- A tríade reunida -
- A tríade reunida -
Tentou corajosamente esquecer a dor, apesar de mal tocar no jantar, os gêmeos o ajudaram na tarefa de amenizar o clima, Gina o olhava longamente, obviamente querendo falar algo, ele sabia bem o quê... o pior foi ver a alegria na mesa da Sonserina apontando a tipóia, além de ter uma dificuldade razoável pra se virar com a mão esquerda, tremia em pensar nas aulas...
Dormir foi difícil também, não encontrava posição, além de sentir uma dor horrorosa no peito, "é só cansaço... relaxe..."
Como relaxar se as coisas desabavam a sua volta?
Você precisa ficar relaxado, fortalecido, não pode abrir brechas em sua mente...
Apesar de repetir isso pra si mesmo a quase um ano, era muito difícil de fazer após se sentir quase morto, ser impedido de fazer o que mais gostava, e ainda ver os amigos muito infelizes por sua culpa... feche sua mente... respire, relaxe...eu tenho que dormir pombas! eu preciso descansar... Como sempre adormeceu pela exaustão...
"Estava de novo de joelhos na sala precisa, aninhado um braço que doía horrivelmente, mas quando o olhou ele estava prateado, suspirou, se ergueu, encarou o vulto na porta:
-Está perdendo a sutileza...
-Admito que pensei que sua mente tinha se fechado pra mim...
-Você...
-Na verdade, depois de entender como funciona,- Voldmort apareceu na porta dedo longo, branco apontando pra própria testa.- essa sua cabeça, ficou fácil quebrar suas barreiras...
Fazia tempo que não se surpreendia assim, Voldmort vinha tentando penetrar em sua mente a muito tempo, mas não conseguia, apesar de serem disputas difíceis de vontade, até o presente momento, Voldmort nunca aparecera assim em seus sonhos.
-Não me enche...-disse sem convicção.
-Recentemente você ficou inacessível, mas eu compreendi...- ele se aproximou.
Antes era só um vulto, uma sombra de olhos vermelhos, mas agora ele via Lord Voldmort, branco, com cara viperina, como o vira no ministério, ele riu.
-Surpreso?
Harry não teve palavras, apenas sentiu o cenário mudar, estava em meio a uma sala de jantar destruída...
-Não... de novo não...
-Eu só tive que eliminar a fonte de sua força...
Ele reviu Ana cair...
-Não... - cobriu os olhos com as mãos.
-Então sua mente voltou a ser acessível, mas hoje, especialmente hoje, você está indefeso...
Ela morreu por isso? Só por isso? morreu por que eu a amava? Morreu como Sirius? Sentiu a proximidade, baixou os braços, Voldmort estava olhando-o a centímetros dele, sua cicatriz latejava horrorosamente, "ele vai me possuir... ele está tentando...", eu tenho que parar! Do desespero surgiu uma outra força muito grande, não o conforto de pensar em alguém muito querido, e sim um violento ódio.
Os olhos de Voldmort se arregalaram, mas de um evidente prazer...
-Ah... quem diria... parece que tem algo escondido aqui...
Voldmort esticou as mão pálidas e grandes como aranhas brancas e agarrou sua cabeça, ele soltou um ganido de dor, Voldmort estava forçando a entrada, mexendo em suas memórias, ele mal conseguia resistir, um sofrimento tão grande quanto se estivesse sob a maldição Cruciatus... escutou como se fosse uma gravação...
"Aquele com o poder de vencer o Lorde...
-Sim...- exultou Voldmot. - Sim é isso...
-Não...- ganiu dolorosamente.- Pare...
"Nascido dos que o desafiaram...
Então lembrou do túmulo remexido dos pais, da sombra deles que saíra da varinha de Voldmort dois anos antes, seus pais...
-O que fez com o corpo deles!- abriu os olhos agarrando as mãos de Voldmort.
-Como?!- os olhos de Voldmort se estreitaram.
-O que quer com ELES?!- falou com fúria. - Porque remexer no túmulo!!! PORQUE NÃO OS DEIXOU EM PAZ!!!
Voldmort cambaleou, deu uns passos pra trás, confuso.
-Você foi... você viu... VOCÊ SAIU!
