o prisioneiro
N/A: Essa é uma fanfiction que surgiu a partir do sexto livro e contém spoilers. Se você não quer saber do que houve no livro seis, NÃO leia. Essa fanfiction é de conteúdo Slash Yaoi, ou seja, contém cenas de romance entre meninos. Se você despreza, enoja ou simplesmente não gosta, NÃO leia. Se você não liga para ambos, divirta-se, assim como eu me diverti bolando a história.
Capítulo um - o prisioneiro
- Dia. - cumprimentou um dos guardas ao advogado. Seria hipocrisia desejar algo mais a alguém que adentrasse os portões de Azkaban. De certo, o lugar ficara bem mais humano sem as terríveis criaturas que eram os dementadores, e apenas alguns setores ainda os utilizavam, mas havia tanta maldade no ar que era uma sorte não ter transformado-se em gás venenoso.
Edward Jones dera-lhe um leve aceno de cabeça e murmurou um "dia" em resposta. De fato, dia seria, mas não trazia boas notícias ao seu cliente. Caminhou por dúzias de celas, acompanhado pelo guarda, em um corredor espaçoso até uma grande porta de segurança máxima. O homem empunhou a própria varinha e levantou-a na altura dos olhos, murmurando dúzias de feitiços e eventualmente tocando em diferentes pontos da porta. Passados alguns minutos, esta fez um creque. O homem baixou a varinha e informou:
- Os habituais vinte minutos. - e saiu caminhando para o início do corredor. Edward abriu a porta e passou por ela, que fechou-se automaticamente às suas costas. A sala pequena era iluminada apenas por um lampião a óleo. Ali havia apenas uma cadeira vazia, próxima a Jones, e uma mesa alta e aparentemente velha.
Ao outro lado da mesa estava o seu cliente.
Acorrentado pelos pulsos, canelas e pescoço, os cabelos louros sujos e sem corte fracamente iluminados pela fraca chama e os olhos cinzentos mirando o tampo da mesa, ali estava a divagar. O advogado sentou-se à sua frente, acomodando-se na cadeira vazia, e pigarreou para chamar-lhe a atenção.
- Então, Sr Malfoy, tem se sentido bem ultimamente? - começou o moreno, cruzando os dedos, as mãos apoiadas de leve sobre a mesa. O outro olhou-o, incrédulo.
- Tanto quanto um prisioneiro poderia estar. - disse, a sua habitual voz arrastada, como uma serpente que rasteja-se até a sua vítima, embora ainda à espreita.
- Oh, claro, claro... - murmurou o outro, levando uma das mãos aos cabelos castanhos, tentando ganhar tempo para organizar os pensamentos dentro de sua mente. Como, enfim, diria?
- Diga logo porquê motivo veio. - mandou o louro, embora fracamente. Azkaban está acabando com ele, pensou Edward, sem saber dizer se aquilo era bom ou, de fato, ruim.
- Bem, eu tenho notícias... - começou novamente, a voz hesitante, e ao mirar os olhos urgentes do outro, acrescentou rapidamente: - boas e ruins!
- Fale-me das boas primeiro. - ordenou o Malfoy. Talvez considerasse uma boa idéia sentir-se um pouco feliz, antes de voltar ao seu habitual estado de melhores expectativas.
- Bem, Sr Malfoy, a notícia boa é que, pelo o que o senhor me disse, há sim uma maneira de sair daqui! - informou o homem, um leve sorriso esboçado no rosto. O louro sentiu-se um pouco melhor em ter aquelas notícias.
- E as ruins, Jones? - perguntou. O moreno livrou-se do sorriso de uma vez só. Mau sinal..., pensou o outro.
- A ruim é que, para você sair, só com o testemunho de alguém que possa provar as suas intenções... E, bem... Só com o testemunho de... Ahn... - o homem hesitava cada vez que aproximava-se de revelar o nome daquele que poderia, enfim, tirar ele dali. O Malfoy começou a irritar-se com aquilo.
- Diga logo de uma vez!! - bradou, os velhos traços da família tornando-se mais nítidos com a força daquelas palavras.
- De... Harry Potter, senhor.
As palavras do advogado forçaram-se garganta abaixo do louro e fizeram-no engasgar-se. Não poderia engolir aquilo facilmente... Seus olhos arregalaram-se quase que de súbito e ele jogou-se para trás na cadeira repentinamente, como se tivesse sido esbofeteado.
Harry James Potter
Asquilo perfurava-lhe a mente e alojava-se no lugar de onde, um dia, pertencera à razão. Ele parecia ter perdido a capacidade de raciocinar, permanentemente.
- Potter...? Harry Potter? - repetiu, as palavras se atropelando por entre os seus lábios. - Então o resto da minha vida... da minha maldita vidinha... depende do Potter?
- Bem... É. - foi a única coisa que o moreno conseguiu dizer ao seu cliente. O louro mirou-o e seus olhos estreitaram-se perigosamente, fazendo o advogado sentir a sala um pouco menor e mais abafada do que deveria ser. - B-bem... Ele é o único que sabe que você não estava agindo por si, mas sim pelas ameaças de Você-Sabe-Quem... E que não foi o senhor quem matou Albus Dumbledore... E que se não fosse o senhor...
- Calado, Jones! - ordenou ele e cerrou os olhos segundos após, cansado e irritado. Balançando a cabeça de leve, negativamente. Potter jamais falaria sobre aquilo, afinal, não lhe devia nada. Ele nunca fora exatamente o tipo de pessoa de que Harry tentaria poupar. Reabriu os olhos, quase conformado com a prisão perpétua (talvez pena de morte, quem sabe os dementadores servissem para isso?) e virou sua atenção ao moreno, novamente. - E pare de me chamar de senhor. Você é mais velho que eu! - disse amargurado. Ser chamado de Sr Malfoy o fazia sentir-se igual ao pai, e ele não queria isso. Não mais.
- Certo, certo, mas Sr Malf... Draco! - acrescentou rapidamente ao notar o olhar de censura do outro. - Bem, Draco, ele não poderá mentir, de qualquer maneira. Então a verdade será dita, e se for, você certamente que será liberado!
- Ah. Ótimo. - disse Draco, pouco esperançoso. Estivera há cinco anos aprisionado a Voldemort, e há três meses aprisionado a Azkaban. Talvez, ainda, nem chegasse a ser livre novamente. Não havia, enfim, esperança alguma sob seus olhos, lembrando-se de que, mesmo que estivesse livre, não haveria para onde voltar.
Ouviu-se um creque às costas de Jones e o guarda abriu a porta. Era hora de partir dali, pensou Edward, agradecido. Levantando-se, então, murmurou a Draco:
- Ele testemunhará daqui a três dias, na sexta-feira.
BUM.
A porta fora fechada com violência e lá estava ele novamente, sozinho no silêncio impenetrável da cela. Que falta de sorte..., foi a última coisa em que pensou, antes do óleo do lampião acabar e ele ser invadido por escuridão.
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