O Traidor, o Espião e a Selkie
Capítulo 31
O Traidor, o Espião e a Selkie
– É isso! Já chega! Essa foi a gota d’água! – Bufou Hermione ficando em pé, assim que a porta do quarto fechou e a enfermeira desapareceu por ela.
Gina, que estava sentada no colo de Harry em uma cadeira próxima, começou a rir, enquanto o marido apertava firmemente os lábios para não gargalhar.
– Francamente! – Prosseguiu Hermione, possessa. – Quantos banhos um paciente precisa tomar em um único dia?
Harry não agüentou e gargalhou, acompanhado por Gina, que agora se atirara para trás rindo sonoramente. Hermione olhou os dois com azedume, os braços cruzados na frente do corpo.
– Vou fazer uma representação formal ao hospital. Podem apostar. Nem me importo que algumas cabeças rolem por isso. Especialmente dessa assanhada que acabou de sair daqui. E você? – Virou-se apertando os olhos perigosamente para Rony, que assistia a tudo deitado na cama de um quarto privativo no hospital St. Mungus. O rapaz mantinha um ar entre presunçoso e divertido. – Não diz nada? Está adorando, não é?
– Mione, eu sou só o paciente – respondeu com uma calma exagerada. – O próprio nome já diz: Pa-ci-en-te! Eu só tenho que aceitar o que elas fazem. Como eu posso reagir? Ah, e o nome da moça é Graziela.
Por um instante pareceu que Hermione ia jogar alguma coisa nele, mas ela acabou dizendo uma quantidade de palavrões que ficaram tão estranhos na sua boca que Harry arregalou os olhos e Gina soltou um “oh” impressionado. Rony se limitou a se escorar mais nos travesseiros, muito satisfeito.
– Adoro você com ciúmes.
– Quem disse que é ciúmes? – Rosnou ela. Harry e Gina fizeram chacota, mas ficaram quietos a um olhar da amiga. Ela estava realmente furiosa. – É uma questão de respeito! E eu tenho sido muito tolerante, viram? A Gina já teria azarado metade dessas sirigaitas se estivesse no meu lugar. – Gina ia protestar, mas Harry fez que sim com a cabeça e ela acabou dando de ombros e concordando. – Sério! Eu realmente pensava que o Harry é que tivesse o maior número de fãs taradas.
Rony movimentou a cabeça olhando para o teto tentando não rir.
– Ouse dar esse sorrisinho para ver o que te acontece, Ronald Weasley! – Ameaçou Hermione, apontando com o dedo para ele. – A partir de agora vou exigir que apenas Alicia, enfermeiros homens e a curandeira Prentiss cuidem de você.
– Ah, Priscila... – comentou Rony encarando displicentemente as unhas, no que Harry achou uma provocação arriscada, levando em conta o estado que estava a amiga. O cabelo da garota parecia ter eriçado mais do que o normal.
– Priscila? – Repetiu Hermione.
– É o nome dela. Da curandeira Prentiss – respondeu Rony parecendo adorar ver o rosto da esposa atingir tom de roxo bem chamativo.
– Sem Priscilas! – Berrou Hermione. – Só homens! Acabou essa fal...
Mas ela não conseguiu terminar o ataque. Rony se dobrou na cama e a puxou pelo braço que ela ainda apontava para ele como se fosse uma arma. A garota praticamente voou para o seu colo, mais parecendo uma boneca de pano que uma mulher adulta. E por mais que tentasse resistir não conseguiu empurrá-lo um milímetro enquanto ele a impedia de falar com um beijo nada comportado. Rony só parou quando Hermione finalmente desistiu de espernear.
– Estou começando a gostar dos efeitos colaterais dessa coisa – comentou o rapaz com um sorriso mole e voltou a beijar a esposa antes que ela retrucasse.
O ousado tratamento com sangue de dragão tinha sido um sucesso, mas, ao seu início, ele provavelmente resultara na mais longa noite da vida da família Weasley. Todos correram para o hospital assim que Ana deu o alerta de que Hermione tinha encontrado uma esperança. Harry e Gina chegaram ao St. Mungus num tempo recorde, cada um com um dos gêmeos no colo, seguidos por um Dobby carregado de sacolas e coisas para os bebês. O Sr. e a Sra. Weasley, muito chorosa, chegaram logo a seguir. A Sra. Weasley desabou sobre Hermione cobrindo-a de beijos e bendizendo que o dia em que Rony tinha conhecido ela e Harry no Expresso Hogwarts.
Alicia chegou pouco depois e mal cumprimentou os presentes, apenas arrastou Hermione e o livro para dentro da enfermaria e começou, junto com a curandeira Prentiss, a comandar a maior equipe reunida para um único caso que o hospital já tinha visto. Dezesseis pessoas ao todo, entre curandeiros diplomados, enfermeiros e residentes(1). Até os quadros de curandeiros antigos foram convocados. Quando Fred, Jorge e Cátia chegaram, com Sean e Kenneth adormecidos em carrinhos, tiveram de esperar que um grupo de enfermeiros que carregava os quadros, de diversos lugares do prédio, desocupasse as escadas para poderem subir para a sala de espera. Gui e Percy chegaram com as respectivas esposas e a pequena Chantal, quase junto com Carlinhos.
O tratador de dragões, porém, não chegou sozinho. Veio acompanhado de mais três colegas parrudos cada um trazendo o que parecia um imenso odre de couro, muito cheio. O odor característico deixava bem claro do se tratava: sangue de dragão. Os quatros carregaram os odres para dentro e depois saíram com caras cansadas e felizes. Os amigos de Carlinhos se despediram, mas afirmaram que estariam na reserva, a postos para trazer mais, se necessário. “Vão dar banho nele com isso?”, perguntou Jorge com cara de nojo e preocupação. Antes do fim da noite, Ana se juntou a eles, trazendo Sirius e Winky com ela. Ninguém no hospital pensou em deter a invasão Weasley.
