À procura do noivo perfeito
Capítulo 13- À procura do noivo perfeito
Lola pousou os pés no chão e olhou ao redor. Um redemoinho de pensamentos e lembranças acabaria por deixá-la tonta. Ela olhou então para Harry que acabava de pousar a seu lado.
-Teremos trabalho... -disse ela, com uma expressão cansada.
Ele não falou nada, só concordou com a cabeça olhando para os lados.
-Se Hilde estivesse aqui seria mais fácil -suspirou a morena.
-É bom que ela não esteja -disse ele, meneando a cabeça- A saúde dela não está boa, então é melhor que descanse. Além disso, é bom que eu descubra isso sozinho.
-Mas eu estou aqui, você não está sozinho, papai.
Ele sorriu e fez um carinho na cabeça dela.
-Você me entendeu.
Ela deu um sorriso tímido.
-É, entendi.
Ele suspirou também e olhou adiante.
-Vamos começar?
----*----
O telefone não servia somente para receber ligações. Ele as fazia também.
Gina pegou sua bolsa e tirou sua agenda, achando rapidamente o número que precisava. Ainda teve que tomar coragem até tocar no objeto. Devia mesmo fazer isso?
-Bom, esse foi um dos melhores conselhos dela... -disse ela para si mesma, como se justificasse seu ato e o seu momento de impulso.
Discou os números e aguardou impaciente. Um toque. Nada. Dois toques. Nada. Três toques. Nada. Quatro toques.
-Vamos, atenda -impacientou-se ela.
Ela já ia desligar o telefone quando do outro lado da linha alguém atendeu.
-Harry?
Mas não foi a voz de Harry que ela ouviu de volta.
-Ah não, o Harry deu uma saída. Quem gostaria de falar com ele?
Gina ficou calada, um instante sem reação. Uma mulher estava atendendo o telefone de Harry. Mal sinal.
-Alô? -chamou novamente a voz do outro lado- Quem é que gostaria de falar com ele? Quer deixar recado?
Deixar recado? Oh, sim, ela falaria "Fale que a ex-mulher dele ligou, ela está na Finlândia se sentindo uma idiota e resolveu ligar para ele". Idéia estúpida, nunca deveria ter tocado nesse telefone.
-Alôoooo? -chamou a voz pela terceira vez, dando sinais agora de impaciência.
Gina desligou e ficou imaginando o quanto a mulher ficaria irritada do outro lado da linha. Bem feito.
-Bem feito para mim... -lamentou ela- No final, quem ficou sozinha fui eu.
Aliás, para quem há menos de uma semana lhe fizera toda aquela declaração de amor, Harry estava lhe saindo um belo de um cachorro. Mas, afinal, ela não podia reclamar. Ela também tinha feito sua escolha.
-Agora é hora de agüentar as conseqüências, Ginevra -suspirou ela para si- É ficar e levar esse curso da melhor maneira possível.
Olhou para o telefone e sentiu uma raiva muito grande daquele aparelho. Levantou sua varinha e o explodiu. Era um bem que fazia a sua sanidade.
----*----
Algumas horas antes...
-E esta é a poção vencedora! -exclamou Sir Brave Faraday, olhando entusiasmado para a sonserina. Lola ainda encarou os dois como se não acreditasse no que estava ouvindo, mas o grito histérico da garota penetrava os seus tímpanos de modo ensurdecedor. Não havia dúvidas. Perdera.
Ela olhou para os lados e forçou a si mesma a dar um sorriso para o participante da Corvinal, e também para o senhor Snape, um homem velho, de traços fortes e cabelos brancos oleosos. Ainda olhou para a sonserina e deu seu melhor sorriso, indo cumprimentá-la pelo resultado.
-Parabéns -disse ela, sem fraquejar a voz, erguendo a mão para cumprimentar a garota.
Ainda olhou para Sir Brave Faraday e deu um meio-sorriso, então pediu licença e se retirou dali. Enquanto via pessoas a observando, seus passos eram serenos e firmes. Ainda viu Meíssa pelo canto do olho, a amiga lhe encarava pasma, tão pasma quanto ela própria se sentia, apenas não demonstrava.
