Manhã romântica...



Harry caminhava descalço na pedra gelada de um sítio escuro e nada agradável. Via ao longe uma luz trémula alaranjada. Foi-se aproximando e viu que era um conjunto de velas dispostas em círculo. No centro, um vulto branco de cabelos cor do fogo. Ginny estava aninhada no chão, enrolada e inerte. Um baque no coração de Harry fê-lo apressar o passo. Não percebia o que se estava a passar, mas fosse o que fosse não era bom. De repente estacou. Um outro vulto entrava no círculo de velas: um vulto esguio que emanava dele uma aura maléfica, sombria e desumana. Harry sabia-lhe a identidade apenas pela energia que exalava.
- Voldemort. - sussurrou.
Começou a correr. Sabia que Ginny estava em perigo. Os seus pés descalços batiam ferozmente no chão de pedra polida e Harry sentia um vento frio cortar-lhe a face. Aumentou a velocidade e tapou a cara para protegê-la do vento.
No círculo, Voldemort esperava calmamente a chegada de Harry. Quando Harry chegou ao círculo, ondeou a varinha e criou um escudo à sua volta. Harry não podia entrar no círculo.
Lentamente, Voldemort ergueu a varinha e apontou-a a Ginny. Um sorriso de malícia curvou-lhe os lábios.
- Crucio.
Ginny contorceu-se no chão e gritou a plenos pulmões. Harry tentou quebrar o escudo. Apontou-lhe a varinha e disse todos os feitiços que lhe vinham à cabeça.
- GINNY!!!
Harry acordou com um solavanco na cama e viu um par de olhos muito assustados a fitá-lo.
- Que se passa Harry? - Ginny agarrava-o pelos ombros.
Harry passou a mão pelos cabelos. Estava a suar e tinha a testa muito quente. Tremia como se estivesse no meio da neve.
- Ginny. - balbuciou.
Em seguida abraçou-se a ela, deixando-a muito confusa, mas Ginny respondeu ao abraço envolvendo Harry nos seus braços e afagando-lhe os cabelos da nuca.
Harry não queria largar Ginny. O sonho tinha sido tão horrível que o tinha deixado com uma sensação de aperto no coração. Não queria que mal algum acontecesse a Ginny, mas tinha medo que isso acontecesse. Agora era perturbado no sono com sonhos horríveis. Harry apenas pedia para que aquilo não fosse nunca real e Ginny sempre se mantivesse afastada de toda a guerra entre ele e Voldemort. Já tinha perdido gente querida de mais.
- Harry… - Ginny afastou Harry de si e encarou-o nos olhos. – Foi mais um pesadelo com Voldemort?
Harry não queria admitir, mas também não queria mentir à mulher que amava. Acenou com a cabeça afirmativamente e pegou nas mãos de Ginny, acariciando-as.
- O que foi o sonho?
- Foi… - Harry engoliu em seco e tentou continuar. – Foi…
- Foi comigo?
Ginny tinha um certo sexto sentido para aquelas coisas. Harry encarou-a e não disse nada.
- Harry, não te preocupes mais com isso. – passou a mão gentilmente pela cara de Harry e beijou-o. – Nada vai acontecer. Tudo vai ficar bem.
E assim deitaram-se novamente, desta vez, Ginny agarrou a mão de Harry e aconchegou-se junto dele, num abraço muito apertado. Nada nunca os iria separar.

