A Pedra da Lua



Capítulo 37




A Pedra da Lua





– Definitivamente, não!

Hermione bufou fechando o livro com violência como se ele a tivesse ofendido. Depois, jogou-o sem muito cuidado em uma pilha alta com outros volumes igualmente grossos e de aparência antiga. Até agora, todos tinham sido avidamente consultados e logo descartados com uma fúria crescente. Sem dar atenção às testas franzidas de Harry e Rony, ela puxou outro livro do meio da mesa e voltou a sumir atrás dele, deixando apenas o topo da cabeça aparente. Os rapazes trocaram um olhar significativo, mas nenhum deles se arriscou a falar ou perguntar coisa alguma.

Seguiam a mesma rotina há quase dois dias inteiros. Tão logo haviam retornado de Bodmin Moor, os três se refugiaram na sede da Ordem da Fênix e mergulharam em tantos livros quanto conseguiram arrecadar. Hermione e Rony estavam determinados a saber de que forma os presentes recebidos lhes seriam úteis. E, para Harry, qualquer coisa que significasse ter mais armas contra Voldemort e sua corja era muito bem vinda.

Além disso, a estadia no Largo Grimmauld não correspondia apenas à necessidade de pesquisarem com mais afinco do que tinham feito em toda a vida, mas também ao fato de que os três estavam irmanados, pela primeira vez, numa espécie de orfandade às avessas. A Toca fora um refúgio nos primeiros dias após Gina e as crianças terem sido levadas, mas depois, começara a ficar difícil estar lá. Por um motivo óbvio, qualquer coisa que lembrasse um lar se tornara insuportável. E, por mais que Harry amasse a Toca, doía muito dormir no quarto de solteira de Gina ou ver a Sra. Weasley sempre de olhos úmidos e o Sr. Weasley se arrastando pela casa como um fantasma. Rony e Hermione pareciam sentir o mesmo e, embora ainda tivessem uma casa, praticamente não haviam retornado ao apartamento em que moravam desde que Sirius fora levado.

– Está além das nossas forças ficar lá – lhe dissera Rony quando os dois se juntaram a ele no número doze, trazendo algumas malas e quase todos os livros de Hermione, ou seja, praticamente uma “mudança”.

Algumas coisas, as pesquisas já haviam revelado. Ainda não tinham entendido muito bem o que fariam com a pedra da lua que viera parar nas mãos de Harry e que parecia ser bem comum, mas já sabiam qual o significado da espada e da pulseira de dragão, embora não tivessem a menor idéia de como usá-las em uma batalha.

De resto, o quadro geral não era muito diferente da forma como haviam passado os seus anos na escola. Rony olhava os livros com a testa franzida, volta e meia fazendo caretas para o que encontrava neles, mas numa concentração apenas reconhecível nos períodos em que tinham realmente grandes problemas. Hermione era a mais rápida e, também, a mais exasperada. Não encontrar respostas nos seus preciosos livros era algo que costumava deixá-la sempre com os nervos à flor da pele. No caso de Harry, sua atenção voava com freqüência muito além das palavras a sua frente. Mas isso também fazia parte do quadro familiar.

Felizmente, com Gina e Lyan correndo perigo, Harry podia facilmente fingir que era esta a sua única preocupação, nas vezes em que ficava com o ar “ausente”. Mas ele também sabia que sua família e os outros estariam relativamente bem até a noite marcada para o ritual e, mesmo que estivessem em seus pensamentos grande parte do tempo, não era neles que estava se concentrando. Harry estava determinado era a invadir a mente de Voldemort. Exatamente como fizera no passado. Se ele havia retornado, então, a ligação entre os dois deveria estar restabelecida, já que, na opinião de Harry, esta nunca fora inteiramente desfeita. Sua cicatriz era a prova disso. Sendo assim, só havia um motivo para ele não conseguir acessar os pensamentos de seu inimigo. Estava sendo conscientemente bloqueado. Só que Harry não pretendia desistir, haveria um momento em que, ou Voldemort relaxaria ou permitiria a visita, e ele pretendia tirar todas as vantagens que pudesse disso. Até conseguir, porém, preferiu não partilhar a sua mais nova obsessão com os outros dois.

Talvez a grande alteração no quadro, em relação às outras épocas, fosse a presença de Joanne sentada em seus joelhos. O bebê estava agora com um grande mordedor laranja berrante enfiado quase inteiro na boca, engrolando sons e baba. Harry havia dado o brinquedo para distraí-la de tentar agarrar as páginas do livro que ele lia e, por sorte, vinha funcionando.

Na maior parte do tempo, a menina ficava com a Sra. Weasley, mas Harry fazia questão que Dobby a trouxesse todo o final de tarde e ficasse até o dia seguinte. Harry preferiria não onerar a sogra com isso, mas também não seria capaz de lhe negar a proximidade com a única neta que estava a salvo. Os Weasley estavam num inferno no qual Joanne parecia ser a única luz.

Jorge e Alicia já haviam saído do hospital, mas não estavam cem por cento nem física nem emocionalmente. Os dois se culpavam por não terem conseguido impedir o rapto dos três meninos e o sumiço de Winky. Fleur continuava internada, embora já estivesse fora de perigo. Mas quem inspirava mais cuidados, no momento, era Ana. A gestação de cinco meses sofrera com o abalo de ter todos os sobrinhos raptados de uma única vez e ela recebera a orientação de ficar em repouso e não se emocionar. Nos dois casos, provavelmente, apenas com uma paulada na cabeça a jovem obedeceria a tal recomendação. Harry, aliás, não chegava a invejar a situação do cunhado. Além da esposa, Carlinhos também estava tendo de lidar com os pais de Mel, que haviam voado às pressas para a Inglaterra, e que, sendo trouxas, entendiam muito pouco e ajudavam quase nada.

Num resumo “otimista”, estavam todos em frangalhos e tudo o que faziam era perguntar a Harry como eles fariam para que pudessem juntos ir até a tal ilha resgatar as crianças. Hermione propusera uma possibilidade, mas Harry não gostara nem um pouquinho dela.

– Ora, francamente!

Hermione interrompeu seus pensamentos fechando Viagens Mágicas pela Grã-Bretanha com tanto barulho que Joanne deu um pulinho assustada, no colo do pai. Harry fechou a cara para a amiga, ela ia acabar fazendo Joanne chorar, mas a garota não notou. Com uma expressão cheia de indignação, ela puxou para si um grosso volume de capa em couro vermelho, enquanto emitia, com a boca, um som semelhante a um rosnado.

Ela estava sentada ao lado direito de Harry e Joanne, que ocupavam a ponta da mesa da cozinha, e Rony estava em frente à esposa, tendo um livro aberto sobre as pernas compridas que estavam estendidas em cima da mesa. Os ataques de fúria de Hermione pareciam o estar divertindo muito. Ele se limitou a acompanhar com os olhos enquanto ela folheava o novo livro com violência, segurando o riso. Joanne voltara a sugar o mordedor com vontade, mas parecia encantada com os movimentos furiosos da tia.

– Er... Mione – Harry tentou calmamente.

– O quê? – ela retrucou com rispidez.

– Você vai acabar rasgando esse livro.

– É o que ele merecia! – Hermione resmungou fazendo negativas com a cabeça para cada palavra que lia e virando as páginas com estrépito. – É o amontoado de besteiras mais tolas que já li na minha vida inteira!

Joanne riu, adorando o barulho das páginas maltratadas.

– Meu amor – chamou Rony, mas recebeu em troca um olhar nada romântico –, você sabe que normalmente eu não me incomodaria de você destruir preciosas fontes de saber bruxo secular, mas você esta dando mau exemplo.

Ele apontou para a sobrinha fazendo uma cara séria e Hermione devia estar realmente fora de si, porque ela não notou ou fingiu não notar a ironia dele. Ela fechou o livro parecendo exausta e se pôs a esfregar as mãos no rosto como se quisesse acordar.

– Ah, você tem razão. Isso está sendo inútil mesmo.

Os dois rapazes voltaram a trocar olhares e Rony, tirando os pés de cima da mesa, debruçou-se calmamente sobre ela.

– Você não acha que está exagerando... só um pouquinho?

Hermione arqueou as sobrancelhas e apertou os braços diante do corpo no que parecia uma brava tentativa de não saltar no pescoço do marido.

– É, Mione – Harry interviu – já conseguimos um bocado de coisas. Não é mesmo, Rony?

– Claro – concordou o outro puxando um pergaminho com algumas anotações. – Até agora sabemos que os Pais de Hogwarts (1) guardaram naquele lugar, juntamente com o tal poder da sétima, alguns dos objetos mais importantes da história da magia na Grã-Bretanha (que tinham sido confiados a eles porque os trouxas estavam querendo se apoderar dos lugares mágicos). E, por algum bom motivo, resolveram emprestá-los para a gente. Isso é... bem, hã... esclarecedor, não é?

– Não me irrite, Rony – sibilou Hermione, deixando bem claro que aquela não era a ocasião para sarcasmo. – Você realmente não vai gostar de me ver irritada!

Rony recuou o corpo para trás na cadeira.

– Ok, não sabemos o que fazer com essas coisas... ainda. Sabemos que a pedra do Harry é uma pedra da lua, mas não creio que a poção da paz seja o recurso indicado para o caso (embora, talvez, você devesse tomar um gole). Mas, como temos de devolvê-la, transformá-la em pó não é uma opção no momento.(2) Além disso, se Bóreas estava certo, o Harry deve levar a pedra até a Gina, então não podemos dizer que não sabemos o que fazer com ela, certo?

– Certo – Harry concordou rapidamente, mas Hermione mal moveu os olhos que continuavam semi-cerrados como os de um gato raivoso.

– O mais complicado até agora foi entender porque você ganhou uma espada que mal consegue levantar e eu uma pulseira.

– Ah, Rony! De novo isso não! Já disse para você parar com esse machismo. Isto – ela se inclinou e tocou no dragão de ferro enrolado no pulso dele – não é uma pulseira! É o Pendragon, o símbolo máximo dos grandes reis britânicos do passado!