Assim que virou o primeiro corredor ela deixou seus passos ficarem mais rápidos, para que seus pés lhe levassem a qualquer lugar que ninguém a pudesse ver. Queria morrer, queria sumir. Sua vontade era de voltar e cuspir na cara daquela sonserina estúpida que todo aquele concurso fora criado única e exclusivamente por sua causa. Mas não podia fazer isso, não porque prometera a seu pai nunca contar sobre isso a ninguém, mas porque contar isso seria admitir para todas as pessoas que ela estava se remoendo por dentro por ter perdido, seria admitir que a derrota lhe era muito amarga. E ela não faria isso nunca. Perder sim, se rebaixar jamais.
Entrou no banheiro interditado do segundo andar com cautela, vendo se não havia nenhum casal de namorados se agarrando ali, ou se alguém estava usando o lugar para fazer coisas proibidas. Quando constatou finalmente que estava sozinha, então ela se olhou no espelho. Ficou encarando a própria imagem por um bom tempo, até que se aproximou do seu reflexo, apoiando suas mãos na pia.
-Onde eu errei? -lamentou ela, não mais segurando as lágrimas- Estava tudo certo... Tudo estava certo!
-Nem tudo -disse uma voz fria atrás dela.
Ela tomou um susto e levantou o rosto, encarando com surpresa a pessoa que lhe fazia companhia.
-Esse é uma banheiro feminino -disse ela com a voz fria também, encarando pelo espelho a figura de Severo Snape.
-Eu penso que sei disso -respondeu ele, sem dar nenhum indício que sairia dali.
Ela enxugou as lágrimas com raiva, deixando o seu rosto novamente impassível.
Não precisava de consolo de ninguém, não queria o consolo de ninguém.
-Então porque o senhor não retoma a sua educação e se retira? -rugiu ela entre dentes, ainda encarando-o pelo reflexo do espelho.
Ele esboçou o que deveria ser um sorriso, então conjurou uma cadeira para si, na qual se sentou e a observou com sincero interesse.
-Achei que pudéssemos conversar... -disse ele, agora já se divertindo com a expressão brava no rosto dela.
Ela virou-se para ele e deu um sorriso irônico.
-Talvez achar não seja a sua maior qualidade, Sr. Snape.
Ele balançou a cabeça com desdém.
-Me diga, Srta... -ele fez sinal de indagar o nome dela, mas ela não respondeu. Não daria a ele o gosto de debochar sobre a sua família. Ele ignorou a falta de educação dela e continuou a falar- Me diga, onde foi que você errou?
-Eu-não-errei! -resmungou ela, a raiva dominando-a. “Fique calma Lola, fique calma” repetia para si. Não ia perder o controle na frente de um estranho.
-Então por que você perdeu? -indagou ele com uma cruel sinceridade.
Ela não respondeu nada, não sabia porque perdera. Na verdade as duas poções estavam muito parecidas, um leigo as veria da mesma forma. Havia uma nuance muito sutil entre o roxo da poção sonserina e o seu roxo. Ela própria duvidava se a sonserina conseguia distinguir a diferença. Mas ela conseguia ver claramente que a poção da outra estava melhor, e os dois maiores pocionistas vivos da Inglaterra também conseguiam.
-Exatamente... -disse ele, fazendo uma clara leitura da sua mente- Havia uma diferença muito sutil entre a sua poção e a da Srta. Rose. Você não sabe onde pecou?
Ela deixou cair sua máscara de auto-controle. Ele conseguia lhe ler a mente, não adiantava ficar representando um papel. Deixou sua voz ser tomada pelo nervosismo que sentia.
-Eu não sei! -disse ela gesticulando fortemente- Eu adicionei todos os ingredientes na hora certa, piquei todas os ramos de salgueiro num ângulo de 45°, misturei nos sentidos indicados... Eu não sei aonde eu falhei.
Ele a olhava sem emoção alguma.
-Sabe de uma coisa, Srta.? Poucos pocionistas sabem que cortar os ramos de salgueiro em 45° otimiza a sua utilização. É admirável que você tenha esse conhecimento.
Ela fez um muxoxo e encarou seus joelhos.
-Isso não me adiantou muita coisa hoje...
