Uma noite de sentimentos...(2)
Ron e Hermione tinham ido dormir. Ron ficara no primeiro quarto, o da cama larga e Hermione ficara no quarto das duas camas, para que Ginny pudesse dormir na outra. Harry decidira ficar no quarto dos seus pais.
Após terem todos comido qualquer coisa que tinham trazido consigo do casamento, levaram as malas para cima e instalaram-se nos quartos.
No seu quarto, Harry decidiu ir à janela e descobriu que, se saísse, podia sentar-se no telhado, numa parte mais plana. Estava uma noite bonita, cheia de estrelas. Harry decidiu sair para apanhar algum ar, por isso trepou a janela e deitou-se no telhado.
Harry pensou. Pensou em todos os seus colegas de Hogwarts: Neville, Luna, Seamus, Dean... Pensou nos seus pais. Pensou nos Devoradores da Morte, nos Dementors, nos Gigantes... Sobretudo pensou em Dumbledore e nos Horcruxes. Como ia ele conseguir sem a ajuda do seu mentor e mestre?
Harry pensou também na profecia. Porquê ele? Em todos os seus anos em Hogwarts nunca tinha ficado assim, tão perdido, tão sozinho... Ainda bem que tinham Hermione e Ron ao seu lado... E agora Ginny.
Harry pensou que devia estar louco quando deixou Ginny acompanhá-lo, mas não ia voltar atrás na sua palavra. E, no seu íntimo, desejava ardentemente que Ginny o acompanhasse. Nunca se tinha sentido assim, era um sentimento tão forte que lhe tirava o fôlego. Pela primeira vez, amava. Harry Potter amava Ginny Weasley. Só não percebia porque não lhe conseguia dizer, porque não lhe dizia tudo o que ia na sua cabeça.
Harry sentou-se. Fez uma promessa a si próprio: ia dizer a Ginny o que sentia por ela. Não fora ela quem se expusera, quem se abrira para ele, dizendo-lhe que o seguiria até ao fim? Então ele também se abriria para ela e confessar-lhe-ia todo o seu amor.
Mas outro pensamento lhe assaltou a mente: viu uma imagem de Voldemort a torturar Ginny à sua frente, enquanto um grupo de Devoradores da Morte o seguravam e não o deixavam salvar a mulher que amava. Sentiu-se então tão incapaz, tão fraco.
Pôs a mão esquerda à volta dos joelhos e a direita na cabeça, puxando o cabelo para trás com os dedos. Sentia-se tão mal que pensava que ia explodir com aquele sentimento dentro de si. As lágrimas voltaram a assomar-lhe aos olhos, começando agora a escorrer. Harry Potter já não chorava havia muito tempo, mas naquele momento tudo lhe pareceu tão mau que não pode deixar de fraquejar e deixar os sentimentos que guardava no coração escorrerem naquelas lágrimas de tristeza. Muitos que amava tinham morrido: os pais, Sirius, Dumbledore... A sua vida tinha sido uma vida de perdas. Agora, todos os que amava corriam perigo e não ia suportar perder mais ninguém.
Naquele momento, Ginny trepava a janela do seu quarto e ia ter com Harry, mas este estava tão absorvido nos seus pensamentos que nem deu por ela. Ouvindo-o soluçar baixinho, Ginny teve medo de o assustar, ou até mesmo de o embaraçar, por o apanhar a chorar. A medo, estendeu a mão para lhe tocar no ombro e pousou-a levemente.
Harry, surpreso, fungou e limpou a cara à manga da camisola.
- Ginny... - tartamudeou. - Pensei que estavas a dormir.
- Quis vir ver como estavas... - respondeu simplesmente Ginny. - Posso sentar-me aqui?
- Força.
Ginny sentou-se ao lado de Harry e olhou para cima.
- Está uma noite linda... - disse.
- Das poucas coisas boas que ainda há para apreciar. - constatou Harry em voz baixa, olhando para os joelhos.
Ginny baixou a cabeça e olhou para Harry.
- Há o amor. - disse. - O amor entre as pessoas, entre os amigos, entre as famílias, entre os amantes...
Ao referir aqueles últimos, corou um pouco e olhou em frente.
- Tens razão. - foi a vez de Harry olhar para ela. - O amor é a razão de estarmos todos aqui, a razão de todos lutarmos por um mundo melhor, onde pessoas que não amam, só odeiam, como Voldemort, não existem.
Ficaram os dois em silêncio. Harry olhava para Ginny. Como era linda: àquela luz do luar e das estrelas, ainda parecia mais bela, a sua face com uma expressão grave e doce. Harry teve um forte impulso de beijá-la. Mas não estava na hora. Precisava dizer-lhe algo antes.
- Ginny?
- Sim? - Ginny olhou para Harry.
- Eu... - Harry engoliu em seco, não havia maneira fácil de dizer aquilo. - Eu nunca deixei de pensar em ti... Mesmo quando eu acabei tudo. Eu ainda... penso em ti. A verdade é que... Eu amo-te Ginny.
Pronto. dissera-o. Nunca pensou que fosse soar tão patético, mas tinha sido sincero. Ginny olhava-o com atenção agora, como que a avaliar se o que tinha acabado de escutar tinha sido realidade ou se estava apenas a sonhar.
- Eu também te amo, Harry.
Foi tudo o que teve força para dizer. Sentia-se tão consumida pelas palavras que tinha acabado de ouvir que se sentia a flutuar, parecia tudo tão irreal...
Harry pegou na mão de Ginny e pô-la no seu pescoço. Colocou a sua mão na cintura da Ginny e aproximou a sua cara da dela. Aquele momento pareceu interminável, com aquele beijo tão profundo, tão sincero, tão apaixonado.
Quando se afastaram, olharam-se demoradamente e Harry deu mais um beijo rápido em Ginny, abraçando-a em seguida.
- Quero que saibas que eu também quero ficar contigo até ao fim. - disse Harry ao ouvido de Ginny.
Ficaram ali mais algum tempo abraçados, mas entretanto estava a fazer-se frio, e os dois levantaram-se e foram para dentro, de mãos dadas.
Ao entrarem, Harry abraçou Ginny, beijando-a ardentemente. Ginny tinha as mãos no cabelo de Harry e este pegou nela ao colo, continuando a beijá-la.
Sem saber muito bem o que estava a fazer, guiado apenas pelo instinto, Harry levou Ginny em direcção à cama e, colocando o braço nas suas costas, começou a incliná-la até ela se deitar.
Continuavam sempre a beijar-se até que Ginny parou e disse:
- Harry, tens a certeza disto?
Harry sentou-se ao lado de Ginny na cama. Nem tinha pensado no que estava a fazer.
- Não sei... Eu nunca... Desculpa. - disse ele olhando para o chão.
- Não! - Ginny acariciou-lhe a face e virou-a para si. - Não peças desculpa. Não fizeste nada de errado. E... Eu não sei o que vai acontecer amanhã. Prefiro morrer amanhã e ter partilhado este momento contigo a viver uma vida inteira sem ti.
Dizendo isto, Ginny beijou Harry com doçura e aproximou-se dele. Começou a tirar-lhe a camisola. Harry sentia-se envergonhado, mas o desejo de estar com Ginny era maior. Entre beijos, foram-se despindo mutuamente e enfiaram-se entre os lençóis. E ali, à luz das velas que Harry tinha acendido antes, partilharam o momento único da perda da inocência.
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