-Eu saí de Hogwarts sim!- disse andando furioso. - Eu estive lá fora! Você nem percebeu!
Havia uma fúria gelada nos olhos de Voldmort, que riu.
-Você é uma caixinha de surpresas senhor Potter!!!
-Você não me respondeu!!!- avançou para Voldmort.
Estava sozinho, no meio da sala precisa, completamente sozinho, Voldmort se retirara. Deixando-o tremendo de raiva. Mas a sua expressão de felicidade, o assombrava...
" Na verdade, depois de entender como funciona essa sua cabeça, ficou fácil quebrar suas barreiras..."
O domingo se arrastou, sempre tinha alguém para tentar animá-lo. "você vai se recuperar! Já passou por coisa pior!", " tem tempo suficiente ainda... vamos ganhar a taça!", "você vai erguer a taça com esse braço na cara do Malfoy!", mas ele estava perdendo as esperanças, mesmo tendo tomado três poções diferentes o braço não fazia nada além de doer... além de que estava emerso em um medo gelado pelo que passara naquela noite.
Algumas pessoas estranharam a atitude dos dois amigos, agora que ele precisava tanto deles, eles estavam longe, Rony passou o domingo dormindo, remoendo os sentimentos e Hermione passou o dia na biblioteca, ele mesmo não deixou de se ressentir um pouco, porque admitia que precisava de apoio e estava com medo, precisava muito desabafar mas não tinha com quem...
Estava alisando o pêlo de Bichento quando Gina finalmente veio bater um papo, pelo menos ela e Neville estavam bem... faziam um casal bonito e sem neuras, no momento que Gina sentou ele a olhou amargurado. Ela susurrou, ele percebeu que com certeza ela ia falar do que havia acontecido.
-E aí? Dói ainda?
-Um pouquinho, mas vai demorar pra passar, não é?
-É, foi sério...
-É foi sim, esse veneno paralisa os nervos...
Bichento se esticou e pulou para o colo da Gina.
-Harry... o que aconteceu... naquela hora?
-A Mione não contou?
-Ah... bem, ela só disse que tinha feito a coisa errada na hora errada...
Ele balançou a cabeça.
-Me preparei tanto pra falar com ela quando ela precisasse, e ela me pegou no único momento em que eu não tinha condições de falar....
-Amor é fogo...-ela deu um riso triste.- Então o que aconteceu?
-O que você acha que aconteceu? Seu irmão teve uma crise de ciúmes!
-Não é isso que eu quero saber... o que aconteceu entre você e ela...
-Não tem entre eu e ela...
Gina deu um suspiro.
-Acho que ela ia me beijar... -disse isso se sentindo muito tenso.
O olho de Gina brilhou, ele percebeu, ela torcia contra... o irmão!
-Então ela partiu pra iniciativa!- riu.- e aí como foi?
-Eu disse ia, não beijou...
-Ah, o Rony interrompeu...-disse ela murchando.
-Não... eu interrompi.
Ela o olhou incrédula.
-Pombas Harry, qual a tua?
-Gina!
-Fidelidade tem limite! Nem meu irmão, nem a Ana merecem esse esforço.
-Eu ainda amo a Ana, Gina.
-Ela tá morta.
Ele baixou a cabeça.
-Não consigo aceitar isso... dói sabe?
-Tem que parar de fingir que morreu junto com ela.
Ele fechou a cara.
-E meu irmão é um idiota!
-Mas eu respeito seu irmão...
-Vá respeitando o cara que já te meteu a mão duas vezes, três pra ser mais exata...-disse muito séria.- o Rony é muito infantil Harry!
-Mas é meu amigo!
-Belo amigo... onde ele tá agora?
-Qualé a tua Gina? – disse a encarando.
-Sou amiga de vocês dois, de você e da Mione.
-Quem disse que eu gosto da Mione pra começar?
-Porque você nega seus sentimentos o tempo todo hein?
-Eu nunca olhei pra Mione desse jeito!
-Esse é o problema!
-Meu Deus Gina! Vocês estão vendo chifre em hipogrifo!
Ela riu, coçou o Bichento.
-Você não está vendo de fora... cada vez que você e ela se olham sai faísca... você gosta dela...
-Eu saberia se gostasse...
Ela revirou os olhos.
