Capítulo I



Os Marotos e o Segredo de Sangue





Capítulo I - Águia Marota



"Tudo bem, Almofadinhas, só não sei se o Aluado aprovará nossa magnífica idéia, pois no final das contas ele é um monitor, não se esqueça."


Este foi o último bilhete mandado por Tiago, com destino à Sirius, que foi interceptado pelo olhar furioso e fantasmagórico do Profº Flittwick. Sua varinha descansava leve e suavemente sobre a mesa pesada de carvalho, mas os dedos pequenos e grossos do professor estavam levantados, das pontas rechonchudas saindo um fino feixe de luz branca, levitando o bilhete consideravelmente na altura dos olhos de todos os alunos. Não era qualquer um que podia fazer aquele tipo de magia, sem necessitar de uma varinha mágica - e isso deixou grande parte dos alunos boquiabertos. O discurso sobre a Guerra dos Gnomos fora interrompido abruptamente pelo gesto significativo e bravo do professor.


- Então, Potter, Black. - ele começou, estreitando os olhos miúdos e escuros - há alguma explicação sobre tal ato no meio da minha aula?


Sirius olhou para Tiago. Ele tinha uma das sobrancelhas erguidas e parecia confiante, encarando o professor. Mas Sirius sabia que ele matutava uma desculpa que se encaixasse na situação.


- Ora, professor, o que é isso, desconfiando de nós, que somos alunos tão responsáveis! - seu tom saiu dúbio, entre sarcasmo e seriedade. - combinávamos de nos encontrar para fazer seu dever, que por sinal, é um ótimo tema qu...


- Engraçado, Sr. Potter. - o anão interrompeu, seus olhos brilhando ainda mais - ainda não passei dever.


Tiago olhou brevemente para Sirius. Para qualquer outro, significaria um olhar simples e observador. Mas ambos sabiam o que significava: era a hora de Sirius agir.


- Poxa, Tiago! - ele exclamou, atuando bravamente - você estragou a nossa surpresa!


Tiago franziu o cenho e não deixou de dar um sorriso no canto dos lábios, aproveitando que as atenções da sala estavam inteiramente em Sirius.


- É, professor. - ele continuou - íamos fazer um trabalho extra para o senhor sobre a Exterminação dos Duendes para amanhã... aliás, seu discurso sobre isso estava ajudando muito, quer continuar?


Flittwick semi-cerrou os olhos novamente e olhou de Tiago para Sirius. O silêncio predominava e todos sabiam que ambos mentiam.


- Eu falava sobre a Guerra dos Gnomos, senhores. - ele avisou, os lábios se elaborando numa linha sinistra, aparentemente uma tentativa de sorriso. - e por que o senhor Lupin não aprovaria? Detençã...


Fora interrompido por duas batidas rápidas e animadas na porta; a Professora McGonnagall sorria e seus olhos felizes brilhavam, e, talvez por esse motivo em especial, as atenções antes grudadas nos dois alunos e no professor furioso voltaram-se totalmente para ela. Logo se explicou:


- Com licença, professor. Temos uma aluna nova, que eu tive o prazer de recebê-la na minha Casa. Por favor, srta. Mills, entre.


De relance, Sirius deu uma olhada malvada para Tiago, que sorriu levemente e esticaram o pescoço para alcançar os olhos na porta. Uma garota da altura deles, os cabelos tão negros quanto a noite cascateavam até o fim da cintura em leves ondas e cachos nas pontas, o busto farto comprimido contra a camisa do uniforme escolar, que caía-lhe perfeitamente no corpo cheio de curvas e delicadezas, e olhos azuis fúcsia, muito claros. Sua pele era muito clara, como se ela não tivesse contato direto com o sol há vários dias - a boca carnuda e cor cereja, o nariz afilado e as sobrancelhas em posição perfeita com os olhos.


Sirius estremeceu e sentiu um arrepio, quando os olhos da garota alcançaram os seus. Por um breve instante, ele a viu corar e desviar seu olhar para o chão, e depois para a professora.


- Esta é Sasha Mills, nova estudante da Grifinória, no sexto ano. Ela estudava em uma escola bruxa na Escócia e talvez vocês estranhem seu sotaque forte. Ela pode... acompanhar o término de sua aula, professor?


O ar severo que o anão adquirira após uma não-terminada briga com dois dos marotos, se transformou em doce e gentil, como se, há tempos, esperasse por essa repentina interrupção e agora se felicitava incrivelmente com ela. Seus lábios crisparam e ele falou, carinhoso:


- Sente-se ali, srta. Mills. - e apontou para um lugar vazio ao lado de uma garota de olhos verdes e cabelos lisos vermelhos - pode deixar comigo agora, Minerva. - completou com uma piscadela.


