A Resposta em Carne e Osso



Capítulo 3
A RESPOSTA EM CARNE E OSSO


Fazia dois dias que os Dursley tinham ido embora do número quatro da Rua dos Alfeneiros e nenhum sinal de Edwiges. Os novos donos da casa podiam chegar a qualquer momento e Harry não podia sair da casa, que era, até o seu aniversário de 17 anos, o único lugar seguro. Além disso, o noticiário daquela tarde tinha indicado mais uma grande cratera na principal avenida de toda a Inglaterra.

Não bastassem crateras que apareciam do nada, Harry ainda tinha que lembrar que Lúcio Malfoy estava solto e que Snape e Voldemort, naquele momento, podiam estar formulando um plano para matar Harry. No entanto, o menino-que-sobreviveu ou, como o Profeta Diário preferia chamar “O Escolhido”, não estava pensando nem em Malfoy, nem em Snape, nem em Voldemort e muito menos em crateras.

Seu pensamento estava numa garota. Uma garota magra e baixa de cabelos ruivos e longos com a qual ele tinha terminado um namoro mal começado no ano passado: Gina Weasley.

Seus problemas eram tantos e sua incapacidade de resolvê-los era maior ainda de modo que Harry preferiu mudar o foco de suas preocupações. No final do ano passado, diante do túmulo de Dumbledore, Harry tinha terminado seu namoro com Gina e ele nem mesmo deu a chance de que ela se manifestasse. Ele nem ao menos sabia qual era a opinião dela sobre isso. Simplesmente tinha terminado tudo.

Gina devia, pensava Harry, estar odiando ele naquele momento. Mas enquanto pensava nisso em sua cama, ele também lembrava que ele teve um bom motivo para fazer o que fez. Ele gostava muito de Gina e, diante da grande ameaça sobre ele, ele não podia voltar com ela pois isso seria arriscar demais a vida da garota.

Voldemort queria atingi-lo, enfraquecê-lo cada vez mais e, se algo acontecesse com Gina, isso seria o fim para Harry. Mesmo assim ele não parava de pensar na caçula Weasley. Foi então que, quando estava pronto para dormir, ouviu batidas na porta da casa.

O primeiro pensamento de Harry foi que as batidas seriam dos donos da casa que, finalmente, tinham chegado. Mas depois de pensar um pouco, descobriu que isso não era provável porque os donos teriam a chave e não bateriam à porta. O outro pensamento foi que pudessem ser seus inimigos... Será que Malfoy, Snape ou mesmo Voldemort teriam o encontrado ali?

Mas logo se aliviou ao ouvir a voz esganiçada e berrante de um alto e magro Ron Weasley gritando:

- Harry, você quer abrir logo essa porta ou não?

De um salto, Harry pulou da cama e desceu correndo as escadas. Finalmente alguém tinha chegado. Quando abriu a porta lá estava um sorridente e inconfundível Ron Weasley acompanhado por uma preocupada Hermione Granger que logo soltou um grito:

- Harry! – E o abraçou amavelmente – Você está bem?

Ele fez que sim com a cabeça, ao que Ron o cumprimentou:

- Olá Harry! E lembre-se: eu detesto canela.

- Você o quê? – Harry sabia que Ron detestava canela, mas o que isso tinha a ver com os dois aparecerem ali no meio da noite, afinal? Mas logo veio a explicação.

- “Detesto canela” é o código pra você saber que eu sou eu mesmo, entende?

- Ah O.K.! – Harry se lembrara. Eles tinham que ter um código porque, naqueles tempos, pessoas disfarçadas com poções Polissuco eram extremamente comuns. Então Harry rapidamente inventou um para ele – E eu... Eu sei que o Malfoy é um cagão...

- Nossa Harry, isso foi péssimo – Disse Hermione sorridente – Mas, em todo caso, eu sou péssima no Quadribol.

Harry riu. Essa era realmente uma característica de Mione bem marcante e que ele não ia esquecer jamais, depois dos jogos frustrados de férias na casa de Ron no verão passado. Mas antes que Harry perguntasse se os dois tinham vindo sozinhos, trazer notícias um Remo Lupin e uma Ninfadora Tonks entraram na sala dos Dursley seguidos por Edwiges.