Porém, no dia seguinte, quando a notícia se espalhou entre os bruxos, a vigília esperando pela recuperação de Rony se alastrou igualmente por toda a Grã- Bretanha, e mesmo por outros lugares em que o melhor amigo de Harry Potter e herói da segunda guerra contra Voldemort era conhecido e admirado. Isso dificultou um pouco as coisas no St. Mungus. Os corredores ficaram lotados de amigos e de outros nem tanto. O Ministério acabou tendo de mandar uma força tarefa para dispersar os bandos de simpatizantes e curiosos que se postaram em frente ao prédio. Percy estava possesso. Afirmava que todos só podiam ter enlouquecido e que estavam criando uma enorme saia justa para o Ministério. O Ministro estava tendo problemas em explicar para as autoridades trouxas qual o motivo de uma aglomeração de pessoas – com vestes esquisitas – em frente a uma loja de departamentos velha e eternamente em reformas no centro de Londres. Isso sem falar em algumas situações hilárias e potencialmente perigosas ocorridas com um bando de bruxos do interior no metrô.
Foi mais de uma semana de apreensão antes de finalmente todos poderem ouvir a notícia que queriam. Rony estava fora de perigo. Sendo, provavelmente, o terceiro bruxo na história a ser alvo desta forma de terapia, e o segundo a ser alvo do tratamento completo, ainda havia dúvidas sobre as reações que Rony poderia ter. Não que fossem reações ruins, apenas não se tinha certeza sobre ela, pois cada corpo poderia reagir de forma diferente ao tratamento. Havia alguns efeitos colaterais esperados (o aumento na força física fora o primeiro a aparecer), mas havia outros possíveis, os quais apenas tinham sido intuídos por Alvo Dumbledore, quando ele escreveu seu artigo sobre o Décimo Primeiro uso do sangue de dragão, e ainda não havia comprovação de que ocorreriam.
Datado do início de sua carreira como professor em Hogwarts, o artigo de Dumbledore fora, nas últimas semanas, repetido nas principais revistas de curandeirismo do mundo. A Wizards Healers, principal publicação de língua inglesa, lhe deu um espaço de quase seis páginas. Outras publicações como a Brujedos y Embrujados, uma revista ibero-americana; a Paracelso francesa, a Wünderdocktor, da Alemanha, e a Sangradores, publicada em Portugal, no Brasil e em Moçambique deram igualmente muita atenção ao artigo e às discussões de curandeiros renomados sobre venenos e contra-venenos. O artigo original preconizava um tratamento em três fases, e de acordo com este, Dumbledore afirmava ter feito sua descoberta sobre o poder do sangue dragão em venenos de ação desconhecida, quase por acaso.
Em uma excursão de férias à Nova Zelândia com um ruidoso grupo de amigos, aconteceu que um deles foi picado por um animal não identificado. Logo, os outros bruxos presentes ficaram certos de que a mordida vinha de uma criatura mágica, pois o homem foi acometido de estranhas listas amarelas que lhe percorriam todo o corpo. Quando já estava completamente listrado, o coitado passou ainda a expelir pelo nariz e pela boca uma curiosa série de objetos que incluíam um novelo de lã verde, um ouriço cor de rosa, uma muda de palmeira tropical, além de uma série de botões de vários tamanhos.
Os inteligentes e capazes bruxos presentes, no entanto, não consideraram seguro aparatar com o amigo para o hospital mágico mais próximo. O uso de feitiços e contra-venenos comuns no caso não pareceram dar resultado e o jovem continuava cada vez mais amarelo e com dificuldade de respiração por não parar de expelir objetos.
Dumbledore, então, teve a idéia de usar um pouco de sangue de dragão olho-de-opala. Ele havia comprado um frasco em uma feira, como souvenir, pouco antes de seguir para o acampamento. Como já vinha estudando a ação da substância em poções neutralizantes ele resolveu arriscar para tentar salvar o amigo. Misturado com raiz de sálvia e teia de acromântula, o sangue de dragão foi cozido e ministrado na medida em que o bruxo conseguia engoli-lo e, ao cabo de duas horas, os botões pararam de sair. Em alguns dias, o bruxo ficou completamente recuperado.
A segunda oportunidade que Dumbledore teve de utilizar e aperfeiçoar seu método foi em 1938. Uma bruxa chamada Margarita Febronia, que atuava como espiã seguindo as atividades de bruxos das trevas na Espanha, foi encontrada à beira da morte após ter sido atingida por um feitiço ou veneno de ação desconhecida. O anterior sucesso de Dumbledore fez com que os curandeiros espanhóis o chamassem para observar o caso. Margarita deixou de correr risco de vida, porém continuou em coma, sem nenhuma reação física aparente.
Foi então que o brilhante bruxo que era Alvo Dumbledore deu uma nova mostra do seu gênio. Contra crenças fortes da comunidade bruxa e mesmo enfrentando a oposição de vários curandeiros, Dumbledore resolveu tentar um contato mais direto entre o sangue de dragão e o veneno, o qual, ele acreditava, estava definhando a jovem bruxa justamente por empestear o seu sangue. Utilizando material de origem trouxa, ele passou a injetar de pequenas a grandes doses do sangue de dragão diretamente nas veias da doente.
Tal procedimento seria completamente inviável se isso fosse tentado entre um ser humano e um animal comum. Os trouxas já haviam feito tentativas nesse sentido no século XIX, com resultados bastante desastrosos. No caso do sangue de dragão, a potencialidade mágica da substância permite que este se transforme em remédio – se administrado corretamente – ao entrar em contato com o sangue humano doente. Pelo menos era o que acreditava Dumbledore, e para Margarita Febronia, o tratamento se revelou um sucesso. Em poucas semanas a bruxa estava curada e mais saudável do jamais fora.
Para garantir que não houvesse recaídas – muito comuns em feitiços debilitantes – Dumbledore criou uma segunda poção que constituía na terceira parte do tratamento. Essa deveria ser bebida por prazo mais longo – nove luas para ser exato – e tratava-se de uma poção com doses infinitesimais de sangue de dragão, misturada ao pó de chifre de unicórnio e orvalho de madrugada de lua nova.
Rony tinha reagido maravilhosamente às duas primeiras partes do tratamento, mas o veneno de que fora alvo era tão forte que o movimento das pernas ainda continuava um pouco duro, por isso, a segunda fase ainda continuava. Alicia previa que em dois ou três dias ele poderia ter alta e seguir a terceira fase em casa, apenas com revisões periódicas. Hermione contava os dias – e já não era mais apenas pela felicidade de ver o marido de volta ao lar.
