-Dores-
-Dores-
Sua pegada deu uma incrível aquecida na disputa de quadribol, muitas pessoas estavam apostando entre ele e Draco, que fizera uma boa pegada também contra Corvinal, e agora faltava uma partida Sonserina versus Lufa-Lufa, para definir a final, embora eles estivessem bem a frente na pontuação...
Ele estava muito atrasado nos deveres por causa do que andava procurando recentemente na biblioteca, estavam nas costumeiras poltronas, Hermione o observando:
-Você não fez uma cópia do Grimório de seu pai fez?
-É a terceira vez que eu digo que não.
Ela o olhava, analisando-o, ele tirou os olhos do livro, a olhou por cima dos óculos.
-Hermione, pergunta o que quer logo, estou muito atrasado em história...
Ela arregalou os olhos para ele:
-Isso não é um livro de História!
-Não... é uma capivara...
Rony soltou um som engasgado de riso.
-Isso é um livro de feitiços, eu quero terminar isso antes de começar com História se você deixar...
Ela fechou a cara, bateu o livrão que estava lendo e saiu dali...
-Acho que magoei ela...-disse surpreso.
-Até parece que não é sempre assim.-disse Rony ficando de pé.
-Aonde você vai?
-Andar um pouco...
Deu de ombros, são adultos que se entendam... eu desisto. Fechou o livro de feitiços catou o de história. Mas estava preocupado, Mione o observava a dias, provavelmente querendo conversar... ele tinha medo do assunto...
Finalmente aulas de transfiguração iam pra direções mais ousadas:
-Hoje iremos começar a usar feitiços de transformação de características animais...
Hermione prestava atenção febrilmente, mas Rony estava bem disperso...
...Mamíferos, deles para aves, aí sim répteis para anfíbios...
Rony estava olhando para as carteiras a frente...
... então invertebrados.
Vinha fazendo isso constantemente na aula de transfiguração...
Vamos tentar com mamíferos...
desde que voltaram...
...felinos...
Harry espichou o pescoço, olhou do amigo, e traçando uma linha imaginária chegou até...
-Posso tentar Harry?- disse Mione se virando para ele.
-Hã? ele fixou os olhos nela.
Ela estreitou os olhos.
-Você estava dormindo?-sibilou baixo.
-Não exatamente...
Ela apontou-lhe a varinha:
-"Guelies"
Algo coçou no seu rosto, quando ele foi coçar percebeu, olhou a amiga que sorria:
-Maravilha Mione, você me deu bigodes de gato?
-Ficou legal.
-Será que fica legal em você?-apontou a varinha para ela.
Ela desfez o feitiço rapidinho, o que foi sorte, pois ele não tinha a menor idéia de como fazer ...
Foi no jantar que recebeu a notícia, Rony é que lhe passou o bilhete.
-Penúltima detenção...
-Ah! eu tinha esquecido disso...
As anteriores, detenções escolhidas por Snape (limpeza das salas e destripamento de iguanas...) e a de McGonagall ( limpeza do corujal, Edwiges ficou o tempo todo na sua cabeça... Ana o esperou o tempo todo também...)foram simples, essa era escolhida pelo diretor... Harry não se preocupou muito, estava olhando novamente para a ponta da mesa, para Marco... parente dos Dursleys... passou para as garotas, Mione e Gina, cabeças muito juntas outra coisa que vinha acontecendo bastante...
Mais tarde ele se esticou na poltrona, cansado, finalmente terminando a lição de herbologia... só então percebeu que os amigos estavam se demorando cada vez mais, como andara ocupado pensando na vida, no que Morgan lhe falara, procurando informações sobre seu dom... ele não tinha percebido que seus amigos estavam meio sumidos... foi uma sensação estranha de irresponsabilidade que surgiu em sua consciência, com a pontada de que pudesse estar sendo excluído de alguma coisa... um barulhinho na vidraça chamou sua atenção, era uma coruja, uma pequena coruja buraqueira, ele abriu a janela e ela voou para a poltrona e estendeu-lhe a perna.
pegou o envelope, a coruja saiu, ele fechou a janela, voltou a sentar.
Sr H. Potter (em mãos.)
sala comunal da Grifinória,
poltrona em frente a lareira.
Hogwarts.
mas foi quando virou e leu o remetente é que se surpreendeu.
Sr Alekssander Evans.-Evans...
Abriu o envelope, porque o pai de Marco o escreveria?
SR H. POTTER...
Ficamos chocados quando soubemos da verdade, quando descobrimos que nosso filho é um bruxo... quando vieram nos visitar, no meio das férias de verão, quando nos preparávamos para mandar Marco para um bom colégio, dois bruxos para que entendêssemos o que estava acontecendo, levamos um enorme choque, maior ainda quando soubemos que você era um bruxo.