Agora o sorriso de Rony era imenso.

– Eu sei. É que eu adoro ouvir isso de novo.

Hermione rolou os olhos e apertou os dentes, cheia de fúria frustrada.

– Maravilha, Ronald! Você é o maioral! Agora me diga como vai usar a sua pulseira real para resgatar o meu filho!? Você sabe? Sabe? Se não, pare de brincar e bancar o bobo! O que adianta estarmos tão “misticamente” armados para esta guerra, se não sabemos como usar as armas e nem se conseguiremos entrar no campo de batalha!?

Nas últimas palavras o olhar raivoso se dirigiu para Harry, mas ele não se abalou. O sorriso de Rony, no entanto, sumiu e ele voltou a olhar para o bracelete como o objeto pudesse falar e lhe dizer do que era capaz. Joanne ficou inquieta com a agitação da tia e Harry achou melhor andar um pouco pela cozinha para acalmá-la. Começou a contar e apostou consigo mesmo que Hermione voltaria ao assunto daquela tarde antes que ele chegasse ao dez. Ganhou a aposta, foi no oito.

– Harry...

– Sem chance, Hermione.

– Quer fazer o favor de me ouvir? O Malfoy falou que o feitiço protetor da ilha só vai permitir que você entre lá. Que só o seu sangue poderá ultrapassar as barreiras mágicas. Você não vê que o que temos de fazer é um feitiço de irmãos de sangue?

– Não!

– Cara, você não pode entrar lá sozinho.

– É claro que eu posso, Rony. E se for o único jeito, eu vou.

– É exatamente o que ele quer! – sustentou o outro.

– E daí? –Harry ergueu os ombros. – A briga é entre nós dois mesmo.

– Ah, certo então – ironizou Rony. – Provavelmente ele vai mandar os Comensais ficarem quietinhos enquanto vocês dois fazem uma luta de arena, mano a mano, sem interferências.

– Ele já fez isso uma vez.

– Não seja burro – Hermione estava realmente fora de si, pois não costumava falar daquele jeito com Harry. – Comensais são os menores dos nossos problemas. Acha que os demônios vão estar lá de enfeite? Eles farão tudo para fragilizar você, Harry. Isso se você não tiver de enfrentar nada mais nada menos que o próprio Mefistófeles! Não! Agora você vai me ouvir – ela levantou da cadeira com o rosto muito vermelho. – Voldemort está esperando que você vá sozinho. Ele está certo de que você não vai permitir que outros se arrisquem junto com você. Ele confia no seu complexo de herói mais do que em qualquer outra coisa. Você sabe que sim! Voldemort sempre se valeu disso para atraí-lo para onde ele queria. Você só conseguiu impor os seus termos uma vez, quando o levou para o Campo de Aradia, e fez isso pensando mais nos outros do que nas vantagens que poderia ter. Eu ainda estou falando! – Ela ergueu o dedo o impedindo de retrucar. – Eu estou pouco me lixando para os seus escrúpulos e cuidados dessa vez, Harry Potter! Aqueles monstros botaram as patas no meu filho! – Rony resmungou “nosso”. – Levaram minha melhor amiga, meu afilhado, meus sobrinhos e sabe lá Deus o que fizeram com a Winky, porque nunca encontramos nem rastro dela depois daquele dia! Você acha que eu ou o Rony vamos deixar isso barato? Eu posso mal conseguir erguer essa coisa – ela apontou para a espada de lâmina larga acomodada no centro da mesa – mas ela não veio parar nas minhas mãos por acaso. Então, você nem pense que vai me impedir de entrar lá, está entendendo? Se fazer o feitiço for a única forma, eu vou fazer, nem que tenha de azará-lo com Sectumsepra para poder ter sangue suficiente!

Houve um silêncio momentâneo em que nenhum dos três percebeu o beiço de Joanne. No minuto seguinte a menina começou a chorar e Hermione se sentou, cheia de remorso, enquanto Harry acalmava a filha. Somente quando a menina voltou a se satisfazer com o mordedor, ele falou.

– Não estou protegendo ninguém, nem impedindo ninguém de lutar ou resgatar os próprios filhos, Hermione. Você realmente está me entendendo mal se acha que estou sendo heróico.

Apenas por causa de Joanne em seus braços ele conseguia dizer tão calmamente o que estava pensando e que parecia que os amigos se recusavam a compreender. Hermione vinha falando do tal feitiço dos irmãos de sangue desde que Draco havia contado como Voldemort o esperava. Harry, porém, tinha descartado a idéia desde o início. O que, claro, não fora o suficiente para Hermione desistir e, na medida em que o tempo passava, ela voltava à carga com mais e mais vontade. Era um feitiço bem conhecido. No passado, era geralmente feito por amigos antes de batalhas para que, caso somente um sobrevivesse, este poderia voltar e assumir a família do amigo morto, protegendo-a como se fosse um parente. Também podia ser feito quando se dividia um grande segredo, pois trair a confiança de um irmão, nesse caso, seria muito grave e o feitiço amaldiçoaria o traidor. Fazer o feitiço era bem mais simples que seu significado ou suas conseqüências, consistia em cortar as palmas das mãos e trocar um aperto entre elas. Quando o feitiço era realizado entre mais de duas pessoas, se costumava a pingar três gotas do sangue de cada um em uma taça de vinho e todos bebiam dela.(3) Mas a idéia de partilhar seu sangue com outras pessoas era, para Harry, absolutamente repulsiva.

– Não vou fazer nenhuma “doação de sangue” para criar um exército de gente que no futuro (admitindo que Riddle seja derrotado dessa vez) possa ser usada como porta para trazê-lo novamente de volta do inferno, onde é o lugar dele!

– Talvez ainda achemos um outro jeito – sugeriu Rony, num tom cansado.

Harry olhou para a pilha de livros de Hermione e debochou.

– Claro, por que não? Está bem fácil até aqui!

A porta da cozinha abriu, mas o ar que entrou não ajudou em nada a desanuviar o ambiente, pelo contrário.

– Atrapalho? – perguntou Severo Snape, cujo tom macio parecia deliciado com o fato de encontrar os três em pé de guerra.

Fora Hermione quem mandara chamar Snape. Na verdade, ela tinha apelado, no desespero, para ele e Lupin, mas o amigo estava no noroeste do país com Tonks. Os dois estavam buscando informações sobre a fortaleza para onde Troop, Voldemort e seus comparsas haviam levado suas vítimas. Seguindo os dados fornecidos por Draco Malfoy, a Ordem tinha direcionado sua atenção para o condado de Cumbria, mas Harry e Quim acharam melhor não movimentar gente em demasia para o local. Não queriam atrair suspeitas de que eles já sabiam onde o grupo estava se escondendo. Obviamente Lupin e Tonks foram voluntários para a missão. E mesmo sabendo que os feitiços defensivos não os deixariam chegar perto do local exato, as habilidades metamorfogas de Tonks e a condição de Remo – que ainda o permitia vagar pelo submundo, mesmo tendo de esconder sua verdadeira identidade – eram as mais adequadas para conseguir informações sobre o que e quem eles encontrariam na tal ilha.

Harry não se opusera a vinda de Snape, mas preferia realmente que ele não os tivesse encontrado discutindo. Isso renderia uma boa sessão de sarcasmo por parte do ex-professor. No entanto, algo inesperado aconteceu. Joanne fixou os olhinhos muito verdes no homem que entrava, girou a cabeça como se examinasse a sua aparência escura e macilenta, o corpo apoiado na bengala. E depois, como se tivesse decidido que aquilo a incomodava mais do que qualquer outra coisa no mundo, ela abriu novamente o berreiro. Snape ficou aturdido e chegou a recuar um passo. A garotinha aumentou o volume e jogou o mordedor no chão enquanto se agarrava ao pai, ofendidíssima. O próprio Harry ficou um pouco surpreso. Certo, Snape não era exatamente uma figura carismática e popular, ainda mais com crianças, mas ele também não via motivo para Joanne ter um ataque daqueles. Rony e Hermione, porém, pareciam estar se divertindo com o fato.

– Eu disse alguma coisa ou vocês três ensinaram o bebê a fazer isso, achando que seria uma ótima piada? – lascou Snape, indignado com os risos de troça dos dois Weasley.

Hermione revirou os olhos ainda rindo.

– Parabéns Harry, sua filha deu mais um passo na escala do desenvolvimento infantil. Ela está estranhando.

Harry deu um sorriso de entendimento. Lembrava daquela fase com Sirius. E também com Kenneth e Sean e Chantal. De fato, nem sequer podia culpar a sua Jô por estranhar logo o Snape. Ele mesmo não teria escolhido figura melhor. Apenas o espantou o fato de que os resmungos do homem, enquanto ele mancava levemente até uma cadeira junto à mesa, pareciam quase magoados.

– Eu vou acamá-la e colocá-la para dormir – disse Harry se encaminhando para a porta.

Ele fez um gesto como que fosse puxar a varinha do cós da calça para conjurar uma mamadeira. Não precisava da varinha, mas se acostumara a fazer os movimentos com ela e de forma nenhuma pretendia revelar sua condição para outras pessoas que não Rony e Hermione. Mas, numa fração de segundo, uma espécie de alarme soou na sua cabeça o lembrando do quanto Snape era de “pegar” certas coisas no ar e desistiu de arriscar-se, não faria magia em frente ao ex-professor o quanto pudesse evitar.

– Hã... Mione, você pode conjurar uma mamadeira, acho que você é melhor nisso do que eu.

A garota ergueu levemente a sobrancelha, mas pareceu compreender rapidamente e fez o que ele pedia.

– Aqui – ela disse entregando a mamadeira para Harry, depois de fazer um floreio com a varinha. – Boa noite, minha lindinha!

