Entre lágrimas e beijos

Entre lágrimas e beijos



Capítulo 9: Entre lágrimas e beijos

Draco estava descendo as escadas para ir até a recepção. Pessoalmente, não gostava de andar de elevador sozinho. Não depois de já ter ficado preso em um...Naquela vez pelo menos a companhia tinha sido agradável, mas não havia nada de interessante em ficar preso sozinho num elevador. Portanto, preferiu as boas e confiáveis escadas.
Ainda não entendia o porquê de Gina tê-lo beijado daquela forma. Ele não iria ficar ausente por muito tempo. No entanto...ainda podia sentir a pressão dos lábios dela.
“Preciso arrumar algo que fazer antes que fique entediado. Espero que tenha um salão de jogos por aqui. A Virgínia fica tão sensível quando está nesses dias, eu tenho que ser todo meloso com ela ou então...Pode haver duas reações por parte dela: A Gina pode gritar comigo e transformar uma coisinha boba numa grande discussão que fará com que não converse comigo por dias. Ou então ela pode chorar e ficar melancólica por dias. Essas duas reações são péssimas, por isso preciso desesperadamente distraí-la.” O loiro pensou, já se aproximando da recepção e não percebendo que era observado por um par de olhos conhecidos.
Na recepção havia um italiano franzino estava na recepção. Seu nome era Fabrizio Buonarotti e fora ele que atendera Gina e Draco na noite passada. Seus cabelos eram negros e penteados com gel, os olhos eram verdes. Usava óculos e parecia ser alguém organizado e extremamente certinho.
-Boa tarde, Sr. Buonarotti. –Draco cumprimentou.
-Boa tarde, Sr. Malfoy. Espero que esteja apreciando nossas acomodações. Há algo em que possa lhe ser útil?
-Sim. –o loiro respondeu –Gostaria de saber se ainda estão servindo o almoço a essa hora e também quero saber onde fica o salão de jogos desse hotel.
-Agora são 1h30 min. O almoço é servido até às 2h. Se o senhor e a sua senhora apressarem-se, ainda poderão desfrutar de nossa comida. Para chegar ao restaurante do hotel, deve seguir reto, entrar no primeiro corredor à direita e seguir até o final. O salão de jogos fica na cobertura e é fácil encontrar. Mais alguma coisa?
-Não, obrigado. –Draco agradeceu e refez o caminho de volta.
O loiro continuava a ser observado. Quando sumiu da vista do observador, este foi até a recepção. Buonarotti cumprimentou-o calorosamente, apertando-lhe a mão:
-Boa tarde, Sr. Finnigan.
-Boa tarde, Fabrizio.
-Não tinha visto o senhor antes.
-Acabei de chegar. Tenho negócios para tratar por aqui.
-Qual quarto deseja, o mesmo de sempre, senhor?
-Sim. –respondeu distraidamente enquanto Fabrizio abria o livro de hóspedes –Sabe o homem loiro que acabou de sair daqui? –Simas resolveu perguntar.
-Homem loiro? Não sei de quem está falando, Sr. Finnigan. –fez-se de desentendido.
Simas suspirou e enfiou a mão no bolso, retirando sua carteira:
-Ah, tinha me esquecido. – murmurou, abrindo a carteira e colocando algumas verdinhas sobre o balcão.
Fabrizio sorriu:
-Acabei de me lembrar. Um jovem loiro de olhos azuis, seu nome é Draco Malfoy.
-Isso eu sei. Quero saber em qual quarto ele e a mulher estão hospedados. –disse e viu o recepcionista erguer as sobrancelhas curiosamente –Sim, eu os conheço. –esclareceu –Quero saber em qual quarto estão hospedados, para fazer uma surpresa.
-Estão hospedados no quarto andar, suíte 12B.
-Obrigado. –agradeceu e aparatou.
A aparatação era proibida dentro do hotel, apesar de só receber hóspedes bruxos. Porém, Simas era sócio daquele hotel e a ele era dado o direito de aparatar.
Ao chegar ao destino, abriu a porta com a chave-mestra que era capaz de abrir qualquer porta daquele hotel e girou-a na fechadura. Espiou por uma fresta antes de abrir a porta. Fechou-a atrás de si. Ao ver que Gina não estava por ali, ele tirou um pequeno papel vermelho do bolso e deixou-o sobre as almofadas do divã, em seguida aparatou dali.

***

Draco voltava para o quarto. Estava faminto e chamaria Gina para ir almoçar consigo. Imaginar a comida apenas o deixava com água na boca e fazia seu estômago roncar. Tentou pensar em outra coisa, mas não foi lá boa idéia. Seus pensamentos rumaram diretamente para a questão eu-quase-matei-o-irmão-dela. Por mais que nunca tivesse simpatizado com Rony Weasley, agora se sentia culpado. Não por ele, obviamente, mas por Gina. Ela confiava tanto em Draco...No fato de que não seria capaz de fazer nenhum mal a si ou à sua família. Ao imaginar a cara de decepção que a ruiva faria se soubesse, veio um nó em sua garganta.
“Se ela soubesse? Tenho que pensar ‘quando ela souber’. Aposto que não conseguirei esconder isso dela para sempre. Tenho que pensar numa maneira de contar isso para ela sem que as conseqüências sejam drásticas demais.” Pensou, mas antes que pudesse encontrar a solução de ouro, já estava de volta ao quarto.
Abriu a porta e encontrou Gina sentada no divã em frente a lareira. Parecia perdida em pensamentos e mordia o lábio inferior:
-Gina? –ele chamou-a cautelosamente, tencionando não assustá-la.
Ela piscou e virou-se para ele:
-Pode falar.
-Eu estou com fome. Você não?
-Um pouco.
-Precisamos ir logo ou o almoço não será mais servido.
-Ok. Apenas tenho que colocar os tênis. –disse, abaixando-se e olhando debaixo da cama.
Ao achar o par de tênis pretos, tirou-os de lá. Sentou-se na cama e pôs-se a colocá-los. Após terminar de amarrar, levantou-se. O loiro dirigiu-se a porta e ela seguiu-o.
-Alorromora. –ele disse, após saírem.
Andaram até onde havia um elevador. Draco apertou o botão.