Ele limpou sua garganta e sentou-se mais ereto.
-Só lhe faltou uma coisa hoje, Srta -disse ele, encarando-a com um olhar repreensor. Ela não desviou seu olhar- Você não teve sangue frio ao manipular seus ingredientes, você se deixou dominar pelo nervosismo.
Ela deu uma risada de escárnio.
-Não acho que o meu nervosismo se transferiu por osmose para a poção.
Ele ignorou a ironia dela e lhe rebateu.
-Seu nervosismo fez com que você deixasse três gotas de suor cair na sua poção. O suor diluiu então a sua poção, diminuindo o efeito dela.
A resposta dele lhe veio como um tapa na cara. Não podia acreditar que tinha perdido por causa de três gotas de suor.
-Eu e Faraday percebemos o momento exato em que isso aconteceu, e nós dois concordamos naquela hora que você perderia por isso.
Ela fechou os olhos. Não queria acreditar nisso.
-Porém -disse ele com um tom mais alto, chamando-a a abrir seus olhos- Nós dois discordamos em uma coisa.
-O quê? -perguntou ela com tom enfadonho, percebendo que ele queria que ela fizesse essa pergunta.
-Faraday acha que se você não teve sangue frio, você não está qualificada a participar do curso. Eu, pelo contrário, não penso assim.
O coração dela disparou. O que diabos ele estava querendo dizer com isso?
-Eu lhe observei cautelosamente... -ele falava pausadamente e com uma voz baixa, em sinal de concentração- Todo cuidado é pouco para se observar um pocionista, mas você passou pelo meu teste. Você tem talento, menina. Vim aqui lhe chamar para participar do curso que vou ministrar.
Por um instante ela pensou que seu coração tinha parado, mas tamanha era a força com que ele batia que até doía dentro do seu peito.
-Você está brincando comigo? -perguntou ela, crente que aquilo não fazia sentido.
-Eu pareço ser uma pessoa que faz qualquer tipo de brincadeira? -perguntou ele irritado. Como ela continuava a encará-lo sem nada responder, ele voltou a falar, novamente em tom enfadonho- Eu acho uma besteira ter que aceitar adolescentes despreparados no meu curso, mas se é para fazer isso, eu quero o melhor. E você é a melhor, não importa quem tenha vencido aquela bobeira de concurso.
Ela deixou o sorriso largo transparecer, mas não sabia o que falar. Abria e fechava a boca sem dizer nada. Queria abraçá-lo de tanta felicidade que sentia, mas ele a jogaria longe se o fizesse.
Ele se levantou e fez a cadeira desaparecer. Então a olhou meio ressabiado.
-Esteja todos os dias as sete da noite na sala da diretora. E não se atrase, eu odeio falta de pontualidade.
Ela balançou a cabeça entusiasticamente. Ele já saía quando a olhou novamente.
-E afinal de contas, qual é o maldito do seu nome?
Ela deixou seu sorriso morrer, e se ele voltasse atrás?
-Vamos, menina, já lhe conheço pelo talento, agora preciso saber o seu nome.
Ela mordeu o lábio inferior, então manteve-se ereta, numa postura formal. Com toda a firmeza e orgulho que tinha ela respondeu.
-É Potter, Sr. Snape. Meu nome é Lola Weasley Potter.
Ela viu toda a pouca cor do rosto dele sumir.
-Você está caçoando de mim, certo? -perguntou ele, com um leve tremor no lábio inferior.
-Não senhor -disse ela sem se intimidar- Não estou brincando.
Ele a encarou seriamente, e por um momento ela pensou que ele fosse voltar atrás.
-Eu permaneço com a minha palavras, Srta. Potter. -disse ele, com a face se contorcendo, mas com um olhar que ela não conseguia definir- Você tem uma vaga.
Ele deu as costas para ela, mas se pronunciou antes de sair.
-Mas não pense que eu não percebo que tem dedo do seu pai nessa história. Sempre tem.
Ela esperou que ele saísse para relaxar a tensão de seus músculos. Merlim! Não podia acreditar! Começou a pular e dançar uma estranha dança da vitória quando ouviu um novo barulho. Seu rosto corou quando viu que Joshua estava na sua frente.
