Já que ele não veio
Já que ele não veio
Bom, era tudo o que ela precisava, como se a situação atual não fosse a pior o possível... resolveu relaxar... Talvez estes seriam seus últimos dias de calmaria, com certeza quando a notícia da morte de Dumbledore se espalhasse ninguém mais iria se divertir...
Mas definitivamente não seria com Tommy Sculp, um artista tão grande quanto seu ego, enquanto eram namorados, ele queria que ela deixasse de ser auror para que ela se dedicasse exclusivamente a ele, tá bom que ele era bonito, forte, encantador e tudo mais que um rock star podia ser, mas tudo tem limite!
Teve vontade de falar que seu namorado era um Lobisomem, para ver se afastava o ex dali, mas apenas disse a verdade.
—Terminamos – pegou seu drink fumegante e deu um longo gole – podemos falar de algo mais agradável?
— Claro, por que você só veio agora?
—Como assim? Você andou desenvolvendo “a visão” durante este tempo, foi?
—Ué, meu casamento, te mandei uns três convites pedindo que você confirmasse a sua presença, inclusive sabia que viria sozinha, foi por isso que permiti apenas a entrada de casais... Abri uma exceção para você, pois sabia que aquela história de namorado era uma bela mentira, estava apenas tentando me fazer ciúmes, né?
Tonks cuspiu todo o último gole de sua bebida em Tommy, fazendo com que ele fumegasse também e caiu em um surto de risada.
—Seu casamento! É mesmo! – Desculpe-me por isso... – disse tentando limpá-lo – mas é que eu tinha me esquecido, tanta coisa acontecendo, nem me lembrei...
—Claro, e resolve aparecer aqui, depois de um tempão sem dar as caras? Admita vai, você ainda me quer! Mas chegou tarde para impedir, já estou casado. Deve ser por isso a aparência abatida...
Tonks se sentiu terrivelmente irritada com o comentário e se controlou para não azará-lo. Terminou seu drink e respirou fundo.
—Poxa que pena, neste caso vou falar com minha amiga Leena, provavelmente me lamentar... - Parabéns, viu... e foi se desvencilhando do seu ex, tentando passar pelos casais – Ainda essa, apenas casais, perfeito, ela pensou e ouviu ainda dele:
—Não precisa ficar chateada, ainda posso abrir uma exceção ao meu casamento para você, a Sra Sculp não é ciumenta.
Pronto, foi a gota d’água, ela puxou discretamente sua varinha e disse para ele – Claro, assim que suas escamas caírem! E lançou um feitiço que o deixou coberto por escamas verdes. – Curta a festa, disse ela sumindo em meio a multidão enquanto ele urrava de raiva:
—De novo não!
Em outro balcão encontrou sua amiga, Leena.
—AH! Eu não acredito! Bem que o Tommy disse que você viria, e eu não acreditei! Disse Leena abrindo os braços e aconchegando uma chorosa Tonks.
—Menina o que acontece com você? Parece que está pior ainda! Que foi desta vez? Encontrou Lupin?
—Também – disse desanimadamente – hoje fiz uma última e desesperada tentativa, e ainda assim ele acha que não devemos ficar juntos. Disse enquanto caminhavam para o escritório de Leena.
—Chega de sofrer, isso não está te fazendo bem, olha só para você, daqui a pouco vão te barrar aqui na porta, achando que você é trouxa. Disse Leena tentando ajeitar os cabelos opacos de Tonks.
—Eu sei, resolvi virar a página, Lupin para mim é um passado enterrado! Decidi vir aqui, fazia um tempão que não aparecia, ia me divertir...Mas aí cheguei aqui e dei de cara com Tommy, nem tinha visto o tal convite de casamento... Resumindo ele me colocou pra baixo eu recoloquei nele as escamas! Como da vez que terminamos, lembra? Tonks esboçou um sorriso.
—Como não, levou um mês para caírem, nem no Santo Mungos conseguiram tirar! Disse rindo também. Achavam que ele estava fazendo um tratamento para parecer um dragão!
— Parece que nada vai dar certo hoje... nem nunca...
Batidas fortes começam a vir da porta – Leena! Leena, eu sei que ela está aí! Pode fazer ela tirar isso de mim! O show já vai começar! Pede pra ela!! E continuava a bater na porta. Hoje é meu casamento, ela não pode me deixar assim!!