Inicialmente pensamos no que sabíamos, sinto dizer, mas não desejávamos para nosso filho a sua fama... desculpe-me a sinceridade, mas como todos dizem que você é um delinqüente perigoso, e seus Tios confirmam, nós nos negamos inicialmente que Marco se tornasse um bruxo.
Mas os enviados para nos informar sobre o que era ser bruxo, e como era o colégio nos falaram sobre sua história, sobre seu problema com seus tios... mas também falaram da situação atual, do perigo representado por um único bruxo poderoso, disseram que Marco ficará seguro na escola, mas temos medo, depois no Natal ele contou toda sua fascinante história, de quem você é aí, e falou que você o ajudou, duas vezes...
Agora ele disse que você se mostrou interessado na nossa família, sentimos muito, mas seremos absolutamente sinceros.
Eu Alekssander Evans sou primo em segundo grau de Petúnia e Lílian Evans... mas nossa família nunca foi unida, como você deve ter percebido. Nossos Pais eram primos, mas romperam, brigaram, nunca mais nos falamos.
Isso quer dizer que você e Marco são primos em terceiro grau... acho que isso deve responder suas perguntas.
Agora seremos firmes em pedir que você se afaste de Marco, primeiramente por sua fama aqui no bairro, não estamos convencidos de seu caráter, principalmente quando ficamos sabendo nas coisas perigosas que você faz, não queremos que Marco se arrisque, então repetimos, se afaste de Marco, pois se ele começar a se arriscar, iremos retirá-lo dessa escola.
Creio que fomos sinceros e expusemos nossas razões, apelo para que compreenda.
Sinceramente
Alekssander e Miliene Evans.
Sentiu um súbito tremor, eram mesmo! Eram parentes! Ele sabia! Mas eles não estavam convencidos de seu caráter... por que ele tinha fama de delinqüente... por que fazia coisas perigosas... que família linda ele tinha, pensou com amargura, mais um segredo então? Se afaste do Marco...
Que achavam que ele ia fazer? levar Marco em um passeio para conhecer dementadores? que ia dar um basilisco pra ele de presente? Ou convidá-lo para bater um papinho com Voldmort no chá? dobrou a carta com raiva, meteu no envelope e colocou na capa do livro de história... porque nunca disseram que ele tinha outros parentes?
-Ninguém nunca me diz nada...
Olhou com amargura para as duas que entravam pelo retrato, juntas confabulando, o que essas duas andavam aprontando? Elas ergueram os olhos e pararam, Gina sorriu e foi falar com Neville que cabeceava de sono em cima das lições espalhadas na mesa, Hermione meio que corou, e se sentou devagar, olhar procurando por Bichento.
-Onde estavam?
-Por que tenho que lhe dar satisfações?-cortou sem olha-lo.
Ficou mudo, realmente, ela não lhe devia nada, desviou o olhar para a lareira, para a janela, guardou as coisas na mochila.
-Desculpe, fiquei curioso. Vou dormir. Noite.
-Calma.- ela segurou-o pela mão.- Não fique irritado.
-Não fiquei... só estou com sono.
Mas ela não largou sua mão, pareceu que ia falar algo, Rony entrou, olhou-os, Harry voltou a perguntar, sentindo a amiga soltar sua mão.
-Onde esteve?
-Andando.- disse mal humorado.- Boa noite.
Passou reto e subiu. Hermione o acompanhou com os olhos, Harry deixou a mochila cair de volta na poltrona, antes que a amiga falasse qualquer coisa ele saiu, foi ele que passou para fora...
-Isso me dá nos nervos... esses dois estão me irritando.- disse andando devagar.
Andou o suficiente para se meter em uma bela encrenca se fosse pego, já tinha passado muito da hora de recolher, quando deu meia volta, sem saber o motivo de ter ficado tão incomodado...sei sim, é porque me sinto sozinho, porque os vejo brigados, porque não sei o que fazer... sentiu o perfume...
-Olá Grifin...- disse sem se virar.
“Olá Mago”
Descobrira os nomes dos quatro por acaso num livro sobre criaturas fantásticas, Ubaf, Iran, Serin e Grifin..., a criatura com aspecto de Leão alado, com olhos dourados sentou-se no corredor a suas costas, quando Harry se virou viu que ao lado estava outro, com olhos negros, que lembrava um urso com asas de inseto...
-Ubaf?
O animal confirmou com a cabeça.
-Porquê vocês me seguem?
“Nunca seguimos o senhor...” respondeu o urso com uma voz vagamente feminina.
Ele percebeu que Ubaf cheirava a terra fresca, molhada pela chuva.
-Mas...
“Estamos sempre pelos corredores...” confirmou Grifin.
-Ah... mas porque os outros não os vêem?