Quanto aos efeitos colaterais mais característicos, não havia nada particularmente incômodo. Se esperava do paciente um apetite maior (na verdade não se notara muita diferença em Rony); um aumento extraordinário da força física (isso o estava realmente divertindo e ele não parava de desafiar Carlinhos para quebras-de-braço) e o surgimento de algumas escamas em algumas partes do corpo. Este último efeito era muito eventual e podia ser eliminado com facilidade apenas com a ficção de uma poção à base de óleo de salamandra. O problema é que virara uma desculpa para as enfermeiras virem inspecionar Rony várias vezes ao dia, e era isso que estava deixando Hermione irascível.
– Rony – chamou Harry, fingindo severidade, mas mal contendo a felicidade de ver o amigo vivo e bem. Rony se afastou momentaneamente dos lábios da esposa que já parecia sem ar. – Você não acha melhor, hum... ir com calma?
– Potter, eu quase morri! Não me diga o que fazer e como fazer – respondeu o outro com bom humor e afundando a cabeça no pescoço de Hermione que voltara a tentar protestar.
– Se não for com calma, você vai matar é a Hermione – comentou Fred entrando no quarto com Sean no colo.
– Como é que vocês dois ficam aí apenas assistindo essa pouca vergonha? – Perguntou Jorge que vinha logo atrás com Kenneth, se dirigindo para Harry e Gina.
– Ihhh Jorge, nem tente chamar logo esses dois à decência de costumes. Os dois não têm moral nenhuma para reprimir esses atos de selvageria libidinosa.
– É Fred. Às vezes eu esqueço que estou falando com o Tarado da cicatriz e senhora.
Gina rolou os olhos dramaticamente.
– Filho! – Exclamou Rony cortando os deboches dos irmãos e finalmente soltando Hermione para estender os braços para Sirius que entrava no colo de Cátia.
O menino deu gritinhos ao ver o pai, bateu palmas e quase se jogou do colo da tia para chegar até ele. Rony o pegou e encheu de beijos e cócegas enquanto o acomodava entre ele e Hermione, que ele não deixara sair do seu colo. Por um instante o olhar de todos recaiu sobre a pequena família novamente reunida. Nem os gêmeos conseguiram dizer qualquer coisa diante da cena. Uma seqüência de sorrisos bobos passou pelos presentes enquanto observavam o pequeno Sirius distribuir beijos estalados entre o pai e a mãe. O menino parecia querer mostrar tudo o que havia aprendido de novo nas últimas semanas. Hermione estimulava o pequeno show com perguntas e Rony delirava a cada resposta engrolada. Se não fosse Ken e Sean quererem participar da “festa” com o tio, ninguém teria tido coragem de interrompê-los.
Cátia aproveitou o fato dos gêmeos se aproximarem da cama com os filhos e chegou mais perto de onde Harry e Gina estavam sentados.
– Harry – avisou – o Quim está lá fora e pediu para avisar que quer falar com você. Ele está te esperando na sala da Alicia.
– Certo. Obrigado, Cátia.
Rony ergueu a cabeça imediatamente ao ouvir o nome do chefe, Harry fez um gesto de cabeça incentivando a voltar novamente sua atenção para Sirius e os sobrinhos. Gina desceu do seu colo para que ele levantasse e, com a mesma expressão preocupada do irmão, fez menção de acompanhá-lo.
– Não – pediu Harry. – Deve ser assunto de trabalho. Fique aqui, eu volto logo. – Ela concordou, embora não parecesse muito certa. Harry lhe deu um beijo e sorriu. – Volto para irmos para casa juntos, ok? Daqui a pouco as crianças já vão estar reclamando por você.
Gina sorriu de volta lhe fazendo um carinho.
– Está bem, eu espero você aqui.
Harry tentou sair discretamente, mas soube antes de chegar à porta que Rony e Mione o acompanhavam com os olhos. Fez um sinal de que estava tudo bem e que contaria tudo quando retornasse. Seguiu pelo corredor até a escada e começou a descer em direção ao andar em que ficavam as salas dos curandeiros. Rony vivo era a prova de que o mundo ainda não tinha perdido completamente o sentido, porque todo o resto parecia, para Harry, estar prestes a desabar.
Ele passara as últimas semanas se dividindo entre o hospital, sua casa e a enorme quantidade de investigações iniciadas após a noite em que o Ministério fora invadido e ocorrera a batalha em Stonehenge. A situação no trabalho ficara bem complicada. O Ministro e a imprensa bruxa exigiam um responsável para crucificar e culpar pela ação dos Comensais. O primeiro queria tentar aplacar, enquanto a segunda queria estimular o surto de histeria coletiva, do tipo que não se via desde a segunda guerra, que se espalhara por todo o país. Cartas e berradores cheios de impropérios de bruxos em pânico e indignados estouravam a todo o momento em todas as seções do prédio do governo. O próprio Harry tivera sua cota de cartas, desde aqueles que imploravam que ele estivesse alerta para salvá-los novamente, até os que o culpavam por tudo de ruim que acontecia.
Dobrou o corredor pensando que, afinal, eles tinham tomado a decisão certa em não abrir o nome de ninguém nem para o Ministro, nem para a imprensa. Até que Rony acordasse, havia quase um consenso entre os Aurores de que eles tinham sido vítimas de uma traição, que o traidor estava morto e seu nome era Tibério Stuart. Mas Harry não conseguira acreditar nisso. Convencera Quim a esperar e não sujar o nome do Auror morto entregando-o para os chacais da imprensa antes de terem certeza. E a prova de que estivera certo veio tão logo Rony acordou e quis falar.
Mesmo com os protestos de Alicia e da curandeira Prentiss de que o rapaz não podia se cansar, Rony fez questão de relatar para Harry, Hermione, Gina e Quim tudo o que vira antes de cair inconsciente nas mãos dos beusclainhs.