Hermione deu um beijinho na sobrinha, mas a menina estava fora de si e aumentou o volume do choro a ponto de tapar o boa noite de Rony. Harry saiu com a filha da cozinha e seguiu em direção ao corredor que levava ao hall e às escadas para o andar de cima. Agradeceu o feitiço de surdez que Hermione jogara no quadro da mãe de Sirius estar funcionando, ou teriam ali tanto barulho que os trouxas das casas vizinhas certamente ouviriam. Subiu para o andar de cima tentando um monólogo calmante para Joanne parar de chorar. Quando chegou à porta do quarto que ele havia arrumado para os dois – o antigo quarto do seu padrinho – ela já estava só resmungando, mas continuava a fungar, muito sentida. Uma foto dele e Gina (que fora salva da casa destruída) tentou ajudá-lo lembrando-lhe pedaços de canções de ninar, mas ainda assim Harry demorou por volta de uma meia hora para conseguir que ela finalmente pegasse no sono. Só então chamou Dobby para ficar de olho na menina. Ele até poderia ter chamado o elfo antes, mas Dobby estava ajudando a Sra. Weasley em casa e Harry não estava afim de ficar disputando quem ia cuidar da Jô e fazê-la dormir. Cuidar dos gêmeos era o único motivo que fazia o elfo brigar com seu adorado Harry Potter.

Depois de instruir Dobby a chamá-lo caso Joanne sequer suspirasse mais alto, ele finalmente desceu de volta para a cozinha. Tinha certeza de que a esta altura, Snape já estaria inteirado de tudo e, provavelmente, já tinha idéias bem próprias sobre as chances que eles tinham. Pelo menos numa coisa ele poderia confiar, Snape tinha discernimento e frieza o suficiente para não concordar com a idéia absurda de Hermione.

Os três pararam instantaneamente de falar assim que ele entrou na cozinha e isso definitivamente não lhe pareceu um bom sinal. Eles estavam debruçados sobre a espada numa atitude claramente conspiratória.

– Tudo bem? – perguntou desconfiado.

O fato de levarem algum tempo para responder deixou Harry ainda mais desconfortável e ele seguiu até a mesa parando ao lado de Hermione e de frente para Snape e Rony, que estavam sentados do outro lado da mesa.

– Deixe-me ver a tal pedra, Potter – falou Snape estendendo a mão.

– Por quê?

– Se for uma pedra da lua comum, eu não vejo porque não – retorquiu o outro, com desdém.

Harry enfiou a mão no bolso onde a pedra ainda estava guardada, mas hesitou e Snape baixou a mão sobre a mesa, um meio sorriso gélido no canto da boca.

– Você escreveu um trabalho enorme sobre isso uma vez, Potter. Devia conhecer de cor todas as propriedades da pedra da lua. O que não incluiu nenhum problema a respeito de passar de mão em mão. A não ser, claro, que tenha sido a Granger que o tenha escrito para você.

– Eu fiz aquele trabalho! – afirmou Harry. Lembrava com nitidez de fazê-lo por horas a fio juntamente com as outras memórias de seu insuportável quinto ano escolar: as lembranças do Torneio Tribruxo, Voldemort fazendo parquinho na sua mente, Umbridge e o próprio Snape.

– Verdade? – questionou o ex-professor. – Achei que escrevendo tantas vezes sobre as propriedades mágicas da pedra da lua, você teria se dado conta de que bastava tomar três goles da Poção da Paz antes de dormir e teria serenidade para esvaziar a mente, aprender oclumência e aturar com estoicismo as perseguições da Umbridge. – Snape deu um sorrisinho ao perceber o embaraço de Harry. – Eu obviamente... o superestimei.

Hermione deu um tapa estalado na cabeça e Snape pareceu ainda mais satisfeito.

– Bom, no fim, eu não precisei da poção para aprender oclumência, não é? Nem de você.

– Tem razão – concordou Snape. – Mas eu não preciso citar o que você teve de perder para conseguir isso, não é mesmo? – Se Harry já não tivesse se acostumado a Snape teria o transfigurado num sapo ali mesmo, mas o outro não se abalou em ver os olhos verdes faiscarem perigosamente, apenas voltou a estender a mão por sobre a mesa.

Harry finalmente tirou a pedra da lua do bolso. Não era grande, poderia ficar escondida facilmente na mão fechada do rapaz. Meio arredondada como um seixo de rio, ela tinha os cantos suavemente lapidados, mas não parecia haver ali qualquer tipo de trabalho humano ou intencional. A cor, de um branco leitoso, era característica, mas Harry tinha de admitir de que a que estava na sua mão parecia significativamente mais brilhante do que as que ele transformara em pó em suas aulas de poções. Ele estendeu o braço e a deixou cair para Snape. Tão logo a pedra encostou na palma da mão do homem, ele virou o braço e ela bateu com um barulho seco sobre a tábua da mesa. Harry achou a atitude estranha, mas Hermione e Rony não pareceram notar, estavam observando Snape se inclinar muito sério sobre a pedra e examiná-la.

– Algum problema?

– Quieto, Potter! Eu preciso pensar.

– Por que não conseguiu segurá-la?

Hermione ergueu a cabeça e o interrogou com o olhar. O movimento de Snape fora tão rápido e displicente que ela não notara, mas Harry apostaria alguns galeões de que ele fora surpreendido por alguma coisa quando a pedra encostara nele. Snape retirou a varinha de dentro das vestes e aproximou-a da pedra como se fosse medi-la, mas a varinha emitiu um estalido alto e se arremessou para trás, quase escapando da mão do bruxo.

– O que foi isso? – perguntou Rony, os olhos arregalados como pratos.

– Parece, Weasley, que esta não é realmente uma pedra da lua comum. – Ele mirou Harry com uma expressão esquisita. – Pegue-a com a mão da varinha, Potter.

Harry não se moveu.

– Por que você não conseguiu segurá-la?

– Respondo depois que você pegar a pedra – disse Snape com frieza.

– Rony – Harry pediu desviando os olhos da expressão carrancuda de Snape para o amigo – tente pegar a pedra, por favor.

O outro rapaz não titubeou e estendeu a mão para tocar a pedra sobre a mesa, mas Snape lhe deu um tapa como em um garoto que vai furar o bolo.

– Hei! – reclamou o ruivo.

– Não estamos fazendo testes com o Weasley, Potter. Ele será o próximo.

Harry endireitou o corpo e cruzou os braços se perguntando se Dumbledore precisava aturar coisas como aquelas para ter a colaboração do Snape. Ele estava se perguntando se valia à pena. Respirou fundo para controlar a crescente irritação.

– Desde quando isso virou um teste?

– Você quer ou não quer saber o que é esta pedra?

– É tão difícil explicar? Eu pensei que sua profissão fosse ser professor.

– É tão difícil você deixar de se comportar como um garoto mimado? É tão difícil simplesmente obedecer alguém mais velho e mais esperto que você, Potter?

– Obedecer nunca foi o meu forte, se você se lembra, Snape. Não acho que melhorei com a idade.

– Seu pai ficaria estupidificado de orgulho – comentou o outro de um jeito deliberadamente ferino.

– Ah, por favor, não temos tempo para isso – reclamou Hermione impaciente. – Harry pega essa pedra logo de uma vez! Ele não vai nos responder nada enquanto você não fizer o que ele diz!

Os dois homens, no entanto, continuaram se medindo. A porção rebelde de Harry berrando por ter de ceder, ainda mais diante da expressão satisfeita de Severo Snape. Mas, como ele ainda demorasse para se mover, o ex-professor falou com muita calma.

– Só poderei afirmar com certeza que esta não é uma pedra da lua comum, seu eu o vir segurando-a. E, devo adicionar Potter, que se acontecer o que eu imagino, eu realmente não vou ficar satisfeito. Isso o agrada?

Harry trocou um olhar rápido com Rony, que pigarreou e levou a mão ao rosto numa tentativa de continuar parecendo estar sério.

– Harry, por favor – pediu Hermione, lançando também um olhar mortal para o marido.

– Ok – concordou Harry enquanto se escorava na mesa com um dos braços e com o outro pegava a pedra displicentemente. – E agora?

– Feche-a na mão – dessa vez Harry obedeceu. – Ela mudou de temperatura?

– Não – disse Harry após um momento.

– Ficou mais pesada? Incômoda? – Snape já não parecia tão frio.

– Não. Nenhuma alteração.

– Tem certeza, Potter? Pense bem. Nada, absolutamente nada de diferente está ocorrendo? Nem um leve comichão na palma da mão?

O rapaz contemplou a mão fechada. Não. Nada mesmo estava ocorrendo. Essa era a resposta, então. Estavam com uma pedra da lua comum e teriam ainda de quebrar a cabeça para saber o que deveriam fazer com ela. Talvez, somente Gina conseguisse.

Snape baixou os ombros numa atitude resignada.

– Abra-a – falou com um gesto de cabeça indicando a mão dele e Harry novamente obedeceu, mas quase soltou um berro de espanto.

A pedra tinha passado do branco leitoso a um verde vivo, esmeralda, brilhante. Rony e Hermione saltaram das cadeiras e quase colaram os narizes para olharem a pedra que Harry mantinha na mão aberta.

– O que...? – ele balbuciou meio tonto.

Rony praguejou alto e Hermione estava com o queixo caído, negando com a cabeça, sem acreditar. Harry esperou que um dos dois lhe explicasse, mas ambos não conseguiam desgrudar os olhos da pedra e ele se viu suplicando, mudamente, para que Snape dissesse alguma coisa.

– Você não é tão burro a ponto de não saber o que tem nas mãos, Potter. – Havia uma certa incredulidade até mesmo no tom usado por Snape, mas esta parecia se referir mais ao que Harry segurava do que ao fato dele estar em dúvida sobre o que se tratava.

– Isto... – Hermione finalmente recuperou a fala – é maravilhoso, Harry! Eu nunca pensei... quando recebemos, eu achei que poderia ter sido, mas depois, eu... oh, Harry!

– O quê? – Harry estava meio exasperado e meio apavorado com a possibilidade. Se ele tinha idéia do que era? É, ele tinha sim. Nunca prestou atenção em História da Magia na escola, mas, ainda assim, lia as anotações de Hermione para os exames e, às vezes, via algo interessante por lá. Como isto. – Não. Não pode ser.

