Mar de memórias



Capítulo 14- Mar de memórias

Lola não via seu pai real a um bom tempo, mas em compensação já havia perdido as contas de quantas versões diferentes dele já havia encontrado. Já fazia muito tempo em que se separara de seu pai, cada um indo para um lado buscar memórias diferentes.

Era estranho, mas Hilde estava certa. Seu pai realmente havia mudado, e muito. O Harry que muitas vezes via não correspondia com o Harry que ela conhecia. As atitudes tinham mudado, a personalidade, o comportamento. E se sua mãe havia se apaixonado por um desses Harry’s que estava no passado, não era de se admirar que ela não gostasse tanto do que estava no presente.

Agora ela estava vendo um Harry de treze anos, irritado por Snape ter tirado vinte pontos da Grifinória por Harry ter derrubado uma estátua no corredor. Lola estava vendo o que seu pai tantas vezes tentara lhe explicar, o ódio mútuo entre ele e Snape.

-Eu já disse –rugiu Harry entre dentes- O Malfoy me empurrou.

Snape o olhou com nojo, com um meio sorriso de sarcasmo.

-Sr. Potter, você se acha superior a ponto de questionar a atitude de um professor. Certamente deseja visitar a minha sala hoje às 19 horas.

O pequeno Harry permaneceu calado, mas pelo olhar dele entendia-se tudo que o menino queria falar.

-Ótimo, é bom que entenda o seu lugar –desdenhou Snape, antes de sair.

Assim que o professor de Poções sumiu de vista, Harry xingou um palavrão que fez Hermione brigar com ele também. O Harry adolescente resmungou qualquer coisa à amiga e saiu pisando forte, e ao virar um corredor por pouco não esbarrou na versão de doze anos de Gina. Mas a ruivinha pareceu não se importar tanto com isso, apenas ficou olhando sonhadora por onde o garoto havia sumido. A pequena Gina voltou a andar e Lola queria segui-la, mas a memória de seu pai não permitia isso e então Lola se viu fora de Hogwarts.

“Novamente nos Dursley” constatou ela ao ver a cara feia de Tia Petúnia.

-Ainda bem que eu não a conhecia... –suspirou em alívio.

Lola observou Petúnia brigar com Harry e pouco depois entrou o primo gordo e chato, Duda, para completar a cena.

-É melhor passar isso...

Lola já havia presenciado várias cenas da infância de seu pai, era melhor buscar outro tipo de memória. Talvez ainda tivesse traços de uma antiga personalidade de Harry que ela ainda não conhecia.
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Harry já não via a filha há algumas horas, estava já cansado e com fome. Seu corpo estava pedindo para que parasse com isso, mas a sua mente não conseguia se desligar nem por um segundo. Estranho pensar que até horas atrás ele estava justamente reclamando com Meg que sentia que nada estava acontecendo em sua vida. Então, Lola apareceu com a cabeça em sua lareira e tudo mudou drasticamente.

E pensando em mudança, era estranho notar o quando mudara ao longo dos anos. Muitas vezes estava em alguma memória e sentia-se dividido. Uma parte de si sabia como seu antigo eu iria reagir e sentia que esse era o jeito certo, mas, ao mesmo tempo, uma nova parte pensava que poderia fazer tudo de outra maneira. Estranho, muito estranho.

Passou por uma memória onde viu as três mulheres da sua vida, e não pôde deixar de pensar em como elas lhe afetavam, e como nesse dia estavam afetando de maneira especial. Primeiro Lola, depois Hilde e, se tudo desse certo, então Gina. Primeiro a filha mais velha aparecera em sua lareira, e fez com que ele desrespeitasse Tonks na escola onde ela própria era a diretora. Depois descobria que Hilde tinha poderes dos quais ele não era muito fã. Adivinhação. Ramo ruim da magia para se ter ligação. Mas se um dia a adivinhação quase destruíra sua vida, hoje estava ajudando a reconstruí-la. Correndo tudo bem, talvez ainda hoje pudesse ver sua Gina.

A cena diante de si mudou e ele se viu no QG da Ordem, em Grimmauld Place. A sua versão de dezenove anos estava sentada na sala de reuniões, Moody e Remo conduziam e o clima era tenso. O rosto do seu eu antigo estava fechado e concentrado, de modo carregado. Através de uma memória não dá para saber o que as pessoas ali sentiram, mas ele sabia como havia se sentido. Culpado. Culpava-se pela demora em vencer Voldemort, e culpava-se pelas mortes que a cada dia só aumentavam. Naquele garoto via traços mais adultos do que via em si.

