Véu, Grinalda e Estrelinhas Sa
Capítulo 6
VÉU, GRINALDA E ESTRELINHAS SALTITANTES
O carro partiu. O Senhor Granger já tinha ido à Toca uma vez há alguns dias atrás e Harry se sentiu aliviado por eles terem finalmente se afastado da casa. Rebecca ainda sangrava muito e estava desmaiada. Lágrimas escorriam do rosto de Mione e Rony tentava consolá-la. No caminho, Magnólia tentava explicar ao marido o que tinha acontecido e Harry foi completando a história.
- Mas que diabos esses bruxos queriam conosco? – Disse o Sr. Granger nervoso.
- Eu não sei, senhor – Disse Harry que não estava mentindo – Mas, foi tudo minha culpa.
- Não foi culpa sua, Harry – Disse Mione advertindo-o.
Ele não podia contar nada sobre bruxos das Trevas, nem sobre quem eram Greyback ou Belatriz, pois isso os forçaria a explicar toda a história de Harry, da qual os Granger eram completamente alheios.
- Mione me disse uma vez que, da mesma forma que existem pessoas boas e más, existem bruxos bons e maus – Magnólia não usava o termo “trouxa” que achava vulgar uma vez que ela era uma – Mas daí a nos atacar? O que nós fizemos, afinal?
Magnólia estava nervosa e não parou de falar um minuto durante todo o trajeto. Harry estava preocupado com Rebecca que ainda sangrava e então Harry percebeu uma coisa. Rebecca estava sangrando não por causa da explosão, mas por causa do Sectusempra, mas como isso era possível? Então, se virou para Rony e Mione, sussurrando para que os Granger – que não paravam de discutir sobre o assunto – não ouvissem:
- Quem lançou o Sectusempra em Rebecca, Ron?
- Acho que foi a Belatriz... – Disse Rony pensativo – é... Acho que foi ela mesma.
Hermione estava ouvindo a conversa dos dois, mas não olhava para Harry nem Rony. Ela só chorava e olhava a noite através da janela. Harry achou que ela estivesse se culpando por ter insultado a irmã, mas ele tinha uma dúvida e Hermione precisava participar:
- Mione... – Chamou ele.
- Hum? – Disse ela sem olhar.
- Rony lembrou que foi Belatriz quem atacou Rebecca. Mas como ela podia usar o Sectusempra se ele fazia parte do livro do Snape? Como se era um segredo meu e do Príncipe Mestiço?
Mione limpou as lágrimas e refletiu, mas não estava com cabeça para pensar muito sobre o assunto.
- Não é uma azaração? Ela é uma ótima bruxa, Harry...
- Mas só o Snape sabia. Porque era o livro dele. É uma quase-maldição. Não é um feitiço de azaração qualquer...
- Harry, não parece óbvio? – Disse Rony tomando o tom professoral costumeiro de Mione – Snape o ensinou a Belatriz. É um bom feitiço e Snape e ela são Comensais... Ela pediu pra ele ensiná-la a usar... Não pode ser nada além disso.
Quando chegaram à Toca já eram três horas da manhã. Todos já estavam dormindo exceto a senhora Weasley que estivera, até essa hora, arrumando e limpando o jardim e o quintal da casa. Quando chegaram ao quintal e perceberam que todos já tinham ido dormir, o Sr. Granger começou a buzinar longamente para chamar atenção. Logo, Molly saiu de dentro da casa para recepcioná-los. Harry percebeu que a Sra. Weasley estava com os cabelos mais brancos e estava mais magra também:
- Harry! Que estranho meu querido, não receberam a carta de Lupin dizendo que...
- Sra. Weasley, ajude aqui... - Harry interrompeu-a.
Molly se dirigiu ao carro onde o Sr. Granger e Harry tentavam remover, com cuidado, Rebecca do carro. A cara de espanto da senhora Weasley foi tamanha, como se visse o Lord das Trevas em carne e osso na sua frente. Ela rapidamente os ajudou e levaram Rebecca para uma cama na toca.
Molly rapidamente conjurou um feitiço e o ferimento de Rebecca cicatrizou. Mas Magnólia e Agnaldo só se tranqüilizaram quando finalmente Molly disse “acalmem-se, ela vai ficar bem”. Então, quando iam começar a contar o que aconteceu, Lupin e Tonks desceram as escadas:
- Harry, Mione, Rony? – Disse Lupin que parecia extremamente surpreso com a presença deles ali.
- O que estão fazendo aqui crianças? E o que aconteceu com... Quem é essa garota? – Perguntou Tonks sem reconhecê-la.
