Enfim, Adeus
Harry não pensara em outra coisa , desde que saira de Hogwarts, a não ser na morte de Dumbledore. O garoto sabia melhor do que ninguém que o perigo a que todos, principalmente ele, estavam submetidos tornara-se maior. Afinal, o único bruxo a qual Voldemort temia estava morto.
Apesar de tantas incertezas Harry tinha total convicção de que não voltaria à escola no próximo ano letivo, não queria que mais perdas ocorressem, não queria mais intermédio. Tudo o que queria era acabar com Voldemort, começando pelos Horcruxes e Snape (uma vingança pessoal).
– Harry!!! - gritou Tia Petúnia.
– O que foi Tia Petúnia? – Harry respondeu com um grito e guardou o medalhão que achara na caverna, o falso Horcrux.
– Desça e venha fazer o café da manhã.
Harry olhou o teto do quarto, não tinha vontade alguma de estar naquela casa e com certeza não estaria ali se não fosse pelo o que Dumbledore lhe pedira no ano que se passara. Apesar de tudo, Harry estaria seguro ali até completar dezessete anos.
O garoto desceu as escadas com passos lentos e fortes, de maneira que fizesse o maior barulho possível.
– Quer acordar Duda é? – Reclamou Tio Valter a Harry.
Seu primo Duda, mais velho agora, saia com seus amigos com muita freqüência e a sua permanência na rua estendera-se surpreendentemente. Chegava, normalmente, às três horas da manhã e dormia até a hora do almoço. Harry não respondeu, continuou andando da mesma maneira até a cozinha, onde Tia Petúnia fritava bacon.
– Não os deixe queimar – a mulher disse a Harry apontando para a frigideira cheia de bacon.
Desde pequeno o garoto sempre fazia tudo, ou quase tudo, que os tios mandavam, sem reclamar. Mas a idéia de passar a manhã do sábado fritando bacon não era bem vinda.
– Não, não vou fritar bacon nenhum! – respondeu Harry de repente – Chame o Duda, não é ele mesmo quem irá comer? – O garoto sabia que não era o seu primo quem comeria o bacon, mas mesmo assim insistiu. – Ouviu? Chame o Duda. Vou para o meu quarto e não quero ser incomodado.
Tia Petúnia, em estado de choque, nada respondeu, apenas deixou escapar um gritinho agudo chamando Tio Valter.
– O que foi querida? – Ouviu-se a voz do tio vindo da sala – Aconteceu alguma coisa?
Harry encarou a tia de modo que palavra alguma saira da boca dela, quão assustada estava.
– Não foi nada tio – O garoto encarou a tia novamente e retirou-se da cozinha. Subiu as escadas e foi para seu quarto enquanto ouvia sua tia conversar aterrorizada com o tio sobre o que acontecera. Eles sabiam que faltava apenas um dia para o aniversario de Harry e, por isso, temiam que o garoto lhes fizesse algum mal, já que seria maior de idade (como informara Dumbledore).
“De que adianta ter uma casa só pra mim no Largo Grimmauld se não posso me mudar para lá”. Pensava Harry, a causa era óbvia e ele sabia muito bem: Voldemort. O garoto não tinha muito que fazer ali, sem ninguém pra conversar, sem necessidade para estudar (afinal, decidira não voltar para Hogwarts), sem autorização para realizar magias. Ele já imaginara muitas vezes se conseguiria aparatar para a Toca, mas temia, acima de tudo, sofrer um estrunchamento e chegar à casa dos Weasley sem uma parte do corpo.
E mesmo com tantas preocupações, Harry não conseguia esquecer Gina. Tentava, sabia que colocaria a vida da garota novamente em risco se continuasse a namorá-la.
Enquanto Harry pensava em coisas banais uma pequena coruja entrou no quarto do garoto pela janela entreaberta, era Pichi. Ela trazia uma carta, que considerando pelo tamanho, não poderia conter muita informação.
