-Um dia pra esquecer-
-Um dia pra esquecer-
Harry entrou branco de ódio em seu quarto, acabara de discutir com seus tios por causa de um copo de suco, Duda levara a melhor novamente...ele deixou o corpo escorregar pela porta fechada e tentou respirar lenta e profundamente, a dias se sentia irritado como nunca antes, sentia ódio e culpa o tempo todo agora e sabia que isso tinha a ver com Voldmort, nesse ponto devia concordar que seu inimigo devia estar tão frustrado quanto ele.
Edwiges piou irritada por ser acordada tão repentinamente, ele olhou-a com carinho, quase não haviam cartas e ela parecia se sentir esquecida, todos temiam o que podia acontecer com as cartas e ele não se animava em escrever, por algum motivo ele travava sempre que pegava um pergaminho, mandava obedientemente um bilhete ao pessoal da ordem a cada três dias, um bilhete cada vez menor, não saia da casa a quatro semanas, não saia mesmo, seu mundo se restringira ao quarto e ele se sentia sufocado.
E por isso mesmo não tinha o que contar, Hermione lhe mandara um bilhetinho sobre estar com os pais, ele ainda se sentia culpado pelo que acontecera no ministério, e ela escrevera que ainda sentia algumas dores ás vezes... e ele ainda tinha pesadelos com aquela cena, ela caída e Neville arrebentado, ele tentava não lembrar, não queria falar ao dormir, Duda dera sinais que seus sonhos estavam ficando mais audíveis, sentiu uma fisgada de ódio no peito. Rony só comentara que treinava quadribol, o que Harry não acreditava, duvidava que ele e os irmãos estivessem na Toca se divertindo.
Devia desculpas a Rony por quase odiá-lo por ser monitor, ele prometera uma manhã que pediria desculpas se o amigo se tornasse monitor-chefe, se levantou do chão e se jogou na cama.
Devia estar agradecido por estar seguro... “mas uma luta mortal, pela minha alma animaria as coisas” lembrava cada vez mais de Sirius, socou o travesseiro e se levantou, tinha ímpetos de sair correndo toda vez que pensava no padrinho. Não era mais culpa que sentia e sim raiva de si mesmo, ao mesmo tempo que lembrava que tinha que controlar seu gênio.
Saiu até o jardim dos fundos onde se esticou no mesmo lugar que vira Dobby a tanto tempo, e ficou perdido em lembranças por horas, “meu senhor... um grande bruxo, meu senhor...”
-Um grande atrapalho é o que sou.
Tanto tempo e gente desperdiçado em vigiá-lo, gente que podia estar literalmente atrás de Voldmort, por que ele sabia, sabia que ainda era vigiado.Embora o fosse principalmente pelos gatos da senhora Figg, sua tia tinha reclamado que eles deixavam pêlos no capacho da entrada e andavam dormindo embaixo da janela onde ele estivera um ano antes, no dia que Mundongo desaparatara ali em frente.
A tarde caia quente e ele se levantava para entrar quando se tocou que tinha um certo grupo o observando, então seu primo saiu e chamou os colegas, eles se viraram e entraram de novo na casa, Harry esquecera que eles iriam tomar chá, pensou feliz que poderia dar uma escapada, a turma do Duda andava mais tempo na casa desde o pequeno incidente a um ano, e todos culpavam Harry, o garoto nem imaginava que desculpa o primo inventara pra sair menos de casa, mas sabia que ele era o culpado, os amigos dele estralavam as juntas da mão toda vez que o viam.
Saiu para a rua e deu uma volta pelo quarteirão, apesar de não recomendável, ele fazia isso só pra se sentir vivo, ou menos engaiolado, por isso não colocava mais Edwiges na gaiola? Ela agora ficava solta no quarto, poxa, estava mesmo quente, e ele com aquela camiseta comprida se sentia sufocado, e quando finalmente parou de andar, uma sete voltas no quarteirão, ou foram nove? Ele não contava mais, algumas pessoas nas olhavam-no passar e ele sabia que o achavam bem doido, e os Dursley não deixavam de confirmar o fato.
