Visita ao Ministério da Magia
Os raios de sol se infiltravam sobre as copas das árvores, tocando a grama fofa e úmida do parque central do bairro. Porém, Suzane e Joseph se dirigiram á pista de skate.
- Hey. Por que você está tão quieta assim? – Joseph perguntou á ela quando sentaram no banco, em frente á pista.
- Hum? – Suzane murmurou, olhando-o. Até agora, a menina permanecera fitando o chão, pensativa. – Ah, nada, Josh, nada. – Acrescentou, dando um sorrisinho.
O garoto resmungou algo baixinho, fazendo Suzane não ouvi-lo. A garota deu de ombros.
- Bem! Vamos, então? – Perguntou ela, mostrando-se animada, enquanto colocava-se de pé, segurando seu skate.
- Ah? Vamos claro. – Joseph concordou, levantando-se e segurando o skate também. Caminharam até o alto da pista, animados.
Joseph foi primeiro. Fez altas manobras, as quais Suzane aplaudia, rindo. Com certeza, ele era um bom skatista.
- Um dia você ainda vai me ensinar, seu bobinho! – Ela exclamou, dando um leve tapa na cabeça do amigo quando ele voltou ao topo.
- Talvez, talvez. Mas, não fique tão animada. Agora, é a sua vez. – Ele murmurou ao ouvido dela, dando uma risada. Suzane balançou a cabeça e o empurrou de leve.
- Dê espaço.
Joseph se afastou, observando-a. Suzane colocou-se em posição, e logo desceu a pista.
Era tão bom sentir o vento bagunçar seus cabelos, tocar sua face... Aquela brisa tão leve, aquele ar úmido do parque... Ela se sentia tão calma quando estava lá... Porém, a imagem de uma pessoa particularmente especial se projetara em sua mente; Harry Potter.
Suzane não conseguia explicar para si mesma, mas estava sonhando com Harry havia já dias. Seria bom se os sonhos não fossem tão assustadores; justamente na semana passada, Suzane havia sonhado que Harry caira de sua vassoura, e, logo após, que dementadores se aproximavam dele... O pior de tudo foi sonhar que Harry estava caído em meio á Aula de Adivinhação, coberto de sangue; morto. Não sabia o porquê, mas estava sentindo um mal súbito só de lembrar daquela imagem em sua mente... Parecia que iria cair de um lugar muito alto...
Então, caiu.
Sim, caiu. De seu skate.
- Suzane! – Joseph exclamou, indo até ela, preocupado. – Você está bem? Cara! – Ele gritou, a levantando. – Sua expressão não foi nada boa alguns segundos antes de cair do skate em plena manobra... O que aconteceu? Você sentiu algo?
Eram tantas perguntas que a garota não sabia por onde começar. Massageando a cabeça, ela caminhou lentamente até o banco. Joseph foi atrás, levando os dois skates.
- Suzane...? – Ele arriscou, observando a garota de cabeça baixa.
- O que foi...? – Ela murmurou. Levantou a cabeça. – O que foi Josh?
- Como assim “o que foi”? Quero saber se você está bem! Eu fico preocupado, sabe!
- Ahh... Desculpe. É sério, desculpe mesmo. – Ela disse, ainda com o tom de sua voz baixo. Olhou para ele e tentou sorrir, porém se sentia tonta para isso. – Ah, não... Eu cai. Tenho que voltar lá e fazer a manobra direitinho. Com licença.
- Com licença nada... Seu tombo foi muito feio, você quase que bateu a cabeça no chão! Também, fazendo uma manobra daquelas... – Ele exclamou, puxando a garota devagar pelo braço. – Vamos voltar pra sua casa.
- Não... Não Josh! – Ela protestou; no fundo, estava irritada consigo mesma.
- Não o que? Olha, não adianta reclamar, aliás... – Ele respondeu, olhando para o relógio de pulso. – Já deu a hora de voltar para sua casa. Vamos, sua tia vai ter gatinhos por antecipação.
Joseph fez menção de levar o skate de Suzane para ela, porém a garota insistiu que estava tonta, e não paralítica.
Caminharam lentamente para a casa de Suzane. Particularmente, aquela subida era muito cansativa. Ao chegarem, Andrômeda estava parada á porta, de braços cruzados. Já estava arrumada para sair; usava uma blusa vermelha, uma calça negra, sandálias marrons e seus cabelos estavam presos em um coque.