-O que faz aqui, Lew? -rugiu ela, ainda corada- Não vê que esse é um banheiro feminino?
Ele manteve o rosto impassível, e falou com calma:
-Hilde pediu que eu lhe chamasse.
Ela revirou os olhos e se ajeitou, preparando para sair.
-Ok, muito obrigada pelo recado... Onde ela está?
-Na enfermaria -disse ele, receoso.
Toda a cor fugiu do rosto de Lola. Ela o olhou no fundo dos olhos por um instante, como que para confirmar que ele não estava brincando, então saiu correndo.
Chegou ofegante na enfermaria, louca para falar com a irmã, mas esta já estava adormecida.
-Eu dei uma poção a ela -explicou a enfermeira, com uma voz doce- Ela estava com uma dor de cabeça muito forte.
Lola segurou firme na cabeceira da cama e tentou afastar as lembranças de Hilde doente no hospital.
-O que ela tem? É só isso? -perguntou receosa.
-Creio que sim -respondeu a enfermeira, ainda serena.
Lola mordeu o lábio inferior, então voltou a falar:
-Ela esteve hospitalizada há pouco tempo. Você acha...
A voz da garota morreu a medida em que falava, só ficou olhando ansiosa para a enfermeira.
-Posso lhe assegurar que ela está bem -disse a mulher, que embora ainda tivesse a voz calam, seu rosto já não expressava a mesma serenidade- Pode ficar aqui um pouco, mas depois terá que sair.
Lola assentiu com a cabeça e se sentou na cama, ao lado da irmã. Passou a mão pelos cabelos ruivos da menina, empapados de suor. Fechou os olhos e tentou se conter. Hilde estava adoecendo demais e aquilo não lhe parecia um bom sinal.
Sentiu uma mão apertando firme o seu ombro, abriu os olhos e viu que Joshua estava ali.
-Eu espero que não seja nada sério -disse ele, com a voz grave.
-Eu também -suspirou ela, fazendo novo carinho na cabeça da irmã.
O garoto sentou-se na cama em frente a ela e ficou um tempo calado, sem saber o que dizer. Lola olhou para ele e a impressão que teve era de que o menino estava nervoso.
-Lew... Você está bem?
Ele se remexeu na cama, sem jeito.
-Sabe, é estranho dizer isso, mas...
A voz do garoto foi cortada pela voz de Hilde, que resmungou enquanto dormia.
-A chave... -disse a pequena.
Os dois pararam e observaram a menina, mas por um instante ela não disse mais nada.
-O que é "a chave"? -perguntou Joshua.
-Eu não sei -disse Lola, dando de ombros- O que você falava?
Ele corou um pouco e voltou a se mexer desajeitado.
-Eu dizia que era estranho, mas que hoje de manhã Hilde me disse eu teria um momento com você, e que nesse momento eu poderia lhe dizer algo.
Lola franziu o cenho e olhou para a irmã.
-Ela disse, é? -falou ela, com um estranho brilho no olhar.
-Disse... Pois é, e eu queria dizer pra você... Eu queria dizer....
-O que mais ela disse? -cortou Lola, sem olhar para ele. Joshua se sentiu aborrecido, mas ao olhar para a morena, ele percebeu que havia algo errado.
-O que isso importa? -aborreceu-se ele.
Ela o olhou de forma enviesada, mas nenhum dos dois falou nada.
-A chave... -voltou Hilde a resmungar.
-Afinal, que maldita chave é essa? -perguntou Joshua.
Lola estava dividida entre sentir raiva de Joshua e dar atenção ao que a irmã falava. Por fim uma idéia surgiu na sua cabeça.
-Como você sabia onde eu estava, Lew? Como sabia que eu estaria naquele banheiro?
O menino finalmente começou a entender o ponto a que a morena queria chegar.
-Hilde me disse -falou ele, com uma seriedade mórbida- Aliás...
-Aliás...? -incentivou ela, para que ele continuasse falando.
Joshua de repente se sentiu estranho. Parecia que várias coisas começavam a fazer sentido.
-Aliás, ela pediu para que eu não interrompesse a sua conversa -disse ele, sentindo um estranho solavanco no estômago.
