Inolvidable
Capítulo 8: Inolvidable
Na manhã seguinte, quando Draco acordou, não sentiu o calor do corpo de Gina. Abriu os olhos. Ela estava no outro lado, tão distante que quase estava caindo da cama king size. Ele arrastou seu corpo até perto de Gina. Enlaçou sua cintura e puxou-a contra si:
-Vi, acorda. –ele sussurrou no ouvido dela.
Gina abriu os olhos e piscou várias vezes. Ela parecia meio confusa. Draco pensou que ela diria algo sobre ele ter sido grosso a noite passada, mas o comentário dela foi:
-Você nunca me chamou de Vi antes, Draco.
Ele ignorou esse comentário dela:
-Já amanheceu. –ele disse.
-Eu estou com preguiça de levantar. Está tão quentinho debaixo desse edredom e essa cama é tão macia.
-...e o meu marido é tão gostoso. –ele fez voz de falsete, como se fosse Gina a falar.
-Logo de manhã você já está fazendo gracinhas? –ela perguntou –Pensei que ainda estivesse chateado, fico feliz em constatar que não.
-E quem disse que eu não estou?
-Ah, Draco...Esquece isso.
-Não é fácil esquecer uma coisas dessas... –murmurou –Virginia, quero que me prometa uma coisa. –falou sério.
Ela ficou preocupada:
-O quê, Draco? Assim você me assusta.
-Prometa que nunca iremos nos separar. Prometa que você vai ser minha pra sempre e não importa o que aconteça.
-Eu já não jurei isso na nossa cerimônia de casamento? –ela perguntou.
-Sim, mas...
-Eu não vou te deixar. –disse, juntando seus lábios num leve beijo –A minha felicidade é ao seu lado. Não ouça o que a minha família acha. Eles estão errados. Eu não me casei precipitadamente. Eu sabia muito bem o que estava fazendo.
Draco não soube o que dizer:
-Gina, isso foi tão...
Ela sorriu ante a dificuldade dele com as palavras:
-Eu estou morrendo de fome. Será que você poderia ligar para trazerem o nosso café-da-manhã?
-Mas é claro. –ele respondeu e rolou na cama, ainda debaixo do edredom, esticou o braço e pegou o fone, discando para o serviço de quarto:
-Bom dia. Gostaria que trouxessem um café-da-manhã duplo para a suíte 88. Não faço questão, podem escolher. Obrigado. –agradeceu e depositou o fone novamente no gancho.
Alcançou a ruiva e abraçou-a pela cintura mais uma vez:
-Gina, eu... –ele murmurou e a ruiva passou a mão pela face pálida dele –Vou me esforçar para ser um bom marido, você merece.
A ruiva mais uma vez sentiu-se culpada. Quando teria coragem de contar para Draco? Nunca? Nem ela mesma sabia. Para evitar pensamentos indesejáveis, ela fechou os olhos. Logo os lábios do loiro se juntaram aos seus. De início foi um beijo carinhoso e suave, porém foi se tornando cada vez mais ávido. Gina, com alguma dificuldade, conseguiu arrancar fora a camisa do pijama dele, suas mãos acariciando a parte recém descoberta do corpo dele.
O loiro colocou suas mãos por baixo da camisa do pijama dela. Subiu-as até se deparar com o sutiã dela.
“Pedaço de pano estúpido!” foi o primeiro pensamento dele “Mas onde estaria a graça se eu não tivesse que tirá-lo?” repensou o tópico sutiã e suas mãos entraram por baixo do dito pedaço de pano.
-Draco... –Gina murmurou, sua respiração descompassada e suas mãos segurando o loiro firmemente.
-Hum?
-Eu quero ir ao banheiro. –ela disse.
-Agora? –ele perguntou, decepcionado.
-É sério, eu preciso ir ao banheiro.
Nesse instante bateram à porta. O Malfoy soltou-a, levantou-se e foi até a porta, enquanto Gina se dirigia ao banheiro.
Era um empregado trazendo o café-da-manhã. Havia diferentes tipos de pão, manteiga, geléia, queijo, salada de frutas, mel, leite e uma embalagem com cereal matinal. O empregado empurrou o carrinho até próximo da cama. Draco agradeceu-o e deu-lhe uma gorjeta. Fechou a porta e então foi até a mesa-de-cabeceira e colocou seu relógio. Era 7h e 10min. Andou de um lado a outro no quarto, concentrado em seus próprios pensamentos. Na verdade, remoendo as palavras do Sr. Weasley, elas o cortavam como navalhas. Sabia muito bem o quanto a família era importante para Gina e por isso se encontrava preocupado. E se ela resolvesse que a família dela estava certa? Não, ele não queria perdê-la de jeito nenhum, não depois de saber como era viver sem ela.