- Ah, finalmente! – Ela exclamou séria. Suzane respirou fundo.
- Ela está entregue senhora. – Joseph murmurou, dando um leve sorriso.
- Um pouco atrasada, mas está. – Andrômeda respondeu, desviando o olhar para Suzane. – Mas, o que é isso?
A garota estava com um corte, não muito grande, no canto da testa. Estava sangrando levemente.
- Eu estou bem, tia, estou bem! – Suzane exclamou, enquanto sua tia se aproximara, ao mesmo tempo abrindo a bolsa e buscando algo, parecendo estar horrorizada com o que vira.
- Eu digo, eu sempre disse. Estes esportes só servem para machucar.
- E para divertir. – Joseph murmurou, abaixando a cabeça. Andrômeda fingiu não escuta-lo.
- Vou me arrumar. – Suzane murmurou, fechando os olhos levemente enquanto limpava o machucado com o paninho que sua tia acabara de lhe entregar.
- Não, vai não! – Andrômeda exclamou. – Estamos atrasadas, você está bem assim.
- Estou, é? E para onde vamos? – Suzane perguntou levemente irritada.
Até que ela não estava nada mal. Vestia uma calça jeans, uma blusa preta e tênis all star.
- Vamos ao Ministério da Magia.
- Anh? Mas, para que ir ao... Ai! – Suzane ia perguntar, quando Andrômeda puxou seus cabelos, pegando uma presilha e prendendo-os.
- Vamos ir conversar com Nymphadora; tenho um assunto importante á tratar com ela. – Andrômeda respondeu, acabando de ajeitar os cabelos da sobrinha.
Suzane bufou.
Joseph apenas observava, segurando o riso. Estava encostado no muro da casa, olhando-as; realmente, ele se divertia muito com aquilo.
- E você, menino. – Andrômeda se virou para olhá-lo. – Vá trabalhar!
Joseph a fitou levemente confuso.
- Hey! - Ele exclamou, mas, naquele exato momento Andrômeda havia o pego pela manga da blusa. – Espere senhora!
- Eu disse pra ir trabalhar! Não há mais nada para ver aqui! – Andrômeda exclamou, fazendo-o forçadamente subir no skate e então o empurrou, fazendo Joseph descer a rua como um raio com seu skate.
- TIA ANDRÔMEDA! – Suzane exclamou, vendo seu amigo desaparecer como um tiro na esquina, berrando a plenos pulmões.
Andrômeda não a olhou, pois não queria que sua sobrinha a visse rindo do garoto.
- Bem, vamos. Vamos, então. – Ela murmurou, tossindo para disfarçar a voz.
Suzane acenou com a cabeça, respirando fundo. As duas começaram a caminhar. Suzane mantinha suas mãos dentro dos bolsos da calça, olhando para o chão, pensativa. Já Andrômeda caminhava olhando para o céu, com a mão apoiada sob a bolsa.
As nuvens passeavam livremente pelo céu, assim como a brisa sobre a terra. A mesma brisa brincava com os cabelos de Suzane, a deixando um pouco mais a vontade. Nem percebera que haviam acabado de chegar à cabine telefônica que as levaria para o Ministério da Magia.
Andrômeda entrou primeiramente, e Suzane foi logo atrás. Seguras na cabine, Andrômeda encostou uma das mãos no telefone, discando 62442. Suzane esperava apreensiva.
Logo uma voz tranqüila de mulher invadiu a cabine. Andrômeda respirou fundo, se sentindo levemente entediada.
- “Bem-vindos ao Ministério da Magia. Por favor, informem seus nomes e o objetivo da visita.”
Andrômeda esperou que a mulher parasse de falar.
- Andrômeda Tonks e Suzane Black. – Ela informou. – Visita ao Quartel-General dos Aurores.
Suzane ficou a observar o telefone.
- Obrigada. – Disse a voz tranqüila de mulher. – Visitante, por favor, apanhe o crachá e prenda-o ao peito de suas vestes.
Ouviu-se um pequeno barulho e logo crachás saíram do lugar de onde entrariam moedas.
Andrômeda pegou o seu e colocou-o ao peito das vestes. O mesmo fez Suzane.