-E mesmo que gostasse não tenho cabeça pra isso agora...
-Há!- ela sorriu.
-Não foi nesse sentido que eu... ah, esquece!- disse irritado.
Amanheceu segunda com a mesma dor, mas agora com as aulas para lhe complicar, principalmente a primeira, sua situação estava tão ruim que não pode comer direito, por causa da dor, e da dificuldade de usar uma mão só, teve que comer pouco e depressa, pois já tinha demorado pra se vestir...
-Atrasado Potter. -disse Snape. - Cinco pontos a menos para a Grifinória.
A três anos atrás, Snape disse "vá com calma" para Malfoy que fingia sofrer por um corte causado por Bicuço, mas ele quase morrera para ajudar aqueles dois idiotas "a Quimera merecia aquela indigestão...", e tudo que ele dizia era "está atrasado"?
A aula foi um horror, se virar sozinho já era difícil, com uma mão beirou o impossível, viu Hermione se torcer de vontade de ajudá-lo, mas não pediu ajuda, sentiu especial orgulho em bater o frasco com a amostra na mesa de Snape e olhá-lo de cima, "se Morgan não fosse minha amiga, eu tirava uma foto de vocês e pregava em toda a escola!"
E as aulas de Defesa? Por mais que se esforçasse não foi capaz de fazer nada decente com a mão esquerda, pelo menos não passou vergonha, ou quase não...Feitiços foi um desastre e transfiguração não foi pior porque estava adiantado.
O pior de tudo foi ver a cara infeliz de Hagrid e encarar aqueles bichos de novo... sentiu arrepios.
-E aí Potter? Vai arriscar o outro braço dentro do cercado?-falou Emília.
-Só se a Pansy for comigo pra dar um beijinho na testa daquela Quimera.-retrucou.
Malfoy não o encarava diretamente, mas ele pressentia o perigo rondando... foi no mesmo dia, Mione tinha desaparecido novamente, e era o primeiro treino que ele não iria... viu eles saírem com vassouras na mão, Dino Thomas foi convocado para substituir Gina, fingiu não se importar, escondendo o rosto em um livro, mas era insuportável não poder participar... acabou tendo que sair.
Não querendo se torturar mais indo ao campo, subiu para uma das torres, de lá ia poder ver sem ser visto, se apoiou na murada e olhou o campo, pelo menos dali do alto, também tinha a sensação de vento no rosto...
-A visão do herói... solitário, pensativo, contemplando a vida...-falou aquela voz arrastada.
-O que você quer?-ele rosnou.
-Nada...- ele deu um risinho.
-Tem que ser muito burro para incomodar alguém por nada.
Crabbe e Goyle estralaram as juntas. Malfoy ergueu a varinha.
-Comprovando sua covardia... -constatou.
-Não pense assim... é uma questão de oportunidade.- disse Draco com ar de zombaria.
Não teria a menor chance, três contra um, ele com séria dificuldades pra manejar a varinha, estavam se divertindo com ele a uns cinco minutos quando escutou:
-Estupefaça!
Malfoy caiu.
Crabbe e Goyle se viraram, mas pararam ao ver a cara de fúria dela, apenas saíram carregando Draco descordado.
-Ah, não Harry... que droga.
Estava de joelhos no chão, zonzo, muito machucado. Ela o abraçou devagar.
-Obrigado, Mione... -disse a beira das lágrimas.
Seu braço não ia se recuperar, estava caído completamente insensível, tudo nele doía. Fez um esforço monstruoso para se erguer.
-Maldito!-gemeu com raiva.
Ela tirou o cabelo do rosto dele.
-Vamos, temos que falar com a madame Pomfrey, eu tenho que avisar a profa
Minerva.
-Como me encontrou?-disse com um gemido a cada degrau que desciam.
-Imaginei que ia querer ver o treino...- ela disse baixo. - Como não estava no campo... que covardia... você não tinha a menor chance.
-Que raiva! Que ódio!- desabafou.- Porque eu não deixei aquela coisa comer eles?
Ela desceu em silêncio, ele arquejando de dor, entrou na ala hospitalar para ser recebido com horror por Pomfrey:
-Meu Deus garoto! O que te atacou agora?
-Duas antas e um veado.- disse gemendo.
