Hermética Afeição



– ...sempra!!!
Harry olhou a sua volta, não estava mais na casa dos Dusrley e nem estava frente a frente com Narcisa Malfoy. Apontava a varinha para um poste de iluminação enquanto Mione sentava-se no chão, em estado de choque. Estavam no meio de uma rua, escura e estreita, onde podiam ver muitas casas, uma praticamente pregada a outra. Tão parecido com a Rua dos Alfeneiros, Harry pensou, mas sabia que não estavam lá. Percebendo o olhar de incompreensão de Harry a garota disse:
– Aparatei.
– Ah – Harry colocou a mão da barriga como se estivesse passando mal. – Faz sentido.
A sensação de aparatar não era uma das melhores, mas com certeza, Harry pensara, essa o salvou de uma sensação muito pior, a da morte.
– Onde estamos Mione? – Harry perguntou olhando a sua volta, não reconhecia o local – Nunca estive aqui antes. Bem... não que eu me lembre.
– É a rua onde moro. Vê aquela casa. – Mione apontou para uma casa igual a todas as outras a sua volta. – Bem, é lá que eu moro... foi o primeiro lugar em que pensei.
– Eu entendo, mas acho que é melhor irmos para outro lugar.
– Vamos então – Mione foi andando com dificuldade em direção a casa que apontara. – Tem lareira lá em casa, podemos usar o Pó de Flu.
– Não Mione, não podemos entrar. Só colocaremos sua família em risco. – A garota fez cara de quem não entendera. – Acho que Voldemort pode saber onde estamos.
– Pode?
– Aham. – Harry colocou a mão na cicatriz, ardia. Ele não sentia essa dor há quase um ano.
– Ok, vamos pra onde então? – Mione perguntou
– Bem, acho que a Toca é melhor lugar para irmos agora.
– Certo. Tonks e Lupin estão lá. – Concordou Mione. A presença de aurores ajudaria bastante, e os garotos sabiam muito bem disso.
Mione pegou a mão de Harry e fechou os olhos, concentrando-se, aparentemente. Ela estalou os dedos e no instante seguinte estavam no quintal dos Weasley. Uma aparatação perfeita, sem sinal de estrunchamento.
– Você é boa nisso. – Disse Harry sentindo-se enjoado novamente.
– Obrigada. Então. . . é melhor irmos logo. – A garota disse olhando para a janela da cozinha. – Acho que estão preocupados.
A cozinha, assim como toda a casa, estava iluminada e os garotos podiam ver claramente que todos os Weasley, exceto Percy, encontravam-se na cozinha, conversando em um tom de preocupação. A uma ora dessas Rony, preocupado, já teria dito todo o plano de pegar Harry na casa dos tios. Mione e Harry estavam realmente atrasados.
– Certo. – Disse Harry.
Os dois caminharam pelo jardim escuro e bateram a porta da casa. Um silêncio repentino fez-se lá dentro e entre cochichos e correria a porta se abriu. Lá estava Lupin, Tonks e Moody, todos em posição para um possível ataque ou contra-ataque.
– Harry! Que bom que é você, estávamos preocupados. – Disse Lupin abraçando o garoto.
– Pode vir gente, é o Harry e a Hermione. – Gritou Tonks e em instantes a cozinha estava cheia de gente novamente.
Depois de um grande abraço da Senhora Weasley Harry voltou-se para Gina, a garota parecia feliz e um pouco indiferente com os cochichos dos gêmeos, que provavelmente estavam falando dela.
– É bom ver você. – A garota disse depois de alguns longos segundos de silêncio.
– Eu digo o mesmo.
– Olha Harry, sabe a carta que o Rony te mandou?
– Sei. – Harry lembrara-se do ps da carta, Gina sentia falta dele.
– Pois então, sobre aquilo que o Rony escreveu... Eu não pedi pra ele escrever aquilo.
– Não?
– Olha, eu entendo perfeitamente a razão de não podermos ficar juntos. E eu disse ao o Rony o que nós havíamos decido, porque ele vivia me perguntando se eu não ia escrever para você. Eu disse que não, acho que ele não gostou da resposta. – Gina olhou para Harry esperando algum comentário como “tudo bem”, mas pela cara do garoto percebia-se que ele não havia entendido muito bem o que a garota lhe dissera. – De qualquer modo, eu não pedi para o Rony escrever nada.
