, encurralei inocentes, usei quem se aproximava de mim. Perdi todas as chances de conhecer pessoas que não fossem meros clones de seus pais, como eu fui. Até alguns dias atrás, eu gostava de ser como o senhor, mas, num dia, Dumbledore veio a mim e disse que tinha uma proposta a me fazer: queria coordenar um grupo de estudos e queria que eu fosse o líder dos sonserinos. Não sei se você sabe, mas há nascidos trouxas entre os sonserinos. Incrível, não? Também achei. E os nascidos trouxas têm amigos bruxos também nascidos trouxas, e puro-sangues, também, e meio-a-meio, se você me entende. E, por estúpido que isso pareça aos seus olhos (já que aos olhos dos professores de Hogwarts simplesmente não parece nem inacreditável), gostaram de mim como coordenador. Gostaram de mim. E começamos a expandir o grupo de estudos, e até alunos da Corvinal vieram estudar conosco, sem me julgar por ser o líder, o coordenador do grupo, como pensei que fariam. Consegui uma amiga da Lufa-Lufa que é muito boa em Feitiços e uma grifinória que é perita em Trato das Criaturas Mágicas. Não ameacei, nem nada, elas se tornaram minhas amigas porque quiseram. Isso foi inacreditável. Então, numa dessas reuniões de estudo, essa garota da Lufa-Lufa perguntou se não era possível montarmos um Clube de Duelos. Duelo entre colegas, nada para machucar, mas que treinasse pontaria, autocontrole, potência, e até as emoções (tudo o que, você sabe muito bem, influi em um duelo de verdade). E apresentamos essa idéia ao diretor. Não é que ele aceitou? Foi bem educado e pareceu radiante quando nos cedeu o Salão Principal, domingo passado. Acho que todo mundo estava lá, mas todos, mesmo! Até o Potter estava me olhando, de cara feia. Duelei com uma corvinal chamada Anabelle, que é muito boa, muito mesmo. Depois, seguindo uma lista, fizemos uma porção de outros duelos, e até o diretor duelou!

Nothing’s gonna change the things that you said
Nada vai mudar as coisas que você disse
Nothing’s gonna make this right again
Nada vai tornar isso certo novamente
Please don’t turn your back
Por favor não vire as costas
I can’t believe it’s hard
Eu não posso acreditar que é difícil
Just to talk to you
Simplesmente falar com você
But you don’t understand
Mas você não entende


Foi muito bom. Pela primeira vez, me senti humano, sabe, pessoa. Você deve saber como é. Se não sabe, só lamento. Nunca deixaria você minar isso tudo apenas por causa desse orgulho besta. Não quero mais brigar com você. Não há mais nada entre nós para que fiquemos bem. O que nos liga é o sangue, que, se eu soubesse um jeito, trataria de fazer nos separar. Me deixe em paz, por favor.

Tudo o que você não disse, e tudo o que você pensou que disse, e tudo o que eu subentendi, está marcado, e nem que você queira vai tirar. Eu não vou voltar para um pai que me vira as costas quando eu finalmente me sinto bem, que não me ouve e só pensa em si, ou em mim como seu clone, com trinta ou quarenta anos menos. Você não entende nada do que eu sinto, penso ou faço. Desde pequeno, eu te pedia um colo e ganhava uma sacola de galeões. Eu me consolava com brinquedos, livros, cadernos, sorvetes, doces, animais de estimação, mas nunca pude contar com um carinho, um abraço. Agora é tarde. Eu não quero mais nada do que vem de você. Sou capaz de viver minha própria vida por mim mesmo, sem ninguém para me colocar como um ponto móvel em um mapa com rota traçada. Obrigada pelo que você não me fez.

Draco

P.S.: Você pode ser tudo, menos um velho pai arrependido.

(Chorus 2x)


Draco se ergueu, pegou um envelope, dobrou a carta e colocou-a ali. Ia selá-la com o brasão dos Malfoy, mas parou, pegou um selo simples e pressionou contra a cera. Amarrou à perna da coruja e observou-a sair pela janela. Estava mais tarde, o sol começava a se pôr. Resignado, saiu do dormitório. Pansy o avistou e perguntou:

— Como foi com seu pai?

Sem vontade de falar ou explicar nada a ninguém, sentindo seu sangue começar a ferver novamente e espantado com o descaramento de seu pai – porque sua mãe nunca escreveria aquilo sem que ele tivesse pedido –, Draco saiu intempestivamente pela porta da Sala Comunal. Percorreu alguns corredores e adentrou o saguão de entrada, saindo pelas portas duplas de carvalho. O céu estava nublado, e o sol acabara de desaparecer no horizonte. Sem se preocupar com mais nada e começando a praguejar contra seu pai, Draco foi até a margem do lago e deitou-se na grama, fitando o céu.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Bom, aqui está outra fic. A despeito de Comédia Romântica, que foi Rony/Hermione até a alma, essa é Draco/Hermione. Como eu gosto muito do Dumbledore, resolvi apagar da memória o sexto livro, enquanto estiver escrevendo essa fic.

Outra coisa: Me desculpe, quem lia Every Heart, por eu ter tirado a fic do ar, mas eu percebi muito erros nela e estou tentando corrigi-la. Postarei quando a terminar.

Última coisa: Eu sou muito insuportável (XD) e adoro ouvir o que os leitores acham, então, o próximo capítulo - que, diga-se de passagem, já está prontinho - eu posto depois de cinco comentários. Desculpa a chantagem, mas eu não pude evitar.

^^Kissus^^

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