Hermione sorriu gravemente, foi ver a professora Minerva. Não puderam esperar, sua situação não era grave, mas o braço, esse era perda total, estava tão deprimido com a piora que nem se importou com a cara furiosa de McGonagall.
-Vou pedir a expulsão deles! isso foi um ato cruel e vergonhoso!
Estava muito bem , obrigado, quando a equipe apareceu, todos com cara de enterro, nem ele acreditava na sua recuperação, mas todos prometeram erguer a taça em sua homenagem... ele não quis dizer que aquilo não era consolo nenhum para não ser grosseiro.
Ele estava muito deprimido e mau humorado, piorou ao ver a cara de Rony e Hermione.
-Poxa... foi mal... sei que decepcionei você...-começou Rony.
-Some Rony... tô muito puto agora pra escutar você.
O outro arregalou os olhos. Ele se sentiu mal.
-Eu não quero falar com ninguém tá certo? Vão descansar, amanhã eu vou sair...
-Mas a gente é seu amigo...
Seu limite de paciência estava a um pingo de explodir.Com certeza estava fazendo uma cara muito feia.
-Poxa, a gente só quer te ajudar, falar com você...
Explodiu:
-Vocês tem idéia do que eu estou passando?! Não, não tem! Estão ocupados demais nessa picuinha adolescente!!! Quando eu precisava de vocês de verdade, vocês sumiram!!! eu escutei vocês!!! eu esperei vocês!!! me deixem em paz!!! vocês me deixaram na mão!!! Vocês não sabem da metade de meus problemas e são cegos demais para ver!!! Só lembram de mim pra pedir ajuda ou quando estão se sentindo culpados demais para se olharem no espelho!!!
Pomfrey os colocou pra fora e lhe deu a poção calmante mais forte que tinha.
Saiu da enfermaria exatamente uma semana após o incidente anterior, agora decididamente anti-social e apático, descobriu que suas detenções restantes tinham sido suspensas até segunda ordem, mas que Malfoy sequer perdera o distintivo de monitor, a Sonserina perdeu quinhentos pontos, ficando bem atrás na disputa da taça das casa, não que isso lhe importasse muito, na verdade nada lhe importava muito. Nem se olhou no espelho, sentia uma agonia por andar com o braço naquela tipóia... não foi comer, tudo que fez foi ficar sentado lendo os livros, ou fingindo que lia, a amargura lhe envenenando por dentro. Foi no domingo que finalmente alguém tomou uma atitude:
-Larga esse livro Harry.- disse Mione exasperada.
Ele olhou, ela e Rony traziam comida surrupiada da mesa de jantar e lhe olhavam com a maior expressão de pena.
-Faz tempo que não vejo isso.-disse sem pensar.
-Comida?-disse Rony.
Ele deu um riso rouco, balançou a cabeça.
-Faz tempo que não vejo nós três juntos em frente a lareira.
Os dois sentaram no sofá e olharam para a lareira aturdidos.
-Eu não queria falar tudo aquilo ontem... tá bem? Na verdade eu estava com saudade de vocês dois.
Hermione começou a chorar. Rony esfregou o rosto com as mãos.
-Acho que aconteceu coisa demais em pouco tempo...
-Cala a boca Harry...- disse Hermione.- Você não precisa explicar o mundo pra gente sabe? A gente sabe que você falou a verdade, a gente sabe que errou...
-É.-disse Rony sem olha-lo.- Eu tenho agido como uma anta egoísta sabe? Eu não pensei em nada além de ter pena de mim mesmo...
Harry concordou com a cabeça, era hora.
-Eu nunca trairia a sua amizade Rony...
-Eu sei, fui eu que traí a sua...
-Não.
Ele o olhou.
-Você agiu exatamente como se sentia, isso não é bonito, mas também não é errado, você está fazendo exatamente o que eu tava fazendo gritando com vocês no ano passado... – olhou para Mione.- Eu não sei o que posso fazer sobre você Mione... imagino o quando dói, mas eu não posso corresponder...
-Eu sei.-ela disse muito infeliz.
Havia um silêncio incômodo a volta deles, as pessoas passavam os olhando, pareciam com medo de falar, o copo de suco e os pãezinhos ainda na mesinha intocados.