- Visitante ao Ministério, a senhora deve se submeter a uma revista e apresentar sua varinha, para registro, á mesa de segurança, localizada ao fundo do Átrio. – A voz feminina avisou.
Logo o piso estremeceu e a cabine foi afundando lentamente. Suzane bocejou, enquanto sua esperava, impacientemente, batendo um dos pés no chão, em sinal de ansiedade.
Tempo depois, a cabine parara e abrira as portas; estavam no Ministério. Realmente era muito bonito, Suzane concluiu.
- “O Ministério da Magia deseja á senhora um dia muito agradável”. – A voz feminina disse mais uma vez, agora sumindo.
- Ah, com certeza. – Andrômeda murmurou, enquanto saia da cabine, junto de sua sobrinha.
Foram rapidamente seguindo um grupo de bruxos, passando pela fonte das belas estátuas de ouro. Suzane, ao ver o cartaz ao lado da fonte, com os dizeres: “TODO O DINHEIRO RECOLHIDO NA FONTE DOS IRMÃOS MÁGICOS SERÁ DOADO AO HOSPITAL ST. MUNGUS PARA DOENÇAS E ACIDENTES MÁGICOS”, rapidamente pegou um sicle do bolso e atirou ao fundo da fonte. Gostava de ajudar os outros, e não seria mal algum ajudar ao Saint Mungus.
Ao chegarem a Segurança, o bruxo mal humorado se levantou, enquanto Andrômeda e Suzane se aproximavam.
- Somos visitantes. – Andrômeda avisou, enquanto tirava sua varinha do bolso da calça. O mesmo fazia Suzane, entediada.
O bruxo acenou com a cabeça positivamente, como se pouco se importasse. Ao ver que as duas haviam deixado as varinhas em cima de sua mesa, ele deu meia-volta sob a mesa e, em frente á elas, ergueu uma longa vara dourada, fina e flexível, e correu-a sob o corpo das duas, de todos os ângulos.
Depois de fazer isto, voltou á sua mesa, pegando a varinha de Suzane que estava em cima de sua mesa e colocando-a em cima de um estranho instrumento de latão parecido com uma balança com somente um prato. Logo uma “anotação” saira e o bruxo a puxou, lendo-a. Ali estava a informação sob a varinha de Suzane. Tudo estava correto. O mesmo foi com a varinha de Andrômeda.
Depois disso, as duas se misturaram á multidão de bruxos que se encaminhavam em direção ao portão dourado. Andrômeda e Suzane cruzaram o mesmo, dando de cara com os elevadores. Entraram em um deles.
- Realmente... – Andrômeda murmurou levemente irritada. – Me canso de vir aqui, quando tenho que vir.
Suzane balançou com a cabeça um pouco desanimadamente. Respirou fundo, encostando-se na parede do elevador.
Os níveis foram passando, lentamente...
Nível sete... Nível seis... Nível cinco... Nível quatro... Nível três... E, por fim: Nível dois.
Andrômeda e Suzane desceram no mesmo, aliviadas. Aquele elevador dava um pouco de falta de ar.
As duas atravessaram um corredor cheio de portas. Suzane queria logo chegar ao fim da visita, não agüentava mais ficar naquele lugar; estava ficando impaciente. Por fim, finalmente acharam o lugar desejado.
Dobraram um canto, passaram por pesadas portas de carvalho e saíram em uma área aberta subdividida em cubículos, que fervilhava de conversas e risos. Os memorandos entravam e saiam dos cubículos como foguetes em miniatura. Um letreiro torto no cubículo mais próximo informava: Quartel-General dos Aurores.
Andrômeda sorriu.
- Chegamos Suzane. – Ela avisou á sobrinha, animada.
Quando Suzane iria responder algo a tia, sentiu alguém a cutucar por trás, instantes depois. Levando um susto, ela se virou rapidamente.
- Mas quem...?
Não precisou dizer mais nada ao olhar quem havia a cutucado.
Cabelos rosa-chiclete, curtos e arrepiados; olhos negros e brilhantes, rosto em formato de coração, roupas descoladas, sorriso descontraído.
- Ah, alô, Anne! – Tonks exclamou, um pouco surpresa mas ao mesmo tempo feliz.
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