Ele voltou a rua dos Alfeneiros a ponto de ver a turma do Duda indo embora, mais cedo que de costume estranhou Harry, mas ele entrou e foi a porta olhando pro primo que entrava:
-A festa acabou cedo dudoquinha?
-Cala a boca.-disse o primo.
-Que é isso, desta vez eu não estava na casa pra atrapalhar...
-E daí? – o garoto se virou irritado, pela primeira vez Harry via algo indignação no olhar dele.- Não saio mais por causa da minha mãe!
-Qualé dudinho? Ainda parece que você obedece a mamãe mesmo...
-Mas ela morre de medo quando eu saio, principalmente se você também sai!- o garoto elevou a voz.- Ela tem medo que algo aconteça, se o senhor está fora.
-Não posso sair e ficar ao mesmo tempo.- ele sorriu
-Não te ensinaram isso ainda?- Duda fingiu ficar surpreso
Sarcasmo não era natural de Duda, pensou Harry irritado, achava que estava além das capacidades mentais do primo. Percebeu que era hora de parar mas ficou irritado com o que o primo disse a seguir:
-Se bem que se ensinassem, você não poderia fazer não é?- ele se aproximou ameaçador- Não pode fazer nada com aquela coisinha.
-Não preciso daquela coisinha o tempo todo.- ele estendeu os braços, se lembrando que saíra sem a varinha, o que era estranho, ele não dormia com ela, mas evitava ficar sem ela de dia.- Eu não estou com ela agora.- confirmou com uma fúria no olhar.
-Está ladrando o quê então magrela?- disse Duda estalando as juntas.
-Mais corajoso agora?- disse Harry irritado sabendo que aquilo estava indo longe demais. – Não tem o que temer agora, não é mesmo?
-Eu não tenho medo de nada.-disse ele maldoso.
-E no que você pensou naquela travessa a um ano? Hein? No escuro? Frio, não?- disse Harry sabendo que não devia fazer aquilo, mas não se controlando.
-Pelo menos eu não tô gritando de medo de noite.- riu Duda agarrando Harry pela camiseta.
-Já disse pra não falar mais disso! - disse Harry segurando as mãos de Duda.
-Trocou de Namorado, não? -Sorriu Duda ao larga-lo. – Agora ta chorando por quem mesmo? Sérius... Sirius... é Sirius não... Não... Sirius... – ele fingiu chorar.
Harry sentiu a garganta seca, fora assim que começara a um ano, e ele devia se controlar, amarrou a cara e fez que ia entrar mas Duda riu e falou mais alto ao fechar a porta:
-Ah é isso!!! Seu namoradinho te abandonou? Talvez ele esteja com aquele outro agora... Cedrico não? Cedrico e Sirius juntinhos!!!
Harry ficou cego de ódio se virou tão rápido que não percebeu, não sabia se tinha gritado, mas na sua cabeça algo gritou:
-É isso mesmo!!! eles estão juntos!!! Estão Mortos!!! Por minha Culpa!!!
E acertou o queixo de Duda com o melhor soco de sua vida, o primo deu um passo pra trás e se encostou na porta, Harry teve impressão de ter quebrado a mão, e não só ela, pois Duda simplesmente avançou pra cima, anos de fúria contida dos dois extravasando em murros, socos e pontapés, Harry, e Duda também provavelmente, se surpreendeu com a própria força, pois o primo estava branco após levar uns socos no estômago, mas ele levava a pior, bem menor e mais leve já não sentia as costelas, e não tinha certeza se não quebrara o nariz, só ouviram a tia gritando quando ela e o tio os separaram, o tio agarrou Harry pelo o pescoço em uma chave de braço e com o outro braço segurava o braço direito de Harry, que assim imobilizado acabou levando mais uns dois socos de Duda completamente indefeso, seus olhos estavam estranhos, só então percebeu que um deles estava normal e com o outro via tudo borrado. Duda ainda acertou um soco no rosto de Harry que bateu a cabeça contra o nariz do tio que Gritou irritado:
-Já mandei parar!!! -Sacudiu o braço de Harry como se ele tivesse dado o último soco, mas não poderia, pois ficara completamente tonto, seu olho antes bom estava latejando, ele não via direito, estava tudo torto, seu olho ardia.