A professora acenou e se despediu de Sasha com um afago no rosto, afastando a franja negra que caía-lhe nos olhos. Deu as costas enquanto Sasha rumou até o lugar indicado anteriormente pelo professor, sentindo os olhares admirados e curiosos dos alunos, mas conseguindo manter o seu entre o chão e os próprios pés. Sirius moveu lentamente a cabeça para se certificar de que Tiago gravava a cena com os olhos castanho-esverdeados, e se surpreendeu ao notar que o amigo o fitava com um sorriso travesso nos lábios finos.


Sasha sentou-se ao lado da ruiva, que sorriu para ela. Retribuiu o sorriso sentindo um alívio percorrer seu estômago e as borboletas se acalmarem, dando trégua à guerra furiosa que haviam iniciado. A garota ruiva se inclinou para se apresentar, em voz baixa:


- Prazer, Lílian Evans. - e estendeu a mão.


A morena apertou a mão firmemente com um sorriso, mostrando os dentes perfeitos e os caninos enquadrados em um ângulo perfeito, muito brancos.


- Com licença, srta. Mills - a voz rouca do professor feriu seu ouvido - gostaria de se apresentar?


Ela corou levemente mas não deixou transparecer, se levantando imediatamente. Os olhares atentos da sala foram voltados para ela. Parecendo segura, começou:


- Bom... meu nome é Sasha Mills, sou filha de trouxas. Morava na Escócia desde pequena e tive que vir para a Inglaterra por motivos pessoais. Tenho 16 anos e, bem, como já sabem, estou na Grifinória e ainda não tive a oportunidade de conhecer todos os professores e funcionários... é a minha primeira vez numa escola interna e...


- Por que não nos fala... das suas habilidades pessoais? - ele interrompeu perguntando, quase numa afirmação, com um discreto sorriso no canto dos lábios encarquilhados que denunciava que estava ciente do que falava.


A confiança e resistência de Sasha e sua incrível performance durante o pequeno discurso, sem se envergonhar, corar, ou rir de si mesma, foi uma forma de demonstrar o quanto ela era segura e confiante. Porém, ao ouvir o comentário do professor, ela pareceu se encabular e as bochechas adquiriram um tom avermelhado, e isso fez Sirius, Tiago, Lílian e todos da sala se interessarem.


- B-bom... - ela tentou se concertar, jogando os cabelos compridos para trás - meus antigos professores dizem que eu sou boa em Defesa Contra as Artes das Trevas e...


- Senhorita Mills... - o professor repreendeu com um sorriso de loslaio.


Sasha olhou para a carteira, totalmente encostada na parede, sem saída. Parecia tentar encontrar respostas e, ao abrir a boca novamente para falar algo, ouviu a voz de um aluno que lhe chamara a atenção ao pisar os pés na sala sufocante:


- Professor, ela não tem obrigação de falar. - Sirius Black falou com naturalidade, como se informasse o resultado de uma partida de quadribol a elfos domésticos.


Os olhos miúdos do professor metralharam Black silenciosamente e ele voltou sua atenção para a nova aluna novamente, parecendo ceder, continuou com a voz trêmula de início, e firme ao terminar:


- Tudo bem, Srta. Mills, livro Atuando: Gnomos, de Guindther Rushey, página cento e vinte e três, e depois você pode estudar as anotações da srta. Evans. - dizendo isso, voltou-se para o quadro negro, fazendo os livros abaixo de si rangerem e estremecerem, e por um momento todos imaginaram o pequeno anão caindo livros abaixo e se estatelando no chão de pedra.


Enquanto Lílian concordava com o professor, Sasha percorreu os olhos até encontrar novamente um garoto de olhos azuis escuros que massageava inutilmente o pescoço - fazendo os cabelos lisos balançarem para trás - e a olhava com um sobrancelha erguida. Deu um pequeno sorriso dúbio para ele e voltou sua atenção no livro - mas não exatamente por muito tempo.



*****




- Tô falando, Sirius, quando ela entrou você meio que paralisou... - Tiago falava, sorrindo.


- Ah, cala a boca, Pontas.