Rony contara que estava recolhendo os feridos com mais dois colegas, mas que estes iam e vinham, aparatando com os feridos para um lugar seguro. Tinha praticamente circulado metade do monumento quando viu um movimento que lhe pareceu estranho perto de um minúsculo conjunto de árvores próximas. Resolveu ir até lá (Quim brigou com ele nessa parte por ter feito isso sozinho e Rony se justificou dizendo que era uma mania que ele pegara por andar demais com Harry). Contudo, o que ele viu foram os vultos de dois bruxos e, antes que se aproximasse o bastante, um raio verde partiu da varinha de um deles e matou o homem a sua frente. Rony correu em direção à cena e não levou muito tempo para identificar os dois. Reconhecera Tibério Stewart assim que viu o velho Auror cair. Seu assassino não era ninguém menos que Richard Oates.
– As coisas não levaram mais que um segundo para se juntar na minha cabeça – comentou Rony enquanto contava. – Está certo que tínhamos ido para Stonehenge com a idéia de que Tibério podia ser um traidor. Mas vejam, bem, podia. Ninguém poderia ter certeza àquela altura. Além disso, não é o procedimento de um Auror, mesmo numa batalha usar uma maldição imperdoável. E me pareceu quase óbvio que o Tibério estava desarmado. Logo, eu estava certo desde o início, Harry. Aquele canalha do Oates! Eu falei que tínhamos que ficar de olho nele. Ele era o traidor, o filho da mãe safado! Assassino!
Harry enfiou as mãos nos bolsos com força ao lembrar as palavras do amigo. Rony não conseguira pegar Oates porque se viu capturado no momento seguinte e depois, ele só conseguia descrever as dores que sentiu antes de perder a consciência.
Incompetência era a palavra mínima que Harry poderia aplicar a si mesmo. A palavra mais forte era: conivente. Se ele tivesse dado ouvidos a Rony, se tivesse insistido que Oates fosse vigiado ou até afastado. Talvez assim Tibério estivesse vivo, talvez não tivesse ocorrido nenhuma invasão ao Ministério, talvez seu melhor amigo não tivesse quase morrido, talvez algo muito pior, e no que ele vinha evitando pensar, não estivesse prestes a acontecer... ou já tivesse acontecido. Tinha vontade de socar a si mesmo por ter sido tão burro. Devia ter confiado na intuição de Rony. Carlinhos também tinha ficado encafifado com Oates. Apenas ele, o grande idiota, achou que os cunhados estavam se mordendo por causa de uma tolice. Agora, tinha mais um inocente morto graças à sua enorme arrogância. Quase riu com amargura, pensando que Snape adoraria ouvi-lo admitindo aquilo. Mas talvez o morcegão estivesse certo. Ele já devia ter aprendido a ser mais cuidadoso, a ouvir os outros.
Parou em frente a uma mesa na entrada do corredor que levava às salas dos curandeiros. Um rapazinho moreno, que parecia mal ter acabado Hogwarts, o olhou com curiosidade por um segundo antes de arregalar os olhos ao reconhecê-lo e começar a falar com excitação antes que Harry dissesse uma palavra.
– Sr. Potter. Eu estava esperando o senhor, a curandeira Weasley pediu que eu o levasse até a sala dela. O Sr. Shacklebolt está o esperando lá. – Ele se levantou pressuroso. – Por favor, me acompanhe.
Harry murmurou um obrigado quase inaudível e o seguiu. O rapaz ia à frente, pelo corredor, falando sem parar dizendo que era um grande fã dele, que crescera ouvindo sua história, que o achava um grande herói. Tudo o que Harry pensava era se ele calaria a boca se soubesse que, graças a sua incompetência, mais um inocente morrera e que provavelmente não fora o primeiro e para seu desespero, talvez não fosse o último.
O garoto finalmente abriu uma das inúmeras portas existentes no longo corredor, revelando uma sala pequena com uma mesa de madeira e uma poltroninha confortável atrás dela. Quim ocupava quase toda a sala, estava em pé escorado à mesa. Harry apenas percebeu que o menino se despedia e se colocava a disposição caso eles precisassem de alguma coisa, qualquer coisa, e fechava a porta atrás dele.
– Mais um fã – constatou Quim com um brilho de condescendência nos olhos, dirigindo a Harry um sorriso cansado. O rapaz se limitou a bufar e se jogar numa cadeira próxima. O chefe o analisou por alguns instantes antes de falar calmamente. – Não foi culpa sua, Harry.
– Eu sei.
– Então pare de agir como se fosse – trovejou Quim. – Nós nunca poderíamos imaginar.
– Rony imaginou.
– E nós fizemos tudo para comprovar as suposições dele e não conseguimos nada, Harry. O que tínhamos era apenas isso. Suposições.
Harry continuou a olhar para o chão e Quim prosseguiu com a voz triste. O chefe dos Aurores parecia ter envelhecido décadas nas últimas semanas.
– Se isso consola, tenho ainda mais culpa que você. – Harry ergueu somente os olhos. – Descobrimos hoje que Tibério estava sumido da própria casa desde o ano novo. Ele já estava nas mãos deles há um bocado de tempo. Ou seja, eu tenho que dar mais atenção à minha equipe.
O comentário não o fez se sentir melhor. Puxou ar para os pulmões e tentou ser objetivo. Ficar discutindo de quem era a culpa não traria Tibério Stewart de volta, nem tampouco colocaria o seu assassino em Azkaban.
– Acha que Stewart estava sob maldição Impérius?
– Não. Tibério era da velha guarda, foi treinado pessoalmente por Moody. Ele saberia resistir. Acho que eles infiltraram alguém que ia para a seção com a cara do Tibério e que foi quem arranjou para que os Comensais entrassem no Ministério azarando os guarda naquela ação no pub(2). Apostaria minhas fichas numa poção polissuco.
– Por que não poderia ser um beusclainh? Eles são metamorfogos.
– São, mas embora eles possam metamorfosear-se em humanos e até mesmo possuí-los, caso eles permitam, os beusclainhs não são muito bons em usar varinhas. Não. Para fingir corretamente tinha de ser um bruxo. Aposto que tínhamos um Comensal em nossas barbas usando poção polissuco. Provavelmente foi por isso que eles o mantiveram vivo todo esse tempo. Só o mataram quando não precisavam mais dele.
