Balli Canyon
Harry andava decidido pela chuva com sua vassoura na mão, nada podia mudar o que estava para acontecer, nem Quim nem Hermione. “Você só pode estar louco” disse ela horas antes “Será que também está cego, olhe isso!” agitando em sua cara novamente o exemplar d’O Profeta Diário.
A notícia dizia claramente:
“Ministério descontrolado
O Ministério tem tido perdas vitais nos últimos tempos e o Profeta Diário traz em primeira mão prováveis motivos de tais acontecimentos. Alguns meses atrás um grupo de turistas trouxas desapareceram em Balli Canyon, uma pequena “cicatriz” da Inglaterra a alguns quilômetros de Londres. O Ministério da Magia insistiu que o caso não era de urgência e disse que era comum alguém se perder naquela região. Uma semana depois, sem se ter nenhuma notícia dos turistas o Ministério decidiu mandar dois Aurores para checar mais sobre o caso.
O Auror Dawlish e seu companheiro também desapareceram no Canyon, com os recentes ataques de Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado à área o Ministério decidiu abafar o caso e desde então não se têm mais informações sobre o mesmo.
Ultimamente não só Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado tem mandado seus seguidores atacarem o local como já teve suas aparições pela área, o Profeta Diário se sente obrigado a passar um sinal de alerta para todos os membros da sociedade bruxa da região para que permaneçam em suas casas para sua própria proteção, pois há grande suspeita de que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado esteja no local.
Continuação pág 2”.
No fundo aquela notícia assustou a Harry, mas não foi o suficiente para faze-lo parar. Naquele momento Hermione devia estar na sala de Quim contando com havia corrido atrás dele, mas não conseguira pará-lo e contando também para onde ele ia.
Harry passou todo aquele dia para planejar como poderia sair daquele castelo e não tinha imaginado como era tão simples. A resposta estava lhe esperando no seu quarto.
Agora Harry encarava o portão de Hogwarts, nunca havia lhe parecido mais fácil passar pela escola com capa da invisibilidade antes, com exceção de Hermione o seguindo implicando para ele parar, eles não encontraram mais ninguém.
Por causa da chuva ele não poderia andar com o mapa do Reino Unido que “emprestara” da biblioteca. Mas isso não causaria muitos problemas, pois ele já sabia muito bem o que tinha de fazer. O tempo estava acabando para Harry como ele pôde perceber quando a porta do castelo se abriu e Quim saiu de lá correndo em direção a Harry.
Ele não esperou uma deixa, seus planos estavam desabando, Harry subiu em sua Firebolt e, encarando o céu negro acima dele partiu, deixando Quim berrando atrás dele e lançando feitiços para tentar pará-lo, mas a Firebolt era muito veloz em questão de segundos Harry não podia ouvir os berros de Quim.
Ele se sentia livre, agora ninguém podia pará-lo e nem controla-lo, ele fazia suas próprias decisões, e sua primeira decisão livre já havia sido tomada.
Logo depois de partir de Hogwarts a chuva acabou, mas a noite ainda continuava muito fria, o que não colaborava muito para Harry. A viagem acabou sendo curta graças à velocidade da Firebolt de Harry, mas a parte mais importante não era a viagem em si, mas o destino.
O vilarejo de Conotor’s Hollow ficava próximo do Balli Canyon, e foi ali que Harry pousou para se aproximar a pé sem ser percebido até o canyon. No começo pareceu uma boa idéia, pois ao pousar Harry percebeu como aquele era um lugar muito tranqüilo e, aparentemente, ninguém deve ter percebido seu pouso. Mas ao chegar no canyon Harry pensou que todo seu plano, desde sair de Hogwarts até ir lá, foi uma besteira, pois o local estava muito escuro para se ver, até mesmo a palma de sua mão.
Alguns segundos depois, quando os olhos de Harry se acostumaram ao escuro, sua suspeita de que ir até ali foi um erro se transformou em certeza. O canyon em si não era nada muito extraordinário, pois não chegava a ser muito profundo e podia ser até mesmo escalado. Mas o que o assustou foram os pequenos detalhes que se percebia do topo.
Havia definitivamente alguma coisa que não devia estar lá, o canyon formava uma circunferência quase perfeita, e em seu centro podia se perceber uma estátua, ela tinha seu braço direito estendido como se segurasse algo com a palma da mão, e espalhados pela circunferência se viam buracos, como se houvessem câmaras abaixo da terra onde algo morasse. Mas o que mais assustava Harry é o que morava lá, formas negras patrulhavam a área do canyon procurando por algo, “Talvez invasores” pesou Harry “Terei de ser mais cuidadoso”.
