A Primeira Edição



HP e a Primeira Edição


CAPÍTULO DOZE
A PRIMEIRA EDIÇÃO



Harry e Fyora, à frente, adentraram na casa. A porta estava aberta. Era um lugar limpo, bem iluminado, mas muito silencioso. As coisas estavam todas guardadas. Não havia indícios de que alguém estava morando ali. Parecia como se eles tivessem acabado de visitar uma casa de praia, que permanecera fechada por um longo tempo.
A sala era ampla e tinha três sofás brancos, postados para que se possa mirar o jardim. As portas de vidro que levavam ao pátio lá fora estavam abertas. Uma mesinha continha uma xícara de chá de onde ainda saía uma fumacinha e um bolo de frutas comido pela metade.
Eles ouviram passos vindos da cozinha e alguém então disse:
- Fyora! Estava esperando por você.
Era um homem de aparência espetacular. Ele era alto, bonito, e seus cabelos combinavam impecavelmente com suas roupas e reluziam à luz do sol que estava se pondo. As orelhas permaneciam escondidas pelos cabelos, mas Harry tinha certeza que ele era uma versão masculina de uma fada. Um faerie. Ele tinha asas de fada que, Harry ficou aborrecido ao notar, não lhe atribuíam nenhum aspecto efeminado, com acontecia com ele e Rony.
- Quem é você? – perguntou Fyora antes que Harry fizesse a mesma pergunta.
- Meu nome é Johan. Sou o dono deste lugar. Eu estava esperando a visita de vocês há uns quinze anos. De você também, Harry.
Harry ficou pasmo ao ouvir o faerie chamá-lo pelo nome. Ele o conhecia? Como? De onde? Será que ele tinha a resposta para todas as suas perguntas?
Como se os seus pensamentos tivessem sido lidos pelo faerie, ele disse:
- Não sei se vou poder responder a todas as suas perguntas, Harry. Naturalmente, você deve estar muito confuso. Tudo aqui deve ser novidade para você. Mas eu vou tentar ajudar.
Ele fez uma reverência para os sofás.
- Por favor, sentem-se. Vamos ter uma longa conversa.
Eles se sentaram nos sofás brancos. O faerie recolheu o chá e o bolo de frutas que estavam do lado de fora e fechou a extensa porta de vidro. Então Fyora começou:
- Quando eu assumi o reinado das fadas, eu fui recomendada a visitar este lugar quando acontecesse alguma coisa... perigosa.
- Eu entendo, Fyora. Fui eu quem pediu para que te avisassem disso. – disse o faerie.
- Nesse caso, Johan... o senhor já sabe dos acontecimentos?
- Sim. A Fada do Ar me contou o que a Fada Tenebrosa fez.
- Você sabe que ainda faltam sete anos para ela voltar. Mas ela ma pareceu já estar preparada. Acredito que ela vai dominar Neopia. Eu gostaria de saber, Johan, se você soubesse e pudesse me contar, o que a Fada Tenebrosa fez para ser exilada há mil anos atrás e como fizeram isso.
Antes de responder, o faerie disse:
- Naturalmente, Fyora, você deve saber que uma pessoa, fada ou neopet, ou qualquer outra criatura, só pode ser exilada em uma estátua de pedra por tanto tempo assim uma única vez na vida.
- O que você quer dizer com isso?
- Veja bem, Fyora. Ninguém sobreviveria a mil anos trancafiado em uma estátua. Por isso que quando este feitiço foi criado pela Rainha das Fadas da época, ela pensou que um único exílio já bastasse.
- Mas a Fada Tenebrosa sobreviveu...
