O MEMORIAL



Capítulo 47
O MEMORIAL


O sol nasceu de novo.
Gina vinha correndo pelo Grande Salão trazendo um jornal toda alegre: aquele seria o último café da manhã de Harry como um aluno em Hogwarts. As pessoas das casas estavam todas misturadas numa proposta festiva e animada de RAB o que possibilitou aos sete sentarem-se lado a lado na mesa.
Gina veio correndo e trazia O Profeta Diário que entregava toda entusiasmada nas mãos de Harry. Harry abriu o jornal e viu sua cara estampada na capa com os dizeres: HARRY POTTER SALVA O MUNDO MAIS UMA VEZ.

- Não gostei do título. – Disse Harry indiferente à sua cara infeliz estampada no jornal. – Fica parecendo como se eu fosse um herói e tivesse feito tudo isso porque quis alguma glória...

- Mas você é um herói, Harry. – Disse Gina sentando-se ao lado do namorado e dando-lhe um selinho. – O meu herói.

Harry ouviu os amigos dizerem um “oohhh” como que zombando da cara do Bruxo, mas logo a balburdia que parecia incessante foi diminuindo e RAB levantou-se da cadeira do Meio.

- Em primeiro lugar... – Todos enfim se calaram em respeito à professora. – Gostaria de dizer que este ano eu permiti que todos vocês se misturassem porque o mundo está em festa... Tanto está em festa que eu mandei comprar especialmente... Quatro taça das Casas...

Todos entreolharam-se animados quando quatro traças de ouro surgiram no ar, cada uma com uma faixa bicolor indicando as cores da bandeira de cada casa.

- À Sonserina a taça vai... Porque apesar dos pesares... Apesar de termos tidos bruxos das trevas terríveis que sairam dessa casa... São um povo inteligentíssimo e muito astuto que, quando sabem usar essas qualidades para o bem, podem fazer coisas boas.

Harry foi instintivamente obrigado a concordar com a colocação de RAB: Se não fosse por Denetra muita coisa não teria acontecido naquele ano e, além disso, ela era sua prima. Isso para não falar no fato de que o sangue de Harry tinha uma veia sonserina que quase o pôs naquela casa a sete anos atrás.

- À Lufa Lufa que vem, a cada ano, provando seu valor através de pessoas memoraveis como o Sr.Longbottom, pai do nosso querido Neville e o sr. Cedrico Digorry que infelizmente não está entre nós...

Harry sentiu um aperto no coração ao ouvir aquelas palavras e lembrou-se do como Cedrico era, apesar de tudo, uma pessoa valorosa e corajosa. A lufa-lufa merecia a taça.

- Aos nossos belo Corvillinos que, através da nossa querida Lovegood, provou ser uma casa de meninas graciosas, inteligentes e amigas... Corvinall aliás... Que foi a minha casa a muito... Muito... Muito tempo atrás...

Harry riu-se, mas não conseguia imaginar RAB na corvinal já que sempre achou que sua família toda tivesse pertencido à Grifinória, mas daí veio-lhe a cabeça que seu avô devia ter sido da Grifinória um dia.

- E, por fim, a Grifinória que mostrou-se através de toda um geração de Weasleys e Potters, e agora Grangers, a garra e coragem de um verdadeiro Leão. Sem falar obviamente da garra e da coragem de uma fofíssima nascida trouxa que tivemos o adorável prazer de abrigar... Enfim! TAÇA A TODOS!

Harry abriu um largo sorriso e sentiu seu coração encher-se de um sentimento que nunca fora completo para Harry: a felicidade. Ele tinha uma família, uma namorada, amigos... Harry Potter tinha tudo o que podia querer e mesmo que ainda almejasse a presença dos pais, de alguma forma ele podia senti-los ali: ao seu lado.