“Porque mantém os olhos fechados...” disse Ubaf se levantando.
-Onde vai?
“Ver os corredores... adeus Mago”.
-Porque vocês me chamam de mago?
Grifin agitou a cauda leonina, quase como um riso, se levantou também.
“Porque atenderemos o seu chamado... deve ir deitar senhor... Boa noite Mago”
E sumiram ao dobrar o corredor, Harry os seguiu, mas eles haviam sumido.
-Não me seguem, o ...- disse olhando em volta.
Escutou barulho vindo dos lados da sala de Duelos, se aproximou devagar, -Devia ter trazido a capa...
Alguém duelava, escutava os murmúrios e as luzes dos feitiços... abriu uma fresta pela porta, escondido na escuridão do corredor, a luz fraca de tochas iluminava pouco...havia duas pessoas no bloco...
“Naji”
“Beron”
“Protego”
As vezes não havia som algum, só as luzes, então viu as costas de um dos duelistas, reconheceu na hora, como não reconheceria, a altura, e principalmente os cabelos compridos e oleosos, era o Snape.
Acima de tudo, quem mais fosse naquele duelo, era muito bom, não que Snape não o fosse, era muito competente, mas o outro era duas vezes mais veloz.
-Opa! Muito rápido?
-Imagina...
Morgan? Ela e Snape duelando? Não era perigoso se isso acontecesse com os dois sozinhos? Eles pareciam muito aquecidos, rápidos, ágeis, Morgan tinha uma pequena vantagem, mas Snape usava uma magia mais potente, deviam estar duelando a um bom tempo...
-Guarda aberta Morgan?
-Não querido.
O feitiço de Morgan iluminou a sala, e ele viu, pensou ter imaginado, não podia, podia?
Morgan tinha olhos atentos, deliciados, concentrados, e um enorme sorriso no rosto... Snape a olhava nos olhos, sorrindo também.
Os dois estavam sorrindo.
-Você sempre tem o flanco descoberto Severo.
-Mas você subestima o adversário...
-Hahaha...
A varinha de Snape voou, ele olhou para ela constrangido, mas ainda sorrindo.
-Bom e velho expeliarmus... você não consegue não?
Ele baixou os braços, o sorriso sumiu.
-Ah... Severo...-ela se aproximou.
Ele entendeu, Harry entendeu, o que a fez ir embora, viver em trevas, ela quase o matou... não?
Ela o abraçou, ele fechou os olhos, Snape pareceu fazer um esforço imenso para abraça-la também.
-Você não devia ter voltado... -ele disse amargamente.
Ela o olhou, ele não tinha aberto os olhos, apenas a abraçara, um abraço doloroso...
”Eu estive mergulhada em trevas por tempo demais para compreender que sempre há um motivo para lutar, você me abriu os olhos, eu lhe devo minha alma...”
Era disso que ela falava, ela queria lutar por ele...
-Severo...
Ele abriu os olhos, negro no violeta...
Harry fechou a porta quando os dois se beijaram...
-Ana, você era vidente... -sussurrou indo devagar para a torre.
Mas quando pôs a cabeça no travesseiro teve a certeza que Morgan sofria de um incrível mal gosto.
-E teve a cara de pau de beijar!
De manhã estava em dúvida se contava ou não para os amigos, seria muito difícil trair o segredinho daqueles dois, mas ele não conseguia se segurar, achava que Rony e Hermione mereciam saber de primeira mão, imaginava a decepção de Rony “sem iguana saltitante?”, ou a cara de Hermione “ não pode ser sério...”, mas ambos os amigos o deixaram na mão, quando reparou Rony não estava no dormitório.
-Fominha.-disse descendo.
Parvati quase trombou com ele, derrubou uns mapas astrais, ele ajudou a juntar.
-Obrigada, Harry...-ela sorriu.
-A Hermione ainda está lá em cima?
Parvati o mediu de cima abaixo.
-Não, saiu faz tempo com a Gina. –disse lhe virando as costas rapidamente.
-Mas... –ele ficou confuso com a súbita mudança de humor dela.
Ainda tinha gente que o olhava torto quando falava com Hermione, ali na Grifinória havia uma grande torcida por Rony, ninguém imaginava que Harry torcia por eles também... ficou ainda mais irritado, entrou no salão e viu a cadeira vaga, Rony falava de boca cheia com Simas, Mione falava com Gina.
-Valeu por me esperarem!-disse grosseiramente.
-Você não pediu que lhe esperássemos.-disse Gina.
-Não mesmo, vou me lembrar disso.-disse se servindo.
-Mau humor...- sussurrou Simas.
-Na verdade não estava até cinco minutos atrás.- disse sem olhar para o outro.
Simas parou de comer e o olhou surpreso.
“Mau humor... pensou amargo... eu espero vocês dois!!! Agora esses dois mal falam comigo!!! Qualé?”