“Além do mais, a Virgínia tem que levar em consideração que agora EU sou a família dela!” pensou “Falando na minha moranguinho...Por que ela está demorando tanto. Tenho vários problemas. Eu não estou me agüentando. Preciso mijar, tomar meu banho matinal, comer e finalmente ter sexo com a minha ruiva.”
Ele foi até a porta do banheiro e então ouviu o barulho do chuveiro:
-Virginia, se ia tomar banho, por que não me avisou? –ele perguntou.
Estava indignado. Primeiro porque precisava mesmo esvaziar sua bexiga e segundo porque queria tomar banho com ela.
-Eu já estou terminando, Draco. –Gina disse.
O Malfoy ficou encostado à parede, perto da porta do banheiro. Rezava mentalmente para que ela não demorasse:
-VIRGÍNIA! –ele gritou uns dois minutos depois.
-Já vou! –ela respondeu.
-E quando é esse já, no ano que vem?
Alguns segundos depois a porta abriu-se e ele mal deixou a ruiva sair e já entrou.
“Isso é que é pressa.” Ela pensou.
Tirou o pijama e vestiu uma calça jeans preta com um tênis também preto e uma blusinha vermelha de manga ¾. Penteou os cabelos úmidos e depois se sentou na cama. A comida parecia apetitosa. Gina pegou o pote de geléia e abriu-o. Aproximou-se para sentir o cheiro e era de morangos. Não pensou duas vezes antes de pegar um pão e passar a geléia nele para que Draco comesse. Para si, usou a manteiga e o queijo branco.
Logo o Malfoy saiu do banho, apenas enrolado numa toalha:
-Tem geléia de morangos, Draco. Eu passei num pão pra você.
-Obrigado. –ele agradeceu, enquanto se vestia –Não precisa me esperar, pode começar a comer.
Gina então começou a comer o seu pão. Estava pensando em como diria a ele. Sim, de certo que devia contar. Ele tinha que saber disso. Mas ela não queria falar assim de repente...Esperaria que ele desse uma oportunidade para que ela falasse, assim deveria ser melhor. Pouco tempo depois, Draco sentou-se ao seu lado na cama e pôs-se a comer o pão com geléia:
-Você está bem, Gina?
-Ah, sim...
Ele não acreditou naquele sim dela, mas pensou que ela estava, assim como ele, matutando sobre a discussão da noite passada. Comeram também a salada de frutas e tomaram cereal com leite, tudo no mais profundo silêncio. Ao terminarem a refeição, foram juntos para o banheiro e escovaram os dentes também em silêncio. A seguir, guardaram suas escovas dentro do porta-escovas. Draco abraçou Gina por trás e sussurrou no ouvido dela com uma voz cheia de promessa:
-Vamos para a cama, Gina. –e passou suas mãos pelo corpo dela.
-Hum...Draco, não vai dar... –ela respondeu.
-Por que não? –perguntou, desanimado.
-Porque eu estou menstruada. –respondeu, meio sem graça.
-O quê?
-Ai, estou naquele dias. As regras vieram. Qual expressão mais você quer que eu use pra você entender?
-Eu tinha entendido da primeira. –respondeu –Apenas fiquei surpreso. Droga, justo hoje?
-Você já deveria saber os dias em que fico assim. Se fosse esperto, ontem teríamos feito amor.
-Então quer dizer que você não me disse de propósito que hoje ficaria assim? –perguntou, indignado.
-Não. Eu pensei que fosse amanhã, mas mesmo assim...
-Ah, muito injusta, Virginia. Acha que só você tem o direito de ficar brava? Eu também tenho. Parece que injustiça é a marca da família Weasley. É tão egoísta e cega quanto o seu pai. –falou, soltando a cintura dela.
-Eu não sou egoísta e também não sou cega, Draco Malfoy. Você é que é um... –ela não terminou e fez uma careta de dor.
-O que foi? –o loiro perguntou, abrandando a expressão instantaneamente.
-Cólica. –ela respondeu –Eu não tomei a poção. Era para ter tomado ontem, mas com a nossa briga, acabei esquecendo.
