Uma noite de sentimentos...(1)

Uma noite de sentimentos...(1)



- Ginny! - Harry apressou-se a dizer a contra-maldição para libertar Ginny do seu estado petrificado.
Ginny piscou os olhos e sentou-se gemendo e esfregando a nuca.
- Ginny!!! O que raios pensas tu que estás a fazer aqui? - Ron nem parecia zangado, parecia mais surpreso que mais nada ao constatar que a irmã estava ali. - Era suposto estares em casa!
Mas Hermione estava mais preocupada com outra coisa:
- Ginny, como nos descobriste aqui? Como vieste cá ter? Como entraste?
Harry, pelo seu lado, parecia estar mais preocupado com o estado de Ginny.
- Desculpa! - Harry deu-lhe a mão para a ajudar a levantar e passou-a pelo seu ombro, agarrando-a pela cintura e levando-a até à sala. - Eu não fazia ideia que eras tu! Pensávamos que era um intruso... Que estavas a fazer afinal, debaixo do manto? A tentar esconderes-te de nós?
Ajudou Ginny a sentar-se no sofá grande e sentou-se ao seu lado. Ron e Hermione puxaram os outros dois sofás para perto daquele e sentaram-se em frente a Ginny à espera das respostas.
- Eu... - balbuciou Ginny. - Eu tinha que vir atrás de vocês. Ouvi o Harry e a Hermione a falar sobre a vossa partida em busca das Horcruxes e que vocês vinham para aqui. Então quando chegou a coruja lá a casa com a carta do Hagrid, eu sabia que teria alguma coisa a ver com isto e a mãe mandou-me entregar-ta. Mas eu levei-a para o meu quarto, li-a, fiz uma cópia do pergaminho e da chave para entrar aqui e depois fui ao teu quarto entregar-ta. No dia seguinte eu sabia que vocês iam embora e antes de vocês saírem da boda eu fui até ao quarto do Fred e George e peguei numa das antigas vassouras do George, fiz um pequeno saco com mantimentos e roupa e vim na vassoura.
- E não foste vista? - perguntou Hermione.
- Não. - respondeu Ginny. - Usei o feitiço de camuflagem. Ninguém me viu sair de casa nem no caminho.
- E afinal porque te escondias debaixo do manto do Harry? - perguntou Ron.
- Não queria que vocês soubessem que eu estava aqui. Então quando eu cheguei e ouvi vocês nas escadas peguei no manto e escondi-me na sala. Eu queria seguir-vos sem vocês saberem nunca. Ia usar feitiços para me manter invisível, mas afinal vocês agora apanharam-me...
- Pois apanhámos! E agora vais já para casa! Os pais devem andar preocupados contigo! - disse Ron.
- Também estão preocupados com vocês! Mas vocês não vão voltar na mesma... - respondeu Ginny decidida. - E eu deixei uma carta a explicar-lhes tudo.
Harry que até ali tinha estado calado a ouvir Ginny disse então:
- Ginny, nós já discutimos isto... É demasiado perigoso! Eu não quero que tu te envolvas...
- Pára! - disse Ginny, erguendo a voz. - Eu já sei essa conversa, mas tu ainda não me ouviste, pois não?
Hermione e Ron entreolharam-se.
- Nós vamos deixar-vos a sós. - disse Hermione.
E puxando pelo braço de Ron, saíram da sala e Harry ouviu-os subir as escadas.
Ginny estava com os olhos tristes, e de repente olhou nos olhos de Harry, com uma súplica na voz disse-lhe:
- Por favor Harry, deixa-me ir contigo! Por favor! Eu não quero... Eu não posso ficar de braços cruzados em casa à espera enquanto sei que tu estás aí a correr perigo! Eu quero estar ao teu lado quando a guerra começar, quero estar ao teu lado até ao fim! Entende isto!
As lágrimas corriam já pela cara de Ginny. Harry sentia tanta pena, tanta vontade de abraçá-la, de lhe limpar as lágrimas, de ficar assim com ela para sempre, de lhe murmurar ao ouvido entre soluços que também ele queria ficar com ela até ao fim...
- Não posso... - começava a faltar-lhe a voz. - Ginny, eu não posso deixar que te arrisques assim por minha causa! Estás melhor em casa. Quando a guerra chegar, eu não sei se vamos todos... sobreviver. Eu quero saber que estás em segurança, que estás bem. Eu quero que tu vivas!
Ginny soluçava de desespero agora. Agarrou as mãos de Harry com força e tentou falar, mas não conseguia. Harry não resistiu e abraçou-a, acariciando-lhe os cabelos. Apertou-a contra si e disse:
- Ginny, eu importo-me demais contigo para deixar que te arrisques dessa maneira. Eu não valho assim tanto!
- Não! - Ginny empurrou Harry de modo a libertar-se do seu abraço e limpou as lágrimas que continuavam a correr. - Tu não entendes: eu não vivo sem ti! Eu não quero estar longe de ti. Vou sofrer muito mais se não souber de ti! Não consegues respeitar a minha decisão de ir contigo? É a minha decisão, não a tua, de decidir onde vou e o que faço. E eu decido que vou contigo e que vou ajudar-te nesta luta. Porque tu vais precisar de toda a ajuda que puderes ter... Deixa-me ir contigo, suplico-te.
Harry suspirou e levantou-se, virando costas a Ginny, para que ela não visse os seus olhos também brilhantes de lágrimas. Achava-se agora um monstro por causar tanta dor a alguém como aquela rapariga sentada atrás de si. Com a voz embargada pela emoção, arriscou responder-lhe.
- Se a decisão é tua, seja. Podes vir connosco. E, Ginny...
- Sim?
- Obrigado... por tudo.
Harry ordenou às suas pernas que andassem. Elas resistiram um pouco, mas por fim lá obedeceram e Harry foi ter com Ron e Hermione, recompondo-se e inspirando fundo, deixando atrás de si uma Ginny de olhos vermelhos e molhados mas muito mais calma.

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