– Por que não? – argumentou Rony maravilhado. – Não seria a primeira vez que uma coisa realmente incrível vem parar na sua mão, não é? Você tinha só onze anos quando salvou a pedra filosofal. Então, isso não é tão estranho assim.

Harry ainda negava com a cabeça e estava apenas esperando que Snape dissesse que os três estavam errados. Mas o ex-professor continuava quieto, olhando-o com um misto de mágoa e indignação.

– Snape... – pediu, agora em voz alta, que ele falasse que não era nada daquilo.

– Eu fico pensando – respondeu ele com um ar reflexivo – o quanto o seu pai e o seu padrinho – ele cuspiu aquilo – devem estar insuportáveis, onde quer que estejam. – Harry respirou profundamente. – Se quer minha opinião, Dumbledore também deve estar muito satisfeito, ele sempre afirmou que você seria capaz de coisas extraordinárias.

– Isso é algum tipo de... elogio seu?

– Não. São as opiniões prováveis de homens mortos. De minha parte, eu sempre me impressionei como alguém tão obtuso quanto você conseguia chegar tão longe e sempre se safar das conseqüências dos seus atos mais condenáveis. Mas creio que ter a Granger por perto e a proteção de Dumbledore o tenha ajudado muito. E, claro, a tolice de correr riscos desnecessários sempre pode ser confundida com coragem.

– Qual é Snape? – reclamou Rony, mas o olhar de Severo sequer mudou de direção, continuava grudado no rosto de Harry.

– Mas isto – ele indicou a pedra – é um reconhecimento de que você merece carregar grandes poderes. Não gosto da idéia, mas é um fato.

– Não!

– Não seja tolo, Potter.

– Não sou eu. Bóreas... o guardião, ele disse que deveria levar isso para Gina. Sou só... um mensageiro.

Esperou que Rony e Hermione concordassem com ele ao menos nisso, mas os dois não se manifestaram.

– Ainda assim, Potter – prosseguiu Snape calmamente – é uma honra ser o portador do Graal. Como você pode ver ele somente se revelou a você. Notou que eu mal pude segurá-lo? Toquei-o, mas não consegui mais do que isso. Talvez seus amigos, por terem ido com você até lá consigam mantê-lo nas mãos por alguns minutos, mas em pouco tempo ele se tornaria pesado ou mudaria a temperatura até ficar insuportável.

– Há uma coisa que eu não entendo. – comentou Hermione. – Não existe nenhuma tradição que una as duas lendas. Sabemos que o Graal tem aparecido ao longo da história, desde a época dos celtas, sempre em momentos críticos, de grande perigo. E que, por vezes, ele toma a forma de um livro, outras de uma taça, um caldeirão ou um prato, mas também de uma pedra, a qual muitos chamam de Pedra da Lua ou a Pedra da Lua Original. Para os antigos, ele tinha vindo dos céus como uma dádiva dos deuses. Algumas lendas os associaram a deuses e deusas pagãos, isso sem falar em toda a quantidade de lendas envolvendo o Graal e Mérlin e a associação dele com objetos de culto do cristianismo.

– Eu conheço o conteúdo desta aula, Granger – interrompeu Snape – muito obrigado. Quer ir direto ao ponto, por favor?

Hermione não se abalou.

– O que não faz sentido é que não há nada que aponte para qualquer tipo de intersecção entre o Graal e o poder da Sétima.

Harry concordou mais do que de pressa.

– Bem, isso pode significar que esta pode ser outra pedra, não é? Não é “aquela” pedra.

– Feliz ou infelizmente, Potter, não tenho dúvidas de que esta é “a” pedra. E Granger... pense um pouquinho, sim. Vá além do que leu nos livros. O Graal, independente da sua forma, sempre aparece como o receptáculo de algo. Seu papel tem sido o de carregar em si poderes que os homens mal compreendem e, por isso, sempre buscou chegar às mãos daqueles que fossem merecedores de usar tal poder.

– Gina – disse Harry.

– Você – afirmou Snape. – Ele não viria para a sua mão, nem se revelaria a você se não fosse assim.

Finalmente as pernas de Harry pareceram concordar com o espaço oco que se abriu no seu estômago e o obrigaram a sentar. Rony e Hermione o seguiram. Ele continuou com a mão aberta, estendida sobre a mesa, a pedra verde equilibrada sobre ela. Não teria coragem de, agora, devolvê-la displicentemente ao bolso.

– Então... – soltou o ar que estava o atrapalhando de falar – ela é o receptáculo do poder da sétima...

– E de vários outros – disse Snape, enquanto levava a mão ao queixo, e esfregava o rosto pálido, pensando. Harry achou que tinha visto a sombra de um sorriso malvado passar por ali. – Weasley tire o bracelete.

Rony franziu a testa e depois consultou Hermione com os olhos. A garota assentiu, mas ele ainda assim não pareceu achar uma boa idéia. Foi de um jeito relutante que ele levou a mão esquerda ao braço direito, fazendo o movimento de desenrolar bracelete articulado do pulso. Não conseguiu ir além da primeira volta do corpo ofídico. Como se tomasse vida, a cabeça de dragão se ergueu num movimento agressivo e cravou os dentes nas costas da mão de Rony, fazendo-o berrar de dor.

– Santo Deus! – Hermione deu a volta na mesa com a rapidez de um raio e se juntou a Harry que largara a pedra sobre a mesa e tentava ajudar a retirar o Pendragon do pulso de Rony.

– Parem! – ordenou Snape. – O dragão só vai retirar as presas se vocês pararem de tentar arrancá-lo.

Os três pararam imediatamente e ficaram olhando a mão agora ensangüentada de Rony. Segundos intermináveis depois, o dragão de ferro recolheu as presas, fazendo o rapaz gemer, e voltou a se enroscar no braço dele, ficando, mais uma vez, inerte.

– Parece que não pensam – resmungou Snape. Hermione lhe lançou um olhar assassino enquanto puxava a varinha e apontava para o machucado para fechá-lo.

– Espere!

Com um movimento brusco, Snape afastou as mãos preocupadas de Hermione e pegou o braço de Rony, que protestou mais uma vez. Sem dar atenção a isso, o homem direcionou os dedos do jovem, por onde o sangue escorria, até a pedra e esperou que uma gota grossa caísse sobre a pedra. Harry sentiu vontade de impedi-lo, de perguntar o que ele estava fazendo, mas não conseguiu se mexer. Ficou olhando o sangue cair, chocar-se contra a pedra e, como se houvesse uma esponja ali, a gota vermelha desaparecer sem manchar ou alterar o verde esmeralda.

– Caraca! – disse Rony estupefato.

– É... ou algo assim – comentou Snape, observando a pedra e parecendo muito satisfeito com a própria inteligência. – Sua vez, Granger.

– Eu?

– Tem outra Granger nessa sala? Claro que é você, menina! Passe o dedo na espada e deixe uma gota de sangue cair aqui. Vamos!

Ao contrário dos meninos, e parecendo compreender bem mais do que eles, Hermione não titubeou. Esticou a mão para a ponta da espada e pressionou o dedo ali até ver uma gota vermelha surgir. Ela já tinha a mão quase sobre a pedra quando Harry a segurou pelo pulso.

– Espera, Mione. O que afinal...?

– Calma, Harry. Está tudo certo. Eu sei o que ele quer. Só é preciso ter certeza de que ela vai aceitar todos nós.

– Mas do que...?

– Deixe-me fazer isso primeiro, ok? – ela pediu soltando o pulso da mão dele e fazendo o corte pingar sobre a pedra.

Repetiu-se, mais uma vez, o que havia acontecido antes e Hermione sorriu triunfante para ele. Porém, antes que Harry voltasse a perguntar o significado daquilo, Snape passou a varinha ao longo da própria mão provocando um corte e, para o espanto de Harry, ele repetiu o mesmo gesto de Hermione, deixando o corte gotejar sobre a pedra. Novamente, esta absorveu o sangue sem deixar nenhuma marca visível. Num arroubo de felicidade, completamente inexplicável do ponto de vista de Harry, Hermione bateu palminhas e segurou o rosto de Rony dando-lhe um sonoro beijo em comemoração.

– Dá para explicar isso? – perguntou Rony que, como Harry, não entendera coisa alguma e ainda fazia caretas de dor por causa dos cortes feitos pelos dentes afiados do Pendragon.

– Rony, você ainda não percebeu? – Hermione transpirava entusiasmo, mas ainda assim ela sacou a varinha recompondo o próprio dedo e depois começando a curar os cortes de Rony. – O Graal é um receptáculo...

– Eu entendi isso – ele falou de mau humor.

– E o Harry pode carregá-lo sem problemas.

– Também entendi isso.

– Então, – ela passou o dedo sobre os cortes verificando se estavam bem fechados, mas não soltou a mão do marido – não será preciso fazermos o feitiço dos irmãos de sangue. O Graal é poderoso o suficiente para romper a magia lançada por Voldemort em torno da ilha. Bastará que Harry ultrapasse a barreira com ele e todos os que tiverem seu sangue aqui, também poderão entrar.

– Você tem certeza disso? – Harry perguntou absolutamente incrédulo.

– Tem alguma dúvida sobre o que viu, Potter?

– Não, mas...

Snape pareceu fazer um grande esforço para não rolar os olhos, mas não conseguiu evitar espremer os lábios num trejeito característico.

– Potter, que maior ajuda você poderia ter do que poder levar um exército para aquela fortaleza? A não ser, claro, que somente lhe interesse a vitória ou o martírio solitários – alfinetou.

– É óbvio que não! Eu só não...

– Entende? Bem, isso também é óbvio – disse Snape com desprezo. – Deixe-me explicar, então. Você foi escolhido para portar um objeto mágico sem igual. Um objeto pelo qual bruxos e trouxas morreram sem sequer entender qual o seu real significado. Preferiram colar a ele aquilo em que acreditavam porque simplesmente não tinham condições perceber os seus mistérios. Por que acha que logo você seria capaz de compreender tudo do que ele é capaz? O Graal o servirá porque é da sua natureza servir àqueles a quem ele escolhe. Você precisa de pessoas lutando ao seu lado? Ele vai ajudá-lo a tê-las. Trata-se de uma dedução óbvia pelo que presenciamos aqui. E é tudo o que eu ou você conseguiremos compreender.