Sirius virou o copo de suco. Já era o quarto que tomava e a sede persistia em continuar a agir. Erguendo os olhos, avistou a nova aluna rumando até a mesa da Grifinória, conversando com Lílian Evans, entre os risos. Ao vê-lo, ela sorriu e voltou sua atenção novamente à conversa da ruiva. A outra a levou exatamente ao lugar vazio em frente à ele e Tiago, que parecia distraído com Remo Lupin. Seus olhares se cruzaram por um breve instante novamente e Lílian se apressou em apresentar, sentando-se:


- Sasha, estes são Remo Lupin, é monitor da Grifinória, como eu... - apontou para um garoto de cabelos arrumados e olhos castanhos avelãs que sorriu e acenou com a mão. Pulando um garoto de cabelos arrepiados, ela seguiu para outro de olhos azuis e cabelos negros que caíam na face e no pescoço - e este, Sirius Black.


Sirius deu um de seus melhores sorrisos com os dentes perfeitos e se levantou para beijar-lhe o rosto - Sasha, querendo ou não, sentiu o calor e o hálito quente dele perto de seu rosto e arrepiou-se. O garoto de cabelos arrepiados que a ruiva pulara pareceu indignado e protestou:


- Minha ruivinha, esqueceu do principal?


- Ah, sim, e esse é... Tiago Potter... - apresentou com tédio e cinismo.


Sasha sorriu e correspondeu o beijo no rosto do garoto, que se levantara. Após uma série de apresentações e beijos por cima da mesa, a garota soube de quem se tratava pelo menos, todos que os circulava. Já conversava com a garota ao seu lado como se fossem amigas há muito tempo - e isso a aliviava, pois achar alguém que pudesse ser como Lílian Evans no meio de milhares alunos como naquela escola, era como procurar uma agulha no meio de um palheiro.


- Meu Lírio - começou o garoto de cabelos arrepiados, após sair de uma conversa com Sirius - meu amigo Almofadinhas aqui acabou de me confidenciar um segredo muito absurdo.


- E quem disse que eu quero saber, Potter? E acho que vou ter que escrever "Evans" na minha testa. E não volte a falar comigo ou você voará por aquela janela em questão de minutos. - ela falou rapidamente, com as sobrancelhas erguidas.


- Eu também te amo, docinho. - disse o garoto, sorrindo maliciosamente.


Lílian e Tiago iniciaram uma série de insultos e provocações em voz baixa, tentando não chamar a atenção - o que era particularmente impossível. Sirius sorriu e olhou para Sasha:


- Garanto que não é a primeira vez.


A garota desviou seus olhos azuis da dupla para o garoto.


- Eles parecem se conhecer melhor do que eu pensava, sabe. - ela murmurou em voz baixa, dando uma piscadela, fazendo o outro sorrir.


- Tiago a provoca desde o segundo ano, mas no fundo eles se amam... - ele falou, recebendo um olhar maroto de Tiago, porém Lílian não ficou a par deste e continuou falando o quanto ele era insuportável.


Ela sorriu:


- Ah... obrigado por aquilo lá na sala. Aquele professor parecia disposto a me tirar do sério.


- Você parecia bem calma, pra dizer a verdade.


Ela sorriu novamente, com um leve tom malicioso:


- Às vezes as aparência enganam.


- ... só sabe azarar, comer, infernizar, dormir, azarar... sinceramente, você não cansa não? ... - a voz de Lílian lhes chamou a atenção, mas a troca de olhares entre os dois foi mais constante e intensa do que ambos poderiam ter esperado.



*****




O livro groso e surrado queria escorregar entre seus dedos delicados e ágeis, seus olhos fechados levemente em um cochilo temporário. Uma entrada brusca e uma batida forte do quadro da Mulher-Gorda as fizeram acordar, coçando os olhos com os punhos fechados, tentando focalizar as silhuetas que entravam na sala àquela hora da noite.


- Ah, claro, os marotos! - Lílian sobressaltou-se ao seu lado, também acordando. Era incrível como ela se irritava com facilidade ao notar ou sentir a presença de Tiago Potter.


- Sim, somos nós, ruivinha. - argumentou Tiago, sentando-se imediatamente entre Sasha e Lílian, virando-se para a última e ficando bem próximo à ela, obrigando-a a inclinar a cabeça totalmente para trás para que seus lábios não se tocassem.


Sasha levantou-se para tentar não ficar tão próxima aos dois. Sem notar, ficou mais próxima de Sirius do que esperava, mas sorriu. Ao abrir a boca para falar algo, Remo entrou correndo e ofegando, atrás de um vulto preto que se escondeu atrás do armário de almofadas. Arregalou os olhos ao notar a presença de Sasha na sala e estancou abruptamente, esfregando as mãos e as gotículas de suor se formaram rapidamente em sua testa e escorreram pelo seu rosto alvo, contornando suas bochechas rosadas.