Saiu tão mudo quanto entrou, depois de beliscar a comida.
Era uma aula bem complicada, e ele estaria mais concentrado se não fossem os cotucões de Hermione...
-O que foi?-perguntou ela.
-Que foi o quê?- rosnou sem olhá-la.
-Que você tá todo irritado... sinceramente, esse seu mau-humor...
-Silencio...-ele sussurrou.
A menina arregalou os olhos, pôs a mão na garganta, Harry sentiu a varinha de Rony nas costas:
-Desfaça...
-Tem certeza que quer que ela continue falando?- ele disse olhando o amigo.
A pressão da varinha aumentou.
-Tá bem... tá bem...
-SEU GROSSO!
Parte da sala virou pra trás, ele revirou os olhos e disse entre os dentes:
-Satisfeito?
Os três ganharam detenções por perturbarem a aula de feitiços, o que era uma coisa muito fora do natural vindo do prof Flitwick...
Isso encavalou duas detenções, elevado seu ataque de mau humor ao grau máximo, ele mal deixou a mochila em cima da cama e desceu para a detenção do prof Flitwick, junto com Rony e Hermione, seria das oito ás nove, mas então o prof adiantou, por causa de sua detenção, das sete ás oito eles tiveram que arrumar as duas dúzias de estantes com material de aula, separando-o, sem usar magia... eram oito estantes para cada um, Harry estava na sua terceira estante em menos de quinze minutos quando escutou:
-É... valeu Harry, por fazer os dois monitores passarem esse vexame... - falou Rony.
-Ah! Não me enche o saco Rony! Eu avisei que ela ia chamar a atenção!
-Eu ia chamar a atenção!- guinchou Hermione.- Seu...
-GROSSO? Tá já entendi Mione!
-Ás vezes não te entendo cara...-disse Rony aparecendo
-Sério?- retorquiu.
-Você é tão sensível Harry... -falou Hermione.
Ele arremedou a menina com uma careta para Rony que riu...
-Vocês dois...
-O que tem nós dois?- ela apareceu ao lado de Rony.
Ele os olhou, lado a lado, e disse sério, voltando a arrumar a estante:
-Engraçado, a três dias você não falam direito comigo, então quando eu não quero falar, vocês ficam zangados...
-Não é bem assim...-começou Rony.
-É sim, sim.
-Não é não!-disse Mione.
-Vocês vão atrasar a parte de vocês.
Hermione se virou pisando duro, Rony deu de ombros, quando saíram ele encostou a testa na prateleira, "na verdade você queria falar, sua anta!".
Com efeito, os dois atrasaram a parte deles, quando Flitwick retornou ás oito horas, dispensou Harry porque ele já estava arrumando a nona prateleira, ele teve que correr, encontrou os dez Sonserinos junto com Filch, mas ele não falou nada muito ferino, Graveheart estava junto.
-Atrasado Potter.
-Eu estava...
-Na outra detenção.- riu Morgan, junto com os outros alunos.- Tentando bater o seu próprio recorde?
-Não.- ele disse sério.- o do ano passado é imbatível.
Filch fez um muxoxo e eles seguiram os dois, desceram até as masmorras, entraram num grande ambiente úmido, Filch recolheu as varinhas.
-Vocês vão arrumar essa sala, ela vai abrigar dois animais por alguns meses, retirem tudo para a sala da direita.- ela apontou.- Limpem esse chão, espalhem a serragem e montem os cochos...
-Que animais...- começou Pansy
-Não interessa.- cortou Morgan.- Em hipótese alguma abram a porta da sala á esquerda. Está magicamente trancada, mas nem cheguem perto. ENTENDERAM?!!!
-Sim.- disse o coro desanimado.
Morgan e Filch saíram, ele prometendo voltar de hora em hora.
O trabalho foi duro, primeiro porque parte dos Sonserinos fazia corpo mole, Malfoy e Pansy principalmente, quando estavam retirando os objetos da sala, teve que se juntar com Goyle para arrastar uma estante velha, quase que o outro solta ela em seu pé.
-Foi mal...- ele resmungou maliciosamente.
Catou uma vassoura e começou a passar um pano no chão, não que não tivesse outros no grupo que não ajudassem, uns quatro pareciam bem irritados por entrar naquela fria, e estava fazendo o trabalho, mas o grupinho intimo de Malfoy não perdeu a oportunidade, Emília, com uma profunda cara de nojo pegou o pano de chão de sua vassoura e jogou pra ele acertando-o na cabeça.
-Põe no balde pra mim Potter!
Ele retirou o pano da cabeça e falou calmamente:
-Claro, quer que eu coloque mais alguma coisa no balde? Tipo, suas fuças?
