CAPÍTULO 5 – Organizando tudo
Sentia seu corpo leve. Estava exausta, porém, leve. Não tinha consciência de quem era, onde estava, mas sabia que existia... Sim, estava ali por algum motivo. Ouvia sussurros no ar, mas não conseguia identificar o que diziam ou a quem pertenciam aquelas vozes.
Flashes em tons esverdeados passavam por seu corpo, mas era como se ela não o tivesse. Não o sentia. Parecia estar flutuando sem corpo, somente uma aura, num abismo sem fim e sem queda.
Sentia uma sensação reconfortante, como se pudesse descansar após uma longa e cansativa jornada. Mas, apesar disso, sentia como estivesse abrindo mão de algo. Seu coração ficava pesado às vezes. Parecia estar esquecendo algo importante e isso lhe causava um pesar.
Flutuara num mundo sem formas por quanto tempo? Dias? Meses? Anos? Começara a se recordar de pequenas coisas aos poucos e isso cada vez mais deixava Hermione preocupada. Sim, Hermione, este era seu nome. Aos poucos conseguia formar idéias completas na cabeça e com o tempo aquele lugar não lhe era mais agradável.
Lembrou-se da candidatura, da ONG, de Hogwarts, dos amigos... de Rony. Ah, sim, havia Rony. Como pôde se esquecer? Amava-o numa intensidade que, quando estava junto dele, se perdia. Era como se fossem um único ser.
Sentiu seu rosto se umedecer e percebeu que estava chorando. Hermione abaixou os olhos e se viu num corpo esguio, coberto por um pano disforme, flutuando no meio do nada. Sabia que precisava voltar, só não sabia se queria. Não se lembrava completamente de tudo, mas sabia que não tinha uma vida feliz.
Novamente lágrimas molharam seu rosto assim que fechou os olhos cheios d' água. Como quem se entrega a algo sem escolhas, Hermione resolveu encarar o que viria, sem muita certeza de seu próximo passo.
Abriu seus olhos com cuidado; a claridade provocava-lhe uma dor violenta. Viu uma figura distorcida na sua frente. Uma pessoa de cabelos ruivos estava parada ao seu lado. Sentiu seu coração bater mais forte e sem muito entender o que ela mesmo dizia ela pronunciou, numa voz quase surda, o nome do bruxo que mais amou, "Rony".
A pessoa levantou a cabeça e a encarou antes de sair apressadamente falando algo que não conseguia entender. "Não, o Rony está indo embora de novo?!", sentia seu coração doer com a idéia.
Segundos depois a pessoa de cabelos vermelhos voltou acompanhada de outra vestida toda de branco. Hermione assistia a cena como quem assiste a um filme através de uma tela embaçada.
A outra pessoa de branco se aproximou dela e, com algo que tinha nas mãos, ela jogou uma forte luz em seus olhos. Se Hermione antes não estava enxergando quase nada, agora não estava enxergando exatamente nada.
Apesar disso, Hermione sentia que estava voltando a uma normalidade que há poucos minutos não se encontrava. Ouvia mais nitidamente as duas pessoas na sua frente e aos poucos começou a assimilar uma ou duas palavras.
Somente após muitas piscadelas, Hermione pôde tentar identificar quem estava na sua frente. A pessoa ruiva gesticulava e falava animadamente. Hermione esfregou os olhos com as mãos, que pareciam vestir uma pulseira de chumbo de tão pesadas, e reconheceu Gina, a caçula dos Weasleys, bem à sua frente.
- Bem vinda de volta, Srta Granger. – disse o medi-bruxo ao lado de Gina.
- O que... que estou fazendo aqui?
- Você está no hospital Sto Mungus, Mione. – disse Gina sem esconder sua ansiedade.
- Você esteve em coma por dois meses, Srta Granger. Seu caso era extremamente grave quando chegou aqui.
- Coma? – Hermione sentiu sua cabeça começar a latejar numa dor de cabeça aguda – Mas como eu entrei em coma? Como eu vim parar aqui?
- Hermione, você caiu num lago com seu carro. – com um olhar preocupado Gina completou – Não se lembra?
Hermione fechou os olhos e tentou se recordar de tudo o que pudesse sobre seu carro cair no lago. Após uns segundos vasculhando em sua mente, só o que conseguiu foram imagens curtas, que passavam rapidamente em sua mente.