Harry respirou profundamente olhando para a pedra verde que jazia sobre a mesa. Agora, mesmo com o brilho esmeralda, não havia nada de extraordinário nela.

– O que ainda não está claro – falou de um jeito cansando, sem tirar os olhos da pedra – é o porquê isso veio para mim. Apesar da sua opinião a meu respeito, Snape, eu realmente não me considero tão especial quanto você acha que me julgo.

– O que vai fazer com a pedra se vencer?

A pergunta displicente de Snape soou despropositada nos ouvidos de Harry.

– Hermione e Rony não lhe falaram? Bóreas disse que temos devolver essas coisas.

– Mesmo? – o outro arqueou a sobrancelha sugestivamente.

– É! E, cá para nós, eu quero me livrar de carregar esse negócio o quanto antes. É uma responsabilidade imensa... o que foi?

Hermione o olhava, cheia de admiração, e Rony parecia orgulhoso e impressionado.

– Você realmente tem idéia do que é esta pedra, Potter? – questionou Snape sem se alterar.

– É claro que eu tenho – ele respondeu com impaciência. – E olhem, não sou nenhum santo ou coisa assim, ok? Sei o que significam poderes grandes demais e o que isso acarreta. Minha vida já é bem complicada do jeito que é. Não preciso de mais.

Snape estava sorrindo?

– Por isso é que o Graal veio para as suas mãos, Potter.

O ex-professor não falou aquilo como um elogio, mas como uma constatação. Snape jamais gostara de Harry e conquistara uma recíproca à altura. Contudo, os dois homens tinham aprendido, por força das circunstâncias, a se aturarem e se respeitarem. E Harry sabia que Snape concluir aquilo em voz alta tinha um peso ainda maior que um elogio, o qual ele jamais daria ou seria capaz de dar.

O relógio da sala começou a bater as horas e Harry se deu conta de como estava cansado. Parecia que estava há dias numa luta corpo a corpo com um trasgo montanhês.

– Certo, então sabemos como será possível romper o feitiço de Voldemort que só permite eu entrar na ilha. Mas e o Pendragon?

– Acredito que o dragãozinho do Weasley sabe bem o que tem de fazer. Ele revelará sua ação no momento preciso, mas tirando por sua forma, acredito que ele será uma boa arma contra os demônios.

– E a espada? – questionou Hermione com ansiedade. – Sabemos que é poderosa, mas eu realmente não me vejo entrando com ela lá e... Ela é muito pesada. A espada de Godric Griffindor é bem mais leve. Como supostamente eu vou conseguir atacar alguém com isso, se mal consigo levantá-la?

– Atacar? Granger não me decepcione, por favor. Você sabe que esta espada não pode ser usada para ferir pessoas. Seu papel é construir novos mundos. Certamente que você deve levá-la até lá, mas eu creio que alguém que alcançou tantos N.I.E.M.s quanto você, saberá como torná-la mais leve. Mérlin nos proteja se você ferir alguém com ela.

– Acha, então – continuou Hermione um pouco envergonhada – que ela também revelará sua ação na batalha?

– Obviamente – concluiu Snape. Ele puxou a bengala que estava escorada atrás de si e levantou. – Agora o que precisam é reunir os que irão e preparar a abordagem. Eu já vou. Me avisem quando tiverem um plano – disse já se encaminhando para a porta. Antes de sair, porém, ele se virou. – Poderia mostrar alguma educação, Potter, e me acompanhar até a saída?

Snape saiu sem esperar resposta. Assim, que a porta bateu Rony se virou para Harry que já levantava com uma expressão de riso.

– Primeiro ele te elogia, reconhece que você é “o cara”, agora quer falar sozinho com você? Cuidado, hein? Se Snape te convidar para um encontro a dois na Madame Puddifoot, é melhor você correr.

– Não faz esse tipo de piada, Rony – retrucou Harry já quase na porta – pelo menos não quando eu não tenho nada pesado à mão para te jogar na cabeça.

Puxou a porta atrás de si abafando a gargalhada do amigo e seguiu pelo corredor escuro até a porta da frente, onde Snape o esperava.

– Não vejo o que você possa ter para me dizer que não possa ser dito na frente de Rony e Hermione.

Snape ignorou o comentário.

– Eu tenho um pedido, Potter.

– Faça.

– Você terá muitos voluntários nesta cruzada. Eu mesmo já inscrevi meu nome nela – ele ergueu a mão para impedir Harry de falar. – Não quero que a Sarah vá conosco.

– E acha que eu poderei impedi-la caso você não consiga?

– Um de nós terá de conseguir – disse Snape com um tipo de seriedade que Harry raramente via nele. Não havia nenhum traço de sarcasmo ali. – Tenho minha irmã há menos de um ano comigo. Ela é inteligente e hábil, mas não é uma bruxa com treinamento completo

Harry sabia que não era só isso, como também sabia que Snape não o tinha chamado ali para fazer confissões sentimentais. E, de qualquer forma, ele compreendia perfeitamente.

– Ok, farei todo o possível.

O bruxo se limitou a mexer a cabeça fazendo as mechas oleosas ondularem em torno do rosto ainda mais pálido por causa da fraca luz que entrava pelas janelas. Ele ficou alguns segundos em silêncio, o olhar distante, antes de voltar a falar.

– Não mate.

– Como?

– Haja o que houver lá: não mate ninguém.

– Eu já...

– Não. Mesmo lutando pela própria vida, mesmo contra Voldemort e mesmo trabalhando como Auror todos estes anos. É óbvio que você nunca feriu alguém com intenção de matar. O que houve com Narcisa Malfoy foi um acidente. Até mesmo Draco reconhece isso agora. Escute garoto, isso é sério! Aquela pedra somente veio para as suas mãos porque a sua alma está intacta em todas as formas possíveis. Essa é a sua vantagem, não a ponha a perder.

– Eu não sou um assassino, Snape.

– Não, não é. Mas eles o têm nas mãos e você sabe disso. Têm sua mulher e o seu filho. Como acha que vai reagir se os machucarem ou mesmo os matarem na sua frente?

Harry enfiou as mãos nos bolsos dos jeans para evitar um tremor convulsivo. Aquela imagem o assombrava a cada segundo nos últimos dias, talvez meses.

– Frieza não é exatamente uma das suas maiores qualidades, Potter. E eu já o vi fazer besteiras desnecessárias mais vezes do que posso contar. Sua prioridade, naquela ilha, é impedir o Lorde das Trevas de conseguir o que ele quer. Talvez sejam necessários sacrifícios.

– Não vou sacrificar mais nada!

Snape deu um profundo suspiro.

– Que espécie de acordos acha que os Comensais fizeram com aqueles demônios para terem seu mestre de volta? Se ele sair daquela ilha, novamente vivo... teremos o inferno, Potter. E, se você matar, vai perder toda a proteção que o Graal lhe concedeu. E o mesmo vai ocorrer a todos os que estiverem lá com você. De fato, creio que pode ser ainda pior.

– Por quê?

– Você me contou que quando encontrou com o líder dos beusclainhs, ele lhe disse que você não tinha ódio o suficiente para tentá-lo. Depois, quando torturou e quase matou o Weasley (e acredito que fosse essa mesmo a intenção), ele novamente o provocou. Quando sua casa foi destruída, seu elfo doméstico disse ter ouvido com clareza que Lucius queria que você encontrasse a sua filha morta. Será que não vê? Tem algo mais sob isso tudo. Não se trata apenas de vingança ou de querer vencê-lo. Eles não vão parar até que sua raiva seja tanta que não haverá diferença entre você e eles. – Snape fez uma pausa antes de levar a mão à maçaneta e girá-la. – Pense nisso antes de meter os pés pelas mãos como um garoto tolo e não como o bruxo que todos acreditam que você é.

Sem esperar que o rapaz conseguisse esboçar alguma reação ao que tinha dito, ele abriu a porta e saiu. Harry ainda ficou parado no hall fracamente iluminado por algum tempo, antes de virar seus pés para o interior da casa e se arrastar de volta até a cozinha.

– O que ele queria? – perguntou Rony assim que o viu entrar.

– Algo errado, Harry?

Ele mirou o rosto preocupado de Hermione antes de desabar em uma cadeira em frente aos dois amigos.

– Você quer dizer o que “mais” tem de errado? – Então, quase com a mesma enxurrada de palavras, ele contou aos dois os receios externados por Snape. Deixo-os digerirem tudo por alguns instantes antes de admitir. – Ele está certo.

– Quanto às intenções dos beusclainhs e de Voldemort? – quis saber Hermione.

– Em tudo. Sou uma bomba-relógio e tudo o que eles querem é que eu detone.

– Escute, Harry... – começou a amiga.

– Com prazer, Mione, se você tiver alguma idéia de como fazer com que lá, na hora, haja um jeito de impedir que eu saia do controle. Porque se alguma coisa acontecer com Gina ou Lyan, eu sou capaz...

– Eu sei do que você é capaz, Harry – falou Rony com firmeza. – Talvez mais do que qualquer outro. Tenho estado com você desde o começo disso tudo, não tenho? Não estive com você, na maioria das vezes? Não temos trabalhado lado a lado nos últimos nove anos, desde que saímos da escola? Eu sei do que você é capaz e sei que vai frustrá-los como sempre fez. Que bom que Snape avisou. Ótimo! Temos mais alguma coisa em que prestar atenção. Ponto.

Rony se jogou para trás na cadeira do mesmo jeito que fazia quando expressava alguma opinião na seção de Aurores e não pretendia discuti-la. Harry sorriu vendo Hermione jogar os braços em torno do pescoço do marido, toda orgulhosa. Obviamente, ele tinha perdido a discussão. Os três ainda conversaram por quase uma hora até Hermione decidir que era hora de irem para a cama. Rony até ensaiou protestar, mas Harry não o apoiou, estava cansado e sabia que logo Joanne acordaria pela mamadeira noturna. Subiram para os quartos combinando acionar a Ordem no dia seguinte e preparar a abordagem. Afinal, faltavam três dias para o vinte de quatro de junho.