Os dois ficaram olhando para a menina que agora dormia inquieta. Tinha algo errado acontecendo ali.
-Como ela poderia saber? -questionou Lew- Como ela poderia saber que você estava naquele banheiro, e que estaria conversando?
Lola não respondeu nada, tinha os pensamentos perdidos.
-Além disso, hoje de manhã ela disse que eu teria um momento com você, e minutos antes de eu trazê-la para cá, ela falou de coisas sobre o fim do meu namoro que... Você alguma vez comentou sobre o meu namoro com ela?
-Sinto te desapontar -ironizou Lola, com desprezo na voz- Mas eu tenho coisas mais interessantes a fazer.
Apesar do desprezo com o qual falara com o menino, Lola não estava desinteressada como parecia. Havia algo diferente com Hilde. Além de todas as coisas que ela tivesse dito a Joshua, ela também naquela manhã lhe garantira que não importava o que acontecesse, no final daria certo. OK, isso era meio clichê de se dizer a alguém, mas... Lola havia perdido o concurso, e mesmo assim conseguira a vaga. Coincidência?
-Isso já aconteceu tantas vezes... -disse a morena em voz alta, esquecendo da presença de Joshua.
-Então ela sempre faz umas previsões assim?
-Desde pequena. Digo, desde quando ela era menor. -a garota ficou com o olhar perdido nos cabelos suados da irmã, então voltou a falar- Às vezes você se questionava sobre a data do aniversário de alguém, e curiosamente ela vinha com um comentário do tipo: "Fulano faz aniversário dia doze de abril, não é?". Ou então você estava procurando um livro, e ela coincidentemente o achava. -Lola suspirou, custava a crer no que estava acontecendo- Mesmo quando a gente vivia como trouxas, mamãe sempre diz que Hilde parecia adivinhar a verdade.
Um silêncio constrangedor estava preenchendo o lugar. Lá fora a enfermeira cantarolava baixinho, e nos jardins havia pessoas conversando. Mas a enfermaria estava num silêncio aniquilador.
-Você não está dizendo... -negou Lew, não podendo acreditar- Você não quer dizer que a sua irmã...
-Tem o Dom da Visão? -cortou Lola, rispidamente- Sim, é o que eu acho que eu estou tentando dizer.
-Isso não existe -negou ele mais uma vez.
Era aceitável que ele pensasse assim. Joshua Lew, assim como ela própria, tinha a mente voltada para a área exata da magia. Ele era um pocionista também. Mas ela sabia que isso existia, uma profecia havia ligado seu pai à Voldemort. Toda a sua vida sofrera influência da maldita profecia que um dia Sibila Trewlaney fizera.
-Sabe de uma coisa Lew? Quando Hilde recebeu a carta de Hogwarts, ela ficou toda empolgada e começou a fazer vários comentários, alguns deles baseados em comentários meus. Ela disse que Herbologia não parecia legal, apesar de eu achar o professor lindo. Eu perguntei como ela sabia disso, e ela disse que vira uma anotação num livro meu.
Joshua a encarava indignado, momentos antes tentara se declarar a Lola, e ali estava a morena lhe falando que achava o professor lindo.
-E daí? -resmungou ele, com raiva.
-E daí que ela não poderia ter lido isso, simplesmente porque esse livro estava emprestado para Meíssa, que só me devolveu dentro do trem, há uma semana atrás.
Os dois se encararam e então olharam para Hilde.
-Então ela realmente...?
A voz de Hilde encheu a enfermaria outra vez:
-...você não é o homem... -disse a menina, meio ofegante.
-Eu acho que ela está piorando... -disse Joshua, levantando-se- Eu vou chamar Madame Cleanny e já volto.
Lola o seguiu com os olhos, mas a sua cabeça estava em outro plano.
...você não é o homem..
A enfermeira olhou para dentro da enfermaria e caminhava em sua direção.
Lola sentia que já ouvira aquilo antes...
Lew acompanhava a enfermeira e falava algo sobre Hilde.
Não era o homem.
Onde diabos tinha ouvido algo assim?
Joshua parou ao lado de Lola e ela se levantou de supetão, assustado o garoto e a efermeira.