-Por que está tão quieto? –ela quis saber.
-Fome. –respondeu sem ao menos hesitar.
-Verdade? –ela questionou.
-Sim, estou morto de fome.
Ficaram algum tempo em silêncio, mas para Virginia estava sendo uma tortura:
-Fale algo, Draco.
-Algo.
-Não tem a mínima graça. –ela disse reprovadoramente.
-O que quer que eu diga então, Sra. Malfoy? –perguntou, rolando os olhos.
-Qualquer coisa é preferível ao seu silêncio. Acho que estou entediada.
-Depois do almoço vamos ao salão de jogos, está bem assim?
Ela suspirou:
-E o que é que tem lá para se fazer? –questionou sem muito ânimo.
-A palavra ‘jogos’ te diz alguma coisa? –perguntou zombeteiro.
Nesse momento o elevador chegou e os dois entraram. Gina cruzou os braços:
-Eu quero saber quais tipos de jogos têm lá e você sabe disso.
-Eu ficaria extremamente satisfeito se jogássemos ‘Verdade ou Desafio’. –murmurou, sorrindo maliciosamente.
Gina corou com a lembrança da vez em que haviam ficado presos num elevador. Olhou para os dois homens com cara de executivos bruxos e ficou envergonhada, apesar de Draco não ter falado nada que fosse comprometedor ao ouvido de um estranho. Porém...
-Ei! -um dos bruxos exclamou –Agora já sei de onde vi vocês. Estava assistindo televisão no dia em que o noticiário trouxa...
-Não precisa continuar. –a ruiva interrompeu, da cor dos cabelos.
A porta logo se abriu e Gina saiu o mais rápido que pôde do elevador, puxando Draco pela mão:
-Que pressa é essa, Virgínia? –ele perguntou, fazendo cara de inocente.
-Como você é cínico, Draco Malfoy. –ela o censurou –Você me faz passar vergonha e depois se faz de desentendido. –reclamou, brava, enquanto atravessavam o saguão e iam em direção ao corredor que levava ao restaurante do hotel.
Já estavam no corredor, quando Draco encostou a mulher na parede. Enquanto ele tinha um sorriso de diversão em seus lábios, ela o fuzilava com o olhar. Era óbvio que estava irritada com ele:
-Saia de perto de mim. –sibilou perigosamente.
-Ou? –ele desafiou, aparentemente tranqüilo.
-Ou então você vai pagar. Pagar caro, devo acrescentar.
-Vai realmente fazer uma greve? –questionou-a.
-E se eu fizer? –perguntou, ainda séria.
-Você não consegue. –ele disse com a voz rouca e arrastada, do jeito que ele sabia que deixava a ruiva louca.
Gina engoliu em seco ao ouvir aquela voz e ver a confiança e charme com que ele estava se portando, coisas que faziam-na achar seu marido irresistível.
-Consigo sim... –respondeu, mas sem muita convicção.
Rapidamente Draco capturou os lábios dela com os seus. Gina debatia-se em seus braços, mas ele a mantinha bem segura junto a si. Por fim, ela relaxou e correspondeu.
“Droga! Por que ele tem que ser assim?!? Se aproveita do fato de que eu não resisto...”
O loiro beijava de maneira voraz, o que fazia com que ela percebesse o quanto ele a queria fisicamente. Quando as mãos dele abandonaram sua cintura para percorrer suas curvas, ela decidiu pará-lo. Colocou suas duas mãos contra o peito dele e empurrou:
-Aqui é um corredor, Draco. –lembrou-o –O que as pessoas diriam?
-Que somos um casal apaixonado? –arriscou, com um sorriso maroto.
-Não, Draco. Provavelmente elas reclamariam para a direção do hotel e sinceramente, eu não quero mais ser expulsa de nenhum hotel.
-Tá, tá. –falou com pouco caso –Vamos almoçar de uma vez. –e puxou-a em direção a última porta, a que ficava o restaurante.
-Olha, Draco, não leve a mal, mas...
-Não precisa se explicar. –cortou –Provavelmente você está certa.
-Então não está chateado comigo? –perguntou timidamente.
-Não, não estou. Satisfeita?
-Pois não é o que parece. –ela insistiu.
-A fome me deixa irritado.
-Está mesmo com tanta fome? –perguntou desconfiada.
-Não seja chata, Virgínia. –ele reclamou –Se eu digo que estou com fome, é porque estou com fome.
-Não precisava ser grosso desse jeito. –ressentiu-se.
-Eu não fui grosso. –defendeu-se.
-Foi sim. –afirmou.
Ele parou de andar e deu um suspiro de cansaço:
-Como você quer que eu aja? Que eu seja todo romântico e carinhoso com você o tempo todo? Isso não é possível e você sabe muito bem. Eu não consigo. E isso não tem nada a ver com o quanto de amor eu sinto por você. Tem a ver que eu lido com os sentimentos de maneira diferente de você. Então por favor, não fique chateada comigo se por acaso eu for rude sem perceber, tá bom?
Ela baixou os olhos e concordou tristemente. Tudo bem que sabia como Draco era, mas naquele instante sentia que precisava de carinho. Se ele fosse mais sensível quanto a sentimentos, ela se sentiria melhor. Às vezes, perguntava-se se ele realmente a amava. No entanto, essa dúvida não permanecia mais que alguns segundos em sua mente e não existia em seu coração. Mais do que acreditava em Draco, confiava nele. Apesar de por vezes bater uma ligeira desconfiança, ela sabia que era mera insegurança. Tinha medo de perdê-lo. Sabia o quanto ele era bonito e diariamente mulheres davam em cima dele. Ela pensava em como ele fora galinha no passado. Seria ele capaz de ser infiel com ela?
“O Draco me ama, ele não vai me trair. Eu confio no Draco, ele nunca faria nada que me magoasse.” Afastou as dúvidas de sua mente.
Sorriu para ele:
-Sim. Agora também estou com fome, sabe...
-Ótimo. –respondeu e finalmente adentraram o restaurante.
Por dentro o restaurante era decorado de acordo com as cores da bandeira italiana. Sentaram-se a uma mesa perto de uma parede e logo um garçom veio.