– Tudo bem. – Harry disse, mas ele sabia que não estava bem. Achara que Gina realmente pedira para Rony escrever aquilo, mas enganara-se.
A garota percebendo o olhar de desamparo de Harry logo disse:
– Mas eu senti saudades, como amiga.
– Acho que é suficiente. – Harry disse brincando, Gina sorriu, um sorriso meio fechado, mas sincero e abraçou Harry.
– Me desculpe Harry, mas eu. . .
– Não se preocupe Gina, vai dar tudo certo.
– Não Harry, não entre a gente. – Gina saiu correndo da sala (tentando não chorar) e assim Harry foi rodeado pelos outros que ali estavam, todos fazendo perguntas mas Harry não ouvia, sua atenção estava voltada apenas para Gina que já perdia-se de vista.
–Gente, gente... – disse Harry, meio que pedindo atenção. – Estou cansado, vou me deitar se não se importam. Amanhã, ou melhor, mais tarde, respondo todas as perguntas que fizerem, prometo.
– Tudo bem Harry. Você se lembra onde é o quarto do Rony? – Harry fez que sim com a cabeça. – Então pode ir. – Concluiu Sra. Weasley. – Sua cama já está arrumada.
Harry retirou-se da cozinha, mas não foi para o quarto do Rony dormir, subiu mais uns degraus e bateu na porta do quarto da Gina.
– Pode entrar Mione.
Harry abriu a porta devagar e deparou-se com Gina deitada em uma cama com lençóis e fronhas cor-de-rosa.
– Harry!!! – Gina sentou-se num pulo e puxou o lençol para junto de si. – Achei que fosse a Hermione.
– Gina... não quero que as coisas fiquem ruins entre a gente. Então... será que... porque você saiu...
– Eu não quero te perder Harry, nem quero tentar te esquecer, sou horrível nisso!!! – Gina interrompeu o garoto em prantos. – Demorou tanto tempo... para dar certo... durou tão pouco. Eu...
– Gina... – Harry abraçou a garota, não queria vê-la chorar.
– Vamos tentar... ficar juntos... por mais um tempo?
– Não chora Gina. – Harry abraçou mais forte a garota. – É claro que eu quero tentar.
– Podemos deixar em segredo. – Disse Gina agora olhando nos olhos de Harry.
– É, acho que é uma boa idéia. – Harry beijou Gina,estava realmente com saudades da garota e não conseguia se imaginar sem Gina em tempos tão difíceis como este.
Algumas horas se passaram com Harry contando a Gina os fatos entediantes e surpreendentes de suas férias na casa do Dursley. E Gina contou a Harry como foi surpreendida ao ver Rony e Mione dando uns amassos alguns dias atrás. Depois de uma longa conversa, risos, beijos e interjeições de espanto, Gina virou-se para Harry e disse:
–Harry... feliz aniversario. – Deu um beijo no garoto e dormiu.
O garoto continuou ali, com muita preguiça e sono pra se levantar. Acabou dormindo, Gina o abraçando.

– Arry, Arry, acorrde. – Harry abriu os olhos e viu Fleur. – A senhorra Weasley está subindo, acho merror se esconderr.
Harry tirou o braço que segurava Gina pelo ombro, sentou-se na cama e deu um beijo de leve em Gina, a garota abriu os olhos e sorriu ao ver Harry.
– Bom dia. – Disse Gina segurando a mão de Harry. – Quantas horas são?
– Orra de se revantarr. – Disse Fleur em um tom estranhamente maternal. Gina levou um sustou ao ver Fleur e sentiu-se completamente embaraçada deitada ali, ao lado de Harry. – Vamos, revante-se, sua mãe está vindo.
Gina pulou da cama puxando Harry junto.
– Desce... rápido – Gina empurrou o garoto para o lado de fora do quarto. – Minha mãe disse que queria cantar parabéns enquanto estivesse na cama, uma surpresa. – Gina fechou a porta do quarto e virou-se para Fleur. – Obrigada Fleur. Ah... Cadê a Hermione?
– Bem... arro que devia terra acorrdado também. – Fleur disse em olhar de espanto, como se esperasse ouvir um grito da Sra. Weasley mais cedo do que imaginara.
–Então...
– Si – Concordou Fleur com a cabeça.
– Ai meu Deus.