-Você não é o homem com quem me casei! -exclamou ela, sorridente.
Joshua se apoiou na cama para não cair, e tanto ele como a enfermeira a olhavam de modo estranho.
-O que disse, Potter? -perguntou ele, estupefato.
-Essa é a chave: o homem com quem me casei! -exclamou ela, com os olhos brilhando.
O garoto ainda a olhava de modo estranho, mas ela deu um beijo na testa da irmã e saiu correndo. Precisava achar o seu pai. Invadiu a sala de Tonks, e a mulher pareceu realmente furiosa, estava em reunião com todos os mestres que acolheriam alunos em suas respectivas áreas.
-Desculpe... -disse a menina com um sorriso maroto- Prometo que é só por um instante.
-LOLA! Sinto muito, mas eu terei que lhe punir por isso! Você não pode...
Mas Lola não prestou atenção, pegou o pó-de-flu e enfiou a cabeça na lareira. Encontrou seu pai sentado no sofá, conversando com uma mulher que ela não conhecia.
-Hilde está na enfermaria -disse ela, ofegante.
Harry ouviu a movimentação atrás da garota, os gritos de Tonks e até mesmo a voz conhecida e irritante de Snape.
-Lola, o que me faz pensar que você não deveria estar nessa lareira?
-Venha para cá rápido, papai! -ofegou ela, sabendo que lhe tirariam dali.
Lola foi puxada ao mesmo tempo em que ouvia Harry pedir a mulher que anotasse recado caso alguém ligasse, que ele não devia demorar. Logo em seguida ela se viu novamente na sala de Tonks, com uma dúzia de pessoa a olhando de modo nada amigável.
Tonks a olhava num misto de fúria e decepção e o rosto de Snape estava contorcido.
-Sinto muito, mas eu precisava -disse ela, acuada.
-E eu agora preciso lhe punir -respondeu Tonks, com sarcasmo.
Nesse momento Harry surgiu da lareira. Lola pôde ver que o tanto que Snape odiava seu pai, provavelmente todas as histórias eram verdade. Mas Tonks não ficava atrás, o cabelo da mulher espontaneamente estava adquirindo uma cor negra que indicava que o tempo estava fechando.
-Harry -pediu Tonks, tentando controlar a voz a custo- Eu tenho que lhe pedir que saia daqui.
-Papai, nós precisamos conversar! -exclamou Lola, novamente ignorando Tonks.
As pessoas olhavam para Tonks, como exigindo uma providência dela. A própria Tonks começava a ter o rosto contorcido.
-Harry, você voltará para o lugar de onde veio -disse a diretora- E você, Lola, está de detenção pelo resto do mês, todos os fins de semana.
-Hilde... -disse Lola, continuando a ignorar Tonks, e segurando o braço de Harry bem forte, para que ele não fosse embora- Nós temos que conversar sobre ela.
Harry olhava da expressão ansiosa de Lola para a expressão furiosa de Tonks.
-Lola, você perderá a sua vaga no curso do Sr. Snape agora mesmo se não me obedecer! -ameaçou Tonks.
A menina olhou para Tonks e para o pai, então deu um sorriso amarelo.
-Sinto muito... Tonks. -então olhou para o pai- Ela está na enfermaria.
A cor abandonou o rosto da diretora, então a menina não esperou mais nada, puxou o pai para fora dali.
Andavam apressadamente pelos corredores, Harry ainda sem entender nada, e com a péssima impressão que Gina desaprovaria se soubesse que ele deixara Lola desobedecer Tonks daquela maneira, e que ainda seguia a filha apesar de tudo. Perto do quadro da Mulher Gorda, que levaria à sala comunal da Grifinória, a menina puxou o pai para uma sala vazia.
-O que diabos está acontecendo, Lola? -perguntou ele, com um traço de irritação na voz- Precisava fazer isso tudo? Por que você não me escreveu? Se ganhou o bendito concurso, por que largou tudo justamente agora?
A menina sorria de orelha a orelha, sentia as pernas bambas de tão ansiosa que estava.
-Primeiramente: eu não ganhei o concurso, mas isso não importa agora...
-Lola...
-Hilde é uma adivinha!