-O que o senhor e a senhorita gostariam?
-Eu e a senhora. –frisou ao notar o olhar atrevido que o garçom tentava, sem sucesso algum, ocultar –Nós gostaríamos de dar uma olhada no menu.
-Claro senhor. –ele concordou e estalou os dedos, fazendo com que o menu aparecesse seguro em sua mão –Aqui está.
-Obrigada. –Gina agradeceu com um sorriso caloroso.
O garçom sorriu de volta e ficou ali parado, esperando que eles decidissem. Draco colocou sua mão por cima da de Gina e perguntou:
-Querida, o que você quer comer?
Ela franziu as sobrancelhas, estranhando a atitude dele, porém logo percebeu que ele estava enciumado pelos olhares e sorrisos que o garçom lhe lançava. Resolveu ignorar o ciúme bobo dele e passou os olhos pelo menu. Ficou pensando por alguns instantes e então perguntou:
-O que você quer comer Draco?
-O que você quiser estará bom. Pode escolher por nós.
Ela abriu um belo sorriso para Draco e disse:
-Eu quero ravióli recheado com queijo com molho branco e brócolis.
-Boa pedida. –disse o garçom –Do que gostariam de beber?
A ruiva olhou para Draco:
-Você quer que eu escolha? –perguntou e ela fez que sim –Suco de morango.
-Gostariam de alguma sobremesa?
-Vocês têm sorvete? –o garçom fez que sim –Então depois quero que duas taças de sorvete de menta com chantilly e morango.
Assim que o garçom pediu licença e se retirou, Gina perguntou:
-Estranho você não ter pedido nada com álcool.
-Não estou com vontade. Você queria?
-Indiferente. Mas e quanto à sobremesa? Você pediu de propósito, não foi? –perguntou, não parecendo muito feliz.
-É, foi por causa daquele seu sonho. Fiquei com vontade de experimentar. Mas você não parece muito feliz com isso.
-É porque esse sonho acabou se transformando num pesadelo. –ela comentou, séria.
-Não precisa ficar tão preocupada com esse pesadelo, Virgínia. Foi apenas um pesadelo, porque nós tínhamos brigado na noite anterior. Nada mais que isso.
Ela baixou os olhos e pensou tristemente.
“Quisera eu que fosse apenas isso. Não agüento mais manter esse segredo...”
-Gina. –ele chamou cautelosamente e ela olhou para ele –Eu não estou bravo com você, sei que não foi sua culpa. Pare de se martirizar por isso. Promete pra mim? –ela ficou em silêncio –Dá um sorriso pra mim. –ele pediu e ela não pode deixar de atender –Viu? Assim está melhor. Não tem que ficar abatida, muito menos por causa do idiota do Finnigan. Se você continuar se culpando, eu vou quebrar a cara daquele irlandês estúpido.
-Não faça isso, Draco. –ela disse.
-Então não me dê motivo. Eu gosto quando você está feliz.
Do outro lado do restaurante, em uma mesa afastada, Simas os observava. Ao ver Virgínia com Draco resolveu que não desistiria. Agora que estava ali, tinha que lutar para conseguir o amor da ruiva. Tinha que conseguir separar Draco dela.
“Conhecendo o Malfoy, ficará furioso quando souber que ela já foi minha também. A Gina não pode ter contado para ele, não teria coragem. Em breve não estarão mais juntos e tratarei para que ela venha para os meus braços. Claro, consolarei a minha doce ruiva.” Pensou, sorrindo de maneira sinistra.
Depois do almoço, o casal voltou para o quarto para escovar os dentes. Após terem feito isso, Draco perguntou:
-Você está bem, Gina?
-Sim, eu estou. Por quê? –perguntou desconfiada.
-Nada. Eu apenas pensei em nos divertirmos um pouco no salão de jogos. O que acha? –ele perguntou, esperando que a reação dela fosse positiva.
-Sim, claro. –ela respondeu, sorrindo.
Draco respirou aliviado.
“Ufa! Quando a Gina está nesses dias ou na TPM consegue ser uma caixinha de surpresas.”
Saíram então mais uma vez do quarto. Como o salão de jogos ficava no último andar, eles pegaram o elevador. Ao chegarem perto do salão já podiam ouvir o som de vozes animadas. Entraram ali e viram que muitos bruxos estavam por ali. Alguns jogavam xadrez bruxo, outros snap explosivo e outros jogos que Gina e Draco não conheciam e deviam ser típicos da comunidade bruxa da Itália. A ruiva olhou para o marido:
-Eu quero jogar xadrez bruxo.
-Ah não. –ele reclamou.
Ela riu:
-Você não aceita perder, não é, querido? –ela provocou.
-E quem disse que eu vou perder? –ele perguntou de volta.
-As estatísticas, é claro. –disse inocentemente –Você sabe que sou melhor que você... –acrescentou.
-Haha. Nós jogamos apenas dez vezes...
-E eu venci sete.
-Porque eu deixei.
-Você deixou? –ela levantou uma sobrancelha e perguntou irônica, o que terrivelmente lembrava a si mesmo –Conte outra, Draco Malfoy. Você não pode contra mim no xadrez e isso é um fato.
Gina tentava instigar Draco, para que ele concordasse em jogar. Conseguiu:
-Ok, Virginia. Eu vou provar para você. –ele respondeu decidido.
A ruiva sorriu, sabia que o marido era competitivo e não gostava da derrota. Por sorte, naquele mesmo instante, uma dupla de adolescentes resolveu parar de jogar. Gina e Draco sentaram-se no lugar deles.
-Quais peças você quer, Draco? –ela perguntou animadamente.
-Tanto faz. –respondeu indiferente.
-Ok, então eu quero as negras. Não faço questão de jogar primeiro.
Draco lançou-lhe um olhar profundo, no qual Virgínia distinguiu alguma irritação, mas arrumou com um gesto da varinha as peças brancas e as negras no tabuleiro. Guardou a varinha novamente e ordenou a um peão que se movimentasse. Gina sorriu e movimentou um peão também. E assim foram desenvolvendo um jogo demorado. Após quase uma hora, já estavam fora um 6 peões (três brancos e três pretos), 2 bispos (um para cada lado também). Porém, Gina possuía seus dois cavalos e suas duas torres, enquanto Draco havia perdido um de seus cavalos e uma de suas torres. A cada vez que seu rei estava em perigo, ela sentia-se excitada.
