-Amanhã tem sol...-
-Amanhã tem sol...-
“Você vai encontrar seu maior desejo... você vai pagar caro por ele...
Você vai tomar decisões que irão abalar todos nós... você tem uma culpa para expiar... você irá encontrar seu maior medo... você irá perder algo valioso... você irá tomar a decisão que vai mudar o rumo da guerra... seu inimigo vai se fortalecer... você vai pagar caro... você vai encontrar o que mais deseja... você...”
vai pagar caro...
pagar caro...
caro...
Era o terceiro dia que ele passava com os olhos fixos no teto... ao contrário do que todos achavam, parte dele estava consciente... de certa forma ele sabia o que estava acontecendo, ele ouviu os Weasleys querendo entrar, ele escutou Lupin reclamar... mas isso não importava... nada importava... ele não conseguia se mover... porque dentro dele nada mais estava em ordem... ele finalmente se deixara abater por tudo que passara... ele não podia rir, porque tinha feito coisas horríveis... não podia chorar, porque tinha descoberto coisas maravilhosas... e depois de tanta luta algo nele estava quebrado... e ele nem imaginava por onde juntar os pedaços... ele lembrava das palavras de Ana... a verdadeira e a falsa... nunca mais iria amar... não daquele jeito... mas também sabia que dentro dele descobrira um sentimento novo... por Hermione... mas doía muito, porque ele a perdera e a traíra... ela o odiaria pra sempre... alguém murmurara sobre uma crise no ministério... que se danasse o ministério, a única coisa importante de lá tinha sido retirada... ele se contorcia ao pensar que agora que finalmente tinha conseguido fazer o que sempre se cobrara, pegar Rabicho, Voldmort lhe roubara Sirius novamente... ele nem queria pensar sobre o que Voldmort lhe dissera, sua mente se recusava a reviver as palavras dele... eram horríveis demais... cruas demais... e então sentia o cheiro e o gosto do sangue... ainda impregnado em tudo nele... porque era culpa dele... e essa roda vida de pensamentos horrendos o mantinha isolado do mundo nos últimos dias...
Isolado, semi-morto... desligado do mundo...
Harry piscou mais rápido, devagar tomou conhecimento de que estava num leito... em algum lugar que só podia ser o StMungus... ele suspirou.... que diferença fazia despertar ou não? Estava anoitecendo... assim como nele mesmo tudo anoitecia... tudo se fechava, mesmo se saísse correndo, um dia ia ter que encarar as pessoas e admitir que tinha cometido erros... muitos...
Harry mal percebera que tinha saído da cama... que estava olhando a noite caindo pela janela... e a noite parecia vir dele, uma noite negra horrenda que cobria tudo, como se ficasse cego... por que não via sombra alguma de conforto... nem uma sombra de refúgio pra onde pudesse correr... como se deixou afastar tanto daqueles que amava? O que o fazia se sentir tão distante dos outros... tão... irreal... era isso... ele não se sentia mais real... não se sentia mais humano...
Escutou um barulho atrás dele... sim, podia escutar tudo a sua volta muito bem... só que nada lhe interessava... não se moveu mesmo com o estrondo da bandeja que foi derrubada a suas costas... nem quando a mulher saiu correndo para chamar alguém no corredor... ele continuou mirando as estrelas, desligado, os passos voltaram...
-Harry...
Ele se virou, mirou o homem sem interesse, voltou-se a janela, não que não estivesse feliz em vê-lo, mas apenas não sabia mais expressar aquilo...
-Harry.- disse Lupin.
Harry se virou novamente, Lupin estava novamente com aquele ar de abatimento... claro, logo seria lua cheia... Harry olhou–o com preocupação, ele não devia estar com Thonks? Em segurança no Largo?
-Harry... você está me ouvindo?- ele repetiu.
-Eu não fiquei surdo Remo, pode acreditar...- falou numa voz que com certeza não parecia a sua.
Lupin o olhou nos olhos, Harry suspirou:
-O que aconteceu nesses três dias?
Lupin abriu a boca, surpreso.
-Mas...
Harry se voltou para a janela... o que estava esperando?
-Está todo mundo preocupado com você...
-Eu sei... – respondeu apaticamente.
Ele não quer me dar as notícias... pensou
Algo mais passou pela porta, um verdadeiro tufão que o abraçou:
-Harry! Ah querido... você está de pé!- disse a Sra Weasley.
Ele a olhou, como se fosse a primeira vez... e ela então deu um passinho para trás e olhou Lupin.
Harry não sabia o que fazer... na verdade ele estava exausto, os três dias podiam ter curado o corpo, mas a alma e a mente ainda estavam muito cansados... ele os olhou desanimado, “falem algo... por favor...”
