Amargas Recordações
Capítulo 1 –Amargas Recordações
Um homem mediano, branco,olhos cor da noite, cabelos negros oleosos e compridos, estava sentado na sala de entrada de uma casa de aspecto tão miserável quanto o decrépito lugar onde ela ficava. Uma névoa cinzenta podia ser vislumbrada através do vidro de uma estreita janela, escurecido de sujeira que parecia nunca ter sido limpa.
O homem parecia perdido em suas próprias questões, embora se alguém o tivesse observando pensasse que estava olhando a rua de calçamento lá fora. Franziu um pouco a testa. Aquela névoa, aquela mesma névoa de fim de tarde lhe lembrava uma outra ocasião, bem menos funesta. Sonhara com ela esta noite... Ah, se as coisas não tivessem acontecido daquela maneira!
“Lílian” foi o nome que saiu em um sussurro dos lábios finos daquele homem mirrado.Ela era tão bonita! Aqueles tinham sido sem sombra de dúvida os melhores momentos de sua vida! Mas então ela vira os comensais de Lord Voldemort em entrando sua casa....
Tinha algo mais, porém ele nunca chegara a saber. Sentia que Lílian queria contar-lhe alguma coisa naquele dia porém os malditos comensais apareceram! Não quis usar legilimência em Lílian, não achava certo. Há dias ela parecia querer lhe contar algo, mas sempre que estava preste a falar, algo a impedia. E a presença dos comensais fora o principal motivo de ela ter ido se casar com o cachorrinho obediente do Potter! –concluiu com ódio Severo Snape.
Embora ninguém mais soubesse, Voldemort sabia de seu romance e, por mais incrível que parecesse, o próprio Lord Voldemort era incapaz de preparar aquela complicada poção...Sim, quando Voldemort tentou utilizar a maldição Imperius e a mesma não funcionou, ele partiu para seu método mais comum... Ainda lembrava-se da sua primeira conversinha com o maldito:
-Severo Snape! Você é realmente um mestre na arte de poções! Embora eu seja um bruxo formidável, não tenho tempo agora para empreender neste pequeno, porém essencial serviço. Você será muito bem recompensado....
-E por que motivo eu ajudaria alguém como você? –respondera com despeito o jovem Snape.
Nesse instante, Voldemort lançara a maldição Imperius. Severo caíra de borco no chão, mas resistira. Há muito era um praticante dedicado de Legilimência e Oclumência. Levantara-se e respondera calmamente:
-Parece que seu feitiço não funcionou Lord... – acrescentando o título que Voldemort se dava com ironia.
Os olhinhos de fenda se estreitaram em um esgar de raiva.Então Voldemort dissera, a voz perigosamente baixa:
-Você tem apenas uma opção Snape: ou realiza esse serviço para mim ou...alguém vai morrer! – acrescentou ele se deliciando com sua conclusão.
-Não tenho medo da morte!-respondera Severo furioso
Antes que pudesse acrescentar qualquer coisa, Voldemort dissera, um sorriso de maléfico contentamento em seu rosto perverso:
-Quem disse que sua morte me interessa?
Severo gelou, paralisado pelo medo: ele sabia de Lílian!Voldemort fez questão de sair pela porta da casa de Snape. Quando estava na soleira, comentou visivelmente satisfeito:
-Ah, Severo! Você deveria escolher melhor sua concubina!Parece que aquela sangue-ruim acabou de me ver. E aparatara.
Tremendo de ódio Snape lembrou-se daquilo. Nesse momento, uma prateleira da estante de livros mais próxima despencou e um grosso livro negro caiu aberto no chão. Severo continuou sentado em sua poltrona puída. Não sentia a menor vontade de repor a prateleira e o respectivo livro no lugar. Muito lentamente observou o livro caído a seus pés. Um papel de tamanho retangular, com figuras coloridas que se mexiam lhe chamou a atenção. Era uma foto sua tirada por sua mãe com filme encantado, quando chegara a primeira carta de Hogwarts!
Observou a fotografia com muita atenção: seu coração deu um salto ao reparar seu aspecto ao onze anos, com o cabelo curto rebelde que tanto odiava e por isso o deixara crescer,passando óleo anti-volume toda manhã, seu aspecto mirrado, ainda quando tinha de utilizar óculos!!
“Não pode ser!” sussurrou ele com espanto. Uma idéia louca passou pela sua cabeça: ele sempre soubera que não era filho de sangue seu pai, sua mãe casara com ele por estar grávida. Será que ele era irmão de Tiago Potter?! “não!” repetiu ele de si para si. Então uma idéia dez vezes pior passou pela sua cabeça: será que Lílian estava grávida? Será que era isso o que ela tanto temia lhe contar? “Isso é loucura!” Disse Severo em voz alta, pulando de sua poltrona. “Mas então por que ela se casou tão rápido com o Potter?!Eles nem mesmo noivaram!” De certa forma, ele tinha que admitir que isso fazia um certo sentido, fechava até mesmo com as ultimas palavras que ela lhe dissera. Como era mesmo? Algo como “não posso arriscar outra vida”. Sim, fazia todo sentido.
Mas nesse instante, Severo Snape deixou cair aquela fotografia no chão novamente, horrorizado com o que sua linha de raciocínio iria concluir: se ele estivesse certo, então...ora então Harry Potter na verdade era seu filho!
Decidiu que aproveitaria aquela noite, já que Voldemort requisitara Rabicho como empregada doméstica (Snape concluíra que Voldemort gostava de se divertir torturando o grande covarde que era Pedro Pettigrew,fazendo tremer de medo diante de si). Resolveu procurar o diário de sua mãe.Sabia que ele existia, porém nunca tivera interesse em encontrá-lo. Ela morrera sem lhe contar quem era seu verdadeiro pai, mas até aquele momento nunca essa informação tinha lhe parecido importante. Afinal, pensou Severo, seu pai trouxa fora um bom pai. Gostara dele e tudo mais, mesmo sabendo que não era seu filho legítimo. Bem, qualquer um o percebia porque o Sr. Snape era um homem musculoso e tanto os olhos dele como os de sua esposa eram claros, enquanto que os de Severo eram negros.
Verificou as proteções mágicas de sua atual casa e partiu em busca da casa que fora de sua mãe e que agora pertencia a uns trouxas provavelmente.
Desde o maldito dia em que Voldemort aparecera em sua porta, Snape decidira se mudar para um recanto escondido, onde os comensais não pudessem punir ninguém mais do que ele mesmo caso algo desse errado. Vendera a espaçosa e encantadora casa da mãe em Devonshire e se mudara para aquele bairro industrial decrépito nos subúrbios de Londres. Com o passar dos anos, parecia que a decrepitude do bairro acompanhou as transformações sombrias de seus sentimentos. E agora só restava ele e ocasionalmente alguns criminosos trouxas morando ali.
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