Mas sorriu ao ver Duda se ajoelhar no chão ofegando e tossindo como um condenado, ele sorriu ao vê-lo ali ajoelhado e ele de pé, mesmo que apoiado, e essa sensação passou tão rápido quanto veio, seu tio largou-o e ele desmontou no chão de joelhos como o Duda, e em seguida se apoiou na parede, suas costelas pareciam ter se partido.
-O que houve aqui!!! Moleque!!!
-... -Harry pensou em falar, mas seu maxilar simplesmente doeu tanto que impediu de mexe-lo mais.
-Dudinha, dudinha, querido o que ele fez? – perguntava a tia para Duda que respirava mais normalmente e começou a sorrir, mas não falou nada, Harry observou que ele esperava pacientemente o que viria a seguir.
-O que você fez com o Duda, moleque!!!- disse o tio puxando o braço de Harry. – Se você fez aquilo...
A tia petúnia soltou uma exclamação, então Harry forçou a própria boca e ouviu sua voz, meio rouca e pastosa.
-Com certeza não foi aquilo...
- Duda... querido- voltou a tia petúnia – ele fez algo... ruim?
Duda apenas balançou a cabeça negativamente, Harry estranhou , desde quando o primo era sincero?
-Não Válter, ele fez algo, olha só como o Duda está branco... –ela passou a mão nos cabelos do filho, talvez procurando um indício de traumatismo craniano.
Mas o silêncio imperou até o tio Valter gritar com Harry, que estava meio adormecido, zonzo, sentia que estava úmido de suor.
-Vai pro seu quarto agora!!! Ande!!! Parece que só fica quieto lá!!! Ande!!!- disse ele roxo quando Harry parecia não querer se mover.
Harry conteve um soluço de dor e se ergueu, passada a adrenalina da luta ele percebera que levara a pior, mal conseguiu se endireitar e subiu arqueado, se apoiando na parede, escutou ainda:
-Descanse Dudinha querido, isso deite no sofá, eu vou trazer um suquinho, tem certeza que não quer deitar? Eu vou trazer uma almofada...
-Que é isso, o meu menino está bem, ele é um lutador nato.- riu gravemente o tio.
Não se importou em ficar para escutar, se arrastou até em cima e abriu a porta, se enfiou pelo quarto escuro e se jogou na cama e ficou quieto, o esforço de respirar já era bem doloroso. Edwiges piou triste e pousou na cama, ele sentiu ela beliscar sua orelha, apenas gemeu:
- janela está aberta, pode ir, não trouxe nada pra você comer, desculpe.
A ave se eriçou toda e o olhou indignada, abriu as asas e saiu.Escureceu e ele ficou ali, horrorizado, não com a briga em si, mas com sua própria satisfação em chegar até aquele ponto.
-Era isso que eu queria?
Perguntou pra si mesmo, pensando ao lembrar da sua satisfação em ver Duda arquejando de dor, isso me faz tão mal quanto...ele?
Harry pensava nisso desde que soube da profecia, marcado como um igual, as vezes Harry se pegava pensando se não havia uma certa dose de maldade pura em sua mania de encher o Duda, Ele me provocou, pensou na própria defesa, mas algo lá no fundo insistia, eu podia ter parado, ter ficado quieto, eu ficava quieto antes, por que me incomodar agora?
Se levantou com dificuldade e foi ao guarda-roupa, se olhou e ficou espantado, seu cabelo estava totalmente despenteado, apontando para todos os lados, mais do que o comum, seu olho direito estava levemente inchado e o esquerdo apresentava um corte , o sangue seco formava uma linha estranha por cima do olho, seu nariz também havia sangrado, ele não vira Duda sangrar, não era tão forte, nem tão pesado, mas o nariz ,apesar de dolorido, não estava quebrado, seu queixo ia ficar definitivamente roxo, e seu lábio também estava cortado.
Definitivamente, ele pensou arquejando ao por o pijama, aquele era um dia para esquecer. Ele deitou com fome, grande novidade, e muito infeliz, o pior que um pouco dessa infelicidade era com ele mesmo.
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