– E o Oates? Por que ele próprio não fez o serviço sujo?
– Se quer minha opinião, ele não fez por causa do Rony. Ele sabia das desconfianças a respeito dele. Precisava despistar. Deve ter entregue o Tibério e facilitado a vida do Comensal na seção, mas por algum motivo, não quis correr o risco que o pegassem.
– Acha que foi ele também que entregou a posição de vigilância do Gerard na mansão Malfoy em novembro? – Quim limitou-se a erguer os ombros parecendo novamente exausto. – Desgraçado! Descobriram mais alguma coisa sobre ele?
Quim deu um profundo suspiro e Harry se ajeitou na cadeira encarando-o com atenção.
– Foi por isso que o chamei. Descobrimos uma porção de coisas, nenhuma agradável.
– Eu não imaginaria diferente – fez um sinal com a mão e se jogou para trás na cadeira. – Manda.
– Bem, logo após a batalha ele ainda circulou uns dias na seção. Não sei se porque ninguém desconfiava dele ou justamente para que não desconfiássemos. Dei ordem para que ele fosse preso assim que Rony nos contou o que tinha visto. Mas Richard desapareceu no momento em que soube que o Weasley tinha aberto os olhos. – Quim se mexeu desconfortável. Continuava encostado na mesa em frente a Harry e parecia não saber exatamente por onde começar. – Fomos até a casa dele e... bem, nós descobrimos algumas coisas.
– Como o quê? – Estimulou Harry.
– Hum... Você lembra daquela garota com quem ele andava?
– A que foi com ele no julgamento promovido pela Umbridge?
– Essa mesma – confirmou Quim. – Bem, nós descobrimos que ela... hum, não existe.
– O QUÊ?
Quim pegou um papel parecendo um recorte de jornal que estava sobre a mesa e passou para Harry. Era do dia do julgamento, havia uma foto do público e Harry não levou muito tempo para reconhecer a garota espalhafatosa com quem Richard comparecera ao Tribunal.
– Tentamos localizar os conhecidos dele. Como não tínhamos o nome da garota, tentamos localizar pelo rosto. Não existe ninguém com esse rosto em nossos registros.
– É claro que não – disse Harry ficando em pé, os olhos grudados na foto. De novo a sensação de ser burro demais o invadindo à medida que as fichas iam caindo. – Isso aqui não é uma mulher. É um deles!
– Tem certeza?
– Absoluta. – Respondeu Harry entregando-lhe novamente o recorte de jornal. – Eu a vi se transformando diante dos meus olhos na noite em que salvamos as crianças trouxas. Eu não reconheci na hora. Achei familiar, mas minha cabeça estava pensando em outras coisas. Mas agora, eu tenho certeza sim, Quim. É ela. É um deles! – Cruzou os braços tentando juntar as informações que lhe varriam a cabeça. – Você acha que ela o estava influenciando?
– Provavelmente. Mas lembre Harry, essas criaturas estimulam sentimentos ruins, não os criam. Eles precisam de uma porta aberta para agir. Sua maldade é muito mais sutil que a de um dementador. Eles se alimentam de criar e estimular infelicidade e não dá felicidade em si.
Harry o olhou desconfiado.
– O que você quer dizer com isso? O que mais descobriu, Quim?
– Eu... – parecia até engraçado, mas Quim realmente parecia diminuir de tamanho quando ficava sem jeito. – Harry, por favor, não fique nervoso.
– Ótimo jeito de começar, chefe – comentou sarcástico.
O bruxo mais velho colocou a mão no interior das vestes e tirou do bolso algo que pareceu a Harry um maço grande de fotografias. O rapaz esticou os olhos para ver, mas Quim parecia ainda não estar certo se devia realmente mostrá-las para ele.
– Olhe... – começou Quim tentando explicar alguma coisa, mas Harry estendeu a mão pedindo as fotos.
– Não acredito que haja algo pior do que já aconteceu. – Fez outro movimento insistindo que o chefe lhe entregasse o maço.
Ainda relutante, Quim passou as fotos para Harry explicando.
– Estavam no apartamento dele. Na verdade, nem estavam muito escondidas. Estavam na gaveta da mesa de cabeceira.
Harry começou a passar as fotos sentindo que o ponto abaixo do seu estômago tinha subitamente assumido o peso e a temperatura de uma bigorna. O frio se espalhava pelas pernas a cada nova imagem. Todas, sem exceção tinham uma só modelo. Gina. Eram fotos tiradas de longe, como se alguém a seguisse. Lá estava ela escolhendo um livro na Floreios e Borrões, tomando um sorvete com Hermione, conversando com os gêmeos em frente a loja deles. Em muitas fotos ela aparecia ainda grávida, mas havia fotos tiradas depois. Era bem óbvio que o fotografo tentara captá-la sozinha. Mas algumas vezes era possível ver a mão de Harry tentando puxá-la para fora da foto.
– Talvez... – a voz de Quim soou longe por cima do zunido que agora cobria os seus ouvidos – ele de início apenas a achasse bonita, mas com as criaturas na volta dele, parece que se tornou uma obsessão. Era bem claro que ele tinha uma certa inveja de você e... Harry, fale alguma coisa! Você está me deixando preocupado garoto.
Harry achou que a voz dele saiu estranha quando finalmente saiu. Se Rony estivesse ali, provavelmente faria uma careta. O amigo dizia não gostar quando Harry falava daquele jeito. Dizia que era assustador.
– Quero reforço total na proteção da minha casa.
– Claro.
– Quero Gina vigiada 24h por dia. E com o dobro de atenção quando eu estiver longe.
– Feito.
Harry respirou e deixou as fotos caírem sobre a mesa. Quim colocou a mão sobre o seu ombro em solidariedade.
– Ninguém vai chegar perto da sua mulher e dos seus filhos, meu amigo. Nós não deixaremos. – Ele deu um aperto firme no ombro de Harry. – Hã... Você vai contar a ela? Ao resto dos Weasley?
– Vou.
Quim acenou com a cabeça.
– Eu preciso ir agora. Tente manter a calma, ok Harry? Estamos com você, eles estão seguros. Acredite.