-Como estão os outros?- perguntou.
A Sra Weasley o olhou e então sorriu...
-Cortes e arranhões... Pomfrey os liberou no dia seguinte...
E não vieram me ver... ele pensou desanimado, por um segundo lembrou da cara de Hermione “Harry o que foi que você fez...” algo nele esfriou, como se caísse muito rápido.
“Eu matei a Morgan...”
Ele colocou as mãos na cabeça e caiu de joelhos, vermelho, tudo vermelho...sentia o cheiro do sangue, escutou Lupin e a Sra Weasley o chamarem, mas ainda balançava a cabeça desesperado... nem viu quando fizeram um feitiço que o deixou desacordado.
Quando abriu os olhos novamente era dia... quarto dia... ele pulou da cama, olhou em volta... o quarto estava mais uma vez vazio... ele se encaminhou até o pequeno banheiro, seus passos estavam leves e arrastados como de uma pessoa bêbada... ele entrou e se olhou no espelho... não era ele... ele não era... então viu algo que chamou sua atenção.
A cicatriz, a cicatriz em forma de raio... estava aberta... recente, como se tivesse sido feita a alguns minutos... na sua confusão Harry não esticou a mão para a testa e sim para o espelho...
-Ela não quer fechar... sangrou muito, mesmo quando você esteve “desacordado”.
Harry se virou, não imaginava que ele se dignasse a vir vê-lo... ele que sempre estivera tão ocupado... “isso não é verdade... isso não é desculpa... ele fez o que devia fazer... pare de infantilidade...” mas na sua sensação de abandono e ausência... todo o contato com outras pessoas era doloroso, em especial com ele, alguém a quem Harry aprendera tomar como uma pessoa boa, digna, superior...
Dumbledore o olhou gravemente, então sorriu:
-Antes de qualquer coisa, antes de qualquer pergunta ou ... antes... eu quero que me acompanhe Harry, Por favor...
O acompanhou, com passos arrastados, o corredor estava vazio... estranhamente vazio... ele andava como se cada passo fosse o primeiro, devagar... Dumbledore abriu a porta de um quarto três portas a direita daquele em que Harry estava, ele entrou arrastando os pés até olhar quem estava estendido na cama.
-Morgan...- disse baixo, aquilo de alguma forma o tocou... apesar da visão ser desesperadora...
-Sim Harry... Morgan está viva... ou quase... por enquanto sem condições de retornar... mas ainda conserva um suspiro de vida... preciso saber Harry... para o bem dela, o que a acertou.
-Um Rictus feito a queima roupa...- disse, os olhos ardendo.- de cima para baixo...- podia rever em sua cabeça, ela caindo...
-Feitiço poderoso.- disse Dumbledore pensativo.
-Eu sei...- ele olhou Dumbledore e soube então que ninguém ainda sabia da verdade.- Fui eu que fiz...- complementou ao sentir as lágrimas escorrerem, mas sem saber se eram de dor ou de alegria...
Dumbledore o olhou com assombro, pela primeira vez na vida Harry viu o Diretor confuso, por um segundo então ele disse calmo:
-Então foi você que acertou Morgan...- Dumbledore parecia não acreditar.
Harry concordou com a cabeça e olhou para ela, Morgan parecia uma boneca desconjuntada, apesar do lençol cobri-la podia ver enormes curativos e inchaços deformadores, o rosto dela estava num tom de branco arroxeado, os olhos semiabertos tinham um ar mórbido, apenas o braço esquerdo estava por cima do lençol, era tão branco como se estivesse olhando uma escultura de mármore...
-Harry, precisamos conversar...
Harry balançou a cabeça com energia:
-Era isso que eu queria... desde aquela noite...- disse sem tirar os olhos da amiga, sem saber se estava feliz ou triste em vê-la.
Mas infelizmente falar é mais fácil que fazer... ele teve que ficar mais quatro horas esperando para ser liberado, os três curandeiros que o atenderam estavam muito preocupados com a cicatriz... ela recomeçava a sangrar toda vez que ele permanecia mais de vinte minutos de pé... além do mais todas a reações dele eram alteradas, os olhos ainda estavam dilatados, pulsação fraca, pele fria... em suma, em choque... desligado.
Mas então pareceram se convencer, Harry se vestiu devagar, cada peça de roupa levou mais de dez minutos para ser vestida, como se ele tivesse que fazer um esforço muito grande para compreender como usá-las, mas na verdade ele simplesmente esquecia do que estava fazendo, começava a vaguear e suas lembranças... se esforaçava para se manter atento na realidade, estava pronto, sentado na cama esperando, quando viu o clarão.
