O retorno de Severo Snape
Harry continuava desacordado, ao pé da árvore do cemitério de Godric’s Hollow. Como fora parar lá, ninguém sabia. Além disso, os gritos de seus amigos não foram o suficiente para mantê-lo acordado. E, como se nada pudesse ficar pior, eles foram surpreendidos pela visita de Severo Snape, mas as surpresas do ex-professor pareciam não parar por aí.
- Ele está acordado! – gritou Luna, despertando a atenção de todos, que conversavam adiante.
- Ah, Harry – disse Hermione, agachando ao lado do amigo – Está abrindo os olhos.
Harry abriu seus olhos e olhou ao seu redor. Lembrava vagamente do que estava fazendo ali, ainda que estivesse confuso a respeito do motivo. Sua vista estava fraca e embaçada, porém aos poucos foi distinguindo cada um de seus amigos e tentando se levantar.
- Não! – disse Ron, empurrando-o de volta – Fique deitado, você ainda está fraco.
- O que aconteceu? – perguntou.
- Você não... se lembra? – perguntou Ron, um tanto quanto apreensivo, duvidando da sanidade do amigo, que ainda não se recuperara completamente.
- Não muito – respondeu – Lembro apenas de uma dor muito forte na testa e de ter vindo parar aqui, sabe-se lá como... Este cemitério, de novo... E, quando estava quase desmaiando, eu vi... Mas não, acho que estava sonhando.
- Você não estava sonhando – disse Snape, saindo de trás da árvore com algumas ervas na mão, o cabelo ensebado e as vestes pretas rasgadas embaixo – Foi a mim que você viu, estou mesmo aqui.
- O quê, não, Snape! – gritou Harry com fúria, tentando se levantar e, possivelmente, acabar com seu ex-professor ali mesmo, mas seus amigos o seguraram – O que você está fazendo aqui, seu covarde? – Snape mordeu os lábios - E vocês – disse, olhando para Ron e Hermione – Por que estão me segurando?
- Harry, calma – disse Hermione – Ele está aqui por um motivo, nos contou tudo. Você precisa escutá-lo e...
- NÃO! Ele matou Dumbledore! Você me paga! – esperneou Harry – Nada do que ele me disser vai me convencer de que ele não é um assassino covarde e traidor! - Harry agora fora surpreendido por uma azaração para que ficasse imóvel e, finalmente, quieto.
- Desculpe, Harry... – disse Hermione, guardando novamente a varinha dentro do casaco – Mas você precisa ouvi-lo, é sério... Confie na gente, pelo menos.
Harry tinha uma ridícula expressão no rosto, por ter sido pego de surpresa. Estava com a boca aberta, porque estava gritando, as sobrancelhas frisadas, porque estava bravo, e uma das mãos para cima, como quem estivesse socando o ar. Já não era agradável ficar naquela posição, mas ainda por cima olhar para a frente e encarar a pessoa que ele provavelmente mais odiava no mundo, Severo Snape. O ex-professor, calmamente, veio então em sua direção e, com frieza, disse:
- Como sempre precipitado, Potter – suas vestes longas tocavam o chão, mesmo rasgadas – Creio que o conhecimento pífio que obtenha a meu respeito não seja o suficiente ao menos para mantê-lo calado quando precisa apenas ouvir algumas palavras.
A boca de Harry se contraiu. Sua raiva estava penetrando em suas entranhas e parecia que ele ia explodir.
- Bom, assim é melhor – disse Snape, vendo a aflição de Harry por estar azarado e sentou-se ao seu lado, como se fosse um velho amigo de infância que chegara para tomar uma xícara de chá – Não seria conveniente acendermos uma fogueira? Já é quase noite...
Instantaneamente os outros garotos começaram a procurar lenha e acenderam uma fogueira logo à sua frente, e Snape começara a falar.
- Não digo que esta situação me agrada, Potter – disse Snape, que agora segurava um ramo de alecrim nas mãos, tentando dobrá-lo – Mas há muito a ser dito, e seus amigos foram muito mais inteligentes que você ao ouvirem o que eu tinha a dizer antes de me atacar – Snape olhou para Hermione, que respondeu com um sorriso, pois afinal foi apenas por sua causa que os outros não mataram Snape assim que o viram – Você sempre agiu por impulso, talvez a azaração tenha lhe servido para algo, enfim.