Despediram-se no segundo andar, onde Rony e Hermione dormiam e Harry seguiu para o antigo quarto de Sirius, um lance de escada acima. Abriu a porta com o maior cuidado para não despertar Joanne, mas foi uma espécie de soco na boca do estômago que o atingiu ao olhar para dentro do quarto. O vulto de uma pessoa, uma mulher de cabelos compridos, se debruçava sobre o berço de sua filha. Ela pareceu notar a sua presença e se virou antes que ele pudesse reagir. Gina.

Foi como se a cabeça de Harry girasse sobre os ombros e no espaço de uma fração de segundo ela sorriu feliz, ele deu um passo em sua direção e o vulto sumiu diante dos seus olhos.

– NÃO!

Joanne deu um soluço assustado e começou a chorar.

Muitos quilômetros dali, Gina abriu os olhos e sentou na cama com a respiração ofegante. Conferiu onde estava e se viu novamente no quarto que passara a ocupar com as crianças nos últimos dias. Numa cama grande no centro do aposento, dormiam com ela Lyan, Chantal e Mel. Num cercado, ao seu lado, os três meninos menores estavam acomodados, embora, naquele momento, Sirius estivesse na diagonal prensando os outros dois e o braço de Sean estivesse caído sobre o rosto de Kenny. Mais adiante, em dois sofás pequenos e desconfortáveis, Hector e Josh ressonavam alto.

– Senhora?

Winky estava deitada aos pés da cama grande. Ela era o único elfo que ficava com Gina e as crianças à noite. E, dos outros quatro que costumavam a aparecer pela manhã, apenas dois continuavam a vir, pareciam cada vez mais fracos, e se recusavam a dizer para Gina o que havia acontecido com os seus companheiros. A proximidade com os demônios também vinha debilitando muito Winky e Gina a sentia mais doente a cada dia.

– Minha senhora está bem? Precisa de alguma coisa? – perguntou o elfo quase com esforço.

– Não Winky, obrigada – agradeceu Gina enquanto estendia a mão e puxava as cobertas sobre a criaturinha. – Pode voltar a dormir, sim. Foi só um sonho que eu tive.

O elfo voltou a deitar a cabeça grande na cama, mas os olhos aquosos demoraram a desviarem de Gina e voltarem a se fechar.

Controlando a muito custo o próprio coração disparado, a garota também tornou a recostar-se nos travesseiros, mas nem pensou em dormir. Continuou a piscar para o teto tentando se acalmar depois do que tinha acontecido. É claro que não tinha sido um sonho e Gina tinha certeza disso porque não estava dormindo. Além do mais, ela vinha usando todos os minutos em que podia ter paz para se concentrar para tentar saber como estava Joanne e, talvez, com muita sorte, se comunicar com Harry. Até ali só tinha tido fracassos. Quando muito conseguia sentir que a filha estava bem. Mas aquilo! Estar lá. Quase tocá-la. Ver Harry. E ele a viu também. Gina tinha certeza de que ele a tinha visto. Certamente que ela não aparatara. A fortaleza estava bem protegida quanto a isso, mas mesmo assim ela estivera com o marido e a filha por alguns segundos e... Droga! Daria para enlouquecer pensando nisso. Puxou ar o mais fundo que suas costelas doloridas permitiram e pensou em tentar de novo. Talvez fosse mais fácil agora. Harry, provavelmente, estaria esperando por ela.

Procurou se acomodar na cama de forma que o corpo pudesse relaxar e as dores de seus últimos encontros com Bellatrix Lestrange ficassem menos incômodas. Por duas vezes a bruxa viera buscá-la para “conversar”. Voldemort e Enos Troop queriam mais informações sobre os poderes de Aradia e apenas depois de Bellatrix torturá-la por duas vezes, os dois pareceram se convencer que Gina sabia muito pouco sobre como os tais poderes se manifestavam nela. Lembrou da conversa que ouvira entre os três enquanto respirava com dificuldade e tentava não desmaiar de tanta dor.

– Ela ainda pode estar mentindo – sugeriu Troop.

– Não – foi a resposta calma de Voldemort. – Ela realmente não sabe.

– Eu concordo com Enos, Mylord. A traidorazinha do sangue pode muito bem estar mentindo. Talvez pudéssemos ser mais convincentes se usássemos uma das crianças.

– Bella, eu já disse que os pirralhos são intocáveis até o ritual. E ela não está mentindo pelo simples fato de que, se ela realmente soubesse como usar os fabulosos poderes de Aradia, a teria feito parar de torturá-la antes e não ficado no estado em que está.

– Eu não creio que essa garotinha pudesse...

– Sim, ela poderia, Bella. Se ela soubesse como, poderia sim. Está esquecendo o que eu já a vi fazer? Está esquecendo que essa “garotinha” ajudou Harry Potter a me matar? Acredite, minha cara, se ela tivesse a mínima idéia de como acessar os poderes que tem, você é que estaria no chão pedindo para morrer.


Gina continuou a piscar para o teto pensando na verdade das palavras de Voldemort. Apenas uma coisa ali não era verdadeira. Ela não pedira ou sequer pensara em morrer. Nenhuma dor era grande o suficiente para ela querer abandonar o seu filho ou nunca mais ver a sua garotinha ou Harry. Se não fosse pelos três teria sido bem mais fácil... não resistir. Suportou aquilo tudo e teria suportado mais, se necessário. Ainda assim, não entendia por que eles não a haviam matado? Se não podiam tomar os seus poderes, por que a mantinham viva?

Balançou a cabeça. Aquilo não era importante no momento. O importante era tentar entrar em contato com Harry novamente. Ela precisava se acalmar e se concentrar. Mas mal tinha começado a tentar fazer isso e Winky sentou na cama novamente como se fosse de mola. Gina achou que o elfo estava tentando ver como ela se sentia.

– Estou bem Winky – sussurrou. – Volte a dormir.

Winky, porém, não estava olhando para ela e sim para a porta. De fato, o elfo nem parecia ter notado que Gina tinha falado. Antes que a garota pudesse repetir a frase, Winky saltou da cama e começou a ir em direção à porta. Gina sentou com esforço e a chamou:

– Winky! Onde você está indo? – perguntou um pouco mais alto, mas ainda sussurrando por causa das crianças.

O elfo continuou caminhando para a porta como se estivesse em transe e Gina saiu da cama, enfiando rapidamente os calçados, e tentando alcançá-la.

– O que houve?

Hector estava sentado no sofá e olhava a cena tentando focar o que via.

– Eu não sei – respondeu Gina, baixinho – mas ela...

Um click anunciou que Winky tinha aberto a porta, sempre trancada, e estava saindo para o corredor. Gina estava de boca aberta com o que estava acontecendo, mas um segundo depois Hector já estava em pé ao lado dela, enfiando os calçados enquanto pulava de um pé para o outro.

– O que vamos fazer, Gina? – perguntou o menino.

Ela olhou para os outros que dormiam e com numa decisão mais temerária que corajosa, disse:

– Fique com eles, eu vou atrás dela.

– Não, mesmo. Não vou deixar você ir sozinha.

– Hector, eu não tenho tempo para discutir. Por favor...

– O que está acontecendo?

Gina revirou os olhos, chateada. Mel tinha acordado com o movimento e já pulara da cama indo na direção dos dois.

– Winky abriu a porta – Mel arregalou os olhos ao ouvir Hector explicar – e ela saiu daqui esquisita, parecia hipnotizada. Nós vamos atrás dela.

– Eu vou atrás dela – corrigiu Gina.

– Enquanto discutimos, vamos perdê-la – argumentou o garoto satisfeito com a própria lógica.

– Esperem, eu vou com vocês – falou Mel voltando para pegar os sapatos.

– Não! – Disseram Hector e Gina juntos e a menina pôs as mãos na cintura, indignada. Gina pretendia deixar claro que apenas ela iria, mas Hector se adiantou.

– Alguém tem que ficar para tomar conta dos pequenos, Mel. Se um deles acordar, só o Josh não dá conta. Sério. É melhor você ficar ou eles vão descobrir que saímos. Eu vou para a Gina não ir sozinha. Ok?

Mel pareceu um pouco contrariada, mas olhou por sobre o ombro e Josh ainda roncava.

– Ok – concordou, resignada.

O pior disso foi que Hector se voltou para Gina como se tivesse tudo na mais perfeita ordem e fez um sinal para que fossem logo. Sem ter como obrigá-lo a ficar, a jovem se viu seguindo o garoto para o corredor e puxando cuidadosamente a porta a atrás de si. Para os dois lados de estendiam duas paredes paralelas forradas de tecido azul com arabescos em bronze. Os caixilhos de madeira torneada iam até o altíssimo pé direto. Num relance, Gina agradeceu não ver ali muitos quadros e agradeceu estar escuro o suficiente para os dois se esconderem nas sombras. O lado direito era puro breu, mas do seu lado esquerdo, uma luzinha fina lhe ajudou a ver Winky.

– O que seus pais vão dizer de eu deixar você vir comigo? – ela sussurrou furiosa, enquanto passava a frente dele e apressava o passo para alcançar o elfo.

– Que tenho a mesma idade do Harry quando ele a salvou do basilísco.

Gina soltou um bufo.

– Vamos ter de mudar as histórias infantis lá de casa – resmungou e Hector abafou uma risadinha. – Se você pensa assim, devia ter deixado a Mel vir junto.

– A Mel é pequena – ele disse com grande convicção e foi a vez de Gina sorrir. – O quê?

– Sabe o que aconteceu com o último cara que me disse isso?

– Você o azarou?

– Não, ele casou comigo – Hector abriu a boca, muito indignado, mas Gina deu um puxão no seu braço. – Abaixa!