Ele foi levado dali por Fawkes... único transporte mágico rápido que não fosse uma chave de portal, Harry provavelmente nunca mais usaria uma chave de portal de espontânea vontade, sabiam disso, sabiam do conforto que o pássaro lhe proporcionava...
Sim, a sala de Dumbledore... Harry olhou em volta... incrível como em seis dias ele estivera ali sentindo pena de Malfoy.
Como o “doninha” estaria? Harry pensou acariciando a fênix que permanecera em seu ombro... imaginou que Dumbledore estivesse avisando a todos que ele fora trazido de volta a Hogwarts... ele sentiu algo quente correr pelo seu rosto, passou a mão, era sangue... a cicatriz voltara a sangrar.
Fawkes soltou uma nota branda e Harry sentiu a ave encostar a cabeça em sua testa... ficou parado...
As lágrimas peroladas da Fênix recaíram sobre a cicatriz que foi aos poucos se fechando, Harry sentiu também que de alguma forma ele mesmo foi se curando, ele sentia como se algo muito bom o puxasse de volta, como se ele mesmo pudesse estar renascendo, e quando Fawkes deu outro tom em seu canto, ele abriu os olhos e se surpreendeu em ver como o escritório lhe pareceu claro e como havia cores e sons vindos de todos os lugares ali por perto...
-Vejo que Fawkes finalmente resolveu nosso problema...- sorriu Dumbledore.
Harry se virou e sorriu, Dumbledore se sentou, parecendo espetacularmente mais velho e cansado que nunca... eles se olharam, Fawkes voou até a mesa e pousou em frente a Dumbledore que também acariciou a ave...
-Muitas coisas aconteceram ao mesmo tempo naquela noite Harry...
-Sim... eu sei.
Dumbledore voltou os olhos para o rapaz de pé, acenou com a cabeça, Harry se sentou...
-Acho que novamente eu vou ter que lhe pedir desculpas...
Harry olhou-o, sabia o que Dumbledore queria dizer, mas tinha mais coisas que ele queria dizer, interrompeu-o:
-Eu... eu é que preciso... falar...
Dumbledore o olhou, concordou, então Harry perdeu as palavras... tinha tanto a dizer, mas não sabia por onde começar...
-Eu fiz coisas... eu...
-Houve um dia que eu e você discutimos longamente sobre a importância das decisões de uma pessoa... lembra?
Harry ficou com a boca seca, então provavelmente Dumbledore já sabia...
-Eu... eu ouvi uma segunda profecia... eu... eu e Hermione... mas...
-A memória da senhorita Granger já foi restaurada... a senhorita Lovegood ficou preocupada com a demora de seu restabelecimento, e bem... decidiu contar o que houve... acreditando que você contaria também... se estivesse recuperado...
-Ela... se lembra então...- pensou Harry com um frio apertando o coração novamente. – Como ela... está?
-Chocada... revoltada... magoada... mas acima de tudo muito preocupada.
Harry desviou o olhar para Fawkes.
-Harry... eu sabia que isso poderia acontecer...
Harry interrompeu novamente, porque a voz de Dumbledore não demostrava um terço da censura que deveria ter, se soubesse de tudo.
-Eu... eu revelei a profecia... contei a ele... eu usei uma maldição imperdoável contra Belatriz... e eu fiz tudo isso de livre e espontânea vontade.- olhou para Dumbledore.
Dumbledore sustentou seu olhar e então disse gravemente.
-E você tem medo de que isso o torne uma pessoa má? Tem medo de que isso o torne igual a Voldmort?
-Voldmort me disse... coisas... que eu não pude... negar.
-Você acha que não pode ter maldade em você? Harry, eu lhe disse uma vez, você é humano... você ama, você tem medo, sente dor e sim, você também é mau... isso não o torna igual a ele.
-Mas o que eu fiz é errado!
-Um erro movido pelo mais nobre dos sentimentos... continua sendo um erro, mas é muito compreensível... principalmente quando Voldmort manipula as coisas...- Dumbledore sorriu amargamente.- Eu soube no início do ano que esse ano talvez fosse o mais difícil para você... lembra o que lhe disse no apartamento de Morgan, Harry?
Harry por um segundo lembrou-se, lá do fundo da memória...
“Sei que você tem se cobrado coisas para as quais não tem respostas ainda, e talvez nunca terá, só você sabe sobre suas escolhas, e isso não me preocupa, pois tenho inteira confiança em você, mas eu não vou afirmar nada, embora ache que "culpa" não seja a palavra correta, mas não vou enganá-lo Harry, você não merece isso, eu também acredito que esse massacre tivesse como objetivo, além de marcar o retorno de Voldmort, que esse massacre tivesse o objetivo de atingi-lo.”