Gina abriu a porta e desceu os degraus o mais rápido que pôde e ao avistar a porta do quarto de Harry e Rony encontrou-se com a senhora Weasley.
– Bom dia mamãe. – Gina disse dando um largo sorriso.
– Bom dia filha. Chegou na hora certa. – Disse a mulher segurando uma torta. – Abra a porta pra mim, por favor, Gina.
A garota segurou a maçaneta pensando “espero que Mione e Rony tenham se levantado” e enquanto girava a maçaneta da maneira mais lenta possível Mione apareceu a suas costas.
– Bom dia. – Mione disse para Gina e para a Sra. Weasley.
– Bom dia querida. – Molly disse a Hermione e virou-se para Gina em seguida. – Gina, será que não podia ir um pouco mais rápido?
Aliviada e um pouco confusa Gina abriu a porta, as três entraram e viram Rony e Harry deitados, fingindo um sono profundo como constara Hermione e Gina. Cantaram parabéns (enquanto Harry fingia levar um susto com o barulho e o Rony espreguiçava), comeram a torta e decidiram ir para a cozinha, continuar a comemoração com todos em um ambiente mais espaçoso.
– Tome um banho e troque de roupa querido. – A Sra. Weasley disse para Harry. – dormiu com a mesma roupa... estava realmente cansado hein? – Ela retirou-se e fechou a porta.
Os quatro garotos entreolharam-se em busca de uma aparente e inexistente explicação. O silêncio prolongou-se por mais alguns segundos até começarem a rir e sentarem-se.
– Bem... – começou Hermione – eu realmente acho que a culpa foi de todos nós. – disse rindo.– Mas isso não tem importância, quero dizer... – Mione começou a ficar um pouco embaraçada. – nada aconteceu... sabe... entre Rony e eu. – Os dois ficaram vermelhos enquanto Gina e Harry riam ainda mais. – Sabe Harry – continuou Hermione – A Sra. Weasley realmente caprichou na sua cama, dormi surpreendentemente bem. Rony ficou um tempão querendo trocar de cama... mas não troquei. – Riu Mione.
Agora Gina e Harry ficaram sem graça e a garota mordia os lábios em sinal de silêncio.
– E então, o que achou da cama da Mione? – Perguntou Rony a Harry
– Bem... é... boa.
– Como? – Perguntou Mione – minha cama é boa? Só?
– Harry não dormiu na sua cama. – adiantou-se Gina sem saber que Mione estava apenas brincando.
– Então vocês trocaram de cama? – Perguntou Rony a Gina e a Harry sem entender muito bem. Já Mione, que entendera perfeitamente encontrava-se calada com as mãos aos lábios. Fez-se um silêncio seguido a pergunta de Rony.
– Receio que não. – disse Mione “quebrando o gelo” enquanto Harry e Gina se entreolhavam.
– Então?! – Rony pediu uma conclusão.
– Dormimos juntos. – disse Harry, que em seguida afastou-se um pouco do amigo com medo de que este resolvesse lhe dar um soco. Rony engasgou com o pedaço de torta que acabara de colocar na boca. Harry sabia, isso não era um bom sinal.
– Vocês... hem, hem
–Não!!! – disse Gina perplexa com o pensamento do irmão. – É claro que não.
– Calma Rony. – Mione disse ao garoto ao ver que este não se convencera com a resposta da irmã. – Não aconteceu nada, não é Harry?
– É Rony, não aconteceu nada. Estávamos conversando e adormecemos... – Rony não parecia satisfeito. – juro, não aconteceu nada.
– O.K., em acredito em você. Mas é melhor terem mais cuidado e menos preguiça. Já imaginou o que mamãe faria se visse vocês dois dormindo na mesma cama?
– Nem quero imaginar – Disse Gina.
– Nem eu – completou Harry.
Os quatro sorriram novamente entre si.
– Agora vem cá Mione, você aparatou? – Mione fez que sim com a cabeça. – Ah, isso explica.
– Bem... acho melhor nos trocarmos e descermos. – Todos concordaram. – então... – Mione deu um beijo em Rony. – vamos Gina. Ah... feliz aniversario Harry.
As garotas saíram do quarto. Harry ficou calado, esperando uma bronca, de Rony, que não viera.
– Então... – Harry virou-se para Rony –... Não vai brigar comigo?