Mas teve que sair de fino quando Goyle ficou do lado dela com uma cara de poucos amigos...
Já ia fazer quase duas horas de trabalho, e enquanto jogava palha seca no chão, com bastante palha na cabeça, porque Crabbe o acertara umas duas vezes, "sem querer", com o saco, percebeu que Pansy olhava avidamente para a porta a esquerda, teve um mau pressentimento, estavam no meio do saco quando percebeu que a garota tirou algo do bolso e meteu na fechadura da porta, ele parou e Crabbe lhe jogou palha nas costas, mas ele nem se importou, falou alto:
-O que ela tá fazendo?
Crabbe e Goyle pararam e olharam, um parando de cada lado dele, então a menina abriu um fresto na porta.
-Que idiota.- ele disse.
Goyle o pegou pela gola, um olhar maldoso, mas largou quando escutaram ela bater a porta, todos agora estavam olhando pra ela que se virou completamente branca, Draco que estava sentado no chão olhando um dos veteranos consertar o cocho que tinham derrubado, se ergueu e perguntou:
-Que foi?
Mas ela não respondeu, foi a porta, que estremeceu violentamente, Pansy soltou um gemido de terror, todos olhavam assustados, Draco foi indo em direção a ela que começou a falar:
-São ... Qui... Qui...
Não precisou terminar, o urro identificou imediatamente o que estava atrás da porta, todos pularam para trás de pavor, novo estremecimento da porta, um guincho.
-Sai daí Pansy!- gritou Malfoy.
-Não! Bloqueiem a porta!- disse Harry correndo naquela direção.
Mas Pansy resolveu correr na hora certa, e para o lado certo, porque ela deu uns passos e a porta simplesmente voou, parando no meio da sala, no meio deles, em cima da porta se levantou meio zonzo, A Quimera macho soltando um urro.
Harry teve a certeza que o seu coração parou, ele estava no meio do caminho para chegar a porta, então a porta e a Quimera pararam a poucos centímetros dele.
A cabeça de leão se virou encarando-o e escancarou a boca, ele não esperou pra ver, correu sentindo o calor chamuscar a manga de sua veste. Havia um pandemônio de gritos na sala, todos indo em direção a saída, mas então a ágil fêmea saiu correndo pela porta ao pulos e bloqueou o caminho, cinco ficaram presos na sala, ele, Malfoy, Pansy, Emília e Goyle.
Emília e Goyle correram em direção a outra porta distraindo o macho, Harry viu a fêmea indo em direção a Malfoy e Pansy, acertando a garota com um feitiço estuporante lançado pela cabeça de cabra, ele pegou uma saca e atirou na direção dela que se atrapalhou com a cabeça cheia de palha, mas se virou na sua direção.
-Que idéia burra...- ele gemeu pra si mesmo.
A Quimera começou a andar lentamente balançando as cabeças derrubando a palha enquanto Malfoy branco o olhou, olhou para a garota estuporada e começou a arrastá-la silenciosamente para fora da sala.
Harry deu dois passos para trás escutando o macho ás suas costas arranhar a outra porta atraído pelos gritos de Emília, a fêmea finalmente livre da palha o encarou com suas três cabeças, ele sentiu um desagradável arrepio frio percorrer sua espinha, a fêmea deu um guincho que o fez estremecer, e ele escutou o arranhar na porta a suas costas parar.
"Não deixa de ser irônico, ele pensou em alguns segundos, sobrevivi a Voldmort mas vou virar o jantar de um casal de Quimeras..."
A fêmea deu impulso, ia pular em cima dele, ele só cruzou os braços em frente ao rosto, pedindo pra que não doesse muito e fosse rápido, mas escutou o baque seco,viu um lampejo vermelho, abriu os olhos e viu a fêmea desmontar no chão atordoada como se tivesse batido em algo duro, mas o urro atrás não permitiu que pensasse no assunto, se virou para receber uma patada que abriu três valetas em seu braço direito, foi arremessado e caiu de lado, ofegando de dor, sentou para ver o animal pular como o outro, estendeu o braço assustado:
-NÃO!!!
E viu. pode ver acontecer, o animal se esborrachou contra algo que brilhou a poucos centímetros de sua mão aberta, quando brilhou ele teve certeza do que era, um brilho avermelhado, era um escudo, A Quimera macho desabou, nocauteada pelo próprio peso.
A fêmea se erguera, estava andando em sua direção, o macho começou a se mover, balançando a cabeça atordoado, ele se ergueu o braço doía barbaramente, ardia, ferroava, ele sentiu a dor irradiando, “garras e presas envenenadas...” lembrou-se, deu dois passos para trás quando escutou:
-IMPEDIMENTA!!!
A fêmea estacou, ele olhou a mulher se aproximar branca, encarando-o assustada:
-PETTRIFICUS TOTALIS!!!