Oi Harry,
E aí, como vão as coisas? Aqui na Toca tudo está bem, exceto pelo fato de que mamãe desmaiara ontem quando descobriu que a Fleur está grávida, o que não deixa de ser uma boa noticia. Hermione já está aqui e decidimos que ela ira te buscar (melhor ela do que meus pais, não é?), de qualquer modo, não comentei nada com meus pais sobre a Mione ir te buscar, acho que eles não iriam concordar. E como amanhã é seu aniversario Mione irá aí. Ah, ainda não falei com meus pais sobre largar a escola, Mione já. Os pais dela disseram que ela já tem idade para decidir o que é melhor pra ela, mesmo assim não sabemos se Hogwarts continuará a funcionar, não é? Então, é melhor você arrumar suas coisas hoje, traga tudo o que lhe pertence, pois você sabe que não vai mais voltar para a casa dos Dursley. Nos falamos amanhã.
PS: Gina pediu pra lhe dizer que está com saudades.
Rony Weasley
Harry sentiu-se um pouco aliviado, afinal, faria dezessete anos na manhã seguinte, seria maior de idade e poderia realizar feitiços sem criar problemas com o Ministério. Sentiu-se, também, apreensivo, como é que Hermione iria buscá-lo?
Por via das dúvidas Harry achou melhor arrumar suas coisas e em menos de uma hora tudo o que lhe pertencia (o que não era muita coisa) encontrava-se em um canto do quarto, aparentemente arrumado. Harry ficou por alguns minutos folheando o livro “Quadribol através do tempo”, mas, como não conseguia ler realmente nada, achou melhor guardar o livro. Sem nada para fazer decidiu dormir, não dormia bem há dias e mal podia esperar que o relógio batesse meia noite.
Harry acordou morrendo de calor, as tardes de verão eram realmente muito quentes e insuportáveis. Ele decidiu se levantar depois de quase meia hora de embromação, olhava para o céu com esperança de ver algo que, com certeza, nunca veria na Rua dos Alfeneiros ou em qualquer lugar próximo dali. “É, pensou Harry, acho que não é hoje que verei um hipógrifo ou uma vassoura no céu”. Levantou-se da cama de mau humor, não havia ao menos sinal de nuvem.
O garoto desceu as escadas devagar, como gostaria que o tempo passasse mais rápido e que o calor cessasse. Harry foi até a cozinha e pegou uma garrafa d’água, andou até a porta da sala e apoiou-se na parede, tomando longos goles de água. Duda assistia televisão, luta aparentemente.
–Saia daqui pirralho. – Gritou Duda em tom de ameaça ao notar a presença do primo.
– Isso é uma ameaça? – Harry deu outro gole.
– Porque? Sentiu-se ameaçado Potter?
– Certamente que não. – Harry andou até o sofá e sentou-se ao lado do primo. – Você é patético sabia? – O garoto disse ao primo ao ver que este dava socos no ar.
– Sei que você é. – Duda virou-se novamente para a televisão. – Não disse para você sair daqui?!
– Agora isso certamente foi uma ameaça... Pois saiba que eu não dou a mínima.
– Pois devia – Duda deu um soco em sua própria mão e estralou os dedos. – Não pode realizar magia ou será expulso daquele colégio ridículo.
– Bem... Para sua informação: Hogwarts não é um colégio ridículo e eu não corro risco algum de ser expulso.
– Há... quer dizer que mudaram as regras para você. – Duda disse dando estranhas gargalhadas.
– Não... quero dizer que não vou mais para Hogwarts. – Harry já estava ficando com raiva daquela conversa ridícula.
– Potter, sabia que você era idiota... – Duda pegou a garrafa d’água da mão de Harry.–... mas dessa vez você se superou. – tomou um grande gole. – Não espera que iremos hospeda-lo de braços abertos durante todo ano?