***

Harry estava passeado solitário pelo pátio de Hogwarts onde a grama era de um verde brilhante iluminado por um diferenciado Raio de Sol: um raio de luz que Harry nunca tinha visto e que tinha ficado durante dezessete anos, ocultado por névoa e sombra. Harry sentiu-se naquele momento redescobrindo o mundo.
Edwiges veio até ele e pousou em seu ombro: a adorável ave branca estava feliz e agora acariciava Harry com suas penas alvas. “Acabou Edwiges... Começa tudo de novo agora... Mas agora começa de verdade.” Dizia Harry para a coruja que, ainda pousada em seu ombro, parecia um tanto inquieta.

- O que foi Edwiges... Você trouxe alguma coisa? – Indagou Harry examinando as finas patas da coruja que pareciam completamente livres. Ao examinar melhor Harry encontrou um minúsculo papel com três palavras: Olhe para trás.

Ao se virar Harry então pode ver Girassol toda vestida de branco olhando para ele com os braços abertos. A mulher exagerava um sorriso amável ao que Harry saiu correndo para abraçá-la.

- Pensei que não fosse ver o bilhete.

- Obrigado por vir.

- Ah, Meu Querido... – Girassol não conseguia se soltar daquele terno abraço porque ali ela dava um abraço de mãe, de pai, de madrinha e de amiga. – Vamos para casa... Eu, você, RAB, Denetra... Daqui alguns anos... Gina.... Viveremos juntos e seremos uma família, meu amor.

“Família”.
Harry não sabia se conhecia bem o sentido daquela palavra, mas fosse o que fosse, estava ansioso para descobrir. Demorou-se então um pouco mais naquele abraço e a tarde chegou trazendo nuvens.

***

O expresso de Hogwarts estava pronto para sair e RAB E Girassol voltariam com Harry no trem. Estavam todos os professores e alunos de Hogwarts ali despedindo-se apressadamente.

- Adeus, Minerva! – Dizia RAB com uma voz estridente que todos puderam ouvir. – Você vai se tornar diretora, hein?

- Acha que Alvo ficaria orgulhoso de mim? – Indagou Minerva ingenuamente com o rosto corado.

- Ele está, Minerva... Assim como eu. Você será uma diretora perfeita...

Harry também teve tempo para despedir-se com calma de Minerva e todos os professores, menos um. Snape não tinha ido até a estação para despedir-se de nenhum aluno, mas Harry achou melhor assim pois não teria o que dizer a ele.

- Diga só... “Adeus” ao Snape pra mim... – Pediu Harry a Minerva que riu.

- Professor Snape, Harry... Será sempre seu professor…

- O.k... Diga adeus a ele por mim...

Todos embarcaram nos ônibus, mas não conseguiram ocupar um mesmo vagão ao mesmo tempo então decidiram dividir-se de modo que somente Rony, Mione e Gina ficaram no mesmo vagão de Harry. Além, é claro, de Pitchy, Bichento e Edwiges. Gina segurava nas mãos a flor que Harry tinha conjurado pra ela.

- Ela já morreu, Gina... Não vou me importar se você se desfizer dela... – Disse Harry carinhosamente para a namorada que estava recostada em seu ombro.

- Eu sei... Mas eu gosto de olhar pra ela mesmo assim...

Harry ficou toda a viagem ali, recostado na janela passando a mãos na nuca de Gina enquanto conversavam com Mione e Rony, ao que este segundo estava no colo da namorada.

- Tudo acabou bem, enfim não é?
- Acho que sim, Gina... – Concluiu Rony em resposta à irmã...

- Mas tivemos muitas perdas... – Contrapôs Mione com a voz mais triste. – Acho que a do seus pais foi a mais difícil pra você, não é Harry...?

Harry continuava com o olhar vago viajando através dos montes que passavam na paisagem distante. As palavras de Mione entravam devagar, mas quando terminou de assimilá-las, respondeu:

- Não... Não se pode perder algo que nunca se teve... Eu queria muito ter conhecido os meus pais, mas já que não conheci... Eu não pude perdê-los... Mas o Hagrid...

- Ele era um grande amigo... – Comentou Rony. – Agora eu entendo porque o Hagrid sempre defendia o Snape quando nós falávamos mal dele e porque ele não acreditou quando dissemos que Snape tinha matado o Dumbledore... Hagrid era amigo de Snape por causa do elo...