- Não. Não lembro.
- Será amnésia, doutor? – Gina voltou-se para o bruxo ao seu lado.
- Não, senão ela não se lembraria de nada. – ele continuou a falar num tom suave – Ela provavelmente está passando por uma amnésia pós-traumática, mas só saberemos ao certo depois de alguns exames.
- É grave?
- Não, não precisa se preocupar, Sra Potter, ela logo estará bem e com o tempo se lembrará de tudo.
Gina voltou-se para a amiga e segurou-lhe as mãos nas suas. Hermione pôde notar o olhar de alívio na bruxa. Imaginou a angústia que ela deveria ter sentido durante dois meses. Dois meses que para Hermione foram uma vida inteira!
-Não imagina como estávamos preocupados... Vínhamos aqui todos os dias. Você nos assustou.
- É melhor deixá-la descansar um pouco, Sra Potter, pois logo a prepararemos para uma bateria de exames corriqueiros nestes casos.
- Está certo. Enquanto isso eu vou avisar a todos. – Gina apertou um pouco mais forte as mãos de Hermione – Bem vinda de volta, cunhadinha!
Seus olhos ficavam tão pesados constantemente que Hermione tinha que se esforçar muito para se manter acordada durante os exames. Após algumas horas, só se lembrava de ter tirado sangue e de ter tomado algumas poções.
Hermione foi levada novamente para o quarto e, antes mesmo de cair no sono, foi surpreendida com um falatório de pessoas que adentravam a porta.
- Eu disse que era por aqui, Artur.
- Mas os gêmeos disseram...
- E você ainda acredita neles?!
- Mãe, olha ela ali.
– Hermione, querida, ficamos tão preocupados. - Molly Weasley quase enforcou Hermione, mas, apesar disso, aquele afeto todo era muito reconfortante – Queria tanto ter estado aqui quando você acordou, mas já fazia semanas que não voltava pr’A Toca. – enfim a Sra Weasley deixou Hermione respirar – Você pode imaginar a bagunça que estava aquela casa.
- Mãe, a Mione ficou meses sem ter noção de mundo, quanto mais da nossa casa. – disse Gina, parada ao lado da mãe.
- Ai, querida, desculpa, estou te enchendo, não é? – Molly estava nitidamente emocionada – É tão bom te ver acordada.
- É muito bom estar acordada. – disse Hermione sinceramente.
- Ah, deixa agora nós matarmos a saudade da nossa cunhadinha preferida. – Hermione não sabia se era por ter ficado meses em coma, mas achou os gêmeos mais parecidos que de costume; tanto que não sabia quem estava lhe abraçando naquele momento. Só se deu conta de que era Fred quando Angelina o chamou de "amor".
Poucos minutos depois de muita conversa Lupin, Tonks e Harry também entraram no quarto. Apesar de ficar calada na maior parte do tempo, Hermione estava extremamente feliz em ver todos seus amigos ali com ela.
- Como você está, Mione? – perguntou Harry, sentando-se na ponta da maca.
- Estou bem, Harry. Cansada, mas bem. – Hermione tinha a impressão de que tinha algo a contar a ele, mas não conseguia se lembrar do quê.
A faladeira geral da sala foi de repente quebrada quando uma voz arrastada, bastante familiar a todos, pôde ser ouvida pela porta.
- Até que enfim acordou, Granger. – Draco Malfoy entrava no quarto junto com um bruxo baixinho segurando uma caderneta na mão. – Não podia mais ficar adiando os preparativos da campanha. – e se dirigindo ao bruxo ao seu lado completou – Anote tudo o que vamos precisar: quero entrevistas, precisamos decidir logo o número da chapa...
- O que você está fazendo aqui, Malfoy? – perguntou Harry grosseiramente.
- Não atrapalhe, Potter. Não vê que estou ocupado? – Malfoy continuou a dar ordens ao bruxo baixinho, não dando atenção à pergunta de Harry. – Confirme a presença dela na próxima entrega de prêmio do "Bruxo do Ano", ela precisa comparecer nestas datas importantes.
- O que ele está fazendo aqui, Hermione? – Harry estava, assim como todos, completamente confuso com a situação.