—Bom, acho que é a hora de eu ir... Disse Tonks dando um último abraço na amiga, enquanto as batidas na porta se tornavam mais intensas.
—Bom, você pode usar minha lareira... Está tarde... Quer ir para minha casa?
—Não, obrigada, mas você poderia me emprestar sua coruja? Disse ela já ditando um bilhete para sua pluma.
—Claro – assobiou, e uma corujinha marrom surgiu pela janela com um ratinho na boca.
—Mas para onde você vai?
Tonks amarou o bilhete na perna da corujinha e respondeu:
—Quando tudo parece não ter solução eu apelo mesmo! Andou em direção a lareira e sumiu na fumaça enquanto era anunciada a próxima atração...
Foi direto para sua casa, pegou uma malinha com algumas roupas e se enfiou na lareira novamente.
Tonks saiu da lareira que ficava em um quartinho no fundo do quintal na casa de sua mãe. Esse cuidado era para que não assustassem os parentes de seu pai trouxa, que pareciam sempre estar por ali.
Se ajeitou e assumiu sua verdadeira aparência, pois era sempre assim que aparecia para sua família, os cabelos coloridos poderiam ser fáceis de se justificar, mas nada explicaria as mudanças no nariz , formato do rosto e todo o resto que ela exibiria se pudesse. E isto era apenas uma das coisas que a irritava na casa de sua mãe, mas no momento ela queria colo!
Tonks entrou pela porta dos fundos e chamou:
—Mamãe! Estou em casa!
Não demorou para que as luzes da casa se acedessem e a chaleira se esquentasse para um chá. A única pessoa autorizada a usar aquela lareira era sua filha, e um alertômetro sempre a avisava de seu uso. Mesmo antes de aparecer, as coisas já se movimentavam na cozinha, de um jeito que só Andrômeda poderia comandar, e que sua filha certamente não herdara.
—Nimphadora, é tão tarde. Você está bem? Aconteceu alguma coisa? Disse a Sra Tonks se aproximando da filha, já a examinando da cabeça aos pés, depois a segurando em um longo abraço.
—Ah, mamãe... A abraçou de volta e começou a chorar.
Logo a água na chaleira foi substituída por um chocolate quente, pois achou que seria mais conveniente. Desde a volta de “Você Sabe Quem” a Sra. Tonks andava mais preocupada com Nimphadora, ela sabia que seu emprego era perigoso e que ela estava envolvida em assuntos secretos, até havia conhecido seu primo Sirius que embora soubesse agora que ele era inocente, ainda era um fugitivo.
Nas últimas visitas ela sempre estava mais azeda, e por incrível que parecesse, tinha causado menos danos a sua cozinha que de costume.
—Tadinha, minha filhinha está cansada né? Está com cara de quem está trabalhando demais... Tantas coisas estranhas acontecendo, sorte que os trouxas não conseguem enxergar tudo, não é? Conta pra mim, o que está acontecendo, aconteceu algo perigoso? Disse a Sra. Tonks conjurando uma xícara do chocolate quente enquanto um bolo se fatiava na mesa.
—Tanta coisa tem acontecido... Mas sabe mamãe... No meio de tudo eu conheci alguém... – Disse chorosa, e tentando limpar o nariz, sua mãe já estava oferecendo uma caixa de lenços – Mas ele não me quer! – e abriu o berreiro.
Tonks já havia tido muitos namorados, dos mais variados tipos, desde um dos doceiros fabricantes de Feijões de Todos os Sabores (se aproveitou muito do coitado), um treinador de trestálios para corridas e até um aprendiz da Academia Superior de Magia Morgana, especializada em criadores de magia nova, mas nunca havia derramado nenhuma lágrima por nenhum deles, e cada um deles era o “homem de sua vida” como ela sempre os apresentava a sua mãe.
—Mas qual é o problema com ele? Se ele não te quer, talvez não te mereça! - Disse já empurrando o pedaço de bolo.
— Ele – começou ela em meio a soluços – é mais velho...
—Ai! Não me diga, ou melhor, me conte, quanto mais velho? Talvez....- Começou com uma cara de reprovação mas parou diante do choro melancólico.
— Ai mamãe, ele não é nenhum velho babão não! Ele era um amigo de Sirius, nem é tão velho, mas o problema é que... Ele se sente muito mais velho do que é! – Enrolou Tonks para não dar detalhes. – Mas o importante é que hoje morreram todas as minhas esperanças. E quero dizer que estas serão as últimas lágrimas que eu derramarei por ele!