Draco abraçou-a:
-Você precisa se deitar um pouco. Eu vou te levar pra cama e pego a poção pra você, está bem?
Ela balançou a cabeça afirmativamente e deixou-se ser conduzida por ele. Tirou os tênis e deitou-se na cama, praticamente dobrada em dois, com um travesseiro entre a barriga e as pernas. O Malfoy foi até a mala dela e fuçou até encontrar o que procurava. Tirou a tampa do frasco e fez a ruiva tomar três goles.
-Pronto, Gi. Você vai ficar bem. –ele disse colocando o frasco sobre a mesa-de-cabeceira.
-Mas vai demorar um pouco. –ela falou, apertando a mão dele com uma força gigantesca.
-Nossa, essa cólica deve estar te matando mesmo.
A pele da ruiva estava bem mais pálida que o normal e a respiração dela era descompassada:
-Eu estou enjoada, Draco. –ela disse, fazendo uma careta.
-Você vai vomitar? –ele perguntou, receoso.
-Acho que não.
O loiro tirou os sapatos e subiu na cama sentando com as costas contra a cabeceira:
-Deita no meu colo. –ele sugeriu e ela o fez –Agora segura a minha mão e aperte o quanto for necessário.
-Mas a sua mão vai... –ela disse.
-Não importa. –ele a cortou –Se isso te confortar, você pode apertar a minha mão mesmo que fique dormente.
Gina apertou a mão direita dele com a sua direita:
-Eu...te amo. –e apertou ainda com mais força –Draco... –ela gemeu de dor.
-Amo você também, Gina. –ele disse.
Não costumava dizer freqüentemente que a amava porque se sentia estranho dizendo isso, não fora educado para ser romântico e porque sabia que ela já sabia que era amor o que sentia por ela. Mas dessa vez resolveu abrir uma exceção, ela merecia ouvir aquilo, talvez fizesse com que ela se sentisse melhor.
Draco viu um sorriso, sofrido, mas ainda assim um sorriso, se formar nos lábios dela. Passou sua mão livre pelos cabelos rubros:
-Vou tentar te distrair. –ele disse –Bem, do que eu posso falar? Eu poderia falar do que senti na primeira vez em que te vi, mas eu acho que você não iria gostar disso, eu te odiava naquela época. Vou te contar do dia em que virei comensal. A minha mãe chorou bastante...
Ela o cortou:
-Não dá pra ser algo mais feliz? –ela perguntou.
-Feliz? Só depois que eu me apaixonei por você. Antes eu achava que tinha tudo o que queria: Dinheiro, poder e mulheres. Mas não era verdadeiramente feliz. Agora você sabe que eu sou. Sabe que eu treinei mentalmente por várias semanas como pediria você em casamento para a sua família?
-É? –ela perguntou, com uma expressão de visível dor.
-Ah, Gina, você deveria ter tomado ontem essa poção. Odeio te ver sofrendo desse jeito.
-Continua. –ela pediu, tentando ignorar a sensação de que seu útero estava rasgando.
-Hum, eu não sabia muito bem como fazer isso. Eu tinha pedido pra você e você tinha aceitado, mas pedir para a sua família...é algo totalmente diferente, isso me assustava seriamente. Eu até me preparei caso eles me atacassem.
-Exagerado. –ela reclamou.
-Nem tanto, eu vi a cara que os seus irmãos fizeram. Se olhos fossem armas, eu seria fuzilado e você seria viúva antes mesmo do casamento.
Draco ficou ali com Gina por mais de uma hora, falando sobre amenidades, quando ela declarou:
-Já estou bem. Obrigada por ficar ao meu lado. –e soltou a mão do loiro, que a fechou e abriu-a por várias vezes, fazendo o sangue circular.
-Nem precisa agradecer, você cuidou de mim quando eu estava gripado.
-Mas você também cuidou de mim na floresta, Draco. –ela lembrou-o.
-Quem ama cuida. –murmurou.
-Está muito romântico hoje, Sr. Malfoy. –ela comentou, dando um selinho nos lábios dele.
-Incomum, eu sei. Estou me esforçando pra fazer você sorrir, depois de ter sofrido tanto com dor. –ele disse, neutro.
-Vamos sair? –ela perguntou.
-Tem certeza de que está se sentindo bem?
-Sim. Vamos logo, Draco. –ela insistiu, fazendo cara de uma criança que queria muito algo.
Ele sorriu, irônico:
-O que foi, quer fugir desse hotel agora? Não gostou do que o seu papaizinho arrumou pra gente?