Por muita sorte Harry havia trazido sua vassoura junto, pois o que se seguia estava completamente fora de seus planos. De longe uma forma havia sentido algo se aproximar do canyon, Harry também pôde sentir algo se aproximar, o ar começou a ficar frio e Harry começou a se sentir infeliz, logo percebeu o que estava acontecendo e ao olhar para o lado avistou um dementador se aproximando dele rapidamente, e tão rapidamente quanto o dementador se aproximando Harry já estava encima de sua Firebolt, os momentos que se seguiram aterrorizaram Harry profundamente.
Harry levantou vôo e saiu como um jato em direção ao centro do canyon, uma vez já descoberto ele precisava agir mais rapidamente, mas o que ele não esperava era o que o dementador fizera a seguir. Ele saiu flutuando pelo ar, e com um som agudo como um grito ele de certa forma “chamou” outros dementadores, muitos outros.
Harry guinou sua Firebolt para baixo fazendo um rasante, o medo que se apoderava dele impedia que olhasse para trás, Harry passava a toda velocidade pelos túneis perfurados no canyon, em cada túnel se viam centenas de dementadores saindo como tiros e indo em direção à Harry.
Seu alvo era a estátua no centro co canyon, de cima ela parecia estar tão perto, mas Harry percebeu estar enganado, ela estava longe até demais. Harry não pôde mais resistir, não poderia prosseguir sem saber o que encarava, a resposta chegou segundos depois quando ele finalmente olhou para trás, as centenas de dementadores continuavam a sair dos túneis que ele já passara, mas o que mais o preocupava eram os milhares de dementadores logo atrás dele.
Ele pareciam estar disputando uma corrida para despedaçar o corto de Harry, loucos prontos para atacarem eles passavam como tiros em direção a ele.
Se focando novamente para seu alvo Harry se concentrou para atingir uma velocidade maior, a estátua parecia cada vez mais próxima, agora ele estava pronto. Com a proximidade Harry pôde perceber maiores detalhes da estátua. Ela foi construída para parecer um dementador como Harry pode perceber, o capuz escondia completamente sua face, e em suas costas saíam um par de asas semelhantes às asas de morcegos.
A cada segundo que Harry se aproximava ele podia perceber novos detalhes por todo o canyon, pequenas barracas foram espalhadas pelo o canyon e, ao passar pelos túneis ele também pôde ver brocas gigantescas, aparentemente os túneis ainda não estavam prontos, os dementadores deviam ter sido mandados para lá para procurar alguma coisa no subsolo. Agora Harry finalmente conseguiu ver o que a estátua segurava, ela tinha em suas mãos uma taça ornamentada que Harry já lembrava de ter visto em algum local, ele logo se lembrou onde vira a taça. No ano passado ele tinha visto aquela mesma taça em uma memória na penseira de Dumbledore. Aquela devia ser a Taça de Hufflepuff que Voldemort havia roubado de uma rica senhora quando trabalhava na Borgin & Burkes.
Aparentemente os dementadores não tinham a menor intenção de permitir que Harry chegasse até à taça tão facilmente, pois logo que perceberam o que Harry pretendia fazer oito dementadores passaram como raios ao lado de Harry se projetando em sua frente formando uma parede que impedia ele de chegar até à taça, por puro reflexo Harry teve de agir antes do impacto contra a “parede” e puxando ferozmente sua vassoura para cima conseguiu se livrar dos dementadores, mas os problemas haviam apenas começado, pois logo após passar pelos oito primeiros dementadores os que estavam atrás de Harry começaram a avançarem e formaram uma esfera com um pequeno buraco, o buraco começou aumentar e antes que Harry pudesse entender o que estava para acontecer os dementadores dispararam em direção a ele fazendo-o entrar na esfera pelo buraco e logo o tapando. O interior da esfera de dementadores era completamente oco e agora Harry se sentia como um peixe preso em uma rede, mas o pior ainda estava por vir, os dementadores começaram a se aproximarem de Harry fazendo a esfera diminuir, não havia uma porta, nem um buraco sequer para que Harry pudesse sair, ele tinha que tomar uma decisão e logo, a única opção era um impacto direto com dementadores para escapar, mas o problema era que ele não poderia ver para onde estava indo.