Edwiges! Enfim ela tinha voltado. Harry estivera muito preocupado com ela nos últimos dias, mas finalmente sorriu por ver que sua coruja estava sã e salva e, melhor, trazendo respostas em carne e osso.

- É uma coruja muito fiel Harry! – disse Lupin – E eu odeio Lua Cheia!

Harry riu. Então, eles foram entrando até que todos estivessem bem acomodados na antiga sala de estar dos Dursley. Rony entregou para Harry um belo cartão champanhe, no qual Harry leu:

Molly e Arthur Weasley, Ludmilla e Charles Delacour

Convidam você ao casamento de seus filhos Guilherme Weasley e Fleur Delacour, a se realizar no dia 15 de julho às três horas na casa dos pais do noivo.

Contamos com a sua presença.

- N’A Toca? – perguntou Harry.

- Mamãe acha melhor que seja lá. Tem uma grande área aberta e é protegido, mas são os pais da Fleur que vão pagar tudo. Inclusive o meu traje a rigor.

- O que foi Rony? Se cansou das velhas roupas da sua Tia Tessie? – Riu-se Hermione.

Mas, enquanto conversavam, Lupin parecia bem sério e Tonks não estava tão elétrica como sempre foi. Quando os três perceberam que não havia muito tempo para conversa fiada, Lupin tomou um ar sério e se adiantou:

- Bom Harry, nós recebemos a sua carta. Ficamos preocupados. Eu e a Tonks estávamos n’A Toca quando os pais de Hermione chegaram trazendo ela e a sua carta. Então resolvemos vir saber o que está acontecendo.

- Bem... Começa que os Dursley foram embora e os novos donos dessa casa podem chegar a qualquer momento.

- Eles venderam a casa? – Perguntou Rony surpreso.

- Venderam. Mas eu achei melhor não sair daqui. Dumbledore disse que eu devia ficar aqui até completar 17 anos, que é quando a minha proteção acaba...

- Fez muitíssimo bem Harry, querido – Disse Tonks adiantando-se e falando no mesmo tom amável da Sra. Weasley – Mas agora temos que tirar você daqui.

- Agora não. Ninfa – Disse Lupin carinhosamente ao que Harry, Ron e Mione já sentiram certo grau de intimidade. – Primeiro temos que saber o que está acontecendo e discutir para onde levaremos o Harry.

- É mesmo, o que você quis dizer sobre “crateras”, Harry? – Perguntou Rony.

- Vocês não estão sabendo? – Perguntou Harry surpreso lembrando que Rony não via noticiário de trouxas.

- Ei vi na TV. – Disse Mione.

- Que crateras são essas? – Perguntou Tonks. Harry viu que a situação era preocupante. Nem Tonks, nem Rony e, pelo visto, nem Lupin estavam sabendo das crateras.

- No noticiário deu que estão aparecendo crateras por toda a Inglaterra.

- Mas não deve ter a ver com os bruxos senão o Profeta Diário já teria informado – Disse Lupin.

- Não é bem assim... – Foi dizendo Harry. – Segundo a Tia Petúnia essas crateras já apareceram da outra vez. Impedindo que as pessoas saíssem de suas cidades, destruindo estradas. Mas tudo acabou quando... – Harry hesitou – Quando meus pais... Quando eles se foram.

- Porque foi na mesma noite em que Voldemort caiu. – Concluiu Lupin – E as crateras tinham a intenção de encurralar as pessoas... Já sei! Pellagium!

- Foi isso o que a tia Petúnia disse: Pellagium.

- Desde quando sua tia sabe feitiços, Harry? – Perguntou Rony.

- Ela vivia com minha mãe. – Respondeu Harry - Segundo a tia Petúnia as crateras apareceram e encurralaram a todos e virou tudo um grande inferno. As pessoas tentavam ficaram com medo, as autoridades mandaram a cidade ser evacuada. Mas era tarde. E muitos trouxas morreram.

- Mas há uma coisa que eu não entendo Harry. Se isso foi feito, por que então eu, Tonks e todos os outros... Por que nós não nos lembramos se a sua tia se lembrou? – Harry viu que Lupin estava aflito e que a história fazia sentido. Mas Harry não precisou responder. Lupin fez uma expressão preocupada – Só pode ser... Obliviatte.