- É verdade... – Confirmou Harry, mais uma vez olhando os montes onde o sol ia se pondo naquele quase fim de viagem.

- Harry! E se você construisse um memorial? – Propôs Gina ao garoto. – Podemos pedir pra Minerva construir um em Hogwarts... Ou pra RAB construir um na nossa futura casa... Um memorial pra colocar o nome e a foto de todas as pessoas... Seus pais... Cedrico... Hagrid... Dumbledore... Os pais de Neville até... Um memorial para todos que lutaram contra ele, o que você acha?

- Um memorial... – Repetiu Harry para si mesmo. Aquela parecia uma boa ideia.

***

As primaveras iam e vinham trazendo as flores na mesma intensidade que os outonos as derrubavam e assim os anos se passaram. Hogwarts ainda estava lá: de pé, gradiosa. Mais firme do que nunca. Na sala oval da diretoria, um casal de velhos conversavam.
- É hoje que ela chega? – Perguntou o velho com a voz cansada.

- É. Vai trazer a foto dele... – Perguntou uma senhora um pouco gordinha com os cabelos emaranhados.

- Ainda tem espaço naquele velho memorial?

- Ainda tem alguns...

O velho olhou através da janela e viu que o expresso de Hogwarts tinha chegado na estação de Hogsmeade. Olhou para a sua mulher ao seu lado e suspirou.

- Eu ainda não posso acreditar que ele partiu.

- Todos vamos partir um dia, meu querido Rony. – Disse a velhinha abrindo um breve sorriso e vestindo-se com um belo chale. – Vamos descer para receber a sua irmã...

Lá em baixo, na estação de Hogsmeade, uma magricela senhora descia do Expresso de Hogwarts. A senhora mal conseguia sustentar-se em sua bengala e era ajudada por dois adultos.

- Vá com calma, mamãe... – Disse um dos adultos, mais velho, preocupado com a saúde da mãe. - A sua perna ainda não está boa...

- Sirius tem razão, mamãe... – Concordou a outra adulta que prosseguiu. – Sra. Gina Weasley, a senhora não toma jeito mesmo, não é...

- Acalmem-se Lily e Sirius... Eu estou bem...

Os dois adultos acompanharam a senhora até a carruagem negra que levaria até Hogwarts. Os três, assim como o casal de velhos na sala da diretoria, trajavam branco. Quando a senhora do trem encontrou-se com o casal de senhores que vinha de encontro a ela no pátio de Hogwarts, ela soltou um grito de felicidade.

- Haha! Meu irmão! – Disse a senhora magricela abraçando o velho. – Que saudades meu irmão.... E minha querida cunhada... – Gina agora abraçava a outra senhora. – Você está bem Hermione? O chato velho do meu irmão continua te atazanando?

- Só um pouquinho... – Brincou a senhora que atendia pelo nome de Hermione. Que logo cumprimentou os filhos de Gina. – Sirius e Lilian Potter... A quanto tempo não os vejo, meus queridos...

- Desculpe titia... O trabalho no Ministério as vezes não nos deixa... Hum... Você sabe... – Respondeu Sirius já que ele e a irmã trabalhavam no ministério. – O Ministério não é o mesmo desde que Denetra faleceu... Ela foi a melhor ministra da magia depois de Orquidea...

- RAB! – Exclamou Hermione olhando sorridente para Gina e Rony. – A quanto tempo não ouço falar de RAB... Denetra... Essas pessoas ficaram num passado tão distante não é mesmo...? Ainda mais porque depois que terminei a escola, com dezessete anos, eu voltei pra cá...

- E você é uma ótima diretora, minha tia... – Elogiou Sirius...

- Eu gostava mais do tempo em que eu era só professora, sabe Sirius... Os tempos dos ótimos diretores foram há muito tempo... Dumbledore, RAB, Minerva... – Suspirou a voz cansada de Hermione. - O Passado me traz tantas lembranças.