Pelo tom da voz dele, dava para perceber que ainda estava chateado com o acontecimento da noite anterior. A expressão de Gina murchou:
-Draco, não comece, por favor.
-Começar? Eu não estou fazendo nada, ele é quem começou.
-Ele só quer o meu bem, Draco.
O loiro cruzou os braços:
-Ah, sim, claro. E você concorda que ele quer o melhor pra você. Onde eu fico nessa história?
-Draco não faz cena.
-Cena? Eu não estou fazendo cena nenhuma. Fala isso porque não ouviu o que eu ouvi. Você gostaria que a minha mãe te humilhasse, Virginia, gostaria? –ele quis saber.
-É claro que não!
-Então não me repreenda! –ele vociferou e os olhos da ruiva encheram-se de água –O que é isso? –ele perguntou, mais controlado.
-Isso o quê?
-Você está chorando! –exclamou.
-TDM. –ao que ele fez uma cara interrogativa –Tensão Durante a Menstruação. –explicou -Acho que esse mês a variação dos meus hormônios me fez ficar desse jeito. –disse limpando as lágrimas –É tão horrível ouvir você brigando comigo.- mais lágrimas rolaram –Eu não quero, Draco, por favor.
O loiro tomou-a em seus braços:
-Calma, Gina. Eu estou aqui com você. Não precisa ficar assim. –disse e ela apertou seus braços em volta dele e fungou –Depois ainda se diz bem para sair? Não senhora, nós não vamos sair. Imagina se você tem uma crise de choro no meio da rua?
Ela começou a chorar mais ruidosamente:
-D-desculpa, Draco...Eu estou destruindo a-a nos-sa lua-de-mel.
O loiro respirou fundo, inalando o perfume dos cabelos dela:
-Não está, Virgínia. Acalme-se, está tudo bem. –disse e a soltou –Não quero te ver chorando, entendeu? Não tem motivos para isso.
Gina esfregou os olhos e deu um pequeno sorriso e timidamente aproximou-se dele. Ficaram olhando-se por alguns instantes, olhos nos olhos, deixando a mente aberta.
“Você é tão boba, Virgínia. Não há nada que possa estragar a felicidade de estar casado com você.” Ele pensou.
“Eu te amo, Draco, mas às vezes penso que posso não estar sendo uma esposa satisfatória pra você. Não suporto a idéia de que me abandone...” respondeu mentalmente.
-Impossível. –ele murmurou e encostou seus lábios nos dela, enlaçando-a pela cintura logo depois.
Beijaram-se calma e longamente, Draco querendo passar segurança à ela por aquele beijo. Quando o quebraram, ela perguntou:
-Se não vamos sair, o que podemos ficar fazendo?
-Que tal assistir tevelisão?
-É televisão, Draco. –ela corrigiu.
-Que seja.
-Mas não tem nenhuma tv nesse quarto.
-Não seja por isso. –ele disse e pegou o telefone, discando.
-O que você vai fazer? –ela quis saber.
O loiro havia discado para a recepção e pedido autorização para conjurar uma televisão. Após ser autorizado, Draco conjurou um rack sobre o qual colocou a tv conjurada posteriormente.
Viram as programações dos diferentes canais e Gina quis assistir o filme ‘Adoro Problemas’.
Quando Gina viu os dois personagens principais do filme se casavam por engano, ela começou a rir:
-Eu não acredito nisso! Não sabia que... Você viu isso, Draco? Igual a gente!
Ele sorriu:
-É, mas na altura não estávamos tão satisfeitos assim por termos casado, assim como eles, estávamos fugindo.
-Verdade. –ela concordou.
Então quando assistiram à cena em que o cara rodava com o carro na pista:
-Nossa, esse é o nosso filme. Eu fiz exatamente isso pra ferrar a Belatriz. –o loiro comentou.
-É e eles também não se davam no começo. Parece mesmo com a gente.
Quando o filme acabou, voltaram a olhar a programação. Gina disse:
-Olha, Draco! Quero ver ‘Amor à segunda vista’? É tão legal!
-Você já assistiu, Virginia.
-Mas é legal!
-Será que você não enjoa de comédia romântica? Deixe que eu escolha dessa vez, não seja tão egoísta.
Ela fez biquinho, mas disse:
-Escolhe então.
-Hum...Onze homens e um segredo.
-Fala sobre o quê?
-Uns caras se reúnem e planejam assaltar um cassino. Aí eles têm que bolar um plano infalível.