-Acima de tudo Harry eu lhe disse: “Não caia no poço de desespero que ele quer que você afunde”, e eu ainda lhe disse “Sei que está pronto pra enfrentar as provas mais cruéis que lhe serão impostas agora, sei que é capaz de sacrificar as coisas certas.”, só que eu nunca imaginei até que ponto você chegaria... eu esperei ansiosamente o ano inteiro o momento em que você falaria para seus amigos o que era a profecia...
Harry enrugou a testa, nunca pensara na possibilidade de contar...
-Esperei Harry, porque mesmo pra mim foi impossível não revelar esse segredo... então a cada coisa que lhe abatia, eu pensava que você contaria... e foram muitas nesse ano, mais do que poderíamos prever ou imaginar... certas coisas aconteceram de modo tão surpreendente que não pude fazer o que sempre me propus a fazer...
-Como?
-Sempre achei que poderia evitar que você tomasse decisões que iriam lhe ferir demais, por isso eu nunca lhe revelei a profecia, ano passado eu me forcei a faze-lo, porque era hora, então você saiu, você deixou essa sala para fazer as coisas que tinha que fazer, isso eu sabia... eu sabia que você mudaria... só não imaginava que teria sido tão profundamente.
-Eu... não sou mais o mesmo.
-Não, não é... você está mais velho, você tomou decisões, você aprendeu e lutou, você mudou o rumo dessa guerra Harry, você se sacrificou.- Dumbledore abaixou a cabeça.- Por um segundo eu havia ficado aliviado ao ver que Voldmort havia desistido de mata-lo... que ele tinha planos maiores, que ele havia voltado a se infiltrar no ministério.
Harry o olhou com espanto, Dumbledore parecia reavaliar um ano especialmente difícil.
-Então eu admito que o deixei sozinho Harry, admito que substimei o fardo que você começou a carregar... admito que esqueci que você tem apenas dezesseis anos, porque eu havia visto uma calma e coragem sem precedentes quando você acordou aquele dia no apartamento de Graveheart... mas agora, bem... agora sabemos que tudo isso muda... Voldmort não terá mais interesse em mantê-lo vivo Harry... esse passo que você deu afetará todos nós.
Harry abaixou a cabeça, desconsolado, queria sumir... ir embora, porque tinha que ter fraquejado? Porque não resistira mais?
-E eu não posso imaginar uma única pessoa que o censure, depois de saber o que aconteceu... porque eu vi em seus olhos na noite em que fugiu de Voldmort... aquela noite terrível, eu vi em seus olhos que você estava sacrificando demais, que você tinha passado dos limites... Harry... você não precisava ter ido tão longe... então eu mesmo contei a Lupin... achei que você conversaria com ele. - Dumbledore deu um profundo suspiro.- E então fomos forçados a recorrer a seu dom... nesse tempo Harry muito aconteceu fora de Hogwarts... mas você não pode perceber... seria até pior se percebesse, e ficamos muito mais abalados com o avanço de Voldmort, que sem dúvida encontrara aliados poderosos... sim, o que você viu nos ajudou muito... mas também custou muito caro... Morgan mesmo nos alertou de que isso era muito perigoso para você... o que confirmamos mais tarde... foi Beliscão que me sugeriu o que estava acontecendo com você...
-Beliscão?
-Grifin... ele me disse que você conseguia vê-lo... na verdade...
Harry sorriu... do fundo da memória puxou uma frase do seu primeiro ano em Hogwarts
-Pateta, Chorão, Destabocado e Beliscão...
Dumbledore o olhou...sorriu também...
-Eu os chamava assim na sua idade... eram meus amigos em Hogwarts...
Harry poderia rir, somente Dumbledore daria aquele tipo de apelido aos guardiões de Hogwarts...
-Mas Ubaf apareceu para Hermione...
-Sim... porque eles podem se alimentar novamente...
-Alimentar?
Dumbledore concordou, então falou pensativamente.
-Um guardião se alimenta da magia do lugar que guarda... eu devo dizer no entanto que eles mudaram muito, e eu nunca os tinha visto totalmente, então Grifin me alertou de que a magia a nossa volta está mais forte...
-Como assim? Não entendo...
Dumbledore sorriu.
-Isso não importa... importa? Apenas é bom sabermos que os guardiões de Hogwarts estão fortes o suficiente para defender a escola, isso nos alivia...- disse Dumbledore preocupado.- Pelo menos me aliviou quando tive que olhar para fora, mais do que para dentro...