Os olhos de Harry não se moveram do tampo da mesa onde as fotografias estavam espalhadas quando Quim se despediu e saiu. O bruxo provavelmente nem se incomodou com o fato dele não ter respondido ao seu adeus. Conhecia Harry Potter a tempo o suficiente para saber que o garoto era duro na queda, mas às vezes precisava de um tempo. E com uma coisa assim, quem poderia culpá-lo. Harry continuou ali parado, os braços soltos ao longo do corpo, os ombros caídos, o corpo pesado e gelado do peito para baixo. Ele estava sinceramente tentando não pensar. Estava se esforçando muito para não pensar em quantas vezes a segurança que Quim lhe oferecia tinha falhado.
Quando Sirius conseguira chegar até ele, mesmo não representando real perigo. Quando ele fora arrebatado do Torneio Tribruxo. Quando ele fora atraído até o Ministério da Magia para pegar a profecia sobre ele e Voldemort. Ou ainda quando um bando de Comensais da Morte invadiu a própria Hogwarts. Isso sem contar os últimos acontecimentos. Ele cerrou os punhos tão cheio de frustração e raiva que não conseguiria expressar isso nem que gritasse. Só voltou a piscar quando percebeu que as fotos à sua frente estavam em chamas.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Todo o problema agora, era se livrar de Danna. Era óbvio que eles precisavam que alguém a distraísse, mas nenhum dos quatro queria ficar de fora, e levar Danna com eles estava fora de questão. Mesmo Andrew parecia preferir, dessa vez, acompanhar os amigos.
– Achei que você ia adorar a idéia de ficarem só vocês dois – cochichou Hector enquanto os dois faziam dupla na aula de Feitiços.
Andrew ficou vermelho e o olhou com os olhos muito arregalados.
– D-de onde v-você tirou essa idéia?
– Você fica tão desinteressado quando gagueja Andy – Hector não pareceu se abalar com o fato do amigo estar respirando rápido. – Se eu fosse um cara menos ligado, nem notaria – completou com sarcasmo.
– E-eu... eu só estou preocupado com a Danna. Tanto quanto você, ou Mel ou Josh – respondeu o outro menino empertigando-se. – Ela é minha amiga também e...
– Algum problema, Sr. Bennet?
O professor Flitwick se aproximou para observar o trabalho da dupla, o qual consistia fazer objetos se mexerem sozinhos. A colher que estava mexendo o chá de Andrew tinha caído com um estrépito e ele nem percebera, preocupado em se justificar para Hector
– Oh, nada não professor. Nada não. – Ele voltou os olhos imediatamente para o trabalho fazendo a colher voltar para dentro da xícara e mexer o chá com rapidez.
Flitwick de um sorrisinho de aprovação, conferiu o trabalho de Hector, cuja colher girava bem mais calma que a de Andrew, e passou para a próxima mesa. Hector enfiou a mão na boca para evitar a si mesmo de rir.
– Cala a boca, Lupin! – A colher de Andrew batia furiosa contra a xícara enquanto ele olhava de esguelha para a dupla formada por Danna e Josh. Hector parecia que não ia controlar o riso. – Se você falar alguma coisa, eu... eu...
– Vai ficar gaguejando na minha frente ou vai bater com essa colher na minha cabeça? – Hector quase se arrependeu da provocação. Ele sabia que Danna era um ponto sensível no humor do amigo e conhecia Andy o suficiente para saber que não era muito inteligente estimular o seu mau humor. “Por que os caras ficam tão idiotas quando se trata de garotas? Eu certamente precisaria bem mais do que isso para me tirar o humor”, pensou enquanto fazia negativas com a cabeça. – Não vou falar nada, Andy. Seu “segredo” está seguro comigo.
– N-não tem segredo ne-nenhum.
– Tem razão. Ainda mais se você continuar gaguejando desse jeito. A próxima medida para esconder vai ser anunciar no jornal da escola. – Andrew corou tão furiosamente que provavelmente já era possível fritar uma fatia de bacon na sua testa. – Olhe, quem sabe você para de dar faniquitos e me ajuda a pensar em um jeito de podermos ir até a cabana do Hagrid sem que a Danna saiba, hein?
Andrew pareceu que ia protestar contra a palavra faniquitos, mas, ao invés disso, apenas rosnou e uniu as sobrancelhas com mais força se concentrando no trabalho.
– Por que a Mel não fica com ela?
– Ah tá! Convence a Mel – reclamou Hector. – Seria até o mais lógico, mas foi só eu passar a idéia de que podíamos perguntar sobre as selkies para o Hagrid e ela ameaçou me fazer comer lesmas se fossemos sem ela.
– Meninas! – Resmungou Andrew. – O ideal seria irmos quando a Danna vai para a sala da Medéia, mas isso é depois do jantar. Fica difícil sairmos da escola nesse horário.
– Eu sei – Hector sussurrou de volta. – Teríamos de aproveitar um intervalo, ou ir no fim de semana, mas nos dois casos...
– Danna estaria presente – completou o outro com desalento.
– A outra possibilidade, seria pedir, talvez, para o Rupert distraí-la na biblioteca. Acho que ele me faria esse favor.
Andrew estreitou os olhos perigosamente, voltando a ficar púrpura.
– Você não tem mesmo amor à vida, não é Lupin?
Hector não tinha resistido e estava novamente tentando se controlar para não gargalhar. Mas a verdade é que eles tinham um problema. Ele achava que, para entenderem o que estava acontecendo, precisavam saber um pouco mais sobre Danna. Perguntar para a própria, do jeito nervoso em que a menina andava, estava fora de questão. O melhor seria tentar saber alguma coisa através do Hagrid. Ele não se recusaria a contar, afinal, não havia nada demais eles quererem saber um pouco mais sobre a amiga. Hagrid não desconfiaria de Medéia como eles, mas também não acharia que a curiosidade dos garotos os levaria de encontro a algum tipo de encrenca.
Além disso, eles pretendiam se aproveitar do bom humor que invadira o castelo após a notícia da recuperação de Ronald Weasley. Hagrid andava tão satisfeito que passava pelos jardins cantando a plenos pulmões a qualquer hora do dia. E certamente nunca distribuíra tantos pontos em suas aulas como nas últimas semanas. Os alunos da Grifinória, do terceiro ano para cima, voltavam sempre muito satisfeitos para torre após alguns períodos de Trato de Criaturas Mágicas.