-Como você sabe a história desse filme?
-Um cara do meu departamento no Ministério me disse. –ele explicou.
-Ok. –ela concordou em assistir.
Tinha se interessado bastante pela história do filme, mas o sono aos poucos foi a vencendo. Gina dormiu com a cabeça apoiada no ombro de Draco. Estava sonhando com o dia em que ele tinha dito não querer nada com ela:
***Flashback***
Estavam na casa de praia de Dumbledore. Num cômodo com vista para a praia e cheia de almofadas coloridas. Entraram e fecharam a porta. A ruiva o abraçou. Draco abraçou-a forte de volta, passando as mãos pelos cabelos dela. Ficaram assim por um bom tempo, apenas sentindo o calor e a respiração do outro, até que Gina levantou a cabeça e puxou Draco pelo pescoço para um beijo. Como ele havia sentido falta de ter a ruiva em seus braços... A beijava sofregamente, era uma necessidade vital.
-Acabou, Draco. Agora podemos ficar juntos. –ela disse, sorrindo abertamente pra ele.
Ele a soltou:
-Não, não podemos. –ele disse, tirando um papel do bolso –Sabe o que é isto? É aquele contrato de dívida bruxa. –e o rasgou em vários pedaços –Agora você é livre, Virgínia.
-O quê? Mas eu te amo, Draco! Tinha até esquecido esse contrato.
-Mas eu não. Eu prometi que se não conseguisse o elixir e nós estivéssemos vivos, você estaria livre. Estou cumprindo essa promessa. Você é livre!
-Eu não quero liberdade! Não esse tipo de liberdade. Que foda-se essa promessa, Draco! Pára de ser burro!!!
-Eu NÃO SOU BURRO! –ele gritou, tentando lutar contra o nó que se formara em sua garganta –VOCÊ ESTÁ SENDO, VIRGÍNIA!
-Mas eu te amo, Draco! Eu não vou conseguir ser feliz sem você. –ela baixou a voz, tentando se acalmar e convencer-se de que era apenas um pesadelo do qual logo iria despertar.
-Vai sim. Por que não arranja um cara como o Di Capizio ou vai até Roma e fica com ele.
-NÃO SEJA IDIOTA, DRACO! Acha que é fácil assim?!? Pois não é!
-Por que não? É fácil pra mim, é fácil pra você. Melhor acabar por aqui. –ele se forçou a dizer.
Draco não conseguia compreender porque era tão difícil dizer o óbvio. Era o melhor, não era? Então porque era um sacrilégio continuar com aquela conversa?
-Mas eu quero você! Eu amo você, Draco Malfoy!
Ele engoliu em seco e resolveu por um ponto final. Tomou fôlego para fazê-lo:
-Mas eu não! Suma da minha frente, Weasley! Vai ser melhor pra todo mundo. Eu não quero mais saber de você. Não quero nunca mais te ver! –ele falou, deu as costas e saiu da sala.
***Fim do Flashback***
Gina acordou com lágrimas nos olhos. Era horrível lembrar-se daquilo. Sentia uma profunda angústia dentro de si. Era como se tivessem arrancado uma parte de seu coração. Estava deitada na cama de casal do quarto do hotel, tinha consciência disso. Mas onde estava Draco? Tateou pela cama, ele não estava ali. Resolveu levantar-se. Calçou seus chinelos e foi até o banheiro. Deu um sorriso de alívio ao ver que ele estava de frente para o espelho, fazendo a barba com magia. Pelo espelho ele viu a ruiva parada à porta, com lágrimas nos olhos:
-O que aconteceu? –perguntou, preocupado, se apressando para terminar.
-Eu tive um pesadelo.
-Pesadelo? –perguntou e lavou o rosto.
-Sim. Lembra aquela vez na casa de praia do Dumbledore? Quando você disse que não me queria? Eu fiquei muito depressiva. Relembrar disso, mesmo em sonho é horrível.
A veces me pregunto si
Yo viviría igual sin tí
Draco secou o rosto numa toalha e foi ao encontro de Gina, abraçando-a:
-Foi só um pesadelo. Isso é passado, Gina.
No sé si yo sabré olvidarte
Y en un instante puedo ver
Que tú eres cuanto yo soñé
Inolvidable para mi
-Eu sei. –disse com a cabeça tombada sobre o peito dele –Mas eu não quero que isso aconteça novamente. Não sei se seria capaz de te esquecer, se não consegui em seis meses...