—Assim que se fala! Disse a Sra Tonks decidindo não prolongar o sofrimento de sua filha – Quer que eu te prepare uma poção para coração partido? Pela manhã você nem vai se lembrar de tê-lo conhecido.
—Vamos fazer assim, se eu chorar por ele amanhã eu tomo a poção, certo? Disse ela enxugando suas últimas lágrimas. Por hora, posso ajudar com a cozinha?
—Claro – disse Andromeda tentando animar a filha – já perdi o sono, acho que vou ficar e.... observar.
Bom, com isso ela pôde fiscalizar de perto que a filha parecia estar voltando ao normal, pois derrubou a chaleira sobre o vaso de cristal espatifando-os na pia, e sua mãe rapidamente abafou o som para que não acordasse o Sr. Tonks.
—Desculpe... acho que devo voltar a seguir a sua regra de não realizar mágicas na cozinha, certo? - Abriu um pequeno sorriso.
—Claro, cada vez que você tenta algo eu tenho mais trabalho. Deixe-me terminar. – Pegou sua varinha a arrumou tudo em um instante.
As duas seguiram pelo corredor em direção a escada, subindo para o quarto de Tonks, sua mãe sempre mantém o quarto dela pronto, para o caso dela desistir de ser auror e queira viver com ela, em segurança. Sempre mantinha a esperança, embora ela sempre a visitava, raramente ela vinha passar as noites ali.
Ficaram conversando a beira de sua cama durante um tempo, Tonks atualizava sua mãe sobre os últimos acontecimentos, deixando ela horrorizada... As notícias que ela tinha pelo Profeta já eram suficientes para querer trancar a filha no quarto e não deixá-la sair mais. Até pensou que era bom a sua filha estar desse jeito, afinal ela veio passar a noite em sua casa.
Tonks se arrumou em um pijama antigo de cometas que brilhavam quando a luz se apagava, se lembrou mais uma vez de Lupin, foi para debaixo das cobertas e sua mãe lhe deu um beijo na testa. - Boa noite filha.
—Mamãe, queria que ele tivesse vindo atrás de mim... Acho que eu o amo... E acho que vou querer aquela poção pela manhã... – foi dizendo sonolenta.
Sua mãe acariciou seus cabelos castanhos, e fez que sim. Deu outro beijo em sua testa e a cobriu mais uma vez. Puxou sua varinha e encantou o teto do quarto de Tonks com os cometas de seu pijama, como fazia quando ela ainda era pequena. Encostou a porta e foi dormir.
O dia mal havia clareado e a Sra Tonks já havia levantado e ia sair para comprar os ingredientes da poção de sua filha, e orientou seu marido para não acordá-la, pois ela estava precisando descansar, e que não iria trabalhar naquele dia.
O Sr. Tonks concordou, ainda meio sonolento, tinha muita coisa a fazer naquele dia, mas não esperava ser acordado tão cedo.
—Não poderei fazer as compras para o jantar de hoje, vou deixar uma lista na cozinha, para que você as faça. Vou ao Beco Diagonal, preciso preparar uma poção para nossa filha, ela está tão tristinha... Bom, não posso mais perder tempo, a mesa está posta e não deixe a usar magia! – Disse Andrômeda enquanto se arrumava e sumindo pelo corredor.
O Sr. Tonks se levantou, lavou seu rosto e foi em direção a cozinha. Serviu-se de um copo de suco e de uma omelete com queijo. Abriu seu jornal e se assustou com o vulto descabelado que se aproximou dele, derrubando a jarra de suco não chão.
—Oi pai, desculpe se te assustei... Cheguei ontem a noite.
—Oi minha filha! Não esperava ver você acordada tão cedo – disse ele indo em sua direção para lhe dar um abraço – será que você poderia me ajudar?
—Ah, pai... Nem estou acordada... Só vim te dar um oi, para o caso de eu não conseguir me levantar pelo resto do dia – disse ela num longo bocejo, e seguiu por onde veio.
—Vou dizer para sua mãe que foi você! Disse ele rindo enquanto pegava um pano.
—Aí sei que você estará encrencado também... Tenho certeza que não vai querer isso... – Gritou antes de bater a porta de seu quarto. Como nos velhos tempos.