-Acho que tem algo comigo não? A história do Fudge...
-Dawlish e Willamson são bons aurores, mas estavam sobre o controle de Voldmort, havia muito mais no ministério, houve uma bela campanha para tirar você das graças de certas pessoas, tentando se aproveitar da perseguição do ano passado, das calúnias que lhe foram feitas... mas isso ficou dentro do ministério... menos mal.
Harry suspirou, olhou pela janela, Dumbledore também...
-Voldmort se aproveitou da confusão do casamento para roubar os manuscritos de sua mãe sobre o véu... iria colocar a culpa em você... mas você apareceu... novamente.
-O que ele quer com o véu?- Esse assunto lhe lembrava dolorosamente a perda de Sirius.
-Só podemos especular... imortalidade... conhecimento... poder... só isso move Voldmort.
Harry e Dumbledore ficaram em silêncio por muito tempo e toda a dor de Harry foi se esvaindo, por que ele não tinha mais o que esconder, mas ainda ficava algumas coisas para decidir.
-Você acha que deve esconder por mais tempo?- perguntou Dumbledore.
-Eles ouviram Voldmort falar sobre a profecia... não vou... não vou mentir mais...- disse olhando as cicatrizes na mão “não devo contar mentiras...” – acho que talvez, eles aceitem bem...
Dumbledore deu um sorriso fraco.
-Eles são seus amigos e agora mais do que nunca, amizades e alianças serão importantes... esse é um caminho que você não deve fazer sozinho... não mais.
Harry se levantou, olhou a janela, era quase hora do almoço, se surpreendeu por estar com fome... sorriu, tinha sobrevivido não é mesmo? Morgan estava viva... Só tinha que falar com eles e tudo se resolveria, de uma forma ou de outra.
-Harry?
Ele olhou o diretor.
-Seus amigos devem estar no jardim agora... esperando o almoço.
-Acho que eles vão perder a fome hoje... mas só por hoje.
Dumbledore sorriu e tirou um calhamaço da gaveta dando um suspiro fundo que fez Fawkes voltar ao puleiro, Harry ergueu as sombracelhas.
-Notas... currículos... vamos precisar de mais um professor de defesa... já que Morgan não se restabelecerá a tempo...
Harry sorriu, Dumbledore também:
-Se você não parar de acerta-los terei que obriga-lo a substituí-los...
-Não... não... eu já sou presidente da AD... e tenho que tirar os Niem´s ano que vem...- disse da porta.
-Harry?
-Sim?- se virou de novo.
-Espero que você tenha entendido tudo que conversamos aqui...
Harry sorriu maldosamente.
-Se eu não tivesse entendido, o senhor ia saber.
Dumbledore deu uma risada aliviada e Harry também fechando a porta.
Saiu pela gárgula admirando o reflexo do sol que entrava pelas janelas...
“Amanhã tem sol! Pra você também...”
Eu tenho que agradecer a Luna... ela vê coisas que ninguém vê, pensou ele descendo em direção aos jardins, pronto para a missão mais difícil de sua vida.
O sol banhava Hogwarts, havia gente correndo e pulando no lago onde a Lula era acompanhada de nadadores mais corajosos, Harry parou um segundo para sentir o sol em seu rosto, como se pudesse ser aquecido novamente, então escutou um berro, abriu os olhos em tempo de ver Gina e Hermione se jogarem em cima dele, abraçando-o forte... se sentiu muito bem, alegre, vivo, confortado.
-Até que enfim!!! Você não voltava nunca!!!- berrou Gina.
Hermione apenas soluçava abraçada nele, Harry riu.
-Mione... eu quero me levantar...
Ela o olhou, se afastou, então os olhos dela pareceram perder o brilho ela se afastou mais. Ele abraçou Rony também, e disse para irem com ele, perto daquela árvore que ele gostava, mais longe do tumulto, agora era definitivo, iria contar...
Harry deitou na grama sob a sombra da árvore, Rony pegou um graveto e sentou do lado dele cotucando um formigueiro seco... Gina sentou mais perto da água do lago, pés batendo de leve borrifando água, Hermione se sentou ao lado de Rony, olhando o lago pensativamente.
-Vocês não tem nada pra me perguntar?
Rony e Hermione o olharam... então Gina disse séria.
-Rony disse que o Voldmort te perguntou da profecia.
Harry sorriu para Gina, ela não sabia... estava desacordada na hora, mas ela estivera no ministério.
-Acho que agora eu vou ter que contar... pra vocês... o que aconteceu de verdade no ano passado... - só então ele percebeu a quanto tempo estava carregando aquilo sozinho...- Lá no ministério...