-Você é tudo que eu sonhei pra mim, Virginia. Inesquecível para mim. –disse suavemente.
Me pareció outra historia que
El tiempo se llevou con él,
Tú no me dejes más,
Nunca me dejes
-Por estarmos casados agora, parece até outra história você ter me deixado. Eu não tinha noção do tempo quando ficava sem você, tudo parecia passar num borrão de cores, como se eu apenas assistisse o mundo a minha volta, sem participar de nada. Foi a pior época da minha vida. Não me deixe mais, Draco. Nunca me deixe. –pediu, abraçando-o com mais força.
Ele ergueu o queixo dela delicadamente:
-Nunca, nunca mais. –murmurou antes de encostar seus lábios nos dela.
Y mientras más te añoro más
Profundo dentro de mí estás
Tu no dejes más
Enteramente ya
Jamás te olvidaré
Gina sentia-se segura e confortável nos braços de Draco. Era como se naquele instante estivesse protegida de todos os males existentes. Sentia-se em plenitude completa. Draco fazia-a sentir-se dessa maneira, com uma felicidade dentro de si tão absurdamente incrível, que beirava a irrealidade. Havia uma linha tênue entre esse sentimento de plenitude e o de angústia. Draco era o elo entre esses sentimentos antagônicos.
Oigo tu voz e tu alegría,
Siguen em mí, son todavia
Como un tatuaje de mi piel
O loiro descolou seus lábios dos dela:
-Calma, Gina. Está tudo certo entre nós. Você não estava tão insegura assim quando se apresentou ao Voldemort.
Ao ouvir o tom divertido dele, não pode deixar de sorrir:
-Era uma situação completamente diferente. Eu tive que fingir ser o que não era. –ela explicou, alisando o tórax dele.
-Virgínia Malfoy. –ele disse, respirando profundamente –Isso realmente soa bem. –ele comentou, sorrindo com divertimento.
A ruiva teve que sorrir também ao ouvir a voz dele e o ver o sorriso estampado em seu rosto.
Te veo Y sé que tú no estás,
Te busco y sé que no vendrás,
Sobre mis lábios siento
Tu forma de besar
Naqueles torturantes seis meses, teve uma semivida. Quase não comia, quase não dormia. Ficara esquelética, com a pele mais pálida que o normal e sem a maciez que costumava ter, além de possuir perceptíveis olheiras e um olhar morto e melancólico em seu olhar. Era claro que estava definhando, era como uma flor deixada a um canto sem ninguém para regá-la e faze-la acreditar que algum dia pudesse recuperar a beleza e maciez de suas pétalas, que algum dia teria seu coração curado o seu coração partido e parte de sua alma. Não era a mesma. Sobrara apenas a Gina que enterrava a cara no trabalho e trancava-se em seu quarto, escondendo-se de si mesma. Havia perdido o brilho, havia perdido a capacidade de sorrir verdadeiramente e sua própria sanidade. Às vezes via Draco de longe, mas logo ele sumia. Perguntava-se se não estava imaginando coisas.
Em todos os lugares que ia era a mesma coisa, buscava-o com os olhos. Mas de que adiantava? Pensava da seguinte maneira: Ele nunca viria a seu encontro. Nunca diria que tudo não passara de um engano e que a amava. Porém, o tempo não apagava as lembranças que tinha do tempo em que fugiam juntos. Não apagava a sensação maravilhosa que era ter os lábios dele sobre os seus. Não apagava seus toques, gestos e palavras. Não apagava o quanto ele a tinha magoado. Mas principalmente não apagava o amor que sentia por ele.
-Virgínia? –ele chamou –Você está bem?
Ela chacoalhou a cabeça, de modo a espantar os pensamentos do passado:
-Apenas pensando em coisas ruins. –respondeu melancólica, com os olhos marejados, mas sem querer derramar uma única lágrima.
-Não fique assim. –ele a abraçou com mais força –Estamos em lua-de-mel, sorria. Ao te ver com essa expressão me dá vontade de protegê-la, mas ao mesmo tempo faz com que eu me sinta culpado.
Ela sorriu relutantemente:
-Eu estou uma manteiga derretida. –reclamou- Você é inesquecível para mim, Draco.
Ele deu um sorriso presunçoso:
-Claro, eu fui seu primeiro e único homem.
Gina engoliu em seco. Até quando agüentaria se sentir culpada por guardar aquele segredo?
-Porque eu te amo. –ela murmurou –Mas será que o nosso casamento vai durar pra sempre?