“O Draco melhorou!” ela pensou feliz, xadrez bruxo era seu jogo favorito.
No entanto, Gina fugia dos cheks de Draco. E ficou surpresa ao constatar que ele também conseguia fugir dos seus.
-Estou adorando o modo como está jogando, querido. –a ruiva disse sorridente.
Pelo tom dela, Draco pensou que ela estivesse debochando dele. Mas ao olhar para ela viu aquele sorriso sincero e percebeu que ela falava a verdade. Ele sorriu de volta:
-Claro, não quero te decepcionar.
Após mais um tempo, Gina deu um check mate e venceu a partida. Porém, dessa vez, diferentemente das outras, ele tinha realmente deixado a ruiva ganhar. Havia deixado de fazer umas jogadas que poderiam fazê-lo ganhar.Não queria deixá-la de mau-humor ou toda chorosa.
-Eu ganhei! Eu ganhei! –comemorou.
-Sim, você ganhou, Virginia. –ele disse, fingindo estar bravo –Perdi a vontade de ficar aqui, eu vou embora. –disse, levantando-se dali.
Sabia que a mulher o seguiria. Não deu outra. Estava parado em frente ao elevador, esperando, quando Gina veio:
-Credo, Draco. Será que você não sabe perder?
-Não, não sei. –ele disse, sem olhar para ela.
Quando o elevador abriu, a ruiva empurrou o marido para dentro do elevador, que se encontrava vazio. Draco levou um susto com a fúria daquele empurrão quando bateu as costas contra uma das paredes:
-Você tá louca Virgínia? –ele perguntou, dessa vez realmente bravo.
Contudo, antes que pudesse tirar uma conclusão mais apurada da reação de Gina, ela veio para cima de si. Num primeiro instante ele achou que ela ia começar a bater nele, mas enganou-se. Gina subiu na ponta dos pés e puxou o loiro contra si, beijando-o ferozmente.
“Sim, meu Deus, ela é louca!” Draco pensou “Céus, obrigado por eu ter uma mulher louca.” Pensou, puxando o corpo dela ainda mais contra o seu.
Após alguns segundos, como se tivesse recobrado sua consciência, Gina descolou seus lábios dos dele.
-Não vai deixar que um jogo estrague as coisas entre nós, vai? –perguntou.
Nesse instante as portas do elevador se abriram e entraram cinco pessoas, mas não era nisso que Draco prestava atenção. Estava centrado nos olhos castanhos e doces que o fitavam esperançosamente, não conseguiu decepcioná-los:
-Claro que não.
Sem se importar com quem estivesse olhando, levantou uma de suas mãos e acariciou a face de seu marido:
-Eu te amo, Draco.
O loiro olhou a volta e viu que as pessoas, que estavam olhando o casal, disfarçaram. O Malfoy corou e tinha certeza de o que quer que respondesse seria ouvido pelos bisbilhoteiros de plantão. Olhou nos olhos da mulher.
“Gina, querida, você sabe que eu não sou de dar declarações de amor em público.” Ele pensou, deixando que ela lesse.
A ruiva sabia muito bem disso, mas sem que pudesse controlar, seus olhos ficaram marejados.
“Oh não! Eu não acredito que ela vai chorar por causa disso! Malditos hormônios femininos!” ele pensou inconformado.
-Gina, não chore. Todos estão olhando. O que é que eles vão pensar? Você sabe que eu... sabe que eu te amo. –sussurrou no ouvido dela, sentindo seu rosto começar a esquentar mais ainda.
“Só pode ser a convivência para que eu fique corado, Merlin!”
A ruiva descansou a cabeça no peito de Draco, sorrindo. Ele por sua vez, passava carinhosamente as mãos pelos cabelos dela.
Logo chegaram ao quarto andar e saíram do elevador de mãos dadas. A ruiva parecia muito satisfeita consigo mesma e havia um belo sorriso em sua face, como o de uma criança que houvesse ganhado o tão esperado presente de Natal.
Draco abriu a porta da suíte. Quando ele e Gina haviam passado, ele fechou novamente:
-Draco, eu estou tão feliz!
-É? –ele perguntou cauteloso, estranhando a mudança repentina no humor dela –Olhando, você parece radiante.
-Claro! Porque estou casada com o homem que amo! –ela exclamou, correndo e pulando em cima dele, enganchando suas pernas ao redor da cintura dele.
-Nossa. Calma, Gina. –disse surpreso com a atitude dela e segurando-a para que não caísse, já que ela estava de braços abertos.
-Draco você é lindo. Você é gostoso. Você é inteligente. Você é misterioso. Você é bom de cama. –disse, distribuindo beijos por toda a face dele.
Draco tinha um sorriso exibido:
-Hum, se você continuar falando assim, eu vou ficar mais convencido ainda...
-Ah é? Mas sabe qual é o melhor de tudo em você, Draco Malfoy?
-Não, não sei. –ele respondeu e os dois ficaram em silêncio –Você não vai me dizer?
-Será que eu devo? –ela fez cara de indecisa, para deixá-lo ainda mais curioso.
-Diga de uma vez, Virgínia! –cobrou, impacientemente.
Ela sorriu, um sorriso sarcástico:
-Ok, ok. Eu já vou dizer, meu gatinho. Veja bem. –e fez uma pequena pausa –Você pode ser tudo o que eu disse e ainda mais, mas o melhor de tudo em você... É simplesmente que... Você é meu! Meu marido, querido.
-Sou seu, é? –perguntou, sorrindo maliciosamente –E você é o que, ruiva? –perguntou, beijando a curva do pescoço dela.
Ela suspirou, sentindo o movimento suave e provocante que os lábios dele faziam contra sua pele. Draco ajeitou-a melhor em seus braços e desceu os lábios para o colo dela, que se encontrava descoberto devido ao decote.
-Hum... –ela murmurou de olhos fechados, sentindo a língua macia e hábil –Ah, Draco... Sou sua ruiva. –ela ofegou.