“Bem, não custa nada arriscar” pensou ele, e parou quase completamente sua vassoura, os dementadores atrás dele continuaram em velocidade máxima e o impacto foi inevitável, com o choque se abriu um buraco na esfera, mas o que Harry não esperava era dar de cara com o chão, por estar em uma baixa velocidade ele conseguiu parar antes de bater no chão, e mais uma vez salvo pela sorte uma parte do buraco levou ele para um dos túneis agora vazios, com as centenas de dementadores saindo a toda hora Harry não pôde ver como esses túneis eram apertados, mas ele não teve muito tempo para analisar os túneis, pois logo já estava perdido nos mesmos.
Ele tentava memorizar como eles eram e quais os lados que ele virou. “Esquerda, esquerda, cima, direita, baixo” pensava ele, mas não conseguia encontrar nenhuma saída. Por fim ele pôde ver uma pequena luz no fim do túnel qual se encontrava, mas logo foi desviado, ao passar em um cruzamento com um outro túnel que levava para baixo um dementador vindo de cima acertou seu corpo em cheio derrubando-o da vassoura, durante a queda harry percebeu que a vassoura havia sido desviada de curso e agora caía ao seu lado, rapidamente ele a agarrou conseguindo para a queda.
Segundos depois ele fez um pouso silencioso alguns metros abaixo seguindo aquele mesmo túnel pelo qual vinha caindo. Agora podia ver pequenas construções no último andar de todos aqueles túneis, mas ao prestar mais atenção ele viu que as construções só pareciam serem pequenas por estarem muito longes, pois na verdade eram como casas comuns, mas gigantescas, simplesmente enormes.
Derrepente Harry ouviu um estranho barulho vindo de longe, ao olhar para o lado ele pôde ver um gigante vendo em sua direção, “Talvez seja apenas uma coincidência” pensou ele, “pode não ter me visto”. Harry estava certo, ao chegar mais perto o gigante mudou seu rumo passado diretamente pelo local onde Harry estava sem vê-lo.
- Foi uma besteira ter vindo aqui – Murmurava Harry sozinho – Devia ter ficado em Hogwarts. Não há livro algum aqui!
- Mas ao menos você tentou não foi Potter? – Disse uma voz vinda de trás de Harry. Ao se virar para ver de onde aquela voz tinha vindo Harry viu um comensal olhado diretamente para ele.
- Quem é você?
- Faz muito tempo que espero para te conhecer garoto – Disse o comensal e tirou a máscara que cobria seu rosto – Não me conhece?
O rosto não lhe lembrava nada, mas a voz daquele comensal lhe soava muito familiar.
- Meu nome é Régulo, Potter.
- Você devia estar morto – Disse Harry sem acreditar.
- É o que todos pensam – Disse ele com um sorriso.
- E o que você pretende fazer – Desafiou Harry – Me matar? Sozinho?
- Você sabe muito bem que não Potter – Disse ele ainda com um sorriso – Você mais que qualquer um já deve ter achado o medalhão de Slytherin falso troquei pelo verdadeiro.
- Você está realmente Voldemort? Eu não acredito em você.
- Quer uma prova?
- Quero.
- Então vá embora, isso já é mais do que uma prova.
Harry virou-se de costas e foi em direção à sua vassoura, mas algo o fez parar. O cadáver de Dawlish jazia a alguns metros de Harry, ele segurava firmemente um estranho livro, Harry não podia acreditar que um auror com Dawlish estava morto, mas o que mais o surpreendeu era o livro que ele segurava. Ao olhar para trás Harry pôde ver Régulo indo embora e não pensou duas vezes, foi até o cadáver e tirou o livro de suas mãos, “Será que é este livro” pensou ele.
- Provavelmente não é, “o livro” parece ser um livro poderoso cheio de feitiços, e este parece ser apenas um diário – Disse ele folheando as páginas do livro em suas mãos.
Harry colocou o livro em uma pequena mochila que trouxe e montou em sua vassoura, olhou para um pequeno ponto de luz encima de sua cabeça e partiu, no limite da velocidade de sua vassoura, a saída que antes parecia estar tão longe teve um rápido percurso, e logo Harry já estava se afastando do canyon.
Harry pousou novamente no vilarejo de Conotor’s Hollow e desta vez usou um transporte mais rápido. Se alguém chegasse para Harry naquele momento e o perguntasse para onde ia ele teria o maior prazer em responder “Vou para casa”, e com um estalo ele desapareceu.
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