-Quero dizer que não tem com que se preocupar. Por mim, nós nunca vamos nos separar. Você terá que me agüentar até virar um velho caduco, surdo, teimoso e cheio de manias ridículas.
Ela riu:
-Teimoso você já é.
-Posso ser teimoso e ter um monte de defeitos, mas você me aceitou com eles, Virgínia.
-É eu sei, a minha mercadoria veio com defeitos.
Ele ficou sério, erguendo as sobrancelhas:
-Espero que você não queira fazer uma troca.
-Não mesmo. O seu amor é o bem mais precioso que possuo. Gosto de você do jeito que é, meu gatinho.
Eres intensamente mío,
Lo más que tengo y que he tenido,
Tú no me dejes más,
Nunca me dejes
-Você é única, Virgínia. Eu não pensei que pudesse ser tão fraco assim?
Ela fez cara de curiosa:
-Do que está falando, Draco?
As bochechas dele coraram levemente. Enquanto que Gina corava com a parte relacionada a sexo, Draco corava com relação aos seus sentimentos. Apenas quem olhasse atentamente poderia perceber a leve coloração rósea em seu rosto.
Ele olhou para outro lado antes de dizer:
-Eu achava que não podia ficar mais apaixonado por você. Mas pelo visto, foi um engano. Quanto mais eu olho pra você, mais idiota eu fico e eu odeio essa sensação.
-Olha pra mim, Draco. –ela pediu, tentando esconder o divertimento em sua voz, ele focou seus olhos nos dela –Em outras palavras, quer dizer que você me ama mais do que consegue compreender?
Ele baixou os olhos e pensou involuntariamente.
“Eu te amo mais do que qualquer outra coisa.”
Y mientras más te miro, más
De ti me puedo enamorar,
Tú no me dejes más,
Nunca me dejes,
No lo hagas más porque...
Ela sorriu com o acanhamento dele:
-Quando é que você vai deixar de ser tímido desse jeito pra dizer o que sente?
Ele olhou-a de volta:
-Quando é que você vai deixar de ser tímida quando se trata de sexo? –ele contrapôs.
Gina sentiu-se quente e suas bochechas coraram:
-E-eu... –começou, mas não continuou.
-O que eu disse? Eu fui educado para não amar.
-E eu sou a caçula, a protegida. Fui educada para não deixar de ser virgem antes de me casar. A minha mãe só conversou comigo sobre sexo quando eu fiquei menstruada pela primeira vez. Ela disse o que os homens iriam querer comigo, mas que não era para eu ceder. Disse que eu deveria fazer isso apenas quando eu amasse e estivesse casada.
Ele sorriu:
-Pelo visto, você não resistiu ao meu charme Malfoy. Só cumpriu metade do que a sua mãe te recomendou. –respondeu, com sua voz arrastada.
-Nem você. Nós fizemos amor em Roma e depois eu me senti culpada ao pisar na minha casa. Mal conseguia encarar a minha família.
-Eu não sabia que você se sentiu culpada.
-Todas vezes eu me senti culpada ao encarar a minha mãe...Mas eu te amo. Estávamos no meio de uma guerra e não sabíamos do dia de amanhã, eu não podia deixar de aproveitar os momentos em que estávamos juntos. –disse, ainda vermelha.
Ele sorriu:
-Então você confiou no que eu disse. Você acreditou quando eu disse que te amava em Roma.
-Mas você só disse depois que fizemos amor, lembra-se?
-É mesmo. Mas então...
-Eu sabia que você me amava, Draco. Você me pediu em casamento, Draco.
-Mas e se eu não tivesse pedido naquela hora?
-Ainda assim eu saberia. Você estava usando a aliança e os seus olhos brilhavam, sua expressão era de arrependimento e você disse que nada nos separaria.
Ficaram um tempo em silêncio. Até que Gina disse:
-Sempre que era noite e eu não estava com você. Eu olhava para o céu e me lembrava de você. Ficava suspirando que nem uma boba, na expectativa de que você viesse naquela noite.
Si miro al cielo
Yo siento que serás
Inolvidable para mí
Oh no, no, no
Tú no dejes más
Nunca me dejes
-Mas você sabe que durante a guerra eu não podia ficar me arriscando a sempre ir te ver.
-Claro que sabia. Mas sempre tinha esperanças de que você poderia aparecer. Eu não conseguia parar de pensar em você. Rezava para que nada de mal te acontecesse. Eu não suportaria te perder.