Estavam quase no fim do corredor e Winky havia mergulhado na luz fina saindo do campo de visão dos dois. Eles seguiram bem abaixados tentando ficar o mais próximo possível das paredes onde a escuridão ainda os ocultava. Na beiradinha da porta por onde a claridade entrava Gina, com muito cuidado, se arriscou a lançar um olhar para dentro. Mas não tinha nenhuma sala ali. Parecia apenas um espaço por onde uma escada de madeira seguia para cima. Também não havia ninguém ali. Gina acompanhou a escada com os olhos e viu Winky subindo. Era da clarabóia lá no teto que vinha a luz. Hector tinha se esgueirado ao lado dela.

– Vamos subir logo – disse o menino e passou à frente dela já começando a subir os degraus de madeira escovada.

Se Hector fosse só um pouquinho menor Gina teria lhe dado umas palmadas, nunca tinha visto alguém tão auto-confiante e metido com tão pouca idade. Bem, talvez um garoto: seu marido, por exemplo, pensou num resmungo enquanto seguia atrás dele. Mas tinha certeza de que Harry não era tão metido, pelo menos não aos doze. A subida não foi muito longa. Gina contou uns vinte cinco ou trinta degraus e segurou Hector pela camisa antes que o garoto emergisse para além da clarabóia, logo atrás do elfo.

– Espere!

Ela o afastou para o lado e emparelhou com ele colocando cuidadosamente a cabeça para fora. Tinha razão quando pensara que a fortaleza estava encravada na rocha. A tal “clarabóia” saía ao rés de uma relva entremeada de pedras cinzentas e alguns arbustos altos. Isso lhe deu certeza de que o lugar onde estava prisioneira ficava dentro da tal ilha e não sobre ela. Felizmente não parecia haver ninguém cuidando aquela saída específica. Gina viu Winky continuar a caminhar em direção a um agrupamento de gente há vários metros dali. Um arrepio lhe percorreu a espinha e eriçou os pelos da nuca. Já tinha visto um agrupamento como aquele, há quase um ano atrás, o lugar era diferente, mas ela reconhecia o cheiro da fogueira, da excitação dos que estavam ali.

– Hector, volta para o quarto.

– Não mesmo.

– Hector...

– Não vou deixar você sozinha. Nem adianta tentar.

– Ok – concordou muito contrariada –, mas se eu disser para você correr...

– Eu corro, pode deixar.

– Certo.

Tentando manter o corpo o mais próximo possível da grama, Gina saiu do buraco e se arrastou até ficar atrás de uma pedra grande. Hector veio logo atrás dela. Era uma noite de lua cheia, quase minguante, mas havia uma grande quantidade de nuvens não muito espessas que deixavam passar apenas uma fraca claridade. O vento forte trazia maresia e gotas grossas de água salgada até o alto do promontório. Gina tremeu sob a roupa fina, mas não tinha certeza se era exatamente de frio.

Um murmúrio vinha do grupo à frente como se entoassem um cântico ou um feitiço ritmado.

– Precisamos chegar mais perto – falou para Hector e o garoto concordou.

Os dois calcularam por quais pedras e arbustos poderiam seguir sem serem notados e depois começaram a fazer o caminho o mais rápido e silenciosamente que conseguiram.

Gina se arrependeu da idéia assim que conseguiu visualizar o centro do círculo formado pela aglomeração de pessoas. Primeiro, porque não eram exatamente pessoas. A reunião contava quase que exclusivamente com beusclainhs encapuzados entoando horrivelmente uma marcha lúgubre. À distância, alguns Comensais observavam. Os demônios balançavam-se sobre si mesmos, mas não pareciam em transe, e sim num tipo de comunhão perversa e excitada.

Bem ao centro, uma espécie de altar de pedra, uma enorme fogueira e um grupo de elfos, estes sim, os olhos parados e o rosto impassível, mostravam estar completamente inconscientes. Gina soltou o ar pela boca e se odiou por não ter conseguido segurar Winky. Sobre a mesa de pedra havia uma garrafa de vidro marrom de aparência antiga, algo que parecia um pequeno martelo de ouro e uma pequena foice de prata. Ela pegou o braço de Hector.

– Sai daqui!

– Temos que tirar a Winky de lá – disse o menino, que parecia tão apavorado quanto ela.

– N-não... – Gina tentou achar a voz – não vamos conseguir. Somos só nós dois. Não temos varinhas e... é melhor... – ela levou as mãos à boca para segurar um soluço vindo do fundo da garganta. – Não quero que você veja isso, Hector! Agora, por favor, me obedeça e volte! Estou logo atrás de você.

O rosto do garoto tinha uma coloração de manchas vermelhas contrastando com a palidez profunda da testa e da boca. Mas pela primeira vez, ele não parecia disposto a contestar. Respirava rápido e num balançar trêmulo de cabeça, ele se virou para sair dali. Gina o viu dar dois passos e ser agarrado por um vulto alto que saía de trás de um arbusto. O Comensal mascarado segurou o garoto com força enquanto ele se debatia inutilmente. Gina correu para tentar livrar Hector, mas ela também não foi longe antes que dois braços a pegassem por trás e a obrigassem a parar. Como Hector ela saltou e chutou e berrou, mas não tinha condições de se livrar do captor.

– Quieta!

Ela reconheceu a voz de comando que soou ao seu lado direito e Gina olhou para tentar saber se era Oates ou Voldemort que estava ali. Apesar da aparência cada vez mais doente, ela não teve dúvidas de que, naquele momento, o jovem Auror, não tinha a menor consciência do estava acontecendo. Voldemort se aproximou dela.

– Fico encantado que tenha aceito o convite, Sra. Potter, mas acho que ainda é muito cedo para deixar a festa. Contudo, vou ter de pedir que se contenha, ou acabará estragando a “apresentação” dos nossos amigos. – O Comensal que a segurava e, pela altura quase gigantesca, Gina supunha ser Troop, apertou-lhe a garganta obrigando-a a abrir a boca. Imediatamente, Bellatrix saiu de trás de Voldemort e enfiou, com brutalidade, um chumaço grande de tecido na sua boca. Pelo canto dos olhos ela viu Hector ser também amordaçado. Uma mecha de cabelo longo e prateado lhe informou que era Lucius Malfoy quem sustentava o garoto. Voldemort voltou a se aproximar dela. – Sabe, seria muito grosseiro você sair antes que o convidado principal chegue.

Com um safanão bruto, Troop a virou novamente para o círculo dos demônios e a fez ficar olhando para o que ia acontecer ali. Um beusclainh arrancou a capa escura e, vestindo somente uma tanga de aparência imunda, seguiu até o “altar” e ali pegou a foice de prata. Um segundo demônio o seguiu, também arrancando a capa e se postado atrás da ara pegou o martelo de ouro com uma mão e a outra segurou o gargalo da garrafa. Quando o primeiro elfo se aproximou dos demônios numa atitude de total submissão, Gina fechou os olhos com força e implorou mentalmente para que Hector também o fizesse.

– Você pode não ver, se não quiser, Sra. Potter. Mas eu vou garantir que seu marido veja, saiba que você está aqui e que, dessa vez, ele já está derrotado.

Gina forçou o rosto para olhar para Voldemort. Ele tinha a mesma expressão fria de sempre, mas no fundo dos olhos de Richard Oates, uma luz verde a espreitava. Gina teria gritado se conseguisse, mas Voldemort apenas sorriu e virou o rosto novamente para o círculo quando o primeiro baque seco caiu no chão e a primeira martelada foi dada na garrafa.

Mesmo que tivesse dormido, Harry teria acordado naquele momento. Sua cicatriz o fez berrar de dor como se o crânio tivesse sido rachado por um machado e isso não foi nada, perto do que ele começou a ver.





***********
(1) Ver capítulo anterior – tradução de Hogwarts’ Parents.
(2) A pedra da lua como ingrediente para a Poção da Paz aparece em OdF. A pedra da lua é famosa por suas propriedades calmantes e por ser capaz de harmonizar a mente. Então, fiquei pensando que o longo trabalho que o Snape pede talvez tivesse outros motivos. Ele tem um jeito tão torto de tentar ajudar, aff...
(3) Também conhecido como Pacto de Sangue, este feitiço é referido em muitos filmes e livros. Uma versão bem antiga é encontrada na lenda germânica sobre o herói Siegfried, na qual aparece o feitiço sendo feito entre ele e seus futuros cunhados que, mais tarde, o traem.



N/A: Oi Gente!

Graças ao feriado deu para fazer uma N/A caprichada. Sei que tinha dito que atualizaria ontem, mas infelizmente não foi possível, espero que tenha valido à pena esperar um diazinho a mais.

Alguns comentários sobre o capítulo anterior: É uma pena não termos Grifos á venda em petshops, não? Mas quem gostou dele, eu sugiro que fique de olho na fic REI SITAE da Sônia Sag, da qual tenho a honra de ser beta e palpiteira de plantão. Vcs vão ficar sabendo um pouco mais sobre o Bóreas e o irmão dele e, de quebra, ler uma história magnífica sobre a época dos fundadores.

Sobre este capítulo: Como todos perceberam me utilizei de referências a lendas celtas, algumas mais antigas que às que se referem ao Rei Artur, mas que o tempo se encarregou de condensar. As várias formas do Graal são uma dessas lendas. Mas usei essa base apenas como inspiração, sem nenhuma pretensão de fidelidade, apenas quando “me servia”, hehe. Embora, para os curiosos, o lago aprisionado na caixa está exatamente na região em que se afirma que estaria o lago original. Mas semeei alguns outros detalhes, para quem se divertir em pesquisar sobre isso.

Espero que tenham curtido o capítulo (novamente enorme) e que mantenham as varinhas nos bolso, ok? Rsrs

Apenas uma explicação: No momento, eu tenho 3 betas: Darla, a Sônia (a autora das notinhas divertidas) e o meu Potter de estimação daqui de casa. Nunca posto sem a aprovação ao menos parcial deles. E por isso agradeço muito os três se disporem a ler a fic e palpitar. Por vezes, tem coisas que escapam a nós quatro e eu peço desculpas a vocês por isso. Mas sempre que, numa nova leitura, eu perceba o problema, eu o arrumo, ok? Um beijo enorme para os três.