O macho voltou a desabar no chão, Morgan o olhou:
-Harry MEU DEUS!!!
-Estou bem Morgan.-ofegou.
Se encararam, ela olhou seu braço.
-Vamos pra ala hospitalar.
-Tem dois presos na sala da esquerda.
-A gente já tirou eles, só daí percebemos que você tinha ficado pra trás...
-Dei azar.
Quando chegaram na ala hospitalar viu Draco ao lado de Pansy, ele o olhou assustado, Harry não conseguia andar direito, se sentia leve e gelado.
-POMFREY!!!-gritou Morgan
Ela apareceu correndo:
-Veneno.- disse ela olhando-o. –espero que não seja tarde... isso vai deixar seqüelas...
Acordou bem, levemente zonzo, olhou em volta, estava escuro, era noite ainda, por algum motivo levantou, estava se sentindo tão bem que poderia correr, saiu andando, passeando, mente livre, sem medo, apenas pelo prazer de andar, ia para o dormitório, talvez os amigos estivessem preocupados com ele, no meio do caminho ele passou por um corredor e da parede surgiu alguém já muito conhecida.
Ela estacou, olhou-o de cima abaixo corando prata.
-Você morreu!-Disse Murta num assomo de felicidade.
Harry franziu a testa, se virou e olhou em um espelho, estava tão transparente e prateado quanto ela.
-Claro que não!- ele respondeu sério.-Você pode me ver?- disse olhando suas mãos transparentes.
-CLARO!!!-Murta sorriu.- Vem!!!
Ela segurou sua mão transparente, ele não sentiu frio, e ela parecia bem sólida, Murta o puxou em direção a parede.
-Vou bater...
-Não vai não!
Ele só tinha visto Murta feliz assim uma vez, quando o espiava no banheiro dos monitores...
Atravessaram a parede, e não uma, mas várias, saíram no jardim.
-A lua está bonita. – ele disse vagamente.
Murta sorriu, era bem bonitinha sorrindo, sentou no gramado.
-Senta!
Lembrou que ela gostava de lhe dar ordens, sentou, olhou o lago, viu um tentáculo da lula ondular a água...
-E aí?-perguntou a Murta chegando mais perto.
-O quê?- ele disse ainda espantado com a serenidade de tudo a sua volta.
-Me conta! Como você morreu!!!-ela disse animada como se pedisse pra ele contar como pegou um Pomo.
-Eu não morri!-disse olhando para ela.
-Morreu sim!- ela parecia extremamente alegre.- Olhe pra você!
Pensou, olhou as mãos prateadas e transparentes, podia, podia ter morrido...
-Envenenado?- expressou o que lhe passou pela cabeça.
-Deve ter sido horrível!-disse ela espantada.- Vai ficar por aqui?
-Não!-se levantou.- Eu não posso ter morrido assim!
Ficou assustado, estava morto? Depois de tudo? Não, não era justo, não queria morrer, não podia...
“O mago não morreu...”
Ele e Murta olharam para trás Grifin estava balançando a cauda.
-Você.-disse Harry mais calmo.
-Morreu sim!-disse Murta novamente.- Olhe pra ele!
“O mago pode ficar assim quando quiser, se quiser...”
-Como assim?
“O mago pode ver...
-GRIFIN!- interrompeu.
“Sim?”
-ME chame de Harry...
“ O Mago Harry...
-Só Harry... por favor...
Era muito estranho... estava sonhando?
“Harry pode ver coisas ao longe, pode estar em lugares longe do corpo...”
Grifin não parecia a vontade em deixar de trata-lo como mago...
-Claro... -disse se acalmando.
“Peço que retorne... Harry.”
-Não... ele vai ficar comigo um pouco...-protestou Murta.
“Ele não deve demorar... ele não pode ficar muito tempo”
-Ele tem razão Murta.- disse lembrando de um longínquo papo com Lupin.- Não posso ficar assim por muito tempo...
Ela pareceu desapontada, começou a choramingar.
-Eu vou visitar você um dia desses Murta. Lá no banheiro.
-Vai?
-Vou.
“Harry... vamos.”
Seguiu Grifin pelas paredes,em direção a ala hospitalar.
-Você mentiu pra mim Grifin...
“Não menti Harry”
-Você está me seguindo.
“Não exatamente”
-Me explique.
A criatura parou e olhou-o, ia falar...
-HARRY!!! ACORDA!!! POR FAVOR!!!
-Quem?-disse olhando em volta.
-RESPONDE, POR FAVOR!!!
Um soluço dolorido, olhos ardidos, não estava lá fora, estava na ala hospitalar, sentindo dor por todo o corpo, o braço queimando, viu Hermione passando um pano molhado em sua testa.
-O que foi?-falou num fiapo de voz.