Felizmente, a oportunidade apareceu no sábado. Logo no café da manhã, Danna recebeu uma carta de casa. Ao invés de abri-la na mesa como a maioria dos alunos fazia, a garota deu um longo suspiro e disse que ia para o dormitório ler e responder para o pai. Nem bem ela tinha cruzado a soleira da porta do Salão Principal e Josh e Mel já pulavam das mesas das suas casas para encontrar com Andrew e Hector.
– É agora ou nunca – disse Hector já levantando e indo em direção à porta.
Andrew e Mel se apressaram em segui-lo e Josh pescou umas três rosquinhas na mesa da Grifinória antes de correr atrás dos três. Saíram para a manhã fria do início de março, ajustando os casacos. Uma garoa fina ia cobrindo o castelo como uma nuvem e dava a impressão de se andar num ar líquido. A cabana de Hagrid no terreno abaixo parecia um montinho esfumaçado, mal dando para distinguir entre a cobertura de palha e as pedras das paredes. Os quatro apressaram o passo para não ficarem encharcados e em poucos minutos, Hector batia com energia na porta da casa do professor. Ouviram um latido abafado de Canino e os passos arrastados do professor antes que a cara peluda dele aparecesse na porta aberta.
– Ora, ora, a que devo a honra das ferinhas aparecerem aqui tão cedo num sábado – disse a guisa de cumprimento enquanto abria a porta, muito satisfeito, para que os quatro entrassem. – Onde está a Danna?
– Ela recebeu uma carta do pai dela, ficou no castelo lendo – respondeu Hector com desenvoltura enquanto sentava no banco de lenha e acariciava Canino que tinha chegado calmamente perto dele. A idade parecia estar pesando no velho cão de caça de Hagrid.
– Ahh. Nesse caso, tudo bem. Vocês aceitam um chá?
As crianças agradeceram enquanto se acomodavam e Hagrid começou a se movimentar pela cabana pegando uma lata de biscoitos e xícaras. Os garotos trocaram olhares rápidos se perguntando quem começaria. Na verdade, nenhum deles tinha muita certeza sobre qual seria a forma ideal de perguntarem o que queriam, isto é, sem dar muita bandeira de que estavam investigando alguma coisa. Isso certamente faria Hagrid os enxotar dali.
Os quatro começaram um diálogo mudo de empurra-empurra que se transformava em sorrisos inocentes cada vez que o professor olhava para eles. O chá estava quase pronto quando finalmente Mel deu o primeiro passo. Ela e Hector, a essa altura, já tinham brigado por gestos e palavras ditas apenas com o movimento dos lábios por quase cinco minutos. Ou seja, ou um dos dois falava ou acabariam de mal antes de conseguir qualquer coisa de útil naquela visita.
– Hã, Hagrid? Você disse que era amigo da avó da Danna, não é?
– Sim, claro. – Ele serviu o chá e agora distribuía as xícaras. – Maureen era uma mulher maravilhosa. Duvido que alguém a tenha conhecido sem se apaixonar por ela de uma forma ou de outra. – Completou se sentando e fixando o nada com os olhos sonhadores. – Era linda. Quero dizer, não era uma beleza do tipo Miss Semanário das Bruxas. Não. Ela tinha essa coisa que as selkies têm, sabem? Esse jeito de sorrir que a gente não consegue não olhar.
Mel, Hector e Josh olharam instintivamente para Andrew que, quase sem perceber, concordava. A menina enfiou o rosto dentro da xícara de chá para esconder o riso, mas Hector preferiu direcionar um pouco mais as lembranças de Hagrid.
– É só isso que elas herdam? Digo, as descendentes das focas. Elas herdam apenas essa “coisa” de atraírem os homens, que as selkies puras têm?
– Só isso? – Hagrid deu uma gargalhada. – Hector, se você acha que isso é “só isso” vou ter que pensar que ou você ainda é muito criança ou já caiu no feitiço de outra garota.
Josh e Andrew aproveitaram bem para olhar para o amigo. Afinal, era muito raro ver Hector completamente sem graça e corado por outra coisa que não fosse uma corrida. Os dois amigos pareciam genuinamente deliciados e Hector se mexeu desconfortável.
– Não – continuou Hagrid risonho – elas herdam algumas outras habilidades. Se me lembro bem são extraordinariamente resistentes ao frio, especialmente debaixo d’água. Sem falar no fôlego, é claro.
– Fôlego? – Questionou Josh, incerto.
– Sim. Vejam bem, uma selkie, mesmo uma mestiça, não precisaria de nenhum tipo de feitiço para cumprir a segunda tarefa daquele Torneio Tribruxo que Harry participou. – As quatro crianças arregalaram os olhos. – Lembro que a mãe da Danna, Keyra, tinha muitos amigos entre os sereianos. Vivia pegando detenção por ficar mais tempo do que devia no lago. Muitas vezes em pleno inverno.
Hagrid não notou a agitação que tomou conta dos garotos, continuou perdido nas lembranças, falando e falando como se não se importasse se eles o estavam ouvindo.
– Uma garota maravilhosa, sabem? Metade dos rapazes de Hogwarts teria dado o braço direito para casar com ela. Mas as selkies são difíceis. Acho que não conheço nenhuma que tenha se casado fora da ilha.
– Como assim? – Quis saber Andrew.
– Ahh, elas sempre casam com rapazes da sua ilha natal, nunca fora. Maureen dizia que apenas eles poderiam entender uma selkie. Coisa delas.
– Mas elas não têm nenhum poder do tipo desaparecer num lugar e aparecer noutro, têm? – Perguntou Hector cujo interesse pela vida romântica da mãe de Danna era absolutamente nulo.
– Aparecer e desaparecer? Não! Quero dizer, elas são muito rápidas na água, sabem? Se você estivesse acompanhando, mal daria para vê-las nadando. Mas sumir aqui e aparecer lá, definitivamente não.
O professor pegou o prato e passou uma nova rodada de biscoitos que eles não aceitaram, já que estavam apenas fingindo que estavam comendo os da primeira rodada.