Por sorte, os Granger não ficaram para ouvir e ajudar a contar a história toda. Eles estavam exaustos, afinal, era informação demais para um dia só. Então, dormiram nas poltronas do andar de cima ao lado de sua filha desmaiada.
Harry, Rony e Mione passaram a noite toda contando o que tinha acontecido desde a carta de Lupin e Tonks, até aquele momento. Contaram sobre Belatriz e o Sectusempra, sobre Greyback, sobre como explodiram o chão, sobre quem era Rebecca e como tinha sido atingida e etc... Enquanto contavam, Harry percebeu que Lupin parecia extremamente preocupado com alguma coisa. Mas então, Rony concluiu:
- Estamos ainda com uma dúvida: por que vocês não foram nos buscar no dia catorze conforme disseram na carta?
- Não é só isso Rony – Completou Mione – eu quero saber o que Voldemort queria com os meus pais.
Na voz de Hermione, ainda podia-se sentir que estava nervosa com tudo aquilo. Estava bem fisicamente, porém ainda um pouco nervosa. Lupin no entanto parecia saber a resposta àquelas perguntas, embora não soubesse por onde começar. Ele então deu um longo suspiro e sentou-se:
- Em primeiro lugar, quero que saibam que a carta que receberam é falsa.
Mione puxou do bolso a carta “falsa” com um olhar de espanto. “Falsa?”
- Sim. Falsa... – Completou Tonks – Vejam isso:
Tonks retirou do bolso uma outra carta que seria idêntica a outra se não fosse por um detalhe: “antes do nascer do sol do dia quinze”.
Voldemort conseguiu interceptar a carta de alguma forma e pediu para algum Comensal copiá-la antecipando a data, para que quando eles chegassem, vocês os deixassem entrar com facilidade e o terreno estivesse livre – explicou Lupin.
- Usaram a mesma coruja – Explicou Tonks - Devem ter obliviado ela.
- Obliviado a coruja? – Indagou Rony.
- Sim. Fizeram-na esquecer que tinha sido interceptada, para que ela continuasse viagem normalmente. Foi assim que descobriram onde vocês estavam. – Continuou Tonks. – A sorte de vocês foi que eu tinha contado minha senha a Mione e isso deu tempo para vocês se prepararem contra Greyback e Belatriz.
- E sobre meus pais? O que eles tinham a ver com a história?
- Eles descobriram onde era sua casa Hermione. Eles não queriam absolutamente nada com seus pais... Isso tudo foi só um pretexto para irem até lá e destruírem a casa. Queriam atingir você e a sua família porque indiretamente atingiriam o Harry!
Harry subiu as escadas correndo. Sentiu lágrimas escorrerem do seu rosto e percebeu que, depois disso, a sala mergulhara em profundo silêncio. Ele! Sempre Ele! Tudo aquilo só servira para ele concluir uma coisa: quanto mais perto as pessoas estivessem dele, mais elas correriam perigo.
Era obvio! Voldemort queria minar Harry Potter e acabar com todas as suas forças. Ao longo de sua vida, muitas pessoas morreram em vão por causa de Harry. Seus pais não teriam morrido se não fosse a profecia que falava dele; Cedrico não teria morrido se ele não o tivesse levado àquele cemitério; Sirius não teria morrido se não quisesse protegê-lo; Dumbledore morreu porque Voldemort queria destruir o maior aliado dele e agora, por culpa dele, a família de Hermione não foi morta por pouco!
Quem seriam os próximos, pensou Harry? Quem mais teria que morrer ou ser atacado até que Voldemort atingisse seu verdadeiro alvo? “Isso não pode mais acontecer”, pensou ele. “Ninguém mais pode morrer por minha causa”. Faltavam algumas horas para amanhecer, mas foi minutos antes do sol aparecer por detrás d’A Toca, quando Harry finalmente conseguiu dormir.
Nem Harry nem Mione tinham ido num casamento de bruxos na sua vida e naquele dia, especialmente, A Toca estava em festa. Parece um dia de luz ilhado por tantos outros tempos de sombra, pensou ele. No meio de uma guerra, as pessoas ainda encontravam motivo para comemorar.
Rebecca tinha melhorado, mas devido a grande perda de sangue, tinha que ficar na cama o dia todo e ficou acompanhando a festa da janela. Agnaldo, que não parecia gostar muito de festas, resolveu ficar com a filha. Magnólia desceu convidada de última hora pela Sra. Weasley.