– Claro que não, mal posso esperar pra sair daqui. – Harry pegou o controle remoto e colocou no canal de noticias.
– Idiota, me devolve o controle.
... enquanto isso o Ministro avisa para evitarem passeios noturnos, este homicida é perigoso e não age sozinho. Utiliza métodos de tortura...
Duda tomou o controle de Harry e voltou para o canal de luta sem olhar para a cara do primo, que se corroia por dentro de curiosidade.
– Idiota... – Harry se levantou do sofá. –... devia deixar de ser tão ignorante e assistir o noticiário pelo menos uma vez na vida. Não me admira que seja tão estúpido.
Harry pegou a garrafa d’água do primo e percebendo que esta estava vazia tacou –a no primo. Este o encarou com raiva.
– Precisa pensar rápido... Se é que consegue pensar.
Harry saiu da sala e subiu as escadas, foi em direção ao banheiro, uma ducha seria a melhor opção para o momento. Sua cabeça parecia que ia explodir e não conseguia mais agüentar tanta espera, em menos de 12 horas faria dezessete anos e sairia daquele lugar horrível que por muito tempo achara que seria sua única casa, por toda a sua vida. Depois do banho gelado Harry foi para o seu quarto. Queria dormir, mas sabia que se fizesse não dormiria por muito tempo, acordaria, provavelmente, em algumas horas, morrendo de sede e calor. O garoto sentou-se na beirada da cama, vestia apenas shorts, devido o calor. “Acho que vou escrever uma carta para o Rony e para a Mione, aquele noticiário foi um pouco suspeito...” pensou Harry, “... se bem que vou vê-los amanhã, acho que vou esperar”.
O garoto olhou pela janela, nem uma nuvem sequer contava presença, “o que faço então?”. Ele olhou para os livros empilhados ao lado do malão, “acho que se vou enfrentar Voldemort pra valer tenho que aprender um pouco mais”. Harry pegou o livro de feitiços e começou a lê-lo, sentiu-se tão ignorante, não lembrava de quase nada do que lia. Depois de algumas horas Harry sentiu-se sonolento, colocou o livro no criado mudo e decidiu dormir um pouco.
Às 11:49 pm Harry acordou com sede e fome, além de ter tido uma terrível lembrança da morte de Dumbledore. Desceu as escadas em silêncio e foi até a cozinha. Quando estava entrando na cozinha ouviu um barulho vindo da sala, era Duda, o garoto dormia espremido no sofá à frente da lareira.
“É isso”. Harry pensou. “Hermione virá com Pó de Flu”. Ele continuou andando até a cozinha e quando abriu a geladeira ouviu alguém bater na porta da casa. Quem seria à uma hora dessa? Harry retirou a varinha do bolso e silenciosamente dirigiu-se até a porta que dava para a Rua dos Alfeneiros. Abriu a porta em um baque ao mesmo tempo em que apontava para a pessoa a sua frente.
– Expe...
– Expelliarmos. – Ouviu-se uma voz, Harry fora tacado para trás, agora, estava sem sua varinha.
– Ainda não tem dezessete anos, não pode realizar magias. – disse uma voz feminina cuja dona entrava na casa.
– Hermione?
– Quem mais esperava que fosse? – Perguntou a garota.
– Bem... – Voldemort seria uma resposta, mas antes que Harry dissesse o nome do bruxo a garota apressou-se.
– A casa ainda tem proteção, não poderia ser Voldemort. De qualquer modo... – a garota ajudou Harry a se levantar –...É melhor nos apressarmos, faltam apenas quatro minutos.
– Quatro minutos? Para o que?
– Para o seu aniversário. – Hermione respondeu surpresa. Como pode alguém esquecer do seu próprio aniversário, a garota pensou.
– Minhas malas já estão prontas, mas como iremos para a Toca? Ou melhor, como é que você veio?