Agora, um recadinho para cada uma das pessoas que postaram aqui.


Luisa Lima: Hahahaha! Hahahahaha! Eu ri demais com vc, querida. Se quiser vir ao sul, pode vir. Tem hospedagem garantida, viu? Sem palavras para agradecer o seu comentário, Lu. Tb amo Bóreas desde antes de escrevê-lo, rsrs. Obrigada, obrigada, obrigada. Beijos, muitos!

Suzana Barrocas: Nem eu acredito que vc pediu pelo Malfoy, rsrs. Sem promessas, mas agradecendo enormemente o seu comentário, querida. Um beijo bem grande!

Expert2001: Puxa, valeu mesmo! Eu realmente queria que o trio tivesse uma aventuro juntos e que ficasse à altura deles. Obrigada.

Beatrice Potter: Muito obrigada, querida. É sempre bom saber que a espera valeu à pena. Bjs.

Victor Farias: Pois é, Victor, sou uma aficionada em lendas antigas e acho que são uma fonte inesgotável de inspiração. Fico muito feliz por vc notar as referências. Quanto aos poderes dos nossos heróis, ainda tem algum pano para essa manda, hehe. Obrigada pelo apoio sempre. Quanto ao Sra. Rowlling, rsrs... Obrigada pelo elogio, mas estamos longe de ser a mesma pessoa. Pelo menos a minha conta bancária assegura isso, hihi. Além do que, ela pode só escrever e eu não... =(

Gessy Silva: Muito obrigada mesmo, Gessy. Seu comentário me deixou muito lisonjeada mesmo, assim como a linda capa nova que vc fez para a fic. Sem palavras para agradecer. Bj grande.

Ana Karine: Tentei misturar esse universo lendário sem que ficasse forçado e fico feliz que a mistura tenha caído no gosto de vcs. Muito obrigada pelo elogio. Fiquei até sem graça. Bj!

Morgana Black: Ora, ora, tinha que ser a Morgana para entregar o meu Pendragon hihi. Brincadeirinha. Sim, sim, eu não podia deixar passar a oportunidade de usar uma pitada de Artur (um uma xícara pelo que veio nesse capítulo. Gostou? Bjão!

Drika Granger: Valeu, querida!

[*Cris Potter*]: Ahh tem ainda muito de Aradia e tb de Harry para vir. Aguarde! Beijos!

Natinha Weasley: Brigadão, linda! O pior é que nem posso prometer aliviar a carga dos nossos heróis até o final. Mas, isso é o que me faz ter uma história para contar, não é? Calma que tudo se resolve a seu tempo, de uma forma ou de outra. Beijão!

Gina W. Potter: Ahh vc tem razão, Gina. É a suprema tortura: a idéia de ter de sacrificar o próprio filho. Tb fico louca de pena do Harry. Muito obrigada pelos elogios. Bjs!

Naty. L. Potter: Valeu, querida! Ahh querida, brigadão pela propaganda, fico toda feliz com isso e tb com o fato das suas amigas gostarem. Vou ver se consigo passar na sua fi o quanto antes, ok? Beijão!

Mimi Potter: É, não é para qualquer um não. Por isso “ele” é o Harry, né? Como definiu o Rony: “o cara”! Rsrs. Bj.

Liliane Mangano: Ahh desculpe, Liliane. Sei que esse sistema de folhetim é meio exasperante por causa da espera. Eu mesma sofro com isso, com outros autores e tb com a minha enorme curiosidade. Agradeço muito seus elogios e a leitura. Um bj.

Belle Sarmanho: Logo, vem a Just, querida, e obrigada pelos elogios ao Retorno. Para mim, sabe como é, filha mais velha, mais desenvolvida... só não digo que é a favorita para não deixar as outras com ciúmes, hehe. Beijocas!

Carol Lee: Na verdade, usei bem mais do que isso, Carol. Bem mais até do que ficou explícito nesse capítulo.

Edu Pimentel: Valeu mesmo, Edu! Desculpe se demorei demais.

Bernardo Cardoso Silva: Valeu, amigão! Tb gosto de escrever sobre o Trio mais escolado na vida, hehe. Bjs.

Mayana Sodré: Ah querida, eu amei o seu comentário. Super fofo! Obrigada mesmo!

Mi Potter: Brigadão, amiga!

Sônia Sag: Hahaha! Fiquei rindo com o seu comentário, Anam! Quanto à SENA, sim precisamos disso e da editora e eu vou fazer VOCÊ assinar esse contrato mágica tb para eu ter acesso aos seus escritos, rsrs. Mas é a imagem do paraíso, né? Só escrever... *sonha*

Tonks Butterfly: Fico feliz que tenha tudo sido respondido, querida. Bjão!

Carolina Villela Good God: Muito obrigada, querida! Um beijo grande.

Lica Martins: Aiii, tatuagem no braço? Nãooooo. Sou só uma pobre autora de fics de aventura, rsrs. Adorei vc ter passado para a Cacá e estou muito feliz dela estar gostando. Mas tb tenho consciência de que nesse eu avancei um pouquinho no horror. Sorry.

Doug Potter: Que elogio enorme, Doug. Sim, eu li o último livro e o achei espetacular. Ela conseguiu me deixar ainda mais fã do Harry (se isso é possível), rsrs. E isso inspira muito, hehe. Bj e obrigada.

Regina McGonagall: Valeu, Regina! Mas vc viu o Snape boicotando a Sarah na aventura? Tsc, tsc... o homem amoleceu mesmo. Rsrs Bjs.

Patrícia Ribeiro: Demorei menos, hehe. Obrigada e beijo grande.

Jeh. Muito obrigada, querida. Espero que tenha gostado deste, embora o meu coração tenha falhado escrevendo este final... Bjs.

Charlotte Ravenclaw: Brigadão, minha amiga. Vc sabe o quanto temo colocar elementos nessa salada e não saber ligá-los à contento, é bom contar com leitores como vc pelo menos para garantir que está tudo amarradinho hehe. Beijão!

Srtáh. Míííhh: Calma!!! Não quero matar vc não, menina. Respira, hehe. Ahh Mih que lindo seu comentário sobre o Harry. Tb penso isso. Obrigada por todo o carinho, sempre e espero que tenha gostado do seu presentinho lá no meio do capítulo. Bjs!

Kika: Eu sei o que é o “efeito DH”, querida. Sem problema. E tb entendo sua indignação com os perigos corridos pelos bebês. Mas tenha calma, tá? Confie em mim. Beijos!

Belzinha: Obrigada, Bel. Tb achei que era preciso um “ar”, hehe. Obrigada pelo convincente, hehe. Vc viu que fiz uma pontezinha com vc? Óbvio que não vou falar aqui, mas vc notou, não notou? Bjão!

Marcio-api: Meu Deus! Fiquei sem fala com essa. Muito obrigada, mesmo!

Nefer Potter: Valeu, querida! Obrigada.

Ana Carol (não entendi o resto, rs): Sem problema, querida. Provas em primeiro lugar e poções não é mole, eu sei. Obrigada pelos elogios. Quanto às descendências, eu ainda não decidi se isso vai entrar no texto da fic, mas a Hilda era descendente da Helga. Bjs.

Priscila Louredo: Hahaha! Menina, e não é que ele se machucou de novo. Tadinho rsrsrs, mas a Mione anda atentaaaa. Acho que ela não deixa tão cedo ele entrar no St. Mungus, hehe. Brigadão, amada.

Lily Weasley Potter Magid: Valeu, querida> Muito bom saber que vc continua lendo a fic. Quando um leitor desaparece fico toda desconfiada rsrs. Um beijo grande!

Ana Carolina Guimarães: Valeu, querida!

Antenada: Brigadão, querida. O ator se chama Drew Fuller e ele aparecia num seriado chamado Charmed. Me encantei com ele ao mirar os lindos olhos verdes do rapaz. Uma amiga providenciou os óculos e voilá! Ficou perfeito, não? Bjão!

Lili Negrão (Liz): Puxa, Liz, muito obrigada, mesmo. Bjs!

Bruna Perazolo: Tb amei a capa que eu ganhei Bruna. O nome do ator é Steven Royles e sim, ele é lindão hehe.

Andressa: Valeu, Andressa. Que bom que gostou. Bjs.

Sô: Ah Sô, obrigada demais, querida. É muito bom ler um comentário assim. Espero que a vida real não te sacrifique muito, ok? Beijo grande amiga.

Bruxicca: Eu agradeço enormemente vc não ter desistido. Obrigada!

Paulo Henrique: Valeu, Paulo. Adorei o “diferente”. Espero que continue gostando. Beijos!

Alguém escreveu: “Ótima fic.Enredo eletrizante e personagens mais do que vívidos.Parabéns e atualiza.” Mas a Floreios apagou o nome. De qualquer forma, obrigada!

Ana Eulina Carvalho: Atualizada!!! =D

Gabizinha: Brigadão querida!

Paty Black: Achei que vc notaria logo isso, hehe. Eu tb fico orgulhosa de pertencer a nossa família, mana. Te adoro, beijos.

Tatah Potter: Atualizada!

Henrique Malfoy: Adorei vc dizer que está cada vez mais viciado na fic, querido. Isso é uma grande recompensa para um autor. E olha, uma das minhas vontades de acabar logo esta é para escrever A Floresta das Sombras, pq estou gostando muito das idéias desta nova fic na minha cabeça. Quanto a sua teoria, não vou nem comentar hehe. Na mosca! Beijo grande!

Kendra Owen: Não gosto não, querida. Eu ia mesmo atualizar ontem, mas não deu. Espero que o capítulo compense. Bjs.

Eu tenho certeza de ter visto um comentário da Pamela Black aqui, mas parece que a Floreios apagou =(. De qualquer forma, amiga, obrigada pelo carinho e apoio, sempre. Beijão!

O mesmo vale para o Feba, que sei que sempre comenta. Beijos querido!

Um beijo estalado e até o próximo
Sally

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.