-Talvez eu tenha ficado mais jovem... –brincou consigo.

O garoto Harry desviou seu olhar por um instante e então sua cabeça começou a divagar. Ali, a três cadeiras à esquerda, ali estava o motivo que sempre o fizera esquecer tudo, a sua perdição. Uma Gina de dezoito anos, de cabelo ruivos presos num rabo-de-cavalo, estava sentada ali, acompanhando séria a reunião. Harry viu o seu eu antigo abaixar a cabeça por instantes e rabiscar algo em um papel, de modo que continuava ouvindo Moody, mas que não o encarava.

Ele terminou e dobrou o papel, e com toda a discrição possível, ele fez o papel flutuar até a mão de Gina. A garota se assustou brevemente com um papel que pousou na sua mãe, mas olhou de rabo de olho e viu quem havia mandado. Ela estava tentando disfarçar o sorriso enquanto abria o papel, mas então viu um “eu te amo” desenhado ali e não se conteve.

-Se o casalzinho não dá valor ao que está sendo dito aqui -rugiu Moody, com o mau-humor

Harry corou um pouco, ao contrário de Gina, que ficou totalmente vermelha. O garoto tentou se manter firme e respondeu sério:

-Não senhor. Me desculpe, pode continuar.

Moody o encarou por um segudo, então respirou fundo e voltou a falar. A reunião continuou normalmente. Harry ouviu a sua própria fala. Era preciso continuar.
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Gina bateu à porta da diretora, logo em seguida ouviu um “entre”. A mulher estava sentada, com os óculos na ponta do nariz, lendo algumas coisas.

-Pois não, Ginevra –disse ela, um certo ar enfadonho no olhar.

Gina aproximou-se, estava contorcendo os dedos. Suspirou bem fundo e a encarou nos olhos.

-Eu pensei no que conversamos...

A mulher largou os papéis que lia e a ajustou os óculos, encarando Gina profundamente.

-E...?

-Eu decidi ficar –disse ela, com convicção.

A mulher fechou os olhos por um instante e depois balançou a cabeça. Ela suspirou e retirou os óculos, deixando-os de lado na mesa.

-Sente-se, Ginevra –pediu ela.

Gina sentou-se com o rosto sério. Aquela mulher podia ser quem fosse, mas quem mandava em sua própria vida era ela, e ela estava decidida a ficar.

-Pensei que eu tinha sido clara... Mas pelo visto não fui tanto assim.

Gina balançou a cabeça.

-Foi sim, foi clara mais que o suficiente. E eu refleti sobre o que conversamos, mas decidi que quero ficar. Vou deixar de lado os problemas que me atormentam e vou me dedicar incansavelmente a este curso.

-Ótimo, eu fico feliz que esteja pensando assim –disse ela, ainda com a expressão receosa- Mas penso que você já tinha tomado essa decisão antes de vir pra cá. A questão não é que você não queira se afastar dos seus problemas, é que você não consegue.

Gina cerrou o cenho instintivamente, odiava ser subestimada.

-Então a senhora acha que eu não tenho capacidade de controlar minhas emoções? –atacou ela, arisca.

A mulher fez uma expressão estranha que Gina não conseguiu interpretar, então ela deu um sorriso amarelo.

-Não me leve à mal, Ginevra. Mas, resumidamente, é exatamente isso que eu estou tentando dizer.

-Eu estive numa guerra, sabe? –irrompeu Gina, já ameaçando levantar o tom de voz- Eu não teria sobrevivido se não soubesse controlar meus sentimentos! Além disso, meu atual trabalho sempre me exigiu isso também. É totalmente despropósito você falar isso de mim.

A mulher deu de ombros e recolheu seus óculos novamente, colocando-os na face.

-É justo o que você diz.

Gina sorriu triunfante e levantou-se.

-Muito obrigada pela atenção. Boa noite.

Ela já estava fora da sala, mas ainda assim ouviu a mulher pronunciar:

-Eu adoraria estar errada, Ginevra. Mas eu ainda tenho dúvidas sobre a sua permanência neste curso...
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A cena mudou e ela estava n’A Toca. Ela se viu na sala vazia, e estava se perguntando o que havia para ver ali, então um Harry de pijamas e cabelos despenteados desceu as escadas. Pegou um biscoito num pote e saiu da casa. Ela já o seguia quando uma Gina de camisola desceu as escadas também. Lola riu.