Foi a vez da cor do rosto de Harry sumir. As palavras da filha mais velha tinham trazido uma expressão de horror a ele.
-O quê?
-Me diga, papai -começou ela, extremamente agitada- Alguma vez você pensou em pedir Amanda Stuart em casamento? Comprou um anel de noivado?
-Comprei, mas o que isso tem a ver com Hilde? Eu nunca mostrei isso a ela, nem comentei...
O sorriso de Lola só aumentava.
-E esse anel estava em algum lugar em que ela pudesse encontrar? Como numa gaveta do criado-mudo?
-Não mesmo -lamentou Harry, percebendo onde essa conversa iria dar- Estava no cofre do meu escritório, na empresa.
Ela ficou em silêncio por um instante, mas pelo sorriso que ela exibia, ele sabia o que viria a seguir.
-Pois dias antes do meu aniversário ela me disse que tinha visto o anel. Visto, entendeu?
Ele balançou a cabeça. Negando. Aquilo não podia ser verdade.
-Olhe, Lola. Eu sinto lhe desapontar, mas isso provavelmente é só uma coincidência.
-E se eu lhe disser que Hilde descobriu porque mamãe lhe abandonou? -desafiou a menina.
Harry ficou inquieto, não queria acreditar que a filha fosse uma vidente, mas... E se ela fosse? Afinal, desde que a ruivinha era pequena já dava sinais disso.
-Nós é que sempre evitamos esse assunto, papai -concluiu Lola- Mas todo mundo sempre reparou algo diferente nela...
Harry conjurou uma cadeira para si e se largou nela. Sua cabeça começava a doer e a rodar.
-O que Hilde disse? -perguntou ele finalmente.
Lola sentou-se no colo do pai e suspirou profundamente antes de começar.
-Antes é necessário que eu explique que mamãe deu a penseira dela para mim.
-Por quê?
-Não vem ao caso -deu ela de ombros- O fato é que ela não esvaziou os pensamentos dela, deixando-os lá para que eu os visse. Só que parte desses pensamentos nunca estavam acessíveis a mim. Eu sempre mergulhava e via as mesmas cenas, mas eu sabia que havia mais lá. Semana passada, no trem, finalmente eu consegui ver o resto. E Hilde estava comigo nessa hora.
Harry estava sentindo uma coisa estranha em seu estômago. Não queria nem imaginar que tipo de cena pudesse haver na penseira de Gina.
-E o que vocês viram? -perguntou timidamente.
-Entre outras coisas, a cena do divórcio de vocês.
Os dois ficaram se encarando em silêncio por uns instantes. Lola foi a primeira a falar.
-Eu não sei se você se lembra, mas após a sessão, você discutiu com mamãe, disse que ela estava jogando treze anos da vida dela fora.
-E ela disse que já devia ter jogado antes -repetiu ele, com raiva.
O sorriso dela se iluminou.
-E você lembra o que ela disse em seguida?
-Que eu não era o homem com quem ela tinha se casado -disse ele de modo enfadonho.
Ela ficou sorrindo animada e ele continuava com a expressão perdida. Ela encarou o pai profundamente e ele então entendeu.
-É isso? -questionou ele, indignado- Só isso?
-Só isso. E é exatamente por ser tão pouco e tão simples que você nunca deu valor a essa frase. E por isso que eu também não dei valor a essa frase quando a ouvi. Mas Hilde deu.
Ele a afastou e levantou-se, começando a andar de um lado para o outro.
-Você não pode estar falando que eu estou sem Gina todo esse tempo só porque eunãosouohomemcomquemelasecasou! -rugiu ele, bufando.
Ela ficou séria de repente.
-Não, papai! Você ainda não entendeu?
Ele parou de andar e olhou para a filha mais velha.
-Não é algo que mamãe fez conscientemente. É algo que ela sentiu. Você deixou de ser aquele a quem ela amava, e começou a torná-la infeliz. Você só terá a mamãe de volta se souber conquistá-la do jeito certo.
Ele abaixou a cabeça, pensativo. Droga, mas como diabos era o jeito certo?
-E-eu não sei como fazer isso, Lola. Não sei em que parte do tempo eu mudei, e como eu mudei.