- Sim, ela sobreviveu esse tempo todo. Eu não sei como. De qualquer forma, Fyora, você não poderá exilá-la novamente. Isso só pode ser feito uma vez, e já foi feito. Quando o feitiço foi lançado, há mil anos, a Fada foi acusada de conspiração contra o Reino das Fadas. Na época, a Rainha das Fadas tinha controle sobre toda a Neopia. A Fada Tenebrosa negava as acusações, mas então ela se rebelou e criou uma tempestade contra o País das Fadas e contra Altador. O Rei de Altador então mencionou um feitiço que poderia ser lançado na Fada Tenebrosa. Era um feitiço que mantinha o oponente trancado numa estátua por dez anos. Mas para a Rainha das Fadas, isso não era o suficiente. Ela aperfeiçoou o feitiço e então deu no que deu.
- Mas, afinal, a Fada Tenebrosa tinha alguma culpa das acusações?
- Receio que sim, Fyora. Ela foi acusada de envolvimento com um bruxo das trevas. O nome dele era Voldemort.
- Como é que é...? – Harry levantou-se do sofá – Voldemort? Você disse Vol...?
- Isso mesmo, Harry. E é aí que você entra. Naturalmente, eu conheço toda a sua história.
- Mas como que os dois se envolveram?
- Ao que se sabe, Voldemort foi procurar a Fada Tenebrosa há mil anos. Você talvez não saiba, Harry, mas o tempo aqui em Neopia é muito diferente do tempo em seu mundo. É uma coisa extremamente imprecisa. Eu não sei explicar.
- Mas e então? O que aconteceu?
- Eu não sei dizer. Voldemort nunca mais foi visto em Neopia desde então.
Harry contemplou o Sol desaparecendo pensativo. Então Voldemort já estivera em Neopia. Será que ele sabia como ir e voltar de Neopia quando quisesse? Certamente que sim, era um bruxo poderoso. Harry imaginou se o bruxo soubesse que Harry andava por Neopia agora. E se o encontrasse por aí? Talvez isso adiasse o duelo final entre os dois. Mas não foi assim que Harry planejara para as coisas acontecerem.
- Sua dúvida foi respondida, Fyora? – perguntou o faerie
- Não totalmente. – respondeu a fada – Ainda não sei o que fazer com relação a Fada Tenebrosa. Se não há mais como bani-la, existem outras opções?
- Existem, sim, Fyora. Nós só precisamos pensar um pouco.
- Vocês não pensaram em matar a Fada Tenebrosa?
- Não somos assassinos, Harry. – respondeu o faerie, embora Fyora mostrasse um ar de extremo desconforto ao ouvir as palavras de Harry. – Além disso, não podemos simplesmente matar a Fada Tenebrosa. Não é tão fácil assim quanto esmagar um inseto. Ela, assim como Voldemort, despreza a morte totalmente. Então eu presumo que ela tenha criado meios para tentar vencer a morte. De que outra forma ela teria sobrevivido mil anos trancada numa estátua de pedra?
- Onde está a estátua agora? – perguntou Harry
- Uma boa pergunta, Harry. Uma boa pergunta. Isso eu não sei, nem Fyora sabe. Só a Rainha das Fadas daquela época é quem deve saber, mas ela já se foi há muito tempo. Lembre-se de que passaram quase mil anos...
Harry imaginou por quanto tempo uma fada devia viver, mas resistiu à tentação de fazer essa pergunta. Tinha coisas mais importantes em mente agora.
- Nesse caso, Fyora, eu já terminei com você? – perguntou o faerie
- Receio que sim, ahn... Johan.
- Certo. E agora é a sua vez, Harry. Creio que tenha vindo por um bom motivo também, ou será que eu estou errado.
Harry sentiu-se ansioso. Finalmente chegara a hora. Ele parecia quase igualmente ansioso em responder às suas perguntas. Era como que ele já soubesse quais as intenções de Harry.
Mas Harry permaneceu em silêncio. Escolheu com cuidado quais as perguntas a fazer. Tinha muita coisa para ser descoberta, muitos problemas para serem resolvidos, muitos nós a serem desatados.
- Eu queria saber como vim para aqui. – começou Harry, embora já soubesse a resposta.