Fechou os olhos passou a mão de leve na cabeça, tão cansado, foi algo que desabou de dentro:
-A gente tá precisando de colo...
-Com certeza.-disse Rony.
-Ah...- disse Mione como quando decidia corrigir as lições deles.- Venham cá os dois...
Se não estivessem tão carentes uns dos outros aquilo nunca teria acontecido, ela tinha puxado Rony que passou as pernas sobre o braço do sofá encostando as costas no lado dela, e Harry deitou no sofá cabeça no colo dela, ficaram assim em silêncio muito tempo, somente curtindo o fato de estarem juntos.
-Sabe... olhando daqui parece meio que...- começou Fred.
-Uma suruba...-disse Jorge.
-Você tem mais colinho aí Mione?-Fred sorriu
-Vá sonhando.- ela disse séria.
-Vão se catar.-disse Rony, sem se mexer.
-Harry, não vai dizer nada não?-provocou Jorge.
-Não, com essas orelhas acho que vocês não vão ouvir.-disse meneando a varinha com a mão esquerda.
Rony e Hermione riram muito, os gêmeos se olharam, estavam com orelhas de burro.
-Esperem eles rirem...- disse maldosamente quando os dois olharam pra ele.
Os gêmeos começaram a zurrar.
-Prof Minerva tem razão, você tem jeito pra transfiguração!-disse Rony engasgando de rir, vendo os gêmeos zurrarem nos ouvidos dos calourinhos assustados, fazendo folia.
-A...xo ...dom...tural..-disse com a boca cheia do pãozinho que pegou pra comer.
No peito, uma pequena porção daquele imenso fardo que carregava começou a ficar mais leve.
Ver a cara de Snape ao bater mais uma poção impecável feita por ele sozinho foi impagável, novamente ele o olhou com uma ira contida, Harry sorriu e pensou “Não entendo o que a Morgan vê em você”.
Quase riu quando percebeu que ele tinha captado o pensamento com legilimência, ao invés de ficar irado, Snape corou.
-Harry...- disse Rony ao vê-lo sorrir.- É mó estranho ver você saindo da aula de poções com essa cara.
-É. Tá parecendo um demente.-disse Hermione olhando-o de lado.
Ele parou e riu, encarou os amigos:
-É mesmo... vocês não sabem dessa...
-Quê? Então não vai ter Snapeguana saltitante?- disse Rony desanimado.
-Isso é de muito mal gosto...- disse Hermione olhando a professora.
-Você tem razão...- ele concordou. – Morgan é doidinha mesmo.
-Morgan é...-disse Rony se chegando maldosamente.- Deixa o Snape saber dessa intimidade toda...
-Deixa ele saber que ela me beijou...- disse no mesmo tom do amigo.
Hermione derrubou a varinha.
Muitas coisas, além do retorno a amizade dos amigos aconteceram para melhorar o seu humor, ele teve o prazer de desancar Draco dando uma surra nele na aula de defesa, Draco teve que aturar gozações por muito tempo, “ belo rabo Malfoy!” gritavam pra ele, como foi uma azaração de aula não houve castigo, e ver ele desfilando um rabo de canguru pela escola por dois dias foi o auge de seu contentamento, descobriu um bom talento em sua mão esquerda.
-Vai ver você sempre foi ambidestro. –disse Hermione.
Rony engasgou com uma cara “que é isso?”
-Ele pode usar as duas mãos normalmente.-disse Mione com uma cara expressando: “burrice mata a longo prazo Rony”.
-As duas não.- disse olhando o braço imobilizado.- Por enquanto...
Mas o melhor de tudo foi ver em primeira mão o resultado de um pouco de prática, pode finalmente fazer uma aula de feitiços decente, e estava meio que disputando o primeiro lugar com Hermione nas aulas de transfiguração, A garota acabava de ganhar penas na cabeça, e as arrepiou como uma Kakatua.
-Penas... você me deu penas?- ela disse irada. – Estávamos falando de mamíferos!
-Tenho culpa se estou adiantado?-disse provocando-a
Ganhou uma crista de galo.
-Combina com seu ego.-ela falou.
Rony não sabia de quem ria mais, grande erro, os dois o acertaram, Rony virou uma galinha d´angola.