Inolvidable nada másni nada menos tú serás,
Tú no me dejes más,
Nunca me dejes
No,...
Nunca me dejes,
Nunca me dejes
-Mas você não pode dizer que não te recompensei por tanta aflição quando acabou a guerra. –ele disse, com um sorriso irônico.
-Não posso mesmo. –ela respondeu um pouco envergonhada –Quase todas as noites você aparecia no meu quarto quando todos estavam dormindo e nós dormíamos juntos.
-E eu nem podia imaginar que você se sentia culpada, Gina. Você não apresentava a mínima resistência...
-É que eu sentia sua falta e estava feliz por minhas preces serem ouvidas e eu não ter te perdido. Você chegava tão carente de afeto, dizendo que o dia no ministério não tinha sido fácil. Apesar de eu também me sentir cansada pelo excessivo trabalho e saber que depois me sentiria culpada, eu não podia deixar de fazer amor com você. O desejo era mais forte que eu.
No, no...Y se hace grande y cece em mí
Este deseo que sentí
Tú no me dejes más
Nunca me dejes
Y mientras mas te
Añoro más
Profundo dentro de mí estás
-E agora? Não sente mais desejo por mim?
-No presente momento não muito, ficar menstruada faz despencar o meu desejo.
-E quanto aos outros dias?
-Você sabe que eu queria, Draco. Mas não vamos discutir sobre isso. Eu não quero brigar com você mais uma vez. Apenas quero que não me deixe mais.
-E o que eu faria sem você? Eu olho para você e sinto que fiz a coisa certa, Gina.
Ela sorriu.
Tu no me dejes más
Que sola ya sín ti,
Ahora y siempre te veré
En mi mirada,
Inolvidable tú no me dejes más
Nunca me dejes
-Mas quero ouvir de você também. Você nunca vai me deixar?
-Nunca. –ela respondeu, sem ao menos hesitar –Nem tenho porque, Draco.
Ele engoliu em seco e sorriu levemente para disfarçar seu nervosismo.
“Ai se ela descobre do irmão dela...” pensou, desviando brevemente o olhar e depois voltando a encará-la.
-Gina, você não se importa se eu for dar uma volta pelo hotel? Quero ver se tem algo para fazermos depois. Mas se você não estiver muito bem, eu não irei...
-Não me importo. Pode ir sim. Já estou melhor.
Ele virou-se e ia começar a andar, mas Gina segurou-o e virou-o de volta:
-O que foi?
-Esqueceu disso. –ela respondeu, erguendo-se na ponta dos pés para beijá-lo.
Ele segurou-a pela cintura. Gina passou os braços por trás do pescoço do marido. Era um beijo intenso e proposital. Sim, Gina estava com ciúmes do loiro sair sozinho pelo hotel. Quando ela o soltou, conseguiu o que queria. Os lábios dele estavam vermelhos e levemente inchados, além de que o perfume da ruiva se impregnara nele. Ele sentiria a pressão dos lábios dela por um bom tempo e sentiria o seu perfume, assim lembrando-se de Gina enquanto estivesse sem ela.
-Agora pode ir, querido. –falou e fechou a porta do banheiro.
Draco saiu do quarto sem entender qual era a dela.
Após alguns minutos, Gina saiu do banheiro. Suspirou e olhou pelo aposento. Estranhamente a porta estava entreaberta.
“Nossa, mas que estranho. O Draco não é de deixar as portas abertas, quem costuma fazer isso sou eu.” Pensou, enquanto se dirigia até a porta.
Olhou para os dois lados do corredor, não havia ninguém. Fechou então a porta. E virou-se. Avistou um papel vermelho entre as almofadas escuras do divã. Foi até lá e pegou-o, abrindo-o em seguida. Leu o conteúdo. Não acreditou. Devia ser uma brincadeira. Leu mais uma vez e pensou que estava ferrada. Resolveu arriscar uma terceira vez e acabou se convencendo de que era apenas uma coincidência, que haviam errado o quarto. Não havia como alguém que pudesse prejudicá-la saber disso, havia?
Leu uma última vez. Em letras recortadas de jornais, estava escrito:
Eu sei do seu segredinho.
Era apenas isso. Nenhum cumprimento, nenhum encerramento, apenas aquela frase.
“Oras, isso poderia ter sido enviado a qualquer pessoa. È apenas a idéia que alguém faz de uma brincadeira.” Pensou e atirou o papel na lareira, deixando-o queimar gradativamente.
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