Como se o faerie também soubesse que Harry já tinha conhecimento da resposta, pois Illusen já propusera uma solução para este enigma, o faerie respondeu calmamente:
- Essa pergunta você já sabe a resposta, Harry. Você veio aqui pelo Feitiço do Convite lançado na Neopedia que recebeu de aniversário.
- Quem lançou o feitiço?
- Siyana de Talador. – respondeu o faerie.
- E quem é essa?
- É a Fada da Luz de Altador.
- Pra mim não faz diferença nenhuma. – contestou Harry – Não conheço essa fada. Por que ela lançou o feitiço para mim?
- Não sei. Acredito que tenha alguma relação com Voldemort, Harry.
- Tá, então como os meus amigos se envolveram nisso?
- Essa pergunta eu não sei também, infelizmente. Sugiro que pergunte a Siyana.
- E onde ela está para que eu possa falar com ela?
- Ela não está.
- Como assim?
- Desapareceu.
- Como?
- Ela desapareceu há quinze anos. Foi quando então eu presumo que ela tenha mandado o convite para você. Fiquei sabendo disso muito tempo depois. Não sei o paradeiro dela.
- Quinze anos? Mas eu recebi o livro há pouco tempo.
- Lembre-se da diferença de tempo, Harry. Eu fiquei sabendo também que a entrega atrasou. Era para você ter recebido no dia de seu aniversário, mas o presente acabou por aparecer apenas no Dia das Bruxas. Não sei como isso foi acontecer.
- Se foi Siyana de Talador quem entregou o presente a Harry – interrompeu Hermione -, por que ela assinou com outras iniciais? E qual o significado do bilhete no livro?
- Que bilhete? – perguntou o faerie.
Harry entregou o seu Neopedia. O faerie começou a folhear o livro. Então ele leu em voz alta:
“Por favor, me ajudem. Estou presa na Torre da Perdição.
SB”.

- Muito engenhoso. – comentou o faerie.
- O quê? – perguntaram Harry e Hermione
- Costumávamos chamá-la de Siyana, a Brilhante. Fada da luz, sabem. E ela era muito inteligente. Ela também supervisionava a Primeira Edição. Seus antepassados foram responsáveis pela escrita do Neopedia. O livro que você carrega, Harry, pertenceu a ela. Esse livro tem mais de dois mil anos, embora não pareça. Ele é atualizado uma vez por ano através de mágica. Suponho que ela não tenha assinado com seu completo para não chamar atenção.
- Ótimo, agora que você sabe onde está essa Siyana será que eu e meus amigos podemos retornar para Hogwarts? – perguntou Harry
- Sinto muito, Harry, mas não é tão simples assim.
- O que não é tão simples assim?
- Não sei como fazê-los voltar para Hogwarts. Presumo que a única que possa fazer isso é a própria Siyana.
Harry sentiu-se aborrecido. Achara que era só ir até a Primeira Edição e então poderia voltar para Hogwarts. Embora Neopia se mostrasse um mundo muito interessante, ele não queria mais problemas. Sua vida estivera em risco duas vezes num curto período de tempo. Ficar em Neopia significaria mais perigos, mais aventuras, mais problemas. Harry já tinha coisas demais a se preocupar. Voldemort, por exemplo.
- Então vamos falar com Siyana! – gritou Harry – Vamos logo!
- E o senhor por acaso sabe onde ela está? – perguntou o faerie
- CLARO QUE SIM! Ela está na Torre da Perdição! Só precisamos ir lá logo! VAMOS, ENTÃO! POR QUE ESTÁ HESITANDO DESSE JEITO?
- Você sabe onde fica a Torre da Perdição?
- Eu não sei, mas você sabe, não sabe?
- Não, eu infelizmente não sei. Que eu saiba, não existe nenhuma Torre da Perdição. Não entendo o que Siyana quis dizer com isso.
Harry se sentiu murchar. Se não sabiam onde estava Siyana, como ele iria voltar? Harry sentiu sendo obrigado a percorrer um caminho que ele não esperava em encontrar. Não sabia o que fazer.
