Obrigação



Gina notou imediatamente que havia algo no ar.
Oh, ela engoliu toda a historia que contei sobre Moody:
- Papai está na cidade, tem motorista e como você sabe...
Mas não consegui contar a ela a parte da princesa. Quero dizer, tudo que eu pensava era no tom de desgosto da voz de Gina quando, em uma exposição oral, disse que monarcas cristãos costumavam se considerar como representantes da vontade divina e que, portanto, não eram responsáveis perante os povos que governavam, mas apenas perante a Deus, embora meu pai raramente vá a igreja, exceto quando Minerva o obriga.
Gina acreditou no que disse sobre Moody, mas continuou a me perturbar sobre meu choro. E dizia coisas como:
- Por que seus olhos estão vermelhos e apertados? Você esteve chorando. Por quê? Aconteceu alguma coisa? O que foi? Tirou “T” em alguma outra matéria?
Eu simplesmente encolhi os ombros e fingi que olhava pela janela para a vista nada inspiradora das casas abandonadas do East Village, pelas quais tínhamos que passar para chegara a Hogwarts.
- Não é nada, não. TPM.
- Não é TPM. Você ficou menstruada na semana passada. Lembro porque você me pediu emprestado um absorvente depois da aula de vôo e comeu dois pacotes inteiros de feijõezinhos de todos os sabores no almoço. Então desembucha. Bichento comeu outra meia?
Para começar, era o maior embaraço para mim discutir meu ciclo menstrual na frente do segurança do papai. Quero dizer, Moody é um tipo de Baldwin. Estava muito concentrado em dirigir, e não sei se ele, no lugar do motorista, podia nos ouvir, mas mesmo assim era embaraçoso.
- Não é nada. Apenas meu pai. Você sabe.
- Oh! Você quer dizer, aquela coisa da esterilidade? Ele ainda está arrasado por causa disso? Deus, como ele precisa se atualizar.
Mas nesse momento, aqui na aula de Poções as coisas não parecem tão ruins. Pensei nelas durante todo o tempo na sala de freqüência e, finalmente, compreendi uma coisa:
Eles não podem me obrigar a ser princesa.
Não podem mesmo. Quero dizer, aqui é Londres, onde a gente tem liberdade. Aqui a gente pode ser tudo o que quiser. Pelo menos foi o que a Profª. Vector disse sempre no ano passado, quando ela comentou sobre Londres. Então, posso ser tudo que quero, posso não ser princesa. Ninguém pode me obrigar a ser princesa, nem mesmo meu pai, se eu não quiser.
Certo?
Então, quando eu voltar para casa hoje a noite, eu direi a papai, obrigada, mas não obrigada. Por ora, vou ser apenas a velha e feia Mione.
Meu Deus! Snape acabou de me chamar e eu não tenho a mínima idéia do que ele estava falando porque, claro, eu estava escrevendo nesse diário, em vez de prestar atenção. Minha cara parece estar pegando fogo. Fleur, claro, está dando gargalhadas. Ela é muito gozadora.
Mas, por que afinal de contas, ele continua a me chamar? Ele já devia saber que eu não sei a diferença entre o Veritaserum e um buraco no chão. Ele quer dar a impressão de que me trata do mesmo jeito que todo mundo na classe.
Mas eu não sou igual a todo mundo na classe.
Para que eu tenho que aprender Poções? Ninguém usará poções no F.A.L.E.
E pode apostar que não vou precisar disso se for uma princesa. Então, aconteça o que acontecer, estou garantida.
Legal.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.