Ao ouvir isso, o loiro apertou-a ainda mais contra si, demonstrando o apreço pelo que ela tinha falado. Gina sentiu ele sugar a pele da parte superior de seu seio direito, gemeu languidamente, mas depois pareceu voltar a si, quando disse:
-Pára com isso, Draco.
Ele parou de beijá-la e olhou-a sem entender:
-O que foi que eu fiz?
-Não sei. –ela respondeu –É isso o que pretendo descobrir.
-Mas, Gina...
A ruiva olhou a cara de injustiçado que o marido fazia e quase amoleceu. Passou uma mão pelo rosto dele:
-Ah, Draco, não me olha assim. –e deu um selinho nele, que queria aprofundar o beijo, mas ela não permitiu –Vai me soltar, não vai? –pediu com jeitinho.
Draco de fato a soltou, mas fez isso contra sua vontade. Gina foi direto para o banheiro. Depois de um tempo ele ouviu-a gritar:
-DRACO!!!
Ele correu para lá, mas a porta estava trancada:
-O que foi que aconteceu, Virgínia?
Logo ela abriu a porta:
-Como eu suspeitava. Olha o que você fez, Draco. –ela o acusou.
-O que eu fiz? –ele perguntou, rolando os olhos.
Ela puxou um pouco a blusa vermelha para baixo e apontou uma marca vermelha.
Draco olhou para a marca que se encontrava onde ele havia chupado. Ele sorriu. Gina olhou indignada:
-Qual é a graça?!?
-E qual é o desespero?!? –devolveu.
Ela respirou fundo:
-Draco, você me marcou. –falou, aparentando calma.
-E precisa fazer toda esta tempestade no copo d’água? –ele perguntou, sacando a varinha, apontou para o lugar onde estava a marca –Pele reparo. –a mancha sumiu no mesmo instante –E agora, Virgínia, satisfeita? –perguntou, aborrecido, enquanto guardava de volta a varinha.
A ruiva pareceu arrependida de fazê-lo ficar hostil. Afinal, ela sabia que aquela mancha era um problema fácil de resolver. Por que tinha que ter feito todo aquele escarcéu?
“Droga! Como eu sou idiota! Isso é o que dá fazer as coisas sem pensar. Agora ele vai ficar bravo comigo e talvez começar de novo aquela história de que eu só ouço a minha família. Oh, Merlin! Eu não sei se agüento mais uma briga dessas.” Pensou sentindo-se péssima.
-Draco... –ela começou.
-O que é? Já vai inventar algo pra me encher mais ainda? Porque ao que parece você adora fazer isso. E eu simplesmente não sei aonde você quer chegar com isso, Virgínia.
-Draco, não fala assim comigo, por favor. –ela pediu, com uma expressão triste –Eu estou arrependida. Eu fui uma boba. Eu amo você, não devia brigar por coisas estúpidas... –falou, de cabeça baixa.
-Não sei, Virgínia. Eu estou me cansando das suas implicâncias bobas. Assim não dá pra continuar. Isso está desgastando a nossa relação. Além do mais, você dá muito valor ao que a sua família diz...
Imediatamente Gina levantou a cabeça e encarou-o:
-Pode ir parando por aí, Draco Malfoy! Você fica com essa conversa repetitiva que só dá nas nossas piores brigas. Se eu ligasse para o que a minha família pensa, como você diz tanto, eu não estaria aqui casada com você. Já disse isso mais vezes do que possa me lembrar!
-Mas você me critica demais, Virgínia. Você quer que eu seja o que eu não sou. Pois eu tenho novidades para você, eu não sou o príncipe encantado de cavalo branco que você estava esperando.
-Mas eu não sou uma princesa. Eu não preciso de um príncipe encantado. –ela rebateu –Eu só preciso ter ao meu lado o homem que eu amo. –ela disse humildemente e o loiro não disse nada –Esse homem é VOCÊ! Por que você não para de implicar comigo?
-É você quem vive implicando, Virgínia. Eu tento te agradar e sempre dá tudo errado, nada te deixa satisfeita. E eu odeio isso! Odeio errar, caramba! Ainda mais errar com a minha mulher. Eu quero te fazer feliz, será que você não percebe isso?
-E você acha que me deixa feliz insinuando que eu queria ficar com o Simas ao invés de me casar com você, também falando mal da minha família e que eu que provoco as brigas?
-Vocês às vezes... –ele começou, mas não terminou.
-Eu às vezes o quê? –ela quis saber.
-Nada. –ele murmurou, não muito convincente.
-Eu quero que você me diga agora o que ia falar. –ela exigiu seriamente.
-Você quer saber? Então eu vou falar! Você parece que quer ouvir eu gritar e brigar com você. Eu não quero fazer isso, mas você me leva a fazer isso, será que não entende?
-Não é verdade, Draco! Você grita e briga comigo porque quer!
-POR QUE EU QUERO? –e ao perceber que gritara, baixou o tom da voz –Sabe por que essa briga começou? Por sua culpa, Virgínia. Você ficou toda irritada por causa de UMA marca que EU, o seu marido, deixei. Faça-me o favor.
A ruiva virou as costas para ele e sentou-se na beirada da cama, com a cabeça baixa. Houve um silêncio pesado entre os dois.
“Será que eu peguei pesado demais com ela?” perguntou-se, tentado a ir até ela e abraçá-la.
Porém seu orgulho falou mais alto. Permaneceu parado no mesmo lugar, observando a mulher inclinada para frente, com o rosto nas mãos e em silêncio. Ela parecia tão frágil... O loiro tinha dificuldade de manter impassível. Finalmente ouviu uns ruídos e lamentos quase inaudíveis. Certamente Gina estava chorando. Ela estava chorando por ele, por causa dele. Como pudera fazer um anjo daqueles chorar?
Pisando em cima do seu orgulho, Draco caminhou incertamente até ela. Ficou de frente para Gina, ajoelhando-se em seguida para ficar na mesma altura em que o rosto dela estava. Engoliu em seco, antes de perguntar:
-Gina... Você tá bem?