– Não. – Harry pareceu aliviado com a resposta do amigo. – Gina sabe o que faz... Pelo menos quando o assunto é garotos.
Harry sorriu, um pouco sem graça e enciumado.


– E então Harry? O que Narcisa fazia no seu quarto? – Lupin perguntou ao garoto que se empanturrava com suco de abóbora e tortas.
– Bem, eu não sei ao certo. Sei que estava realmente mexendo nas minhas coisas, ouvimos o barulho de objetos caindo no chão.
– Algo especifico? – Perguntou Alaor Moody
– Não sei – Harry respondeu rispidamente – senhor. – Adicionou ao ver a cara de mau gosto de Moody, fora realmente mal educado com o auror.
– Harry...
– Sim Tonks
– Agora que é maior de idade pode se mudar para o largo Grimmauld... – Tonks tomou um gole do suco de abóbora –... E assim sendo, poderíamos retomar a Ordem da Fênix, não concorda?
– Bem Tonks, é claro que concordo. Mas receio que isso não seja suficiente para assegurar que o local não será invadido. – O garoto olhou para seu copo por uns instantes, não queria falar sobre isso. – Snape... ele sabe o segredo da casa. – Harry sentia seu sangue ferver por mencionar o nome do professor que mais odiara. Nunca se esqueceria do que Snape fizera, de que como matou friamente Dumbledore, o maior bruxo que já conhecera.
– Ei... – Gina passava a mão no campo de visão de Harry, que olhava pra longe, relembrando a terrível morte de Alvo Dumbledore. – Esqueça Snape. Você tem que se preocupar...
–...Com Voldemort. – Harry completou. – Eu sei disso.
– Não acho que ela estava querendo algo seu, Narcisa. – Mione disse cruzando os braços. – E sim que queria chamar sua atenção, mas felizmente não foi você quem abriu a porta do quarto. Seria pego desprevenido se assim fizesse.
Harry se esquecera, Narcisa matara seu tio, e embora não gostasse deste, admitia que sua morte fora horrível e desnecessária. Cansara de presenciar mortes, sentia-se abalado com tudo isso e revoltado com si próprio por não ter feito nada, por ter sido incapaz de ajudar.
– Não se culpe garoto. – Lupin disse dando tapinhas nas costas de Harry. – Era pra ser assim.
– Você... – Harry se levantou da cadeira. –... quer dizer que era para Dumbledore morrer? – O garoto alterara seu tom de voz, gritava, como todos podiam claramente constatar. – RESPONDA LUPIN! ERA PARA DUMBLEDORE MORRER?
– Receio que sim Harry. – Lupin disse calmo. – Pelo o que fiquei sabendo, e foram vocês que me contaram, Hermione, Rony, Gina, Neville e Luna tomaram a poção Felixis Felices na noite da morte de Dumbledore.
– E...? – Harry com raiva não conseguia pensar muito bem, nem mesmo concluir pensamentos.
– Harry, a sorte estava do nosso lado. – Rony disse ao amigo
– É Harry, se Dumbledore não tivesse morrido algo pior poderia ter acontecido.
– Não sei o que poderia ser pior – Harry disse em voz baixa
– Todos vocês terem morrido... Isso com certeza seria pior. – Tonks disse agora com o cabelo verde-limão.
– É... – Por mais chateado que estivesse Harry começava a pensar que tudo aquilo fazia sentido, um pouco difícil de se compreender. Mas os acontecimentos começavam a se ajeitar em sua mente. –... Acho que vocês estão certos – disse um pouco contrariado – E quanto aos Dursley?
– O corpo de sua tia Petúnia e do seu tio Valter foram encontrados, mas Dudley sumiu, não sabemos para onde. – Moody disse olhando para Harry, enquanto seu outro olho girava, encarando todos que estavam a mesa.
– Alaor, será que poderia parar com isso? – A Sra. Weasley disse referindo-se ao olho que ainda girava. – é nojento.
– E enton Arry, vai comprarr outra veste forrmal parra meu casamento? – Fleur parecia estar em outro mundo, mudara de assunto tão abruptamente que ninguém parecia entende-la.
– Como Fleur?
– Suas coisas, non trouxe?
– Ah... é mesmo Harry. Hoje cedo Alaor, Lupin e eu fomos a casa... bem, dos seus tios e trouxemos suas coisas. Deixamos na sala.