-Ele está bem.-disse madame Pomfrey parecendo aliviada.
Hermione começou a chorar...
-Você... está bem? Mesmo?
Balançou de leve a cabeça, estava latejando, foi um sonho?
-O que você está fazendo aqui?-disse muito devagar.
-Pirraça...-ela disse.
Ele franziu a testa, mas a cabeça doeu mais.
-Quando finalmente acabamos, o Rony e eu, o Pirraça jogou um dos lustres, que acertou o Rony, ele está dormindo... -acenou para a cama ao lado.- Mas quando cheguei aqui com ele eu soube... Ah...- ela estava muito pálida.- Você parecia morto... frio.
Ela apertou um pouco o pano, ele preferia que não fizesse isso pois sua cabeça doía.
-Seus olhos estavam abertos, vidrados...- ela disse muito baixo.
-Eu estou bem...
Não estava, o braço doeu a noite toda e a cara da madame Pomfrey revelava que a coisa era meio grave, já havia amanhecido quando Rony abriu os olhos e foi informado do que acontecera, Harry percebeu que Rony tinha um galo no meio da testa, Hermione cabeceava de sono pois ficara ali a noite toda.
-Caraca...- disse Rony quando Harry falava baixinho do que aconteceu.- É um milagre você tá inteiro.- ele apontou seu braço.- Meio inteiro quer dizer...
-Harry, - disse Hermione séria.- e seu braço?
Ele sentiu um frio no estômago, estava com medo, não sentia, e se ficasse inútil? ele não sentia, apalpou-o com a outra mão, não sentia.
-Eu... eu não.- balançou a cabeça.
Os amigos baixaram a cabeça, com o mesmo temor que ele, Hermione falou amargamente:
-Maldita curiosa.
-Você devia ter deixado a Quimera comer aqueles dois.- disse Rony furioso.
-Que é isso... - disse para animá-los.- A coitada ia ter uma bruta indigestão...
Rony riu, Hermione pareceu engasgar.
Ficou sozinho, Madame Pomfrey expulsou Mione dali e liberou Rony após o almoço, um frio pavor se instalou nele, nunca mais ia jogar Quadribol se o braço não melhorasse, e madame Pomfrey desconversava toda vez que perguntava quando o braço ia voltar ao normal.
Cátia apareceu mais tarde, vê-la entrando lhe deu uma sensação desagradável, que não se comparou com o que sentiu quando ela começou a falar:
-Oi... e aí?
-Bem... estou vivo não?
-É.- ela sorriu bondosamente.- Foi sorte.- ela sentou na cama o olhando.-Sabe, bem... - ela desviou o olhar. - Fui informada, bem...- ela olhou para o chão.- A Gina vai substítui-lo.
-Ei! O jogo vai demorar ainda!- ele sentiu uma angústia tremenda.- Se eu me esforçar...
-Harry eu fiquei sabendo agora tá?!- ela disse angustiada também. - Seu braço já era!
Não era o melhor jeito de contarem pra ele e ele não ia aceitar assim.
-Eu sei que tá mal agora... mas eu posso...
Ela suspirou, ele percebeu o enorme esforço que ela fez pra se controlar, tentou se acalmar também.
-Madame Pomfrey disse que as chances dele voltar ao normal são zero... E voltar a movê-lo pode demorar meses.
Ele baixou a cabeça, não podia ser verdade, era a única coisa em que era bom, não ia deixar assim...
-Mas eu nem preciso de dois braços pra pegar um Pomo...
-Eu não posso arriscar a taça Harry, sinto muito.- ela disse sem olhá-lo.- Se você voltar a forma, nós vamos te querer imediatamente.
Ela saiu e ele ficou mudo, não ia deixar assim, repetia, eu vou melhorar sei que vou...
Quando saiu da ala hospitalar no meio da manhã de sábado se viu meio sozinho de novo, o lugar estava vazio por ser dia de visita a Hogsmeade, sem saber se os amigos tinham ido ou não, decidiu sair, se sentindo estranho por ter o braço preso por uma tipóia, "não o force por uma semana, ou vai ser pior.", não queria ver a cara de piedade de ninguém, sentou apoiado numa árvore em frente ao lago escondido de todos por arbustos, já tinha se escondido ali antes, sozinho e acompanhado, mirou o relógio no pulso esquerdo, sentiu um vazio imenso, imerso em um sentimento que teimosamente afastava a um bom tempo, como queria estar no colo de Ana agora, sonhando acordado. Não sentiu fome na hora do almoço, mas sim um enorme incômodo, o sol estava mais quente, mas o vento era frio ainda, escutou passos seguido por uma exclamação:
-Poxa! É aqui que você se escondeu!-disse Gina.
-Eu queria pensar...
Ela sentou do lado dele, deu uma olhada na tipóia.
