Como Um Amigo



No começo da noite, eu me dirigi para a sala de jantar. Estava vazia, felizmente. Todos jantavam mais tarde. Eu olhava para o meu prato de sopa sem a mínima vontade de comer. Sopa encantada de letrinhas. Eu dizia uma palavra e as letras se juntavam rapidamente, atendendo ao meu pedido. Eu acho que o nome Remo Lupin havia se formado umas 20 vezes seguidas. Eu precisava parar com aquilo. Estava ficando mórbido demais. Foi quando apareceu a morbidez em pessoa e se sentou em minha mesa sem dizer uma palavra.

O olhar de Snape era o mesmo de sempre, mas dessa vez não parecia que ele estava ali com o único intuito de me provocar (não que ele perderia a chance de se divertir um pouco, claro). "Boa noite, Nin-fa-do-ra". Ele saboreou cada sílaba como se meu nome fosse um banquete. Com certeza nem precisaria mais jantar.

"Boa noite, Severo. Vejo que perdeu completamente a noção do perigo".

Ele riu. Estava melhorando. Eu daria nota seis para a sua última tentativa. "E qual será, afinal, o meu castigo por chamá-la pelo primeiro nome? Você me atacará com cabelos verde-limão ou começará a me chamar de tio?".

"Severo, tem certeza de que não quer tentar a carreira como comediante?".

"Eu acho que ainda prefiro as platéias mais íntimas" disse. Então, ele olhou para a minha sopa intocada. "Devo lhe informar que comer é, no mínimo, recomendável para uma boa recuperação".

"Eu sei, mas ultimamente meu apetite está bem ruim" eu murmurei, afastando o prato. Era mais fácil desistir.

Ele não disse mais nada e me seguiu quando me dirigi para a varanda. E ficamos ali durante horas, quietos, sentados um em cada cadeira. E assim eu tive a confirmação de que Severo Snape havia aceitado a minha ajuda e me oferecia a sua. Porque mesmo sem falar, ele ficou ali comigo. Fazendo-me companhia. Como um amigo.

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Fiquei o dia todo no meu quarto, escrevendo para várias pessoas. Minha mãe, Minerva, Harry, Hermione, Molly. Ouvi música também e dormi um pouco. Na verdade, eu me sentia um pouco melhor. Até me animei a tentar fazer alguma coisa diferente durante a noite. E por que não chamar Severo? Pelo visto, ele também não havia saído do quarto. Um pouco de ar puro faria bem para os dois.

Não precisei bater mais de uma vez. Logo ouvi a voz dele pedindo que eu entrasse e a porta se abriu magicamente. Ele mexia com suavidade o conteúdo do caldeirão e me lançou um olhar de soslaio. "Veritaserum. Para os estoques da Ordem. É sempre muito útil".

"Ah..." eu murmurei, hipnotizada pelo que via. O líquido do caldeirão tremeluzia e os movimentos de Snape eram precisos e ágeis.

Ele ainda me olhava com o canto do olho, então eu resolvi falar. "Bom, eu vim convidá-lo para fazer alguma coisa. Não gosto de sair sozinha. Mas vejo que está ocupado".

E o olhar era o mesmo, agora acompanhado de um sorriso cínico. "E o que você tinha em mente para esta noite? Ficar cantando em volta da fogueira com aquele bando de moleques inúteis que nos olham como se fossemos trasgos alaranjados? Não, obrigado".

"Na verdade, isso nem me passou pela cabeça" eu rebati, com um súbito ataque de mau humor. Quem ele achava que eu era? Uma menina boba e infantil? Eu também não gostava daquele pessoal.

"Ah, é um imenso alívio saber disso. Mas o que mais as pessoas fazem por aqui?".

"Bom...eles têm um auditório...".

"E...?".

"E...lá tem um palco".

"Hum...Isso não explica muita coisa".

"Bom...e vai haver um show no palco...".

Ele arqueou uma sobrancelha e mais uma vez ensaiou um sorriso. Típico. Estava se divertindo às minhas custas. Mas isso não ia me desanimar. "Olha, o negócio é o seguinte: vai haver um show com 'As Esquisitonas' e eu vim, em toda a minha ingenuidade, convidar o senhor para me acompanhar. Pronto! Pode rir agora!" eu desabafei, cruzando os braços.

De fato ele riu, mas não maldosamente. "Minha cara Ninfadora, eu tenho um grande afeto pelos meus tímpanos e eu não acho que essa banda os trataria com o devido carinho". Nessa altura do campeonato, eu também já gargalhava. Severo me fitou por alguns instantes antes de prosseguir. Pareceu-me que ele gostou de me ver rindo tão abertamente. Estranho, muito estranho. "De qualquer maneira, eu não acho que me ajustaria à faixa etária para a qual o repertório se dirige. Seria melhor que fosse sozinha, se gosta realmente desse tipo de poluição sonora. Eu não sou boa companhia".

"Severo, pelo amor de Merlin, você não é velho! Provavelmente tem a mesma idade que o Re...bom...enfim, se eu estou te convidando, é porque gosto da sua companhia". Quando notei, eu já tinha dito. As palavras saíram da minha boca mais uma vez sem pedir licença. Tenho absoluta certeza de que corei. E posso jurar que a face de Snape também ficou um pouco menos pálida.


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Olá mais uma vez!!!!!! Se você chegou até aqui, é porque teve paciência para ler o terceiro capítulo da minha primeira fic! :o)!!! Isso quer dizer que provavelmente leu os dois primeiros também! :o) A fic não vai ser muito longa e prometo postar tudo o mais rápido possível! Gostaria de agradecer a todos que leram, até aos que não comentam, que são importantes da mesma maneira, mas preferem não se pronunciar! Espero que estejam gostando!!!! Quem quiser me dar umas dicas ou fazer correções (alguns erros passam, de vez em quando), idéias são sempre bem vindas! Obrigada mais uma vez pelo comentário, Stardust! Até mais!!!!!!!

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