De trás do armário, o vulto preto pareceu... gemer. Sasha olhou desconfiada e sentiu que todos ali sabiam o que acontecia; até mesmo Lílian. Hesitantes, pareciam matutar algo para explicar a ela. Sasha não precisou mais pensar e teve a absoluta certeza ao ouvir um grande barulho de madeira se quebrando e o armário, lentamente e rangendo, começou a se afastar da parede, caindo, até ser amparado por um feitiço de levitamento facilmente lançado por Tiago.


De trás do cômodo saiu, retulante e tremendo, o pequeno e gorducho Rabicho, os cabelos mais espetados e bagunçados do que nunca, e seus olhos miúdos agora se arregalavam com a idéia de alguém saber seu segredo, o rosto muito sujo. Sasha ergueu uma das sobrancelhas ao perceber que todos a olhavam, hesitantes e sem saber o que dizer.


- O quê? - quis saber, indignada - Animagia não é nenhuma monstruosidade. E eu não sou uma louca preconceituosa! - exclamou, visivelmente ofendida - todos temos segredos! - concluiu.


- Q-quer dizer que você não se importa em Pedro ser assim? - suspirou Remo, arrumando os cabelos, e, ao perceber o sinal de afirmação dela, virou-se furioso para Rabicho - droga, seu rato idiota! Eu falei pra você NÃO cair na conversa daqueles sonserinos patéticos! Quando ele fica assustado se transforma. - explicou.


- É claro que eu não me importo. - respondeu, se jogando no sofá.


Tiago, Sirius e Remo se entreolharam. De repente, ela notou que havia mais um segredo entre eles, mas não quis pressioná-los e acabar parecendo uma curiosa. Olhou para Lílian, que esfregava as mãos, que suavam. Rabicho parecia ter achado seus pés mais interessantes que qualquer outro assunto e os torcia, nervoso.


- O que foi? Algum problema? - quis saber após a terceira troca de olhares entre Sirius e Tiago.


- Não.


A resposta veio de uma fonte que, no momento, ela considerara muda. Remo Lupin mudara seu passa-tempo para a janela, tendo que torcer o pescoço e se apoiar na mesa de deveres para observá-la, como se temesse, de algum modo, encarar qualquer um presente no saguão, e ao mesmo tempo o que veria lá fora.


- Eu gosto de ratos. - confidenciou o pequeno Rabicho, em voz baixa e misteriosa, como se segredasse o assassino de alguém.


Sasha sorriu, porém os outros não o fizeram, conservando a mesma expressão e gestos hesitantes e preocupados. Decidiu, então, no meio de tantos segredos, contar um dos seus, já que eram tantos:


- E eu gosto de águias. - murmurou em voz baixa, quase rouca, ao mesmo tempo querendo provar presença, e temendo ser notada.


Lílian virou a cabeça em sua direção surpreendentemente rápido, para ter certeza do que teria ouvido. Remo continuou fitando a janela, embora um sorriso pequeno de satisfação surgisse repentinamente no canto de seus lábios finos e seus olhos aveludados omitissem a preocupação sobrecarregada anterior. Tiago ergueu uma das sobrancelhas e parou de esfregar as mãos, interessado na confissão; e Sirius sorriu, mas a garota não pôde diferir a animação e a incerteza do que havia realmente ouvido com os próprios ouvidos. Rabicho a olhou normalmente, como se acabasse de ouvir a coisa mais óbvia do mundo e já soubesse há tempos.


- Eu também tenho os meus segredos.


Tiago sorriu abertamente e perguntou, quase que confirmando:


- Então você também é uma animaga? - continuou ao perceber que a garota afirmara com um aceno leve - não sabe como agradecemos por isso. - murmurou, mais para si mesmo do que para qualquer um na sala - então, como era sua vida na Escócia? - ele quis saber, notando que o clima mudara ligeiramente, com uma sensação de alívio intenso.


- Bom... eu freqüentava uma escola bruxa chamada Matusalém, mas ela não era interna. Na visão dos trouxas, ali era um lugar freqüentado por pessoas doentes e que precisam de auto-ajuda de espíritos e demais seres ocultos pelos olhos humanos.


Sasha gostou da sensação que ela mesma provocara em si e nos outros. Começara, pela primeira vez, a confiar em qualquer pessoa que não fossem seus avós no mundo. Talvez por isso continuou, entusiasmada.