- Malfoy. – Hermione chamou o bruxo e, surpreendendo todo mundo, ele parou de falar para prestar atenção nela – O que você está fazendo?
- Granger, - Draco sentou-se ao lado dela e começou a falar como se ela precisasse de ajuda para entender cada palavra – você ficou aqui durante dois meses. Precisamos mais do que nunca agilizar a sua candidatura, senão não teremos tempo.
- Candidatura? – questionou Gina – Candidatura do quê?
- Granger concorrerá nesta próxima eleição para Ministra da Magia.
Hermione sentiu todos os olharem se voltarem para ela. Sentiu-se ligeiramente envergonhada com a situação. Desejou mais do que qualquer coisa que alguém dissesse alguma coisa naquele momento.
- Você vai concorrer para Ministra, Mione? – Tonks parecia esperar uma confirmação dela.
- Está louco, Malfoy?! – Harry estava a um palmo de distancia do bruxo – Aposto que isso é um plano seu pra conseguir proveito dela. É claro que a Mione não vai participar destas suas cretinagens.
- Cretinagens? – Malfoy debochou do bruxo – Esta candidatura será uma barganha. A Granger esteve na mídia depois deste acidente e com a vitória dos candidatos apoiados pela ONG dela para Conselheiro do Ministro esta campanha será facílima.
- Os candidatos a favor do F.A.L.E. ganharam? – Hermione perguntou eufórica.
- Ganharam com uma margem de votos surpreendente.
- Espera, Hermione, não acredito que você está pensando mesmo em aceitar esta idéia maluca deste nojento! – Harry tinha um tom reprovador na voz.
- Isto é bem típico de você, Potter. Você não tem ambição, não é mesmo? Por isso fica aí, trabalhando anos como auror pra conseguir uma promoção somente depois de quase dez anos de carreira. – Malfoy parecia estar provocando de propósito o outro bruxo. – Não é porque você é um fracassado, Potter, que todos têm que ser.
Todos da sala tiveram que se intrometer na conversa que, por muito pouco, não terminou em uma briga feia. Os ânimos só se acalmaram quando Hermione levantou a voz e começou a falar.
- Parem! Acho que sou eu quem deve ser ouvida, não?
- Mione, você faz idéia do que ele está falando? É loucura! – disse Harry.
- Loucura ou não, sou eu quem decide. – Hermione não quis ser grosseira com o amigo, mas não pôde se conter. Draco foi quem pareceu ter gostado mais do "fora" que Harry levou. – Há alguns meses, Malfoy me propôs sair como candidata a Ministra da Magia neste ano. No início achei loucura também, mas hoje eu sei que é possível.
- Hermione, não sei se você sabe, mas seu concorrente será Lucio Malfoy. – disse Lupin num tom de voz preocupado.
- Ele já confirmou sua candidatura? – Mione perguntou a Draco.
- Há quase dois meses a campanha dele já está montada. Por isso preciso agir rápido com os preparativos. Estamos em desvantagem, Granger.
Hermione parou para pensar por uns segundos. Não queria desapontar ninguém caso não vencesse a eleição, mas tinha certeza que faria de tudo para conseguir a vitória. Sabia que tinha sido Lucio Malfoy quem mandou seus capangas para tentar matá-la no lago há dois meses e isso lhe dava mais raiva ainda daquele bruxo. Não se conformaria se ele conseguisse ser Ministro da Magia. Seria o fim!
- Eu sei o quanto vocês ficaram preocupados comigo nestes últimos meses. E eu agradeço isso. – dizia Hermione – Apesar de saber que são contra eu me candidatar eu queria muito o apoio de vocês, pois eu participarei desta eleição sim.
- Mione, você não deve confiar em Draco Malfoy! – disse Harry tentando convencer a amiga novamente.
- Eu sei que Malfoy não está me ajudando por nada. Ele tem os interesses dele – Draco fez cara de ofendido neste instante, mas Hermione sabia que era somente fingimento – Mas sem a ajuda dele será tudo mais difícil. Sinceramente, me respondam, vocês não acham que eu sou uma das poucas que pode vencer Lucio Malfoy?