“Dumbledore era a pessoa a quem eu mais amava na vida”, continuou Snape, ignorando o fato de Harry estar imóvel. Os outros já estavam sentados em volta da fogueira e, com exceção de Luna, que olhava as estrelas pelo bisbilhoscópio, todos prestavam atenção novamente ao que Snape estava falando. “Eu estou aqui para lhe explicar o que culminou em sua morte, naquela noite.” Harry mexeu um dos dedos da mão – o efeito da azaração estava indo embora aos poucos. “Ele sempre confiou em mim, acredito que tenha seus motivos. Eu sempre fui fiel a Dumbledore e tudo o que posso fazer é contar o que aconteceu e esperar que vocês façam o mesmo”.
- Antes do início das aulas – prosseguiu o ex-professor – O Lord das Trevas ofereceu à Draco Malfoy uma missão muito difícil e, caso ele aceitasse, ele poderia se tornar um Comensal. Você conhece Draco, não é verdade? Sempre tão ambicioso... Seu pai estava em Azkaban, depois do vexame no Ministério. Ele também já tinha provado ser suficientemente burro ao colocar em risco algo especialmente valioso a Voldemort, há alguns anos, então o Lord das Trevas queria, na verdade, mostrar aos Malfoy quem mandava. Foi por essa razão, acreditando que Draco iria fracassar, que ele lhe ofereceu sua missão, e Draco, inocente e ambicioso como era, obviamente aceitou, para desespero de sua mãe. Ela veio me procurar depois, pedindo que eu o ajudasse, mas não podia, pois a missão tinha sido dado a ele apenas.
“Desde o retorno do Lord das Trevas”, Snape continuou, Harry ainda olhava para ele de canto de olho, “Dumbledore me pediu para que eu ficasse atento a qualquer movimentação. Sempre fui fiel a Dumbledore, mas Voldemort ainda me considerava um espião em Hogwarts. Se desconfiasse de mim, eu colocaria em risco a vida de Dumbledore e a sua própria. Sim, Potter, a sua vida, por mais insignificante que ela seja para mim”. Snape evitava a todo custo olhar nos olhos de Harry, que continuava obrigado a ouvir.
- Dumbledore sabia que eu deveria parecer o mais fiel possível a Voldemort. Se ele me matasse, Dumbledore deixaria de receber informações preciosas a seu respeito e, desta forma, não poderia lhe ajudar muito, Potter, pois nenhum outro Comensal faria o que eu fiz. Todos são demasiadamente burros para pensarem em outra coisa senão servir ao Lord das Trevas. Eu era fiel a Voldemort, porque Dumbledore quis assim. E, quando ele retornou, há três anos, Dumbledore me pediu que ficasse mais ativo em meu papel como falso Comensal, para que não parecesse omisso à volta de Voldemort e, por isso, gerasse mais desconfianças. Assim, sendo sempre o seu mais fiel seguidor, eu gozava de privilégios que nenhum outro Comensal jamais poderia sonhar em ter. E quando Voldemort decidiu dar a missão a Draco, ele me contou. Aliás, me pediu para que não ajudasse o garoto. Estava claro que queria que ele fizesse tudo sozinho, provavelmente porque não teria capacidade para tal e acabaria sofrendo as conseqüências já premeditadas como forma de vingança à família Malfoy. Idiotas.
- Mas então a mãe do Draco foi te procurar, não? – disse Hermione, trazendo de volta o foco à conversa – E aí?
- Ah bom, sim – disse Snape, se recuperando – Ela foi me procurar em casa, junto com sua irmã, Bellatrix. Eu gostaria de dizer que, apesar de todo o meu esforço, Voldemort jamais confiou plenamente em mim, assim como jamais confiou plenamente em qualquer outro ser humano, exceto ele mesmo. Por maiores que fossem meus privilégios ao seu lado, eu era um suspeito como qualquer outro e, por esse motivo, ele colocara Rabicho em meu encalço, para vigiar cada movimento meu. Essa foi apenas uma de suas providências, o que descobri somente mais tarde.
Harry recuperara os movimentos dos braços e das pernas, porém ainda não conseguiu falar. Sua voz não saía, mas ele estava visivelmente mais calmo. Hermione perguntou se estava tudo bem, ele assentiu, o que deu a Snape o aval para que continuasse falando. A essa altura, Harry estava muito interessado no que o ex-professor tinha a dizer.