Gina se virou para ele... Hermione chegou mais perto, Harry sentou olhando para o céu azul e começou a falar, bem devagar.
-Acho que é melhor começar pelo que aconteceu logo que vocês ficaram fora de ação... quando eu e Neville estávamos enrascados, - ele então olhou para Hermione, ela que sempre quisera saber pela boca dele .- quando a Ordem chegou e quando Sirius passou pelo Véu... nós dissemos a vocês que a profecia havia se quebrado... não?
E ele contou tudo, devagar, contou sobre sua conversa com Dumbledore, falou do que havia acontecido, então falou da profecia, viu os olhos de Rony se perderem no lago e Hermione por as mãos na cabeça... sentiu Gina o abraçar devagar, mas não vacilou, contou então o que defendia em cada sonho com Voldmort, contou cada coisa que passara, cada dor que sentira, e isso o curou, era como se não doesse mais do que doía ao ver os olhos dos amigos assustados, então contou sobre o que aconteceu no ministério sobre o que Voldmort fizera com o Véu... parou ao falar de Morgan... se virou devagar ao escutar os soluços de Hermione que chorava balançando a cabeça.
-Mione?- chamou.
Ela o olhou assustada, se colocou da pé num salto e saiu correndo aos prantos... Harry fechou os olhos, sabia que ela ia reagir assim, Rony o olhou e falou:
-Vou atrás dela... esperem aqui.
Gina limpou os olhos e ficou olhando para o lago:
-Agora eu entendo... muita coisa...
Harry suspirou, perguntou sério.
-Como a Mione reagiu depois que... que...
-Que a memória dela voltou? Ficou desesperada... com raiva é claro... mas muito preocupada...
Harry voltou a deitar olhando o céu.
-Isso foi a coisa mais idiota que eu fiz... tenho que falar com ela...
-Melhor não...- disse Gina.- Espere... ela tá se sentindo culpada.
Harry se sentou e olhou surpreso para Gina:
-Como assim culpada?
-Por tudo que aconteceu... ah, Harry... aconteceu tanta coisa entre vocês dois, de certa forma... e não deu nada certo... ela tá se culpando...
-Pelo quê?
-Um pouco por tudo... e sabe...- Gina o olhou triste.- Eu tenho que pedir desculpas também... por forçar as coisas...
-Ah... tá... mas por mim vocês não fizeram nada demais...
-Claro Harry, nada demais.- disse Gina olhando o lago.- só estávamos pressionando você o tempo todo...
-E eu pedi para pararem?
-O pior é que pediu não é... você pediu e a gente não parou... a gente sabia que tinha algo errado e não parou...- Gina começou a chorar.- desculpa Harry... a gente não sabia...
-Eu sei... fui eu que não contei...
Ela limpou os olhos teimosamente.
-Vamos entrar... procurar aqueles dois...- disse ele se levantando.
“Amanhã tem sol! Pra você também...”
Infelizmente Hermione sumiu o resto do dia deixando-o muito preocupado, lá pelo meio da tarde ele saiu para procura-la... foi até a biblioteca, a sala da AD, a sala precisa e nada, estava indo em direção ao corujal... ”que melhor lugar escolheria uma animaga para se esconder?” quando ao virar um corredor trombou com alguém e quase foi jogado longe, olhou para frente.
-Nosso dia de sorte...
-Malfoy... estou ocupado, sai da frente!- disse irritado.
-Modos Potter!- disse o Loiro.- Respeite o monitor.
-Vá se catar Draco!
Crabbe e Goyle estalaram as juntas, Harry sorriu, encontrou resposta nos olhos de Draco, uma encenação?... não... passatempo preferido mesmo.
Os dois idiotas caíram estuporados rapidamente, mas Draco acertou Harry com uma azaração e ele acabou caindo pra trás.
-Sua mira melhorou...- disse cinicamente se levantando.
-Você acha?- Perguntou Malfoy arrogante.
-Mas como seu professor devo lhe dar umas dicas...
Malfoy caiu mais longe, antes de ver o que o antingia...
-Potter!!!- ele se levantou furioso.
-Pára de reclamar... disse Harry passando por ele.- Você me pegou de bom humor...
-O que quer dizer?- perguntou Draco se virando para ele.
-Que estou esperando o que você vai fazer no expresso...- disse sem se virar.
Apenas escutou um “espere e verá” enquanto dobrava o corredor... na verdade, sendo meio que amistoso, mal podia esperar para pegar o Malfoy desprevenido... isso sim seria divertido... e como precisava de diversão...