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Hermione acordava de uma bela e reconfortante noite. Não tinha ainda aberto os olhos: tinha medo de acabar com o sonho tão bom que tivera. Sonhara que tinha ido ter com Ron e eles se tinham beijado e…
“Espera aí!” – pensou Hermione. – “Não foi um sonho! Eu realmente beijei o Ron!”
Hermione sentia-o ali ao seu lado e tinha o seu braço preso debaixo da cabeça dele. No entanto sentia o braço molhado. Abriu os olhos e viu Ron a dormir de boca aberta ao seu lado… a babar-se.
- Ron! – Hermione nunca tinha imaginado que acordar uma manhã ao lado de Ron pudesse ser tão pouco romântico. – Ron, acorda!
- Mais cinco minutos mamã. – resmungou Ron, passando um braço pela cintura de Hermione e puxou-a para si inconscientemente. – Hmmmmmmm.
Chocada, Hermione tentou tirar o braço debaixo de Ron, mas estava bem presa pelo abraço do ruivo. Hermione bufou e fez a única coisa que lhe pareceu viável.
- RON WEASLEY! – gritou ao seu ouvido.
Ron acordou num sobressalto e levantou-se bruscamente, pregando uma cabeçada em Hermione. Agarraram-se os dois à cabeça, gemendo de dor.
- O que te passou pela cabeça, Hermione? – protestou Ron, esfregando a testa no sítio que tinha batido na cabeça de Hermione. – Não se acorda assim uma pessoa.
- Então diz-me uma maneira de te acordar, Sr. Babão. – disse Hermione, conjurando dois sacos de gelo com a varinha e pondo um sobre a cabeça de Ron e outro sobre a sua.
Ron olhou para ela sem entender e depois viu-a pegar num lenço e limpar o braço da sua baba. Ron ficou imediatamente da cor dos seus cabelos. Notando isso, Hermione interveio.
- Não é preciso ficares envergonhado, Ron. – aproximou-se dele e depositou-lhe um beijo curto na bochecha. – A cabeçada é que foi mais chata.
Ambos soltaram uma gargalhada. Ron procurou o olhar de Hermione e fitou-a. Estava linda, mesmo pela manhã, mesmo despenteada e com a roupa engelhada. Aproximou-se dela lentamente e fechou os olhos. Hermione inclinou-se e fechou os dela também. Foram-se aproximando até os seus lábios se tocarem levemente e então beijaram-se mais uma vez.
- Tenho que ir para o quarto. Não sei o que o Harry vai fazer ou dizer se me apanhar a sair daqui do quarto um vez que eu o apanhei a ele e à Gin… - Hermione tapou a boca e arregalou os olhos.
Ron parecia ter levado outra cabeçada.
- Apanhaste quem? A fazer o quê?
- Hum, Ron… - Hermione estava a tentar encontrar uma maneira de suavizar o impacto da notícia para Ron. – Não fiques chateado com o Harry, mas ontem, quando foste ao quarto dele, a Ginny estava lá, só que tinha saltado pela janela para tu não a veres.
Ron arregalou os olhos.
- A Ginny passou a noite no quarto do Harry? – Ron estava chocado. – Eles… eles?
Hermione acenou a cabeça.
- Ron, ela já é uma mulher. Eles amam-se. Não me surpreendia se eles casassem mal saiam da escola. – Hermione tentava a todo o custo evitar que Ron ficasse zangado. – E não é nada de mais. Ontem entrei lá e eles estavam a vestir-se. Bem… Mais cedo ou mais tarde ia acontecer.
- Bem… - Ron começava a digerir aquilo tudo. – Se calhar é esta história da guerra e… Talvez eles tenham achado que podiam nunca mais ter a hipótese de…
Abanou a cabeça. A irmã mais nova dele já tinha… Que estranho. Era mesmo esquisito pensar na irmã como uma verdadeira mulher. Mas era verdade. A pequena Ginny era agora uma mulher. E ele? Tinha apenas beijado pela primeira vez a mulher que amava. De repente sentiu-se infantil e inexperiente. Até o melhor amigo tinha dado um passo que ele nunca tinha pensado dar até àquele dia. Mas também não se ia preocupar muito. Ele e Hermione iam levar tudo na maior das calmas e fazer cada coisa a seu tempo.
Hermione levantou-se da cama.
- Tenho que ir, Ron. Lá se sabe o que eles pensarão se souberem que passei a noite aqui contigo. – Hermione sorriu envergonhada. – E tenho que dar um jeito nestas roupas.
Ron levantou-se também e deu-lhe um beijo curto na bochecha. Quando Hermione estava a sair do quarto, ao fechar a porta, pôde ainda ver Ron a tirar a camisa e apreciar por uma fracção de segundo aqueles ombros largos e definidos.
Ao virar-se deu de caras com Harry e Ginny ao fundo do corredor, com sorrisos maliciosos.
- O que foram todos aqueles gemidos? – perguntou Harry.
- Não é o que vocês estão a pensar! – protestou Hermione.

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