– Obrigado Tonks. Vocês se importam? De eu me retirar?
– Claro que não querido, pode ir.
– Obrigado Sra. Weasley.
– Podem ir vocês três também.
Harry foi até a sala pegar suas coisas e utilizando a magia de locomoção levou-as até o quarto de Rony, depois se sentou em sua cama e logo seus amigos entraram no quarto, Hermione trazia Edwiges no ombro.
– Carta para você Harry.
A coruja voou do ombro da garota para o de Harry e largou a carta que segurava no bico na mão do garoto. Ele não tinha a mínima idéia de quem poderia ser, virou o envelope e leu: “De: Minerva McGonagall. Para: Harry Potter”. Ele retirou a carta do envelope, e para sua surpresa encontrou apenas um pequeno bilhete, ridiculamente pequeno comparado ao tamanho do envelope.

Caro Harry Potter,
O que tenho para lhe dizer não pode ser dito através de uma carta, portanto, mando esta somente para lhe informar que compareça a Godric’s Hollow amanhã as oito da manhã. Sinta-se livre para levar seus amigos. Tenho algo muito importante para lhe entregar.
Atenciosamente, Minerva McGonagall.


– Acho que vou ter de aprender a aparatar – disse de mau humor aos amigos entregando o bilhete a Hermione.
– Vamos com você. – A garota disse ao finalizar a leitura.
– Eu não posso aparatar, nem sei como aparatar.
– Bem Gina, podemos recorrer a outros métodos.
– Eu gostaria de ouvi-los. – Adiantou-se Harry
“Podemos fazer uma chave de portal, utilizarmos pó de flu (mas como não sabemos a condição da lareira da casa, acho esse método pouco provável) e podemos ir de vassoura (é acho que não funcionara também)”. Mione olhou para os amigos em busca de uma resposta. “Acho que só temos uma opção mesmo... o que será a chave de portal?”.
– Hum, pode ser a gaiola da Edwiges – Harry sugeriu e nem percebeu o olhar de reprovação da coruja, aparentemente ela entedera o que o garoto dissera.
– O.K., amanhã eu faço a chave então.
– Não acham que devemos chamar um auror?
– Acho que não será necessário Gina.
– Eu acho que sim. – Iniciou Rony – não sabemos se foi mesmo a professora McGonagall quem mandou a carta, podíamos chamar a Tonks.
- Certo, chamamos a Tonks então.

Os dois casais passaram a manhã entediados na sala de estar. Olhavam para o teto e para o chão, ocasionalmente olhavam-se entre si. Harry sempre tentava dizer algo quando seu olhar encontrava com o da Gina, mas nunca encontrava palavra alguma. Apenas lançava um olhar “o silêncio vale mais que palavras” e Gina tentava se contentar com isso.
Hermione e Rony também não davam sinal de vida, a não ser quando Rony olhava para sua namorada e dizia, emitindo som algum, algo que Harry percebera ser um “te amo” seguido de um beijo. Hermione ficava corada e o outro Weasley também tinha de se contentar, imaginando que ficar vermelha era uma forma sutil que Mione inventara de dizer “também ta amo”.
Era quase meio dia quando Hermione levantou-se do sofá, decidida que passar o dia olhando para o teto não era uma boa opção. Harry, Gina e Rony continuaram sentados no mesmo lugar vendo Mione subir as escadas e em alguns minutos desce-las. A garota trazia vários livros, grandes, pesados e a maioria antigos.
- Vai estudar Mi? – Perguntou Rony com uma voz melosa.
- Vamos.
- Como?! – Harry voltava ao mundo.
- Vamos estudar, nós quatro. – A garota colocou os livros na mesinha entre eles. – Venham.
- Eu não quero estudar!
- Bem Gina. Particularmente, acho que teremos que saber mais do que expelliarmos para enfrentarmos comensais da morte e, quem sabe, Voldemort. E não me faça essa cara Rony, não vou deixar você fugir dos estudos só porque é meu...namorado. – Hermione sussurrou a última palavra para que os outros Weasley (além de Rony e Gina) não ouvissem.
- Odeio ter de admitir, mas acho que Mione está certa. – Harry finalmente se recompunha no sofá. – Temos de aprender mais magias, poções e tudo mais. O fato de não que não iremos para escola não quer dizer que não precisamos estudar. Nem sabemos ao menos quem é R.A.B. – o garoto lembrara-se do bilhete encontrado junto ao falso Horcrux. – Não temos idéia de qual caminho tomar, do que fazer primeiro...