O corujal estava quase vazio e Edwiges é que pousou no seu ombro, ele ficou muito tempo ali acariciando a coruja, essa sim uma amiga quase esquecida... olhando pela janela viu um trestálio... se inclinou um pouco mais e viu a cabana de Hagrid... tudo aquilo era bom , era dele e ninguém ia tirar... Edwiges desceu com ele para a sala comunal,muita gente ia para o salão para o jantar e o olhavam no caminho, mas ele não se importava... estava em paz... a coruja quieta no ombro gostando do passeio, ele entrou na sala comunal e sentou olhando os gêmeos... falando um mais alto do que o outro que tinham feito a proeza de tirar os TRÊS Niem's...
Ainda estava rindo quando os quatro apareceram, Harry viu na expressão de espanto de Neville que eles tinham contado para ele, isso porque Harry nem tinha mencionado a parte que cabia a Neville na profecia, mas isso não o incomodou, o pior foi ver Hermione tremer e subir correndo sob o olhar desaprovador de Gina... mas uma coisa Harry aprendera... ter paciência.
Mas não conseguiu dormir “novidade” pensou, talvez porque tivesse ficado de cama por dias seguidos, ele se recusava a ficar mais tempo ainda deitado, desceu devagar para a sala comunal, e avistou-a ali, perdida em frente a janela olhando para fora...
Claro que era a oportunidade que estava esperando, mas o que podia fazer... que não a magoasse mais?
Ele foi andando devagar, olhando a figura de roupão em frente a janela, o reflexo da luz noturna e da lareira realçava os cabelos dela, sempre gostara daqueles cabelos...
Hermione não percebeu sua presença até ele ficar ao lado dela, ele não disse nada, não fez nada, além de colocar a mão no vidro... coração dando pulos no peito, se quiser falar... fale... eu não quero forçar nada... ele ainda olhava para fora, mas sabia que ela o olhava... por um segundo pensou que ela ia se virar e ir correndo de volta ao dormitório, mas não.. Hermione devagar colocou a mão dela encima da dele dobrando os dedos de leve segurando sua mão... ele tremeu, fechou a mão de leve segurando a dela delicadamente, sorriu, olhou-a... ela olhou para fora e sorriu triste, quando ele puxou a mão dela devagar, ela soltou um soluço dolorido e saiu correndo, deixando-o atordoado... Harry encostou a testa na janela fria...
-Isso é uma maldição... só pode ser... eu sempre as faço chorar...
Ficou a madrugada inteira olhando para fora, só foi deitar quando ouviu os primeiros barulhos nos dormitórios e dormiu até tarde.
Era o último dia de Hogwarts... o fim de outro ano... ele ainda partilhou com Rony a arrumação dos malões e o amigo achou em meio aos pertences umas bombas de bosta... coisas novas dos gêmeos... os dois se olharam com sorrisos maldosos... mais tarde ele ainda conversou com Marco que veio sorrindo com sua turma do primeiro ano, todos excitados pelo jantar de encerramento e a entrega da taça das casas... Harry até tinha esquecido daquilo... na verdade a ficha caiu bem depois pois seu olhar cruzou com o de Hermione que olhava ele e os garotos do primeiro ano com uma expressão estranha, mas ainda sem coragem de falar com ele, que seguia o conselho de Gina... e quando o jantar se aproximou ele só pensou em aproveitar, até porque seria uma festa em tanto...
Obviamente o jantar foi calmo em meio as cores da Grifinória, claro que as vitórias no quadribol garantiram uma boa diferença na liderança, já quase no fim da festa meia duzia de bombas de bosta estouraram por baixo da mesa da Sonserina... Harry e Rony trocaram apertos de mão sob o olhar admirado dos gêmeos e reprovador de Hermione.
-Isso é que é encerramento!- disse Rony olhando os Sonserinos saírem correndo com as vestes sujas sob os risos do resto das casas...
E ele se deu ao luxo de subir e dormir calmamente, até porque sabia que ia se internar num estupor irritante na casa dos Dursleys durante as férias...
Quando se sentaram no expresso de Hogwarts, Harry percebeu uma movimentação e então como muitos olhou pela janela para fora, o trem já começava a andar quando viu:
-Ei manero!- disse Jorge.
-Onde ele arranjou isso?- falou Gina.
Hagrid estava parado ao lado de uma enorme moto preta, ele acenou dela para Harry e falou apenas movendo as mãos, "É sua. Pro ano que vem..."
-Ei! Ele tá dizendo que é sua?- falou Rony.
-Tá sim...- disse Harry com um sorriso.- Ela era de Sirius...- acenou da janela.