-E toda aquela conversa de namoro comportado...

Lola seguiu a memória e viu quando ela se jogou nele, que estava de costas.

-A lua está bonita hoje... –disse ela.

-Não mais que você –disse ele, virando-se para ela.

Lola riu e passou à mão pela cara.

-Que cantada barata, papai.

Os dois começaram a se agarrar e Lola decidiu sair dessa memória. Tudo escureceu e de repente ela estava na guerra. O local era escuro, frio e úmido. Seu pai estava agachado, escondido atrás de uma pedra. Havia um corte acima do supercílio direito, e a roupa dele estava meio rasgada.

Alguém se aproximou e por um instante ela achou que pudesse ser um membro da Ordem, mas seu pai começou a correr desenfreado e ela entendeu que era um inimigo. Ela corria também para acompanhar seu pai, mas então tudo foi ficando escuro, e mais escuro.
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Harry estava no escritório de Dumbledore, o diretor havia lhe chamado para cobrar a memória de Slughorn. Ele não havia tentado mais pegá-la, pois estava ocupado demais tentando descobrir o que Malfoy estava tramando.

-Eu pensei que depois que Rony estivesse recuperado você se dedicaria a conseguir a memória.

O Harry de dezesseis anos ficou calado por um tempo, não conseguindo encarar a decepção dos olhos do diretor. Harry lembrava bem dessa memória, e já saía dela quando sentiu que algo não estava bem.

“Lola”, pensou ele.

Ele correu por entre as memórias. Visitou os Dursley e o dormitório masculino de Hogwarts, o QG da Ordem e antiga casa onde viviam como trouxas, até que encontrou Lola numa briga que estava tendo com Rony.

Lola estava caída no chão, desmaiada. Fome e cansaço, provavelmente.

-Mas pode ser coisa pior... –falou consigo, preocupado.

Já não bastava Hilde com a saúde debilitada, não precisava de outra filha doente. Saiu da penseira. Olhou a sala vazia e escura e pegou a filha no colo, precisava levá-la para a enfermaria.

“Harry, que tipo de pai é você que não sabe cuidar das suas filhas?” repreendeu-se.

Assim que entrou com Lola na enfermaria, a enfermeira arregalou os olhos.

-Será que é alguma doença hereditária? –indagou ela, fazendo os primeiro socorros à garota.

-Eu creio que não –respondeu Harry sem jeito- Creio que é fome.

A mulher o encarou de cima a baixo com um olhar de desdém, então foi providenciar algo. Ele ficou sentado ao lado de Lola, na cama de Hilde. Incrível como as duas filhas estavam fazendo de tudo para que os dois pudessem reatar. Passou a mão pelos cabelos ruivos de Hilde e pelos cabelos negros de Lola e deu um beijo na testa de cada uma.

A enfermeira voltou e junto dela estava Tonks, de cabelos negros e olhos vermelhos.

-Eu espero que você tenha uma boa explicação, Harry –rugiu ela.

Ele balançou a cabeça e deu de ombros.

-Vim porque descobri algo importante sobre Hilde, que por acaso descobriu algo importante sobre mim.

Tonks ficou ainda mais pálida, e ele desconfiou que a resposta não tinha a satisfeito.

-Hilde é uma vidente, Tonks. Ela tem o Dom da Visão.

Tonks continuou pálida, mas dessa vez por outro motivo. A expressão dela era totalmente espantada.

-E-eu, eu não posso crer nisso!

Ele sorriu amarelo e olhou para a filha mais nova.

-Pois acredite. Só não espalhe, não vamos constranger a menina.

Ela sentou a cama ao lado de Hilde, com os cabelos tomando uma coloração mais clara. Pela sua expressão ainda estava pasma.

-E Lola? –perguntou ela, olhando a outra cama.

-Hum... Ela teve um leve problema com comida –disse ele, desconcertado.

-Mas as duas ficaram bem? –perguntou ela, visivelmente preocupada. Conhecia as duas desde pequenas, e se importava muito com elas.

-Lola eu tenho certeza que sim, mas Hilde ainda me preocupa.

Tonks ficou pensativa por uns instantes, então voltou a falar.

-Eu chamarei especialista no assunto amanhã. Nós vamos ver o que ela tem.

-Obrigado Tonks –agradeceu ele.

A enfermeira terminou de cuidar de Lola e pousou uma bandeja ao lado dele.