-Como você tá?
-Mal... - ele baixou a cabeça.- Mas não fale para os outros... não quero preocupar ninguém...
-Ah... mas já tá todo mundo preocupado...
Ele a olhou, ela tinha uma expressão triste.
-Você levou azar... vai ter que me substituir.
-É, né?- ela disse triste.
Levantou e ela o acompanhou, foram devagar para a sala comunal em silêncio, Gina contou que levaram o maior susto quando não o acharam na ala hospitalar, e cada um foi para um lado procurá-lo, iam voltar para a sala se não o encontrassem.
Mas ainda o estavam procurando porque a sala estava vazia, ele sentou na poltrona e Gina o deixou, dizendo que ia chamar os outros, ele apoiou a cabeça na poltrona e tentou relaxar, estava quase adormecendo quando escutou passos e alguém se ajoelhou na frente dele, ele olhou, ela tinha os olhos brilhantes, pousou as mãos nas suas pernas.
-Fiquei tão preocupada... você sumiu... não some assim, Harry.
Ele sentiu um arrepio de surpresa, ela estava muito perto, o olhava de um jeito estranho.
-Fico com medo quando você some... porque...-começou baixinho.
Ela colocou as duas mãos no seu rosto, ele sentiu o coração disparar em pânico, "não Mione, agora não! Não... por favor!". Mas ela parecia estar em outro lugar, olhando-o fundo nos olhos, rosto mais perto. Ele perdeu o fôlego, sentiu-se paralisado, lembrou:
"Tenho ciúmes de você! porque amo você!"
"Conserve seus dois amigos, você tem que fazer algo por eles..."
"Me espera Anjo..."
Colocou a mão sobre os lábios dela a centímetros dos seus, sua mão tremia, escutou o retrato, mesmo sem ver sabia quem era, a vida nunca teve pena deles... Hermione se levantou muito branca, ele virou o rosto e viu, só para confirmar.
Rony estava com um olhar gélido de fúria, mas no auge do controle se virou e saiu, Mione soltou um gemido e se levantou, ia ir atrás, mas ele achou uma má idéia, segurou-a.
-Sente.
Ela sentou e olhou-o, parecia constrangida, Harry se levantou e saiu, imaginava muito bem para onde Rony iria, ele precisava de um lugar para estravasar sua raiva...
Passou por Gina que olhou enrugando a testa:
-Você devia estar descan...
-Vai para a sala agora! Mione precisa de alguém... anda!
Gina correu sem fazer perguntas.
Ele percorreu o caminho rapidamente, sabia que seria muito difícil, nem imaginava o que podia fazer, mas era a hora, parou em frente a porta da sala precisa, abriu para ver Rony sentado no chão e tudo revirado.
-Rony...- disse entrando.
-Se manda Harry!
-Não.- se aproximou.
-VAI EMBORA!
-Não.- chegou perto.
Rony se levantou, se virou, furioso, mas chorando.
-Por favor! Me deixa sozinho!
-Precisamos conversar!
-Não há nada pra dizer! Eu admito perdi! Não sou cego sabe?
-Mas parece surdo!
Rony perdeu a cabeça, segurou-o e empurrou-o contra a estante de livros, mas ele viu o tanto de dor que havia naquele olhar.
-Você...
-Eu não... foi você que perdeu a Mione com esse ciúme idiota!
-Você tirou ela de mim!
-Eu não fiz nada! Nada além de tentar juntar vocês dois!
Rony ainda o empurrava com força contra a estante.
-Mas vocês dois... eu sempre soube que ela gostava de você!
-Mas ela gosta de você!
-E você?! Não gosta dela?!
Harry sentiu um frio, não vou dizer não, não vou dizer sim, não é nada disso, surgiu sem querer, mas de um lugar ainda muito machucado de seu peito:
-Eu ainda estou esperando a Ana...
Rony o parou de prensá-lo na estante, Harry sabia que nunca devia ter mencionado aquilo, porque o amigo se sentia culpado, estava ali para consolar, não culpar, mas não podia ser o forte o tempo todo, Rony o largou.
-Eu não sei o que fazer...
-A vida é assim mesmo...
Rony baixou a cabeça, parecia desolado:
-Eu queria que tudo voltasse a ser como era antes, como era no começo...
-Eu também...
Rony suspirou, se virou e saiu, infeliz e cabisbaixo, mas Harry não conseguiu andar, levou a mão ao braço e soltou um gemido de dor, caiu de joelhos aninhado o braço, aquele ataque de raiva de Rony lhe custara meio caro, "eu não sei o que fazer por eles...", pensou angustiado, ainda de joelhos naquela sala vazia e demolida, arrepiado pelo modo com que Mione se aproximara, e com a fúria mostrada pelo amigo.
"estou perdendo os dois..."
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