Mas Hagrid e a moto estavam ficando menores, desapareciam no horizonte...
Mas a cabine logo esvaziou, pois os gêmeos saíram... Rony e Hermione também, para cuidar do corredor, logo Gina e Neville deram uma desculpa para sairem, claro, queriam namorar... Harry ficou na cabine cuidando de Bichento que se esparramara em seu colo.
Então foi pego quase desprevinido, "quase", Bichento pulou em Goyle que saiu berrando por meio expresso com o bicho grudado nas costas, quase matando todo o expresso de rir, Crabbe nem teve chance, Draco ficou só olhando... por um segundo Harry teve a certeza que o loiro apenas se divertia com o resultado quando Harry terminou de azará-lo...
Draco puxou o colega desacordado que estava verde e foi saindo.
-Malfoy...- disse Harry.
Draco olhou para trás, Harry estendeu a mão, Malfoy olhou para todos os lados antes de estender a dele, apertaram as mãos.
-Isso não é trégua Potter...
-Não... com certeza não...
Draco deu alguns passos e Harry falou:
-Para sua segurança... para ficar mais realista...
Quando Draco se virou recebeu umas três azarações seguidas... ficando tão verde e peludo quanto Crabbe.
-Por Deus... tira isso do caminho... - disse Gina na porta uns cinco minutos depois.
Harry riu, ela entrou e sentou bufando.
-O que foi?
-Neville...- ela cruzou os braços.
-Vocês não brigaram... brigaram?
-Não... ele brigou com o Simas, na verdade deve tá embolado com ele ainda...
-Mas porquê?- disse Harry sem entender...
-Porque o Simas deu em cima de mim... na frente dele... de novo.
Harry começou a rir...
-Não ria...- ela disse chateada.
-Neville quem diria...
-Vocês são todos babacas ciumentos...- ela disse irritada.
-Ah... tá...- disse ele ainda rindo.
-Ah, é esqueci que você não sofre desse mal...
Harry parou de rir na hora.
-Ah...desculpa Harry...
-Pelo quê?- ele perguntou sério.
-Pela Mione...
-Ah... eu desisto.- ele olhou para a porta.- Você sabe o real motivo para estar me evitando?
Gina balançou a cabeça.
-Não sei não, Harry... eu não estou entendendo também...
Harry a olhou, não aguentou, perguntou o que o estava incomodando a muito tempo:
-Ela não quer me falar do Krum é isso?- ele falou olhando para a garota.
Gina o olhou:
-Como você sabe do que aconteceu com o Krum?- ela disse surpresa.
Ele franziu a testa, disse irritado:
-Eu vi os dois se beijando no casamento... eles estão juntos não estão?
Gina abriu um sorriso enorme.
-Você tá com ciúme!!! Deixa ela saber!!!
-Gina é sério... eles estão juntos?- disse preocupado.
-Nunquinha!!! Ela estuporou ele de raiva!- Gina ria.
-Como?- Harry estranhou.
-Ele tentou, na verdade deu, um beijo meio a força nela, e eles brigaram... aí ele falou de você... mal... e ela estuporou ele... ficou morrendo de medo que tivesse acontecido algo com ele, mas não, ele se recuperou...- Gina ainda ria olhando a expressão de Harry.
-Você quer dizer que eles não estão juntos?
-Não!- Gina sorriu.
E Harry se sentiu um tantinho mais feliz... agora só precisava tomar coragem de pedir perdão... de fazer Hermione o olhar de novo.
E embora ela ainda não o olhasse direito quando voltou, ele não se importou pois havia uma semente de esperança e era o que importava... ele adorou a cara dos gêmeos quando apontaram para Crabbe e Malfoy caídos e ainda estavam rindo quando desceram do expresso... ele passou sorridente junto com Rony pela barreira.
E estavam lá como ele imaginou que estariam e abriram sorrisos ao vê-lo bem, Remo, Thonks, Os Weasleys... e Moody.
-Você está bem querido?- perguntou Molly.
-Estou sim...- ele sorriu.
Lupin e Thonks o abraçaram, e foi meio esquisito , eles pareciam muito felizes em sorrir para ele, então Harry reparou que os dois estavam de mãos dadas mas não comentou nada, o tio Válter apareceu mais atrás, tào vermelho quanto possível.
-Vamos...
Harry se despediu, e o seguiu.
-Não esqueça rapaz! Notícias a cada três dias... ou vamos aparecer lá. disse Moody.
Harry fez um positivo com a mão e Válter saiu empurrando o carrinho de bagagens dele ocupado e sair o mais rápido possível da companhia deles.
Amanhã tem sol... Pra todos nós...
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