Ela fazia-se de forte, mas estava mais insegura que nunca. Precisava do apoio de seus amigos, não conseguiria sozinha. Por um instante pensou em Rony e em como ele estaria contra ela agora. Ele sempre foi temeroso nestes assuntos e com certeza estaria a achando louca de confiar em Draco Malfoy.
- E então?
De longe Harry era o mais irritado da sala. Hermione sabia que ele seria o mais difícil de convencer. Apesar de estarem sem muito contato nos últimos tempos, o apoio dele era o mais importante para Hermione.
- A Mione tem razão – disse Tonks de repente – Ela pode vencer Lucio Malfoy nesta eleição. Seria uma tragédia tê-lo como Ministro.
- Mas não será perigoso? – Molly estava agora acariciando carinhosamente a mão esquerda de Hermione.
- É claro que é, mãe. – disse Jorge – Lucio Malfoy pode tentar matar a Hermione por causa disso. Não dá para confiar.
- Não é só em Lucio Malfoy que não devemos confiar. – Harry completou olhando claramente para Draco ao seu lado.
- Mas se a Hermione já decidiu, quem somos nós para contrariá-la? – Gina disse em alta voz, chamando a atenção de todos na sala – Ela sabe do risco que está correndo e só precisa do nosso apoio. Nós só estamos atrapalhando ela com esta discussão toda. – e virando-se para a cunhada completou – Pode contar comigo, Mione.
Hermione sentiu-se muito grata a Gina. Estava se sentindo extremamente frágil, precisava de ajuda. Aos poucos todos os olhares preocupados se acalmaram e Hermione recebeu abraços e palavras de apoio.
Harry foi o único que continuava parado no mesmo lugar que estivera antes. Sua cara não estava amena, o que preocupou Hermione, e após um gesto de desdém saiu da sala sem dizer nada.
- Não liga pra ele, Mione. – disse Gina sentada ao seu lado – Ele só está preocupado como todos nós, mas você sabe que pode contar com ele no que precisar.
- Eu sei, sim.
- Bom, agora, se me dão licença, eu preciso acertar os trâmites da campanha – disse Draco afastando Gina da cama sem muita gentileza – Daqui a duas semanas, Granger, haverá a entrega do prêmio de bruxo do ano. Meu pai já confirmou a presença e por isso não podemos ficar de fora. Tenho certeza que consigo fazer você ter o direito do discurso de abertura.
Hermione estava começando a se sentir sonolenta novamente. Queria poder dormir um pouco naquele momento.
- É só me dizer a que horas e onde será que eu estarei lá.
- Anote aí, Sebastian, - dizia Draco para o bruxo baixinho com a caderneta – dia quatorze, em Liverpool, fazendo o discurso de abertura...
- Em Liverpool? – perguntou Sr Weasley.
- Claro. Granger aparatará lá daqui a duas semanas. E isso será somente o começo. – disse Draco.
- Nada de viagens longas, Srta Granger. – neste momento o medi-bruxo de Mione entrou na sala segurando o prontuário nas mãos – A senhorita sofreu um grave acidente e, após todo este tempo em coma, eu aconselho que você não pratique qualquer tipo de magia complexa ou que faça viagens por meio mágico. – o médico jogou novamente uma luz forte, saída da ponta de sua varinha, nos olhos de Mione - Ainda não estamos certos da sua recuperação. Enquanto isso somente transportes trouxas, okay?
- Anote então, Sebastian, "alugar carro trouxa para ir a Liverpool" – Draco parou para olhar o que o bruxo estava escrevendo – A palavra "trouxa" se escreve com "X" e não "CH", seu idiota! – disse o loiro sem muita delicadeza – Não se fazem mais subordinados como antes!
Hermione já podia prever o quão desgastante seria trabalhar junto a Malfoy durante a campanha e se sentiu cansada só de pensar.
- Bom, agora eu pedirei para que todos se retirem, pois a paciente precisa repousar. – disse o medico para alívio de Mione – Amanhã todos poderão voltar no horário de visitas. Só preciso que alguém venha comigo para assinar os papéis dos exames.
Com abraços e beijos, todos se despediram de Hermione, que segurava fortemente suas pálpebras abertas. Depois de alguns segundos ouviu a porta do quarto ser fechada quando caiu completamente em um sono leve e tranqüilo.