Ted nem quis perguntar mais nada, pela cara se sua filha se ela a ajudasse era capaz de colocar fogo na casa, do mesmo jeito que ela tinha feito na ultima vez que ele lhe havia pedido para ajudar com a vidraça da cozinha. Terminou seu café e a arrumação. Tomou um banho e seguiu para as suas compras. Meia hora depois estava de volta, pois havia esquecido de pegar a lista.... – Mas que droga – xingava ele.
Tonks jazia em sua cama, dormia, não dormia, rolava de um lado para o outro. Tinha sonhos absurdos com trasgos surgindo de suas orelhas correndo atrás dela, acordava, teve um ultimo pesadelo: era noite e o céu estava cheio de nuvens, ela e Lupin haviam saído para tomar um sorvete, a nuvens se dissipavam e de repente era lua cheia. Acordou aos berros enquanto era atacada pelo lobisomem.
—Nimphadora, querida, o que foi? Sua mãe já havia retornado e estava preparando sua poção, saiu correndo para socorrer sua filha que estava aos berros.
Andrômeda a abraçou, e Tonks falou de seu pesadelo, que tinha sido atacada por um... lobo, disse meio receosa. Sua mãe a abraçou forte e lhe disse que era só um pesadelo, como ela costumava ter quando criança, não precisava ficar desse jeito.
Mas ela não sabia, e não entenderia o que esse pesadelo provocou em sua filha. Tonks nunca tinha sonhado com isso antes. E meio que sentiu o medo que Lupin tem, de como ele era perigoso... Sua mãe conjurou uma xícara de chá calmante e a deixou cochilando novamente em sua cama, retornou para terminar a poção.
Tonks havia ferrado no sono, nem ouviu quando a campainha tocou. Logo estava sendo acordada por sua mãe.
—Mamãe, ainda é cedo , me deixa dormir!!
—Levanta, anda, se arruma! Ele está aqui! Rápido! Tome. Empurrou nela uma xícara de café forte para ver se ela despertava.
Tonks nem sabia o que estava acontecendo, engoliu o café e só depois perguntou: - Ele quem? Quando se tocou: COMO?
—Lupin, não é? Ele está aí embaixo, acho que conversou com seu chefe, algo assim, que importa ele está aqui, agora se arrume e desça!
—Manda ele pro inferno mamãe! Que eu quero dormir! Quem se importa se ele está aqui! Toca ele para fora. Não quero vê-lo nunca mais!Disse ela com a voz rouca.
—Bom, diga isso você mesma... E realmente, ele não parece velho, apenas cansado... e neste momento aparenta melhor do que você! Agora se arrume e desça, ou farei sua cama ir até ele, do jeito que está! Tem algumas roupas no armário, espero que sirvam. Você tem 5 minutos... – E saiu fechando a porta.
Mas que diabos, pensou, que eu faço agora! Ele finalmente veio atrás de mim! Isso deve significar alguma coisa! Se animou, até demais, logo seus cabelos estavam vermelhos flamejantes e colocou uma calça preta e uma blusa vermelha, se olhou no espelho.
Não, muito chamativo... Deixa eu ver... trocou por uma saia cinza e uma camisa branca, cabelos loiros, devidamente arrumados e olhos verdes... Se descesse assim sua mãe a mataria. Seu tempo estava se esgotando, se trocou anida algumas vezes, se dirigiu para o banheiro e usou um enxaguante bucal, cuspiu logo: —Menta, eca! Se viu uma última vez no espelho... Estou linda! Pensou...
Mas parou e se observou por um instante... Era deste jeito que queria aparecer para o homem que a fez sofrer durante um ano? Nem sabia o que ele viera fazer a sua procura... Assim vestida deste jeito ela pareceria desesperada por ele, e suas palavras do dia anterior não teriam valido nada! E pior, vai ver ele veio até ela com alguma missão da Ordem, ou até se certificar de que eu havia entendido bem os motivos pelos quais eles não deviam ficar juntos!
Com este pensamento Tonks se enfureceu e assumiu mesma forma que tinha quando acordou, com grandes olheiras e tudo mais. Colocou de volta seu pijama e vestiu seu antigo robe de estrelinhas. Abriu a porta desceu as escadas.
Ao chegar na sala ela o avistou, se pudesse azarava-o, só de imaginar o que ele poderia dizer, nem deu chance, cumprimentou novamente seu pai e foi em direção a Lupin – MAS QUE RAIOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI!! – agarrou o pelas vestes e o levou bruscamente para a porta da rua.
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