Rony, Harry e Mione tinham acordado tarde naquele dia e, mesmo assim, estavam com muito sono quando a festa começou. Porém Mione não tinha aparecido até àquela hora e nem Gina, lembrou Harry. Rony desta vez vestia um traje a rigor decente igual ao do amigo.
Na madrugada anterior, Harry e Rony não tinham percebido como A Toca estava bonita. Molly tinha feito uma decoração toda em rosas brancas e abóboras. Ele nunca tinha estado num casamento com a decoração tão peculiar. Até porque não havia padre nem altar.
As mesas de comida estavam espalhadas pelo quintal e, no centro, muitas cadeiras formavam um semicirculo. “É onde ficam os noivos” disse Rony. Guilherme Weasley estava todo emplumado. Seu traje era todo claro e, em vez do paletó, tinha um sobretudo de cor creme até o pé. Sobre a cabeça, um pontudo chapéu de bruxo branco.
Os convidados de Gui reduziam-se a família e os que estavam ali pelo acaso e, mesmo assim, isso significava muita gente. Molly, Arthur, Carlinhos e os gêmeos não paravam de tirar fotos. Tonks e Lupin estavam sendo importunados todo o tempo por Magnólia que não parava de querer ver o que ela chamava de “truques”.
Percy também estava lá e acompanhado de uma bruxa muito simpática que Harry imaginou ser sua namorada. Molly tinha ficado muito feliz com a presença dele. A família e amigas de Fleur também estava lá. Era um número muito reduzido de pessoas, afinal, não era uma grande festa:
- Gui disse que Fleur estava acostumada em festas gigantes, onde se convidava toda a França, – Comentou Rony – mas como não podia chamar muita gente, vieram só os parentes próximos e duas antigas amigas da Beuxbatons. E como são lindas! – Suspirou.
- Vão ficar babando ovo nas meninas da Beauxbatons de novo Sr. Weasley e Sr. Potter? – Perguntou uma voz feminina atrás deles.
- Ou vão logo nos convidar para ficar na festa com vocês? – Disse uma outra voz, mais jovial.
Quando Harry e Rony se viraram, Mione e Gina estavam lá, lindas como na noite do Baile de Inverno do torneio Tribruxo. Mione deixara o cabelo totalmente liso dessa vez, e estava mais claro também. Usava um vestido azul que fez o queixo de Rony cair. Gina estava ainda mais bonita que da última vez que Harry a vira. Ela tinha cortado o cabelo num estilo bem moderno, mas o seu ruivo nunca estivera tão brilhante. Seu vestido era rosa com babado e usava um decote que chamou a atenção de Harry.
Os queixos de Harry e Rony haviam caído. Rony nunca vira Mione tão bonita e então correu para a garota apressadamente.
- Mione... Sabe... Você é uma garota...
- Bem observado – Riu ela ironizando o mesmo comentário que ele tinha feito a pouco mais de dois anos.
Os dois se deram os braços e saíram juntos rindo-se. Mione fez questão de passar na frente nas garotas de Beauxbatons e empinar o nariz. Ela precisava fazer isso para elevar o seu ego e Rony, é claro, sentiu-se extremamente orgulhoso. Os dois tinham deixado Harry e Gina sozinhos ali, mas Harry não tomou nenhuma atitude. É verdade que ela estava muito bonita, mas não queria dar falsas esperanças a ela:
- Você não vai me convidar pra ficar na festa com você, Harry?
Ele engoliu em seco. Adorava Gina cada vez mais e, embora não soubesse bem o que significava isso, às vezes pensava amá-la. O amor de sua vida estava ali na sua frente dizendo que o aceitava de volta. Aqueles olhos claros estavam ali oferecendo seu carinho a ele, mas logo lhe veio um pensamento a cabeça: Ele tinha que protegê-la.
- Não. Vai ajudar a sua mãe.
Harry encarou Gina. Dos olhos dela saltavam duas lágrimas que reluziam diante do sol brilhante. “Seu Crápula sem sentimentos!” era isso que Gina devia estar pensando agora. Mas como fazê-la entender? Então Harry se virou e com os passos pesados foi de encontro a Rony e Mione que riam a alguns passos dele. Então sentiu alguém cutucar suas costas e quando se virou... Não sentiu mais nada.