Teve um sonho tão bom naquela tarde. Sonhou que Rony voltava. Ele dizia que estaria com ela em todos os momentos, cuidando dela e não deixando que nada de mau lhe acontecesse.
Hermione acordou devagar. Demoradamente suas pálpebras piscaram até abrir por completo seus olhos.
- Desculpa, não quis te acordar. – somente quando ouviu esta frase Hermione se deu conta que não estava sozinha. Um bruxo moreno estava sentado na beira da cama, acariciando suas mãos nas deles.
- Tudo bem, eu acordei sozinha.
- Como você está? – ambos falavam com um tom de voz baixo.
- Estou bem. De vez em quando me dá dor de cabeça e sonolência, mas o médico disse que é normal. – Hermione se pegou falando com o bruxo como se ele fosse um amigo antigo. Na verdade estava intimamente esperando a visita dele.
- Fiquei tão preocupado. – o bruxo abaixou a cabeça, como se estivesse realmente aliviado, porém cansado.
- Estou bem agora.
Hermione esquecera de toda a preocupação naquele momento. Aquele bruxo, por algum motivo, mexia muito com ela. Sentia-se culpada, pois, mesmo querendo negar, sabia que estava começando a se apaixonar por ele. Não podia! Havia toda a lembrança de Rony. Amava Rony e por isso não podia se apaixonar por outra pessoa.
Mas e aqueles olhos castanhos enigmáticos? Ah, sentia-se mais confusa que nunca. Ele estava ali, do seu lado, tão lindo. Ele lembrava Rony. O jeito de virar o rosto, de mexer nos cabelos... Hermione sabia que aquela sensação provavelmente seria uma maneira de matar a saudade do noivo. Amava Rony e gostar de outra pessoa era uma coisa inconcebível na sua cabeça.
- Qual é o seu nome? – Hermione se deu conta que não sabia nada do bruxo ao seu lado.
O fim de tarde deixava o quarto numa semi-penumbra agradável para os olhos. Nesta meia luz, Hermione viu o bruxo se virar e encará-la. De relance seus olhos pareceram mais claros, porém foi somente num rápido reflexo.
- Joshua. – respondeu ele depois de uns segundos em silêncio.
Ambos falavam num tom de voz leve e lento. A distância entre eles diminuía conforme seus olhos se penetravam cada vez mais. Hermione parecia conhecer aquele bruxo há anos, não sabia explicar. Sentia-se fraca diante dele, logo ela que não gostava de ficar sem entender algo estava agora completamente alheia das razões daquele bruxo.
Apesar de toda aquela dúvida, havia um sentimento mais forte que qualquer explicação. Um sentimento que a tomava, que a impulsionava, que fazia seu corpo todo agir por vontade própria.
A poucos centímetros dos lábios dele, Hermione afastou o rosto.
- Acho melhor você ir embora, Joshua. – disse ela visivelmente envergonhada.
- É, eu sei. Desculpa. Só vim mesmo pra saber se você estava bem. – Joshua se levantou, caminhando em direção à porta.
- Joshua, espere! – Hermione sabia que se arrependeria por isso, mas teve um impulso mais forte que a própria razão.
O bruxo fez o caminho de volta até a maca, porém parou em pé ao lado de Hermione.
- Eu irei até Liverpool daqui a duas semanas e...
- Eu sei. – disse o bruxo firmemente. Hermione se surpreendeu de início, mas depois acabou lembrando que ele sempre sabia de tudo sobre sua vida.
- Então, e terei que viajar até lá de transporte trouxa. – Hermione sentiu de repente uma timidez lhe tomar. Há anos não ficava assim: mãos suada, voz fraca e oscilante, um frio no estômago.
Joshua pareceu entender o que Hermione queria antes mesmo dela terminar a frase.
- Eu irei com você. – disse ele segurando a mão esquerda dela, beijando-a carinhosamente – Eu volto amanhã. Agora durma.
Da mesma maneira que entrou, Joshua saiu, pois Hermione nem percebeu o momento em que ele aparatou. Não estava reconhecendo a si mesma. Parecia uma garotinha apaixonada. "Bobagem,", pensava "estou apenas carente. É só isso". Mas o que Hermione não sabia era que sempre fora apaixonada por aquele bruxo de olhos e cabelos castanhos
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