- E você titio? – Indagou Lily ao velho senhor. – Ainda é técnico do time da Inglaterra...?

- Aposentei-me no ano passado, minha cara Lily... – Disse o velho brincando. – O velho Ronald não serve mais pra muita coisa...

- Não diga isso meu irmão... – Disse Gina tirando da bolsa que carregava, uma fotografia.

- É a foto do papai? – Perguntou Lily para Gina.

- Sim, meus queridos... Essa é a foto de um grande homem. Harry Evans Potter... – Lágrimas surgiram nos olhos de todos ao verem a foto. - Eu adorei quando ele colocou o Evans no nome dele... Foi uma bela homenagem a sua avó... – Disse Gina aos filhos.

- Não conheci a vovó Lilian... – Disse Lilian olhando a foto do pai.

- Nem eu... Nem seu pai... Nenhum de nós conhecemos... Mas ela está aqui... – Gina aponta então para um anel de ouro branco nos dedos de Lily. – E vai estar para sempre nas mulheres da família... Passando de mulher para mulher...

- Não vejo a hora de ter a minha filha... – Apontou Lily para a barriga um pouco avantajada. – E dar os anéis a ela...

- Cada coisa a seu tempo minha querida... – Disse Gina, voltando-se então para Hermione e Rony. – E onde estão Hagrid, Thiago e Alvo?

- Nossos filhos estão trabalhando longe daqui, Gina... Pediram desculpas por não poderem comparecer...

- Não tem problema... Vamos então ao memorial?

***

Lilian, Sirius, Gina, Rony e Hermione andaram pelos corredores desertos de Hogwarts até chegar a um pátio aberto central muito belo. No centro dele, havia uma grande pirâmide branca de quase três metros de altura que guardava muitas fotografias.
Gina começou a rodear a pirâmide de três faces procurando por um espaço vazio. Viu os rostos de Denetra, Neville, Sirius, Lilian, Thiago, RAB, Minerva, Lupin, Tonks, Hagrid, Snape, Dumbledore, Murta, Cedrico...

- Todas essas pessoas estão de alguma forma relacionadas a Harry... E conforme faleceram nós colocamos suas fotos nesse memorial para que nunca sejam esquecidas... – Contava Gina aos filhos encontrando enfim, um espaço vazio entre Thiago e Lilian Potter.

Gina colocou a foto de Harry ali e ficou observando-a por alguns instantes. Seus filhos, ao verem a foto do pai, choravam e suas lágrimas escorriam nos ombros de Gina. Rony e Hermione se aproximaram e também ficaram observando a foto de um Harry adulto com uma pequena cicatriz na testa. Cicatriz esta que estava quase completamente ocultada pelo cabelo bagunçado.

- Eu achava... - Disse a velha Mione a velha Gina - Que por causa da marca de amor... quando Harry morresse, você...

- Eu também. Mas certas coisas simplesmente não tem explicação. A marca serviu para dar vida a Harry naquele momento. Hoje, não é mais nescessária uma marca pra mostrar o amor que tenho por esse homem. A marca é um elo mágico e, como tudo, acaba... O amor fica. Acho que Harry foi... e me deixou viver mais um tempo pra que eu garantisse que a foto dele estivesse aqui, nesse memorial, junto a seus pais e amigos...

Sirius e Lily aproximam-se e pôe-se a olhar a foto de Harry.

- A senhora nunca nos contou a história toda mamãe... A história de vocês e do papai... E do tal Elo...

- Acho que agora vocês já podem saber meus filhos...

- Vamos lá dentro Gina... Eu e Rony podemos ajudá-la a contar tudo para eles...

- Sim... Vamos então... Tudo começou com o seu pai Harry Potter e a Pedra Filosofal... Não não! Muito antes... Na verdade, a história começa...

E Gina, Rony e Mione contaram toda a história de suas vidas até os dezessete anos enquanto a foto de Harry estava ali: sorridente ao lado da de seus pais no grande memorial. Enquanto o sol se punha lá fora, Sirius e Lilian estavam descobrindo a história que se iniciara com um pequena cicatriz.

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