Repentinamente ela levantou a cabeça e encarou-o. A parte da frente de seus cabelos encontrava-se levemente bagunçada. Lágrimas trilhavam o seu rosto, mas o que mais surpreendia eram os olhos. Estavam vermelhos, levemente inchados e com uma expressão ao mesmo tempo triste e furiosa:
-Eu pareço bem aos seus olhos, Draco Malfoy? –perguntou, seca, mas com uma nota de profunda mágoa na voz, enquanto mais lágrimas rolavam por sua face.
Ele sentiu um aperto no coração e ao mesmo tempo um profundo vazio. Caramba! Como ela podia deixá-lo tão péssimo? Será que Gina tinha idéia do poder que possuía sobre Draco? Simplesmente não sabia o que fazer ao vê-la tão frágil e angustiada. Tinha medo de falar algo errado e piorar a situação. Mirou os olhos dela de maneira gentil, mas concentrado em saber o que se passava em sua mente. Ela parecia tão carente... Foi com dificuldade que Draco enxergou no fundo dos pensamentos dela.
“Me abraça...”
Sem perder tempo, ele enlaçou o corpo dela fortemente. Sem nenhuma malícia, apenas satisfeito em poder confortá-la em seus braços.
-Draco, por que você faz assim comigo? –ela perguntou, mais tranqüila por estar nos braços dele.
O Malfoy afundou a cabeça nos cabelos dela, deixando que o aroma de morango com outros campestres entrassem por suas narinas. Adorava a linha de produto para o cabelo que a esposa usava e ela sabia disso, também sabia que ele adorava seu perfume, uma mistura de jasmim com flores do campo. Não era um perfume sensual, mas sim o de uma mulher romântica e delicada. Porém, para Draco, aquele cheiro o fazia ter vontade de fazer loucuras com sua ruiva. Contudo, teria que deixar suas necessidades carnais para outra vez. Precisava consertar a burrada que havia feito. Gina podia ter começado a discussão, mas Draco piorara tudo.
-Calma, calma. –passou as mãos pelo cabelo dela –Já passou. Eu fui um idiota, devia ter aceitado as suas desculpas. Tá tudo bem. Não vamos mais brigar. Parece haver uma conspiração universal para que nos separemos, mas por mim nós vamos vencer.
-Por mim também. –ela respondeu, apertando o abraço.
-Mais tranqüila agora? –ele perguntou, soltando-a e dando-lhe um breve selinho.
-Sim. –ela confirmou –Ai, Draco, me agüentar com essa enorme variação de humor não deve ser fácil. –murmurou, envergonhada.
-Bem...Eu estaria mentindo se dissesse que é fácil, mas nem sempre o que queremos é o que é fácil. Promete que não vamos deixar que essas coisas pequenas acabem com o nosso casamento?
-Claro que sim. Você tem razão, Draco. Nós devíamos estar curtindo a nossa lua-de-mel e ao invés disso, apenas brigamos e não fizemos nada do que tínhamos planejado.
-Ótimo. –o loiro disse confiante e então sorriu –Vamos esquecer o que deu errado até agora. Concorda? –ela fez que sim –Então, Sra. Malfoy, o que gostaria de fazer esta noite? –perguntou polidamente, em seguida beijando-lhe as costas de uma mão.
Ela sorriu e respondeu no mesmo jeito polido que ele:
-Obrigada por perguntar, Sr. Malfoy. Mas acho que gostaria que escolhesse por mim, estou um tanto curiosa para saber o que escolheria.
-Hum, muito bem então. –murmurou e fez cara de pensativo –Bem, eu tenho uma idéia...
-Mesmo? Será que eu vou gostar da idéia, Sr. Malfoy? – ela perguntou e ele sorriu –E será que essa idéia não tem relação com algum tipo de perversão?
-Bem, eu adoraria fazer certas coisas com você... Mas a minha idéia não tem nada a ver com isso. Eu apenas achei que gostaria de ir ao teatro comigo.
-O quê? Eu ouvi direito? Você está querendo ir ao teatro?
-O que é que isso tem de tão estranho?
-É que eu não esperava que você me convidasse para um programa tão cultural e que fosse trouxa. –ela explicou.
-Ok, estou convidando agora. Você gosta desse tipo de coisa, não é mesmo? –ele inquiriu.
-Mas é claro que eu gosto! –respondeu animada, com um sorriso a iluminar sua face –Mas você não precisa fazer isso por mim, Draco. Eu sei que você odeia esse tipo de coisa, então...
Ele a cortou:
-Mas eu quero fazer isso. Quem sabe que não aprendo a gostar, hein?
Virgínia não acreditava que ele fosse gostar, mas não demonstrou sua descrença. Resolveu aceitar, se ele estava oferecendo com tão boa vontade, seria bom aproveitar.
Sorriu para ele:
-Tudo bem, Draco. Nós vamos ao teatro e saiba que fico muito feliz e agradecida que esteja fazendo isso por mim. –falou, bagunçando o cabelo dele.
-Hey, Virgínia. Você tá desarrumando o meu cabelo. –ele falou, fingindo-se de indignado.
-Ah, e até parece que não dá pra arrumar de novo esse cabelo lambido num instante. –ela retrucou em tom divertido.
-O meu cabelo não é lambido! –ele respondeu, dessa vez verdadeiramente indignado.
-Uh, olha só, o meu gatinho ficou arisco. –comentou debochadamente –Eu tava brincando, Draco. Você sabe que eu amo o seu cabelo. –ela disse, agora séria –É tão macio. –completou, deitando a cabeça dele contra seus seios e beijando os fios loiros em seguida.
-Hum...hum... –ele murmurou, fazendo-a pensar que o marido parecia um gato ronronando satisfeito, enquanto ela passava as mãos pelos cabelos dele –Isso é calmante, é uma sensação tão boa. Acho que estou ficando com sono. –ele comentou.
-Sono, Draco? –ela perguntou toda melindrada, deitando-o de costas na cama e com a palma de sua mão sobre o peito dele.
O Malfoy abriu os olhos surpreso com o movimento repentino e brusco:
-O que eu fiz de errado, Gina? –ele perguntou, sem entender e bocejando em seguida.
-Você está com sono, eu não quero que durma agora. –ela explicou calmamente.
A voz macia de Gina apenas fez com que Draco bocejasse novamente antes de perguntar:
-Posso saber o porquê de não querer que eu durma?