Ela voltou a sorrir.
-Mas eu sei.
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Lola pousou os pés no chão e olhou ao redor. Um redemoinho de pensamentos e lembranças acabaria por deixá-la tonta. Ela olhou então para Harry que acabava de pousar a seu lado.
-Teremos trabalho... -disse ela, com uma expressão cansada.
Ele não falou nada, só concordou com a cabeça olhando para os lados.
-Se Hilde estivesse aqui seria mais fácil -suspirou a morena.
-É bom que ela não esteja -disse ele, meneando a cabeça- A saúde dela não está boa, então é melhor que descanse. Além disso, é bom que eu descubra isso sozinho.
-Mas eu estou aqui, você não está sozinho, papai.
Ele sorriu e fez um carinho na cabeça dela.
-Você me entendeu.
Ela deu um sorriso tímido.
-É, entendi.
Ele suspirou também e olhou adiante.
-Vamos começar?
-Vamos -disse Lola, animada- Mas não se esqueça do que estamos procurando, papai.
Ele olhou para o redemoinho de pensamentos e suspirou profundamente.
-O homem que eu era quando a pedi em casamento.
Ela sorriu mais uma vez e olhou para ele pedindo confirmação. Juntos entraram no redemoinho.
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N/A: Olá, pessoal! Desculpem a demora, mas eu estou há duas semanas fazendo trabalhos e provas finais (e o meu curso faz muuuuuuito trabalho), portanto realmente não dava pra ter tempo livre pra escrever. Sorry, mas acontece! Enfim, eu desisti de prever quando essa fic acaba, por hora fica assim: ela está perto do final!rsrs Se você está gostando (ou não...) deixe uma resenha e faça parte da campanha Eu Faço uma Autora Feliz! Rs Bjusss, Asuka
Tonks & Lupin: Bom, a Gina não resolveu a vida dela, mas o HArry está prestes a resolver! rsrs E sobre as atualizações, não precisa desesperar, pq eu não me esqueço d vcs!@ rsrs AProveite o cap! Bjusss
MarciaM: Não, ela não se delcarou, não pediu pra ele buscá-la, não chamou pra morar com ela, mas.... Ele vai resolver tudo d qualquer forma! rsrs Aprioveite o cap! Bjusss
Doug Potter: Vc realmente acertou, esse não foi o último capítulo! rsrs Mas q bom q vc está gostando...rs Aproveite o cap! BJus
Ju de Paris: Eu aposto q o HAryy conrocra com vc, ele tb queria q a Gina voltasse pra ele logo! Mas as coisas vão se resaolver! Espero q goste do cap! Bjusss
♥Foguinho♥: Bom, a conversa da Gina não deu em nada, até poq não houve conversa... Mas agurde um pouco q tudo se esclarece!rsrs Aproveite o cap! Bjussss
Eleonora: Admito q foi sacanagem minha mesmo, rs mas não teria graça entregar o ouro todo d uma vez! rrsrs AProveite o cap! Bjusss
Igor Lestrange: Bom, eu imagino q vc continua curioso, mas pelo menos as coisas começaram a clarear...rsrs Aguarde e confira! Aproveite o cap! Bjusss
Leo Potter: Você disse tudo! Os dois erraram e não assumiram os erros na hora em q deviam, mas nunca é tarde pra fazerem isso... Pode esperar q eles se juntam! rsrs Aproveite o cap! Bjusss
carol potter: Q bom q vc está gostando, espero q esse cap agrade tb! AProveite! Bjussss
Molly: Não, eu não me esqueci d vcs, ams tb não dá pra esquecer d meia dúzia d trabalhos q valem muitos pontos e q demandam uma pesquisa enorme, reuniões d grupo, execução do trablho e etc. Mas fique tranquila, semana q vem eu tô d férias! rsrs Mias tempo pra escrever! Aproveite esse cap! Bjusss
Ana Carolina Guimaraes: Bom, a Lola realmente perdeu o concurso, ams conseguiu a vaga, mas jogou a vaga fora! rsrs VAmos ver como essa hiustória fica...rsrs E quanto a Hilde, depois eu esclareço o q ela tem!rsrs AProveite o cap! Bjusss
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