– Aparatei. Sim, eu sei que não sou expert no assunto, mas passei na prova e já sou maior de idade. – Hermione completou ao ver a cara espanto do garoto quando mencionara aparatação. – E quanto à primeira pergunta, você tem duas opções.
– E quais são?
– Aparatarmos ou utilizarmos o Pó de Flu.
– Bem... eu não garanto que consigo aparatar com perfeição. Acho melhor usarmos Pó de Flu.
– O.K. Então vamos pegar suas coisas.
Harry ia subindo as escadas quando Mione o chamou, o garoto ao virar vira Duda no sofá, agora com os olhos abertos.
– Fico feliz que você esteja bem. – Hermione disse abraçando Harry. – A morte de Dumbledore é uma perda muito grande, para todos nós.
– Obrigado Mione, pela sua preocupação. – Harry virou-se para o sofá. – E você Duda...
– O que foi? – O garoto, bem maior que Harry, levantou-se do sofá num pulo.
– Espero nunca mais te ver, vou embora e não pisarei mais nessa casa. – Harry deu as costas para o garoto. – Vamos Mione.
– Ah, feliz aniversário, já são 12:01 pm.
– Hum, isso é bom. – Disse Harry virando-se novamente para o primo, agora apontava sua varinha. – Esperei por isso durante muito tempo...
– Não Harry. – Hermione abaixou o braço do garoto. – Pense bem...
– Não é necessário pensar muito. – O garoto olhou com raiva para Duda. – PEÇA PERDÃO!!! – Harry gritou.
Duda parecia sem escolha, sabia que dessa vez seus troféus de campeão não serviriam para nada. – Perdão. – Disse gaguejando.
– Acho que isso não é suficiente. – Harry apontou a varinha novamente para Duda e em segundos constatou que o primo, alto e forte, diminuira uns 20 centímetros de altura enquanto o diâmetro de sua barriga parecesse ter adquirido os 20 centímetros perdidos verticalmente. Harry e Mione riram, por mais malvada que parecesse a magia, não podiam negar que era no mínimo engraçada. Já Duda, desesperado, começou a chorar agora, deitado sem jeito, no sofá. – Vamos.
Os dois subiram as escadas em silêncio e quando estavam praticamente no último degrau ouviram um barulho vindo do quarto de Harry. Os garotos se entreolharam na esperança de que algum deles dissesse alguma coisa, mas palavra ou nome algum saira da boca deles. Faziam um silêncio total enquanto ouviam vários objetos caírem no chão. Continuaram ali, parados no final da escada quando ouviram um barulho de porta se abrir.
– Pare com este barulho!!! – Gritou Tio Valter andando em direção do quarto de Harry.
O barulho continuou, até um pouco mais alto constatara Harry.
– Disse pra parar!!! – O Tio abriu a porta do quarto
– Avada Kedavra.
O corpo do tio caira no chão. Harry hesitou-se, queria matar o que quer que estivesse dentro do seu quarto.
– Não Harry – Disse Mione baixinho segurando o garoto pela blusa. – Não vá, não sabemos quem esta lá dentro.
A garota mal terminará de falar quando ouviram a porta abrindo, os dois pegaram as varinhas do bolso e se prepararam para o que quer que saísse de lá. Uma figura magra e encapuzada esgueirou-se pela porta, ela baixou o capuz. Era tão pálida que parecia refulgir na escuridão; o cabelo loiro descia pelas costas. – Narcisa Malfoy! – Gritou Harry em tom de ameaça e espanto.
– A proteção acabou Harry – Disse a mulher apontando a varinha para Mione. – Ela primeiro. – Harry pulou na frente da garota para protegê-la.
– Seu problema é comigo Narcisa.– Disse Harry. A mulher apenas riu.
– Não me atinge com palavras garoto, não com essas. E se você prefere ser o primeiro, será o primeiro. – Harry apontava a varinha para Narcisa e vice-versa.
– Petrificu...
– Sectu...
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