-Vocês passaram dos limites! –falou McGonagall seriamente.- Potter e Granger!- ela destransformou Rony. – Mesmo os alunos adiantados tem que respeitar o andamento da aula!!!
Os três riram assim que ela virou as costas após lhes dar um breve sorriso.
Seria muito bom se não houvesse uma coisa lhe irritando, Quadribol.
-Tem certeza que quer ir ver?-disse Hermione.
-Toda.-disse sério batendo o talher no prato.
-A gente podia fazer qualquer outra coisa.- gemeu Rony.- Que tal um chazinho com Hagrid?
-Podem ir... eu vou ao jogo.
-Isso é masoquismo Harry...
Mais uma olhada de Rony, Mione não se deu ao trabalho.
-Se fosse a gente... mas você quer ir ver o Malfoy pegar o Pomo pra quê?
-Pressão psicológica.- disse sorrindo maldosamente para Malfoy.
Draco passava com sua Nimbus, fez um gesto risonho pra seu braço, que provocou um ronco de ódio em Rony, mas Harry apenas moveu os lábios para ele:
-RA BO DE CAN GU RU...
Malfoy apressou o passo.
-Ah...- sorriu Hermione.– entendi.
Mas foi um tremendo ato de masoquismo, a cada jogada maldosa da Sonserina, eles tinham espasmos de ódio, torceram para Lufa-Lufa, mas não houve jeito... foi uma lavada, menor que a que deram na corvinal, mas uma lavada... o pior foi ver Malfoy, que pegou o pomo bem perto deles, e parou na sua frente estendendo a mão, com o Pomo quase na sua cara:
-Aí Potter! O mais perto que você vai chegar do Pomo pelo resto do ano! Há!
-Quer apostar Malfoy?-Rosnou.
-Vá sonhando Cicatriz!- O loiro desceu para o campo.
Mas sonhar não era com ele, naquela manhã de domingo decidiu passar para ação.
-Que você tá fazendo?!-exclamou Rony indignado.
Ele tinha tirado a tipóia, usava um camiseta sem mangas e movia devagar o braço em frente lareira, gestos ainda trêmulos e esquisitos, três linhas cruzavam seu braço, ganhara mais uma cicatriz, Hermione olhou-as com um jeito apavorado.
-Já ouviu falar em fisioterapia?
-Ah...- exclamou Mione longamente.
-Como?
-É uma coisa que os trouxas fazem para recuperar movimentos de membros feridos...- falou ela eficiente.
-Mas a Pomfrey disse pra não mover o braço até segunda ordem...
-E eu vou esperar meu braço murchar e cair?
-O que você acha que os trouxas entendem de ferimentos feitos por Quimeras?!- disse Rony, sem imaginar o quanto ficou parecido com sua mãe...
-Na verdade, estou usando lógica... o veneno atingiu os nervos, não o músculo, eu só tenho que ensinar pros nervos o que fazer de novo... tipo acordar eles...
-É tem bastante lógica.-disse Hermione.
-É vai ter muita lógica quando você descobrir que piorou...-disse Rony sombiamente.
-É, então vê isso...- disse estendendo devagar a mão direita.
Pegou o livro que Hermione tinha no colo e ergueu, tremendo e devagar, mas conseguiu leva-lo até a mesa.
-Ei tá dando certo.-disse ela.
-É, mas não tenha falsas esperanças...-disse Rony.
-Não tenho.- ofegou.- ainda dói pra fazer isso.
Ninguém levava muita fé em sua recuperação e ele mantinha a tipóia fora da sala comunal, não queria reclamações, começou a treinar mais a noite, repentinamente se achou repleto daquela energia insana que o impedia de dormir, ficava madrugada adentro ocupado em obrigar seu braço direito obedecer seus desejos, cada vez melhor e cada vez mais rápido, apesar de trêmulo.
E recebeu uma notícia quente no meio da semana, Hermione e Gina, “essas duas andam muito grudadas né, não?” comentou Rony, ele concordou, mas as duas pararam na frente dele e lhe estenderam um papel oficial da escola:
-Última detenção Potter!-disse Gina alegremente.
-Mas que PO...-se conteve ao ver as duas o olharem assustadas.- Eu achei que não precisaria mais fazer...