Ela deu um sorriso que não era nem um pouco inocente e fez Draco rapidamente perguntar-se o que sua mulher estava querendo aprontar. Gina havia tirado os tênis pretos com os próprios pés, em seguida abriu as pernas e sentou-se sobre o marido.
-Oh, alto lá. –ele murmurou –O que você pretende fazer? –perguntou, realmente curioso.
-Nós precisamos conversar, Draco. Conversar do meu jeito, sabe?
-Isso quer dizer algo como “Vamos discutir a nossa relação”? –perguntou com desânimo.
-De certa forma. –ela respondeu, inclinando-se um pouco sobre ele e certa de que ele teria uma visão estratégica de seu decote.
-Gina... –o loiro murmurou meio incerto.
Ela colocou um dedo indicador sobre os lábios dele:
-Quietinho. Há algum tempo eu queria ter essa conversa com você.
“E você realmente acha que eu consigo conversar dessa maneira?” ele pensou ironicamente, com um sorriso cínico enquanto a encarando.
Ela leu esse pensamento dele e respondeu.
“Isso é o que vamos descobrir, meu gatinho.”
-Ok, vamos começar. –ela falou, jogando os cabelos rubros para trás dos ombros –E então, Sr. Malfoy... Você alguma vez se arrependeu de não ter escolhido tomar o cálice do elixir?
-Não. Se eu tivesse tomado, estaria sozinho ou em Azkaban ou sendo caçado pelos aurores. Não traria nenhum bem eu viver tanto se você não pudesse também.
-Mas você desistiu pra sempre de ser um Lord das Trevas, não é mesmo? –ela perguntou, erguendo a camiseta dele e deslizando suas mãos pelo abdômen dele.
-Sim. Aonde você quer chegar com isso?
-Aonde eu quero chegar? –perguntou, com um olhar maroto, enquanto arrancava sua própria blusa –Você tem bastante poder, Draco. É um ótimo Chefe de Execução das Leis da Magia e esse é um dos cargos mais importantes no Ministério. Sabia que a mamãe já elogiou o seu trabalho? E olha que é difícil ela elogiar alguém do Ministério. O meu pai pode não comentar, mas eu sei que ele está satisfeito com o seu trabalho, todos estão. Você é eficiente.
-Mas é claro que trabalho bem, Virginia. Quero tirar a imagem que as pessoas tem de que eu sou um Comensal da Morte. Puxa, eu mudei. E também não quero que pensem que tenho o cargo que tenho somente porque sou genro do Ministro da Magia e sim porque eu sou competente.
Gina sorriu:
-Gostei da sua resposta, querido. Estou orgulhosa de você. –ela disse, sorrindo e arrancando a camiseta dele –Merece um prêmio.
Ela beijou a boca de Draco lentamente, como se temesse escapar algum detalhe da língua dele. O loiro correspondia da mesma maneira. Então subitamente ela abandonou os lábios dele, para beijar o pescoço. Ela segurava as mãos dele contra o colchão, enquanto ele queria libertá-las, mas Gina não deixava. Ouviu-o suspirar e então desceu os lábios, alternando beijos entre o peitoral e a barriga dele.
-E seu eu não estiver dizendo a verdade? –ele perguntou e ela parou imediatamente de beijá-lo, mirando os olhos dele atentamente.
-Você não está mentindo para mim, sabe que me perderia se continuasse com essa idéia absurda.
-Sim, eu sei. Por isso desisti. Eu quero ficar com você, Virgínia. Agora você vai soltar as minhas mãos, não vai?
-Olha Draco, se você quer mais poder, é só continuar fazendo um bom trabalho que tenho certeza que você ainda chega a Ministro da Magia. Papai sempre disse que queria uma velhice tranqüila, então ele não vai demorar muito para se aposentar. Bem, supondo que você queria essa responsabilidade gigantesca de ser Ministro da Magia, né?
-Tempo ao tempo, Virgínia. Eu nunca pensei seriamente em ser Ministro da Magia, mas se as pessoas quisessem, eu não negaria, sabe? Agora dá pra você soltar as minhas mãos?
Gina colocou as mãos de Draco sobre sua cintura:
-Pronto. E agora, o que você faz? –ela perguntou.
-Isso. –ele disse e virou o jogo, ficando por cima de Gina e prendendo as mãos dela contra o colchão.
-Ah, Draco. –ela murmurou, quando ele beijou-lhe o pescoço.
Ele foi descendo. Deu um beijo em cada seio dela, antes de descer para a barriga. Gina encolhia a barriga, sentindo-se arrepiada pelos toques gentis dos lábios dele.
Draco soltou-a e levantou o corpo dela para desabotoar o sutiã. Em seguida voltou a deitá-la e prender suas mãos contra o colchão.
-Draco, o que você vai fazer?
Ele levou os lábios até os seios dela e apenas os roçou sobre eles, sentindo-os endurecerem na mesma hora. Lambeu levemente o bico de cada um.
-Ah...Draco...Não. Você sabe...a gente não vai até o final.
Subitamente Draco parou e saiu de cima da ruiva. Ele jogou-se ao lado dela, de costas na cama, em silêncio. Gina respirou fundo e pôs-se a vestir o sutiã preto.
-Draco, você ficou chateado comigo?
-Não. Eu apenas havia me esquecido da sua situação... –ele murmurou.
-Hum... –ela murmurou de volta e deitou sua cabeça sobre o peito dele.
Draco passou os braços ao redor do corpo de Gina. Ficaram assim até que adormeceram.
A tarde passou rápida e silenciosamente. Apesar de ter o sono pesado, surpreendentemente a Malfoy foi a primeira a acordar. Piscou os olhos e pôde ver os últimos raios de sol atravessarem timidamente as cortinas. Ao sentir os braços de Draco a enlaçando, ela sorriu e virou-se para admirar o marido dormir. Porém, assim que ele sentiu que ela se mexia, abriu os olhos também:
-Eu acho que cochilei um pouco. –comentou.
-Cochilar um pouco? A gente tá dormindo aqui há várias horas. –Gina disse –Veja, já está anoitecendo.
-Ótimo, temos que nos arrumar para sair. –ele respondeu.
-É, eu sei. Quero tomar um banho antes, mas estou com uma preguiça de sair daqui...