- Você tem alguma idéia de onde seja, Fyora? – perguntou o faerie
- Não, eu já disse pra eles que não. – respondeu Fyora.
- Talvez ela não esteja realmente na “Torre da Perdição”. – disse o faerie, refletindo – Pode ser que ela esteja se referindo a um lugar. Como chamar o País das Fadas de Mundo do Algodão Doce, por causa das nuvens.
- Mas então ela poderia estar em qualquer lugar! – disse Hermione.
- Eu sei. – confirmou o faerie – Siyana pode estar em qualquer lugar...
Harry fechara os olhos. Aquilo não podia estar acontecendo. Quando abrir os olhos, ele estará de volta no dormitório da Grifinória. Fora tudo um sonho...
- Harry, você está bem? – perguntou Rony
- É claro que não. – respondeu Harry – Estou preso num lugar que eu nem conheço. Se eu não soubesse, que diria que sou eu quem estou preso numa Torre da Perdição.
- Não podemos fazer nada a respeito? – perguntou Hermione – Nós precisamos voltar...
- É claro que podemos fazer coisas! – respondeu o faerie – Vamos procurar por Siyana. É a única maneira de vocês poderem descobrir como voltar para Hogwarts. Ela talvez possa lançar outro Convite...
- Mas Siyana pode estar em qualquer lugar, lembra? – disse Hermione
- Claro que sim. É por isso que é uma busca. Vocês precisam encontrá-la.
- E como faremos isso? – perguntou Harry
- Isso eu já vou dizer. – respondeu o faerie. – Mas já aviso de antemão que será uma longa jornada. Neopia não é pequena.
- Eu não acredito! Você quer dizer que teremos de percorrer este mundo inteiro? – contestou Harry
- Você está com medo de Neopia, Harry? – perguntou o faerie
- Não, não foi isso o que quis dizer!
- Pois eu sugiro que você não subestima Neopia. Este mundo deixou de ser seguro há muito tempo. Agora, eu vou preparar alguma coisa para vocês comerem. Depois continuamos nossa conversa.
O faerie foi até a cozinha e deixou Harry sozinho com seus amigos e Fyora. Eles nada falaram. Harry agora pensava sobre Voldemort. Se Voldemort também conhecia Neopia, com certeza ele tentara tirar o maior proveito deste mundo. Harry tremeu ao imaginar que coisas ele poderia ter feito. Será que poderiam existir Comensais da Morte em Neopia também?
A sala logo foi impregnada pelo cheiro de comida. Ela um cheiro muito bom e convidativo e logo Harry se viu sentado na sala de jantar rodeado de vários tipos de alimento que ele nunca vira, mas que com certeza deviam ser muito bons.
Rony e Hermione conversavam alegremente durante o jantar. Eles pareciam ter esquecido de todas as suas preocupações. O clima na mesa era caloroso e hospitaleiro. Mas Harry continuava a pensar em Voldemort.
Então Harry se lembrou do que Illusen dissera há tempos atrás:
“Eu nunca tinha visto pessoas antes. Já ouvi falar de humanos que visitaram Neopia, naturalmente, mas isso foi há quinze anos.”
Uma pontada de horror atingiu Harry. Há exatos quinze anos humanos, que sem dúvida deviam ser bruxos, visitaram Neopia. E também fora há quinze anos que Siyana desaparecera. Voldemort poderia estar envolvido nisso tudo? Mas se ele também estivera em Neopia há mil anos, como isso poderia ser possível? Mas o faerie disse que o tempo em Neopia em relação ao mundo de Harry era uma coisa muito confusa...
Harry não agüentou e perguntou:
- Er.. Johan??
- Pois não, Harry?
- Illusen me contou que humanos visitaram Neopia há quinze anos. É verdade?
- Sim, é mesmo verdade.
Rony e Hermione pararam para prestar atenção.
- O senhor sabe quem eram eles?
- Sei, sim.
- Quem?
- Eram Alvo Dumbledore e Lílian Evans.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.