-Você vai gostar dessa detenção Harry...- disse Mione travessamente. Vai durar até o fim do ano!
Raciocínio rápido, olhando no sorriso largo da Hermione:
1- até o fim do ano... sacanagem.
2- Vou gostar? Só se for para ser monitor das detenções do Draco... não sou monitor.
3- Ela tá muito alegrinha... vai ficar comigo nas detenções?... cadê uma Quimera quando a gente precisa?
-Abre essa joça!-disse Rony tomando o papel da mão dele.- É!-gritou erguendo o punho no ar em comemoração.
-Nem me falem o que é... tá me dando medo.
Mas ao abrir o papel sorriu, e ergueu os dois braços em comemoração, o direito deu um estralo muito alto.
-AH!- o berro devia ter sido de comemoração,mas...
-Isso doeu em mim...-disse Rony que pulou para o lado com o estralo.
Mas ele não tirou os olhos do papel:
Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts
Autorização oficial para abertura de grupos ou associações estudantis.
O conselho por meio dessa autoriza a abertura do grupo doravante chamado de ASSOCIAÇÃO DE DEFESA ou AD para a realização de cursos intensivos de duelos e realização desportiva dos mesmos.
A AD está autorizada a trabalhar com alunos a partir do quarto ano, devido as características de suas funções.
Na mesma autorização concedemos ao aluno HARRY POTTER a presidência do grupo até o término desse ano letivo com auxílio de RONALD WEASLEY no cargo de vice-presidente e HERMIONE GRANGER como secretária, esse grupo deverá responder hierarquicamente ao professor de Defesa Contra Artes das Trevas e a Diretoria.
Por meio dessa viemos expressar nosso empenho em agilizar a instalação do grupo, pedindo que um estatuto seja entregue rapidamente para avaliação.
O CONSELHO.
Estava assinado por todos os conselheiros da escola, embaixo a caligrafia de Dumbledore.
Ele os olhou, abobalhadamente uma meia hora, até chegarem no salão, com um sorriso demente chamando atenção de alguns colegas.
-Harry... sei que é um choque... mas pode voltar ao normal...
-Não consigo...
-Vamos ter muita coisa pra fazer...-disse Rony.
-Não se preocupe, eu tenho umas coisas planejadas.-disse ainda sorrindo dementemente.
Os amigos o olharam longamente.
-Relaxa Harry, parece fissura. –disse Jorge.
-Tá mais pra Overdose.-riu Fred.
“A AD foi reaberta oficialmente.”
Isso iluminou suas noites insones, ele imediatamente se põs ao trabalho, achou que talvez devessem ter três reuniões por semana, uma para cada grupo, 4°e 5° anos... 6°e 7° anos e uma reunião para tratar dos duelos em si, isso seria mais complicado de organizar... Morgan deu autorização para que se utilizassem da sala de duelos, com um bilhete exigindo que ele organizasse um torneio de duelos, nos antigos moldes, e lhe enviou uma cópia do estatuto do antigo clube de duelos, dava pra usar muita coisa do material... Hermione estava muito alegre, apesar de ter pouco tempo de folga e passar muito dele com Gina.
-O que essas duas andam aprontando?-disse Rony ao ver as duas chegarem alegres na sala comunal.
-Acho que é coisa de garota.- disse sério.
No fundo o maior medo de Harry era o apoio que Gina andava dando para Hermione insistir nele, ele pegava as duas o olhando e falando baixo por muito tempo, mas não estava se importando, muita coisa boa estava acontecendo pra se importar.
Na sexta feira ele e Hermione enviaram o estatuto da AD a diretoria, ele cruzou os dedos para que fosse aprovado, pois se esmerara muito em faze-lo, e nesse estatuto havia previsão de eleição de cargos por duelo a cada dois anos, o que lhe garantia no cargo até o fim de Hogwarts, apesar dos protestos de Hermione.
-Isso é politicagem Harry!
-Eles fazem isso o tempo todo no ministério Mione.-disse Rony.
-Não é democrático...
-Isso garante que se tenha o melhor presidente.- disse sonhadoramente.- E me mantém mais um ano, você não queria que eu ficasse?
-CLARO QUE EU QUERIA, MAS PODIA SER POR VOTAÇÃO!!!
-Isso não é uma democracia Mione...
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