- Voldemort, conforme descobri mais tarde, havia me contado apenas metade de seus planos. Ele tinha me dito que a missão de Draco era colocar os Comensais dentro de Hogwarts, para que pudessem amedrontar Dumbledore, provar que a escola não é segura. Isso definitivamente faria com que a escola, lugar que Dumbledore controlava interiramente, fechasse e tirasse todos os alunos de sua influência. Era um pensamento absolutamente estratégico. Fazendo isso, ele tiraria todos os alunos de perto de Dumbledore, inclusive você, Potter. E, fechando a escola, você voltaria para a casa de seus tios trouxas, ficando desprotegido ao completar 17 anos. Esse foi o plano que me contara e eu acreditei, porém o plano não era esse, mas sim...
- Matar Dumbledore – disse Harry, com a voz muito fraca.
- Sim – disse o ex-professor, finalmente olhando nos olhos do garoto – E eu não sabia. Não sabia disso quando Narcissa veio em minha casa pedir que eu ajudasse Draco. Não sabia disso quando ela me propôs o Voto Perpétuo, prometendo proteger Draco e terminar sua missão, caso fracassasse, o que seria uma conseqüência de minha proteção sobre o garoto. Apesar de tudo, ele era meu aluno, não queria vê-lo morto, e possivelmente é o que aconteceria caso ele tivesse fracassado. Eu não poderia ter feito outra coisa, a não ser defendê-lo. Ele não tem culpa da imbecilidade cega de seu pai.
- Mas então como você descobriu que caiu nessa armadilha? – disse Harry – Quer dizer, você deve ter descoberto antes mesmo daquela noite... na torre.
- Eu imediatamente contei a Dumbledore – interrompeu Snape, ansioso para esclarecer tudo e poderem finalmente conversar sobre o que era mais importante, afinal estavam ali há tempo demais – E ele adivinhou os planos de Voldemort. Tinha certeza que ele não colocaria os Comensais dentro de Hogwarts por um motivo tão pequeno quanto fechar a escola.
- Tão pequeno? – resmungou Neville, mas imediatamente se calou, com o temido olhar do ex-professor.
- Ele sabia que os Comensais tentariam matá-lo, ou capturar você, Potter. Jamais desconfie da sabedoria de Dumbledore. Ele me forçou a terminar o Voto Perpétuo – eu não queria. Morreria por Dumbledore. Durante semanas, ele me forçou a aceitar minha situação. Eu não tive escolha.
- Claro que teve! – disse Harry – Se você era tão fiel a Dumbledore, teria dado sua vida por ele!
- É claro que sim! – disse Snape, nervoso – É claro que sim, morreria por Dumbledore, que era o que gostaria de ter feito, para salvá-lo! Mas ele me alertou que, fazendo isso, não só continuava igual o risco de ser morto pelos Comensais dentro da escola como Draco também morreria, por não ter cumprido sua missão. E Dumbledore sabia que Draco fracassaria. Ele é burro, ambicioso, mas não é um assassino. Minha missão era tentar convencer Draco a me contar e fazê-lo desistir, mas Bellatrix estava ensinando-lhe oclumência e, ao contrário de você, ele aprendeu muito bem. E ficou claro que Draco estava cego e não deixaria sua missão. Ele finalmente estava tendo sua oportunidade de ser alguma coisa grande. Você deve imaginar como ele estava se sentindo.
- Claramente – disse Harry, imaginando a ilusão de Draco com a possibilidade de ser um Comensal como o pai.
- Dumbledore morreria para proteger um aluno, e foi o que ele fez. Ele me pediu para que terminasse a missão de Draco, pois tudo se encaixaria: ele não seria morto por Voldemort porque, apesar de ter falhado, a missão estava cumprida e Dumbledore estava morto. Além disso, eu tê-lo matado era a maior prova que poderia dar a Voldemort de que era fiel a ele.
- Exatamente. A maior prova que poderia dar – disse Harry, desconfiado – E por que iríamos acreditar em você, se deu a maior prova de que é fiel a Voldemort?
- Não está claro ainda, Potter? Não me lembro de ter colocado em sua poção algum ingrediente para retardar o funcionamento do cérebro.
- Que poção? – perguntou Harry a Hermione.
- Bom, quando ele chegou aqui, Harry... – Disse a amiga, apreensiva – Você estava quase... morrendo. Ele preparou uma poção para que você melhorasse, e só...
Harry nunca se sentira tão impotente. Tinha sido salvo por uma pessoa a quem não confiava, apesar de tudo o que dissera.
- Harry? – disse Hermione mais uma vez, ajudando-o a entender – Matando Dumbledore, demonstrando ser fiel a Voldemort, Snape poderia ajudá-lo sem desconfianças. Como agora.