- Tinha mais liberdade lá. A escola não era dividida por Casas e dificilmente presenciávamos um jogo de quadribol, sendo que o grande vício era o xadrez. Além da escola, eu participava de cursos para preparação animaga, metamorfogama e...


- Espera um pouco! - interrompeu abruptamente um curioso e incrédulo Remo - você... é metamorfogama?


Assentiu com a cabeça, mas não esperou pelo convencimento de todos na sala, que pareciam estupefatos, e não se interessaram pela preparação animaga, numa escola ilegal escondida do Ministério da Magia, e continuou:


- ... meus pais morreram quando tinha oito anos. - Lily abriu a boca para falar algo, mas a interrompeu - não, eu não guardo ressentimentos disto. Pelo que fiquei sabendo, é até um alívio. Eu seria alguém terrivelmente diferente do que sou hoje, se eles continuassem vivos. Meus pais sabiam do mundo bruxo desde antes de eu nascer e queriam me preparar como fadada a ter a responsabilidade de construir uma família de honra no mundo bruxo.


- Mas como eles sabiam que você é bruxa antes dos onze anos? - perguntou Sirius, interessado.


- Eu devia ter uns três, quatro anos naquela época. Minha mãe havia acabado de comprar uma revista de moda e quando chegamos em casa, todos foram para a cozinha e eu fiquei com a peça, na sala. Folheei algumas páginas até chegar em um anúncio, onde uma mulher loira de cabelos curtos preenchia toda a página, vestindo um vestido longo. Eu fiquei tão absorta em como os cabelos daquela mulher podiam ser tão lisos que desejei profundamente tê-los também. Foi aí que minha mãe entrou e se apavorou ao ver uma garotinha de olhos azuis e cabelos muito loiros e curtos no lugar de sua filha.


Lílian, Tiago e Remo riram, mas Sirius sustentou um olhar confuso e risonho. Rabicho havia se sentado no sofá e balançava as pernas sem prestar atenção no que o grupo conversava. Agora todos estavam sentados nos sofás, e haviam poucos alunos nos demais lugares.


- Foi horrível! Ela começou a gritar algo como "cadê a minha filhinha" ou "o que fizeram com aquele monte de cabelos pretos?" e eu comecei a chorar, sem saber se era de alegria pelos cabelos loiros ou de raiva, por ver que minha mãe não havia gostado do meu novo visual. - ela falou, sorrindo.


- Então era essa a sua habilidade pessoal que o professor Flittwick tanto queria que você revelasse? - quis saber Lílian, jogando os cabelos ruivos para trás.


- Acho que sim. - balbuciou - eu sou como aquelas... expecialistas em aparência, sabe? Além de metamorfogama, sou camóflaga e poliglota. Meus avós me ensinaram, além do inglês, o espanhol, francês, alemão e português. Isso influenciará grande parte do meu preparo para ser aurora, podem apostar. - Sasha terminou, afastando a franja negra que caía pouco abaixo da sobrancelha.


- Você deve ser a única da Escócia, ou da Inglaterra - falou Rabicho pela primeira vez - ou talvez da Europa. - ergueu as sobrancelhas, interessado.


- Joga quadribol? - quis saber Tiago, arrumando os óculos redondos que haviam deslizado para a ponta do nariz.


- Não. Pra falar a verdade, gostaria, mas sou péssima. Normalmente a reserva é meu lugar. - falou, sorrindo, feliz com a mudança de assunto. Não gostava nem um pouco de lembrar dos tempos em que não podia andar nas lojas bruxas da cidade onde morava sem ser ao menos fotografada, apesar de na maioria das vezes ir com a aparência diferente, seus olhos eram facilmente reconhecidos, e ela não gostava de se abdicar deles.


- Eu odeio. - disse Lílian, incrédula com a confidência da outra, como se ela tivesse dito que namorara um trasgo - não sei qual é a graça em montar em uma vassoura e suspeito que nunca chegarei nem perto de ter prazer em fazê-lo.


- Eu posso te dar prazer ao fazê-lo, Lily. - falou Tiago, com malícia e uma pontada de sarcasmo.


A ruiva, muito vermelha e nervosa, jogou uma almofada vermelha no garoto que, sorrindo, desviou. Sirius e Sasha riram. Remo revirou os olhos, farto com as recaídas do amigo na garota. Um grupo de garotas que cochichavam ali perto, explodiram em risadinhas histéricas.



*****


















N/A: Bom, é isso... esse foi só o começo, mas, sabe, já dá pra ter alguma idéia do que vai ser a história, né?
Então, será que dava pra comentar o_o' ?
Luv yá s2
N.W.Black ;*

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