-Você deve estar com fome também. Coma.

O seu estômago roncou, agradecendo a bondade. Ele colocou a primeira garfada na boca e gemeu de felicidade, há muitos anos não comia a comida de Hogwarts.

Harry olhou para o robe de Tonks e enquanto comia se deu conta que deveria ser muito tarde. E ele havia dito à Meg que não demoraria, a amiga devia ter ficado irritada e ir embora.

-Quantas horas são, Tonks?

-Já são quase 11 da noite –respondeu ela, fazendo uma expressão curiosa, como se ele precisasse se desculpar.

Ele a olhou constrangido por um segundo, então abaixou a cabeça e pediu desculpas sinceramente.

-Me perdoe, Tonks, eu não quis causar esse transtorno para você.

-Está tudo bem –disse ela, fazendo um muxoxo com as mãos- Eu só não entendo uma coisa: todo esses concursos não foram criados só para que Lola pudesse fazer o tal curso do Snape? Por que ela largou tudo assim, de uma hora pra outra?

Ele olhou para a filha mais velha e sorriu.

-Ela achou uma causa mais nobre para lutar –respondeu ele, passando as mãos no cabelo dela- Mas eu farei o que for preciso para ela conseguir esse curso de volta.

-Bom, eu não tenho certeza se Snape vai querê-la –disse ela, fazendo uma careta ao lembrar da expressão com que ele saíra de Hogwarts- Mas em todo caso, você sempre dá um jeitinho.

Ele riu e terminou de comer. Deu um beijo em cada filha e despediu-se de Tonks.

-Eu ainda tenho algo a fazer... –disse ele, mais para si que para a amiga.

Tonks o acompanhou até os portões de Hogwarts, e quando ele chegou lá desaparatou direto no fluporto.

-Uma passagem para a Finlândia, por favor.

-Três galeões, senhor –respondeu ela.

Ele pagou e pegou o pó-de-flu para viagens internacionais. Dirigiu-se até a lareira e esperou pouco tempo na fila, e em pouco tempo ele já estava naquele país desconhecido.

O vento frio da noite finlandesa era muito mais cortante que o frio inglês, e ele não estava agasalhado.

-Não importa –disse ele, soprando as próprias mãos e se esfregando para aquecer.

Ele andou até o guichê de informações.

-Por favor, onde fica a Escola Krünch Superior de Magia Avançada?
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N/A: Olá, pessoal! E esse capítulo nem demorou!rs Aê! Bom, eu creio que o próximo também não demorará, mas isso não é uma promessa. Dessa vez eu nem tenho recadinhos para dar, então, se você está gostando da fic (ou não...rs) deixe uma resenha e entre na campanha “Eu faço uma autora feliz!”. Bjusss, Asuka

Tonks & Lupin: É claro que o Harry está disposto a correr atrás, ele tem feito isso desde o início da fic,só que algumas vezes com menos ve~emencia, rsrs. Aproveite o cap! Bjusss

Molly: Bom, pra saber se finalmente o Harry consegue ter a Gina de volta você tem que esperar o próximo capítulo!rsrsr Mas aproveite esse por enquanto! Bjusss

Miaka-ELA: Sim, sim, tivemos muitas mudanças no último capítulo, e as consequências disso terminam de desenrolar no próximo! Espero q goste desse cap! Bjusss

Eleonora: Não, a Hilde em nada se parece com a Sibila!rsrs Coitada, mas só pra isso ficar mais claro, pode deixar q mais pra frente tem uma explicação honesta! E sobre a Tonks brava, eu juro q eu tb não consigo imanigá-la assim!rsrs Bjusss

MarciaM: Harry e Gina terem mais um filho? Bom, nesse eu não tinha pensando, mas quem sabe? rsrsrs Aproveite o cap! Bjusss

Ju de Paris: Sim, tanto a Hilde quanto a Lola são fodas, cada uma a seu modo! rs São elas que estão conseguindo q os pais reatem! Aproveite o cap! Bjusss

Lilian_Evans_Potter: As suas duas perguntas respondidas! A mulher q atendeu o telefone era a Meg, a amiga trouxa do Harry, e ele precisou ir até a Finlândia para buscá-la! Aproveite o cap! Bjusss

Doug Potter: Vc fez um desejo no capricho, pq eu t garanto q mesmo o próximo capítulo não será o último! rsrsr E sobre o cap passado, a intenção era realmente d confundir no início!rsrs Aproveite esse cap! Bjusss

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