- Impossível – disse Harry – Dumbledore certa vez me disse que Voldemort é o maior legilimente do mundo, ninguém conseguiria mentir para ele durante tanto tempo.
- Talvez... – disse Rony – O maior oclumente do mundo pudesse, não é?
Harry parou por um instante, assimilando as palavras. De fato, se Dumbledore lhe pediu para que tivesse aulas de oclumência com Snape há alguns anos, só podia ser pelo fato de que ele era o melhor para fazer isso. E defintivamente não arriscaria sua vida se não confiasse plenamente em Snape. Mas, ainda assim, não conseguia aceitar, nada mais parecia fazer sentido, não sabia o que fazer.
- E... – Harry virou-se para Snape, com um tom mais ameno na voz - Ele não desconfia que você esteja aqui agora?
- Não direi que a demora não me aflija – respondeu Snape - Estamos aqui há tempo demais e, como devem ter percebido, não é um lugar muito agradável nem seguro. Comensais costumam vir sempre aqui, apesar de desconfiar que hoje estaremos desprovidos de sua presença.
- Ei, peraí! Como viemos parar aqui, afinal? – perguntou Harry, alterando novamente o tom de sua voz – E como você sabia que estávamos aqui?
Snape pareceu bastante irritado.
- Me parece que o conhecimento teórico da srta. Granger não serviu para muita coisa ultimamente – Hermione fechou a cara, olhando para o outro lado – Como já contei antes a eles, você acessou a chave de um portal, Potter.
- A taça de Tom Riddle? – perguntou, descrédulo.
- Sim.
- Mas como você sabia que estávamos aqui?
- Simplesmente questão de tempo. Já estou aqui há alguns dias, para falar a verdade. Voldemort pensa que estou à sua procura, o que não é uma mentira. Desde que saí de Hogwarts, deixei de lhe informar sobre seus passos.
- Você falava de mim para Voldemort? Mas então...
- Será que só consegue ficar calado através de magia, Potter? Cale-se, ou serei obrigado a azará-lo novamente.
Harry, muito contrariado, ficou quieto, fazendo um sinal com as mãos para que Snape continuasse a falar.
- Pois bem – disse Snape – Fazia parte do plano, como é tão óbvio de se imaginar. Eu deveria lhe dar informações a seu respeito para que ele me visse como útil em Hogwarts, senão tudo estaria perdido. É claro que dava informações superficiais, como o seu medo de dementadores e coisas do tipo. Talvez por esse emotivo ele tenha os enviado até a casa de seus tios, para amedrontá-lo. Voldemort age pelo medo das pessoas, como deve ter notado, ou não, o que não duvido – Severo esperou um segundo e continuou – Porém, como estava falando, Dumbledore e eu já sabíamos que o troféu era, na verdade, a chave de um portal, portanto eu já o esperava aqui. Não tinha como saber quando viria exatamente, pois como deve imaginar, não tenho mais contato com nenhum membro da Ordem da Fênix.
- Mais ninguém sabe de seus planos com Dumbledore? – perguntou Harry.
- Não. Só vocês.
- Se você está dizendo a verdade – disse Harry – Então por que Dumbledore não contou a mais ninguém sobre o plano? Por que ele não contou a mim?
- Oras, Potter – disse Snape rindo sarcasticamente – Você se lembra de como agiu em todas as vezes que não tinha conhecimento de causa? Hoje mesmo queria me matar sem ao menos dar tempo para que eu pudesse me explicar, mesmo seus amigos estando calmos. Você é impulsivo e isso muitas vezes é ser imbecil, Potter, o que não posso negar que pensei muitas vezes... E – disse, antes que Harry começasse a gritar novamente – Dumbledore sabia disso. Se ele não tivesse lhe escondido naquela noite na torre, você, com sua imensa sabedoria, concluiria tudo errado e tentaria me impedir de fazer o que fiz, destruindo todos os planos de Dumbledore.
- Ao menos ele estaria vivo!
- Ah é? E você também, suponho?
Harry pensou por alguns segundos. Não podia acreditar no que estava ouvindo. Fazia sentido, é verdade... Mas não, não, estavam falando da morte de Dumbledore... Não podia ser combinado, não podia...
- Harry – disse Hermione novamente – Lembra da carta de Dumbledore?
- Sim – Harry sabia que era a peça que estava faltando, e logo entendeu – Ele disse que sabia que iria morrer.
- Sim – concluiu Severo – Ele deve tê-la escrito depois de conversarmos.
- Por que você não tentou impedir os Comensais de entrarem em Hogwarts? Tudo seria mais simples, não? Dumbledore não precisaria morrer por Draco.