- Exatamente, foi o que eu pensei – disse Harry – As únicas pessoas que podem se lembrar são os Comensais que escaparam dos obliviadores, o Ministro da Magia... – Harry hesitou. – Dumbledore...

- Mas ele não está mais aqui para nos avisar. Ele não teve tempo para isso. – Disse Lupin pensativo.

- Mas e a sua Tia, Harry? – Perguntou Rony.

- É! Se todos foram obliviados, porque ela se lembra? – Completou Mione.

- A casa dos Dursley é protegida por mágica desde que eu fui deixado aqui. Para os bruxos ela é invisível, assim como a casa do Sirius é invisível para os trouxas. Acho que Tio Válter foi obliviado porque ele sempre sai de casa, ele trabalha... Mas tia Petúnia nunca sai. Os obliviadores do Ministério devem ter se esquecido dela depois disso.

- O Ministério, Ministério.. Sempre o Ministério para nos atrapalhar! – Disse Lupin com raiva.

- Bom Harry, já nos demoramos demais! Temos que ser rápidos antes que os novos donos cheguem.

- Há mais alguma coisa que queira nos contar, Harry? – Perguntou Lupin.

- Sim, mais uma. Tem meu sonho.

- Bom, enquanto você conta Harry eu vou lá em cima arrumar suas malas – Disse Tonks ao que Harry agradeceu.

- Quando Tonks subiu as escadas, Harry contou sobre todo o seu sonho, do Chrono Equalium, de como Lúcio fugiu de Azkaban, depois sobre a notícia do Profeta Diário e enfim sobre a sua constatação sobre a lua Cheia no dia do incidente. Lupin, Mione e Rony concordaram com Harry sobre o fato de que Malfoy já devia estar solto na noite do ataque a Hogwarts, embora não tivesse comparecido.

- E então ele ajudou o Draco – Terminou Harry.

- É claro. Ele não poderia ter pensado em tudo sozinho, precisava do pai ali. E aposto como só conseguiu porque Lúcio foi solto – Disse Rony.

- Mas é claro que Malfoy não deu as caras naquele dia. Ele deve ter ajudado Draco, mas não podia aparecer e ajudar os outros comensais, porque tinha que manter a farsa de que estava preso – Disse Lupin.

Tonks então desceu as escadas trazendo o malão de Harry e a gaiola de Edwiges flutuando pouco acima de sua cabeça. Harry podia jurar que no meio-tempo que estivera lá em cima, ela tinha mudado o tom rosa de seus cabelos para um tom de lilás, mas preferiu não comentar. Então a bruxa abriu um belo sorriso e disse: “Vamos?”

- Bom, esse é mais um problema, – Disse Lupin encarando Harry – para onde?

- Por que não para a Toca? – Perguntou Mione não dando a mínima para o fato de estar oferecendo a casa de outra pessoa.

- Molly está louca, cheia de coisas para fazer já que o casamento teve que ser adiantado. Colocar mais gente lá... Não senhor! Aquilo seria o caos, Remo – Disse Tonks.

- E a casa de Sirius? – Indagou Harry que tinha muitas saudades da mansão Black. – Fazia parte dos meus planos ir pra lá quando fizesse dezessete.

- Em primeiro lugar, Harry, – Lupin falou com certo tom de censura. - Acostume-se com a idéia de que aquela é a sua casa agora. Sirius a deixou em testamento legítimo para você. E sim, a mansão Black é uma opção, mas você deve se lembrar que Dumbledore nos pediu para evitá-la ao máximo. Não sabemos até que ponto chegou a traição do Monstro. Não sabemos até que pontos os comensais sabem da sede da Ordem da Fênix. Ultimamente nós a temos usado para reuniões, mas dormir lá... Não sei... Pode ser arriscado e além do que precisaríamos de, pelo menos, quatro bruxos para tomar conta da casa e não temos! Com Arthur cheio de trabalho no Ministério e Molly super ocupada com o casamento, restam apenas eu e Tonks... Precisamos de um outro lugar.

- Eu acho que sei de um lugar, Professor Lupin... – Disse Mione que ainda não tinha perdido a mania de chamá-lo de “professor” – A minha casa!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.