Ele sorriu:
-Gosta de ficar assim comigo, não é? –perguntou maliciosamente.
-Você sabe que sim. –ela respondeu na defensiva.
-É, eu sei também de outras coisas que você gosta, safadinha...
Imediatamente Gina ficou vermelha e o repreendeu:
-Draco!
Ele deu um suspiro cansado:
-Estamos aqui sozinhos e ainda assim você fica vermelha...
-Ai, Draco. Já falamos sobre isso antes. Eu fico mesmo envergonhada e não tem jeito.
-Bem, mas afinal isso não importa. O que importa é que na hora certa você não tem vergonha, não é mesmo? –ele perguntou com um risinho zombeteiro.
Vendo que era inútil permanecer ali dizendo para que ele parasse com aqueles comentários, ela levantou-se da cama.
-Eu vou tomar banho. –anunciou, procurando uma toalha.
-Posso ir junto? –ele perguntou malicioso.
-Não! –ela respondeu e bateu a porta do banheiro.
-OK, NERVOSINHA! NÃO ESTÁ MAIS AQUI QUEM FALOU! –ele gritou para que ela ouvisse.
Draco colocou as mãos debaixo de suas cabeça, servindo de travesseiro, enquanto mirava o teto.
“Eu acho que tenho a mulher mais complicada de todo o universo.” Ele pensou.
Depois ficou simplesmente a relembrar. Lembrou de tudo pelo que haviam passado para ficarem juntos. Poderia ficar horas pensando sobre isso, mas a ruiva saiu do banheiro enrolada na toalha e atraiu a atenção dele:
-Desocupei o banheiro, Draco. É a sua vez de tomar banho, você não vai?
-Sim, eu já estou indo, Vossa Majestade. –retrucou ironicamente enquanto se levantava.
Gina não respondeu, apenas assistiu-o entrar no banheiro. Quando Draco saiu de lá, ela já estava pronta para sair. Estava sentada na beira da cama, de pernas cruzadas e assistindo televisão. Usava uma calça social preta, uma blusa púrpura na qual ela acabara de refazer o decote e uma jaqueta azul marinho aberta que combinava com seus sapatos. Os cabelos estavam totalmente soltos. Ela os jogou para trás em gesto de impaciência:
-Estou esperando por você, Sr. Malfoy.
-Será que sinto uma certa hostilidade no ar? –Draco perguntou, enquanto procurava roupas para vestir.
-Não, apenas estou impaciente. Bem, acho que ansiosa seria mais apropriado. Eu nunca fui a um teatro com você! –respondeu animadamente.
-Hum, menos mal. Achei que estivesse brava comigo.
-Eu não. Vamos logo, querido. –ela incentivou-o a se vestir.
Draco vestiu uma calça social azul marinho por cima de sua cueca cinza. Vestiu também uma camisa branca sem gravata e com os primeiros dois botões abertos e um terno de mesma cor da calça. Calçou um par preto de meias e sapatos. Passou o pente algumas vezes pelos cabelos e voilà, estava pronto.
Olhou para a esposa e disse:
-Querida, você está linda, mas...eu tenho certeza de que quando comprei essa blusa, ela não era tão decotada.
-Não era mesmo. Fui eu quem deu uma ajustadinha básica.
-Você chama isso de ajustadinha básica? –ele perguntou abismado –Os seus peitos estão quase saltando para fora.
-Que exagero! Draco, não seja tão ciumento, vai? Não vamos brigar agora. –ela tentou soar paciente, dando um selinho nos lábios dele –Vamos a um lugar cultural, nenhum maníaco sexual estará lá para ficar olhando obcecadamente para o meu decote.
-Tem certeza? –ele franziu as sobrancelhas.
-Sim, não se preocupe. –ela disse, quase rindo do ciúme bobo que ele sentia.
-Então vamos indo. –ele se deu por vencido, oferecendo um braço para a ruiva.
A peça a que assistiram foi a famosa “Romeu e Julieta” de William Shakespeare. Draco havia perguntado na bilheteria se era uma boa peça, ao que o vendedor o olhou confuso e disse que era uma das mais lindas histórias de amor. Draco convenceu-se de que Virgínia adoraria a história e por isso sem mais nada perguntar havia comprado duas entradas. Porém, o vendedor não havia lhe contado que era um drama. A ruiva tinha saído do teatro chorando quando a peça acabou.
Draco olhou desesperado para a esposa, que estava chorando como se na houvesse amanhã.
-Gina, por que você está chorando? –ele perguntou.
-Ai, Draco, aquilo foi t-tão... lindo! Mas foi t-tão...triste. Eles se amavam t-tanto e-e a famíli-ia deles n-não se gostavam. E se a gente...
-Não, Virgínia. –ele falou sério, adivinhando o que ela diria em seguida –A gente não vai terminar assim. Não seja tão pessimista desse jeito. –reclamou.
Ela limpou os olhos e respirou fundo antes de perguntar:
-Você morreria pra me salvar, Draco?
Ele arregalou os olhos, surpreso pela pergunta repentina:
-Nossa, mas o que te fez...
-Sim ou não? –ela o cortou.
Draco mirou os esperançosos e brilhantes olhos castanhos dela:
-Gina, eu já arrisquei a minha vida para te salvar, lembra? Eu entrei naquele beco escuro, onde você estava encurralada por aqueles assaltantes-estupradores e eu aparatei na sua frente quando a Belatriz lançou aquele avada.
Gina beijou-o profundamente e em seguida disse:
-Draco, eu te amo muito. Mas o Romeu e a Julieta eles também se amavam muito e acabaram morrendo. Eu tenho medo. –ela confessou.
Draco suspirou e abraçou-a, preparando-se para mais uma sessão da missão como-consolar-Gina-Weasley-quando-ela-chora-sem-parar. Mas surpreendentemente não o incomodava o fato dela precisar de que ele a consolasse. Ela era a mulher de sua vida, então se sentia feliz por ela corresponder, sendo que já a magoara muito.
“Espero que o seu amor seja forte o bastante para agüentar o fato de que tentei matar o seu irmão.” Ele pensou, tentando se convencer de que quando contasse ela entenderia.

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