Só conseguia ver estrelinhas saltitantes passeando sobre sua cabeça. O que quer que tivesse acontecido, o tinha feito ver estrelas. Seus pés amoleceram e seu rosto ardia muito. Quando se virou, Gina o tinha esbofeteado com toda a raiva – ou com todo amor – que ela sentia. Ele nem teve tempo de se defender, logo que cutucou suas costas e ele se virou, ela o tinha dado um tapa. Doía muito, mas as lágrimas que escorreram do seu rosto não eram de dor e sim da raiva que ele sentia de sua vida, por não poder ficar com quem ele queria.
- Seu crápula sem sentimentos!
Quando Harry abriu os olhos e tomou de novo consciência de si, as estrelinhas saltitantes foram sumindo e sumindo... Gina ainda estava lá com a cara fechada e todos os convidados da festa os estavam encarando. Todos olhavam para Harry e o que ele mais desejava naquele momento era ter sua Capa da Invisibilidade ali. Para sua sorte, a atenção de todos foi roubada quando, vagarosamente, surgiu no céu um tapete voador persa branco que veio descendo trazendo a noiva.
O tapete era muito bonito, mas o que chamou a atenção mesmo foi Fleur. Ela estava com um vestido branco todo brilhante que tinha grandes mangas parecendo duas grandes asas. A brisa fazia as franjas do vestido esvoaçarem dando ainda mais beleza a Fleur. O azul de seus olhos estava ainda mais brilhante e os fios de seus cabelos pareciam mesmo fios de ouro.
Gui foi até ela e a tirou do tapete. Os convidados todos foram se sentando nas cadeiras formando um semicírculo em torno dos noivos. Como não havia nenhum “mestre de cerimônias”, pensou Harry, quem diria então todo aquele sermão costumeiro de casamentos?
Harry Potter tinha estado uma única vez num casamento, mas lembrava-se bem do sermão. Os noivos eram uma amiga de tia Guida com um homem magricela chamado Greenfelt. Harry não tinha sido convidado, mas, como era pequeno, os Dursley não podiam deixá-lo sozinho em casa e, provavelmente, pensou Harry, a Sra. Figg devia estar muito ocupada.
A cerimônia se deu na mais completa paz, mas Harry a teve que assistir sozinho. Mione e Rony tinham sumido e Gina também, ele imaginou que Mione e Rony deviam estar consolando-a. Mas então, depois do brinde aos noivos, começou a festa e Harry foi à procura de Gina, estava disposto a tentar fazê-la entender suas razões para estar fazendo aquilo.
Depois de procurar por toda festa e não ter tido nem sinal dela, nem de Mione ou Rony, resolveu procurá-la dentro d’A Toca. Gina estava na sala, seus olhos estavam vermelhos e Harry imaginou que ela devia ter chorado muito. Porém nem Rony nem Mione estavam lá, como ele tinha imaginado:
- O que foi Harry, voltou a me procurar pra tentar me humilhar de novo?
- Bem, não foi você que levou um tapa na cara e viu estrelinhas, não é mesmo?
- Olha aqui Harry Potter, se acha que pode me magoar de novo só porque você tem uma cicatriz idiota na testa você está muito enganado...
- Gina, escute...
- Cale a sua boca porque eu estou falando agora. – Gina tinha assumido o mesmo tom da Sra. Weasley quando brigava com os gêmeos Weasley, e Harry achou melhor obedecer – Você pode até não gostar mais de mim, eu entendo... Foi só um impulso, mas acontece que agora eu gosto de você e, na verdade, acho que estou gostando de você de verdade e se você acha que você pode me magoar assim... – Ela não parava de falar, Harry não podia entender mais nada.
- Eu te amo, droga! – Gritou ele.
Eu também... – Ela parou por um momento. Pensou não ter ouvido direito e seu tom logo voltou a ser amável – Você o que?
- Você acha que eu terminei com você à toa? – Ela não respondeu. – Se eu fiz isso é porque eu gosto de você! Gina, escute: todos a minha volta estão se machucando, será que você não percebe? Quanto mais próxima de mim você estiver, mais risco você vai estar correndo! Voldemort quer me atingir! Ele atacou Cedrico, Sirius e Dumbledore e todos eles estão mortos porque estavam, de alguma forma, ligados a mim! Se você estiver namorando comigo, Voldemort vai querer atingi-la para me atingir! Se eu não estou com você é porque eu não quero te machucar!
Gina estava intacta. Seu orgulho estava completamente ferido, mas, de alguma forma, Harry tinha acabado de fazer uma bela declaração de amor e ela se revoltou por não poder beijá-lo.
- Só queria que você soubesse isso antes de me dar outro tapa – Disse Harry, mas ela não ia dar outro tapa. Eles se entreolharam e se abraçaram.
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