- Santo Potter! – disse Snape, perdendo a paciência – Eu não sabia quando os Comensais entrariam em Hogwarts, nem de que maneira fariam isso – Já disse que tentei ler a mente de Draco para saber o que estava tramando, mas ele a fechou para mim. Não existe a possibilidade de ler a mente fechada de alguém, por esse motivo me mantenho ileso há tantos anos ao lado de Voldemort. Se eu soubesse como Draco colocaria os Comensais dentro de Hogwarts, poderia fazer algo para impedi-lo, mas não consegui saber, muito menos saber quando isso aconteceria.
- Então talvez você não seja tão esperto quanto Dumbledore pensou que fosse – disse Harry – Ou então seja tão bom oclumente que tenha enganado Dumbledore também.
- Harry, ele estava dormindo quando os Comensais entraram em Hogwarts! – disse Hermione, aflita – Nós o vimos passar muito tempo depois, ele não sabia!
- Ah é? Não sabia? – disse Harry, levantando subitamente e apontando a varinha para Snape – Então prove.
- Harry, não! – disse Hermione, segurando o braço do amigo. Snape levantara-se mas estava calmo, apenas se afastando lentamente – Nós temos que acreditar nele, Harry, ele está aqui para nos ajudar!
- Prove que é inocente mesmo sendo o responsável pela morte dos meus pais!
- HARRY!
- Vamos, prove, “professor”! Foi você que contou a Voldemort, não foi? Foi você que ouviu a profecia da Trelawney! Vamos, prove! Como consegue querer se passar por inocente com tantas provas ao contrário!
- Dumbledore conhecia os motivos e confiava em mim – disse Snape calmamente.
- Mas puxa vida, você o matou, não é mesmo? – disse Harry, avançando cada vez mais para cima de Snape – Então como podemos saber se é verdade?
- Não adianta – disse Snape, enquanto Harry tentava se desvencilhar de Hermione – No entanto, antes que o sr. Potter aja mais uma vez por impulso, preciso alertá-los de que devem voltar a Hogwarts o mais rápido possível. Não poderão aparatar nos terrenos da escola - foi interrompido pela explicação de Hermione sobre a profa. McGonaghall ter retirado o feitiço de proteção contra aparatações para que pudessem ir até ali - Então devem ir imediatamente. Encaminhem uma coruja a Hagrid avisando que estão chegando para que eles os receba em segurança e procurem pela taça no ninho de unicórnios!
- O quê? – disse Harry, abaixando a varinha – O que você sabe sobre... sobre isso?
- Muito mais do que imagina, Potter – respondeu Snape – Tudo o que importa é que devem voltar a Hogwarts imediatamente. Já ficamos tempo demais aqui, principalmente eu. Devo voltar para não gerar desconfianças.
- Sim, volte para o seu mestre correndo, como sempre fez! – disse Harry, apesar das reclamações de Hermione.
- Faça como quiser, Potter. Eu apenos lamento.
- Hermione, me solte, quem garante que ele está falando a verdade? E se ele estiver dizendo isso apenas para nos ter por perto, conquistar nossa confiança? COVARDE!
- Não lhe passou pela cabeça, Potter – disse Snape, tão calmo como se estivesse sentado em sua sala de estar – Que eu poderia tê-lo levado para Voldemort depois que Dumbledore foi morto?
- Morto por você? – disse Harry, cada vez mais nervoso.
- Morto por mim – respondeu Snape, friamente.
- COVARDE!
- Não... – disse Snape, serrando os dentes – Me chame de covarde.
- Ele não tem como provar, Harry – disse Hermione, segurando novamente o amigo – Temos que acreditar nele.
- Na verdade, ele tem sim como provar – Harry respondeu, caminhando até o ex-professor, e continuou – Dumbledore disse que apenas quem fosse realmente fiel a ele poderia ser ajudado por Fawkes, sua fênix. Vamos, chame-a – Harry apontava a varinha para o peito de Snape.
Todos olharam para o ex-professor esperando uma reação, enquanto este olhava apreensivo para Harry, apertando os olhos. A varinha de Harry estava apontada para Snape e, para falar a verdade, ele poderia ter reagido, mas não o fez. Então disse:
- Não estou correndo perigo agora. A fênix só ajuda quem está em perigo.
E, antes que Harry pudesse dizer qualquer outra palavra, Snape aparatou. Nada mais restava a todos além de voltarem a Hogwarts e confiarem na palavra de seu ex-professor de Poções.
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