- Eu estive pensando Harry... – Interrompeu Hermione. – acho que sei como podemos começar.
-E como seria?
-Bem, fazemos uma lista com nomes de pessoas que conheceram Voldemort.
-E...
-Continuaremos a fazer o que Dumbledore estava fazendo. Persuadiremos essas pessoas a nos entregar memórias que venham a ser úteis.
-É uma ótima idéia Mi.
-Obrigada Rony. E então Harry? O que você acha?
Harry estava mergulhado em suas próprias memórias. Sempre que ouvia o nome de Dumbledore lembrava-se da morte trágica que tivera, de que como não pôde fazer nada para ajudar, de como não conseguira atingir Snape. Sentia-se miserável e perplexo com a idéia que ele era o único que poderia salvar a todos, uma idéia com a qual ainda tentava se acostumar enquanto fingia que se sentia plenamente seguro.
-É uma boa idéia sim. Facilitara muito... acharmos os Horcruxes. (Mal posso esperar para isso acabar logo) – Harry suspirou a última frase olhando para o chão por alguns segundos. – Então, vamos começar. Você vai fazer a lista Hermione?
-Se todos estiverem de acordo? – Todos fizeram que sim com a cabeça.-Eu faço então, mas quero que saibam que vai demorar, não existem livros que digam isso. Terei que pesquisar minuciosamente vários livros.
-Não faz mal. E o que me recomenda para hoje? – Harry perguntou mexendo nos livros.
-Acho que este é bom. – A garota pegou um dos livros e entregou a Harry.
- “Feitiços Auto-Defensivos”
-Leiam os três enquanto faço isso, é bom que podem praticar juntos.
-O.K.


E mais algumas horas se passaram, Hermione mal escrevia, apenas lia, um livro atrás do outro. Colocava marcadores em algumas paginas e tornava a abrir outro livro. Harry, Gina e Rony foram para o jardim, primeiro para não atrapalhar Hermione e segundo para praticarem os feitiços nos gnomos.
-Não imagino como faremos isso. Afinal, são feitiços auto-defensivos. – Rony disse cutucando um gnomo. – Gnomos não atacam.
-Isso realmente não faz sentido. – Gina concordou com o irmão. – E então Harry? O que faremos?
Gina e Rony viraram-se para ver melhor o que Harry fazia agachado. O garoto apontava a varinha para um gnomo a sua frente. Gina soltou um gritinho de espanto quando viu que o gnomo retorcia-se no chão, sentindo seus pequenos ossos se quebrando, seus minúsculos músculos se contraírem, uma dor horrível, que nem Rony nem Gina suportavam ver. A garota empurrou Harry, que caiu no chão ainda com a varinha na mão. Ele mostrava uma cara de espanto misturada com uma cara de satisfação.
-PORQUE FEZ ISSO? – Gina gritou com o garoto chegando perto dele, mas ele não respondeu, olhava assustado para o gnomo que tentava se recuperar. – ME RESPONDE. – Gina começou a chorar. Rony a puxou para perto, sabia que sua irmã não estava se sentindo bem.
-Não chora Gina.- Rony disse abraçando a irmã. – Vá para casa, deixa que eu converso com o Harry.
A garota saiu cabisbaixa do jardim, andava devagar. Parecia ter perdido sua força ao presenciar aquela cena de tortura. O que Harry fizera? Aquele não era o Harry que ela conhecia, ninguém conhecia aquele Harry.
-Levanta. – Rony ajudou o amigo se levantar do chão. – Então? Vai se explicar?
Harry ainda olhava para o gnomo. Sentia, cada vez mais, nojo de si. “Em que espécie de mago estou me tornando?” Harry pensou. “Não acredito que fiz isso”. Sem responder a pergunta do seu amigo o garoto aproximou-se do gnomo e começou a gritar desesperado:
-FINITE ENCANTATEM, FINITE INCANTATEM, FINITE INCANTATEM...
Rony levantou o amigo do chão novamente afastando-o do gnomo.
-Não tem como cura-lo assim! – Rony segurou Harry pelo ombro. – Vem, você precisa descansar, não parece estar se sentindo bem. – E guiou o amigo para dentro de casa.

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