A Briga



Hoje observei o Professor Snape com todo cuidado, procurando sinais de que ele poderia não ter gostado tanto do encontro com mamãe quanto ela. Mas, ele parecia estar de excelente humor. Durante a aula, quando estávamos aprendendo uma fórmula, ele perguntou se alguém havia se apresentado para um papel musical de outono da escola My Fair Lady.
Em seguida, da maneira de quando fica empolgado com alguma coisa, ele disse o seguinte:
- Vocês querem saber quem seria uma boa Elisa Doolittle? Mione, acho que você seria ótima para o papel.
Eu pensei que fosse morrer na hora. Acho que o professor Snape queria ser bonzinho, mas estava TÃO por fora. Em primeiro lugar porque, claro, já fizeram audições para a escolha da menina que vai fazer a personagem, e mesmo que eu tivesse me apresentado para um papel, eu NUNCA o teria conseguido, quanto mais o PAPEL PRINCIPAL. Eu não sei cantar. E mal consigo falar.
Nem Fleur Delacour, que sempre ganhava o papel principal na escola conseguiu. O papel foi dado a uma veterana. Fleur faz o papel de uma empregada doméstica, uma espectadora nas corridas de Ascot e uma prostituta londrina. Gina é a gerente da casa. O trabalho dela é ligar e desligar as luzes durante os intervalos.
Fiquei tão apavorada com o que o professor Snape disse que não consegui dizer nada. Fiquei simplesmente sentada no meu lugar e senti que estava ficando toda vermelha. Talvez tenha sido um motivo por que, quando Gina e eu passamos por meu armário na hora do almoço, Fleur estava esperando Vitor, disse com a voz mais melosa possível:
- Oh, olá Hermione.
Quando me curvei para tirar o dinheiro da mochila, Fleur deve ter dado uma boa olhada no decote da minha blusa, porque, de repente, ela começou a falar
- Oh, que lindo. Estou vendo que você ainda não precisa usar sutiã. Posso sugerir Band-Aids?
Eu devia ter partido para a briga e dado um soco na cara dela se Vitor Krum não tivesse passado por ali NAQUELE EXATO MOMENTO. Tenho certeza de que ele ouviu muito bem, mas tudo que disse foi:
- Dá licença? – para a Gina, que estava bloqueando o caminho dele para o armário.
Eu estava disposta a deixar passar, ir para a lanchonete e esquecer tudo aquilo, mas Gina não se conformou. Ficou toda vermelha e disse a Fleur:
- Por que você não faz um favor à gente, vai se enroscar em um canto e morre, Delacour?
Bem, ninguém diz a Fleur Delacour para ir se enroscar em um canto e morrer. Quero dizer, ninguém mesmo. Não, se não quiser seu nome escrito em todas as paredes do banheiro das meninas. Não que isso fosse uma coisa horrível, mas eu gosto de manter, na maior parte do tempo, meu nome longe das paredes.
Mas Gina não importa com essas coisas. Quero dizer, ela é baixinha, bem magra, e bem bonita, mas não dá a mínima bola para sua aparência. Quero dizer, ela tem seu próprio programa de TV, caras ligam pra ela o tempo todo e dizem que ela é linda, a ruiva mais bonita que eles já viram, e pedem pra ela levantar a saia (ela tem peito, já usa sutiã), mas ela simplesmente morre de rir.
Gina não tem medo de nada.
Então, quando Fleur Delacour partiu pra cima dela por ter mandado que ela se enroscasse em algum canto e morresse, Gina simplesmente olhou-a bem na cara como estivesse dizendo:
- Morda, se tem coragem.
A coisa poderia ter se transformado em uma briga de garotas gigantes, se Vitor não tivesse fechado a porta do armário com força e dito:
- Estou lá fora – de um jeito enjoado.
Nesse momento, Fleur desistiu da briga e saiu correndo atrás dele, dizendo:
- Vitor, espere. Espere, Vitor!
Gina e eu ficamos uma olhando pra outra, como se a gente não pudesse acreditar. Eu ainda não posso. Quem são essas pessoas e por que eu tenho que ficar presa com elas todos os dias?

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