– A Danna não conta essas coisas para vocês?
Os quatro se olharam.
– Não – respondeu Mel. – A Danna não fala muito dela mesma, sabe Hagrid?
– Bem, é um pouco compreensível. Quero dizer, ela não teve uma infância muito fácil, a coitadinha.
– Como assim? – Andrew nem disfarçou o jeito ansioso e Hagrid deu um sorrisinho.
– Bem, a mãe da Danna morreu quando o irmãozinho menor dela nasceu. Vocês sabem que Danna tem dois irmãos menores, não sabem? – Eles confirmaram. Sabiam vagamente. – Bem, o pai de Danna é um homem um pouco rude e ficou muito abalado. Maureen o ajudou com as crianças, mas ela também morreu no ano seguinte e Danna sendo a única mulher da casa... Bem, vocês devem imaginar que ela não teve muito tempo para ser criança, tendo que cuidar dos irmãos e ajudando o pai. Acho que ela nem mesmo teria vindo para Hogwarts se não fosse a profa. McGonagall ir pessoalmente até a ilha falar com o pai dela para deixá-la vir.
– Nossa! – Mel estava assombrada com a vida da amiga. Danna nunca falava daquelas coisas.
– Pois é. – Concordou Hagrid. – Eles são uma família bastante pobre, sabem? Danna veio para cá com bolsa da escola e tudo. Mas são muito orgulhosos também. A profa. McGonagall chegou a sugerir para o pai de Danna que a escola lhe cederia um elfo para ajudá-lo com os pequenos, mas ele não quis. Nem sei como ele está se virando. É turrão, mas é um bom homem, sabem? Acho que Danna se preocupa muito com os três, a pobrezinha. Tão pouca idade e tão responsável.
– O pai dela tem escrito muito para ela nos últimos tempos – comentou Andrew muito sério.
– É mesmo? – Admirou-se Hagrid. – Será que algum dos garotos está doente? Ela falou algo para vocês?
Os quatro negaram.
Já era quase meio-dia quando retornaram ao castelo. Nenhum deles disse nada em todo o caminho de volta. Esperavam retornar com respostas, mas acabaram apenas com mais perguntas e uma enorme compaixão pela amiga. Teriam que pensar muito sobre o que os poderes dela significavam e qual era o interesse de Medéia neles, mas também cada um sentia uma imensa vontade de fazer alguma coisa para ajudar a ela e a família.
Como que para confirmar que havia algo errado em casa, Dana não apareceu no almoço e ficou sumida uma boa parte da tarde. Pouco antes de começar a anoitecer, Mel convenceu Hector a pedir para que alguma colega da Grifinória que a chamasse no dormitório, mas a menina voltou dizendo que ela não estava lá. Os quatro conferiram o Mapa do Maroto apenas por desencargo de consciência, pois na verdade nem precisariam olhar lá para saber que não a encontrariam em lugar algum.
Hector estava tão frustrado com tudo que, pela primeira vez, desde que os amigos podiam lembrar, ele cogitara em escrever ao pai contando o que estava acontecendo. A verdade é que a aventura perdia muito do gosto quando parecia que havia um amigo realmente em perigo. Ninguém contestou a sua idéia. Quando os quatro acabaram de jantar, Hector disse que tentariam que ela lhes contasse alguma coisa no dia seguinte, caso contrário, ele escreveria pedindo ajuda. Ele e Mel estavam já subindo as escadas e direção às salas comunais quando perceberam que Andrew tinha ficado para trás.
– O que foi? – Perguntou Josh, que começara a se afastar em direção ao corredor que levava às cozinhas e à sala comunal da Lufa-lufa, mas voltara ao vê-lo parado.
Andrew olhava em direção à entrada das masmorras.
– Bem, a gente não sabe onde ela está, mas sabe onde ela vai sair e... eu acho que vou... esperar por ela, sabem?
Foi interessante que, quando ele acabou de falar, nenhum dos amigos teve vontade de rir. Muito pelo contrário. Hector desceu os degraus que tinha subido.
– E se o Filch te descobre?
– Eu fico escondido – assegurou Andrew, colocando as mãos nos bolsos das calças. – Tem uma passagem atrás daquela tapeçaria no corredor que leva para a sala de aula de poções. Você sabe? Aquela em que Pandonar, o cruel(3) está cerrando o chifre de um unicórnio. Eu fico quietinho ali, até ela passar, dá bem para vigiar a porta da sala da Medéia. Assim, pelo menos, a Danna não volta sozinha para a torre.
Josh chegou mais perto dos dois.
– Ela vai brigar com você.
Andrew deu de ombros e Hector tomou uma decisão. Enfiou a mão no bolso das vestes e empurrou o Mapa do Maroto para o amigo.
– Assim, fica mais fácil de você se safar do Filch – explicou.
Andrew olhou para o pergaminho velho e deu um sorriso.
– Valeu Hector!
Os quatro se despediram, com Andrew prometendo que contaria para eles se conseguisse que Danna falasse alguma coisa, mesmo que ela pedisse segredo. Josh seguiu pelo corredor à direita, enquanto Mel e Hector subiam as escadas em direção às torres das respectivas casas. Andrew respirou fundo e colocando o Mapa no bolso das vestes, seguiu em direção as masmorras.
O caminho não era muito longo até a sala de aula. Ele localizou a tapeçaria e ergueu a pesada malha de lã, escorregando rapidamente para dentro. A passagem, como a maioria das que havia no castelo, era escura e cheirava a mofo e umidade. Andrew achou um canto e sentou escorado à parede. De vez em quando, ele acendia a varinha e conferia o Mapa. Nenhum sinal da Danna. O tempo foi passando. Na verdade, devia ter passado algumas horas quando ele se assustou com um ruído. Provavelmente tinha cochilado. Xingando a própria desatenção Andrew desdobrou o Mapa para conferir se Danna estava à vista. “Droga!” Desta vez ela estava. Aliás, ela já estava em seu dormitório na torre da Grifinória. “Grande, Andrew! Hector e Josh vão rir de você até a sua próxima encarnação, seu idiota!” Apagou o Mapa muito frustrado e o enfiou no bolso, levantando para voltar para a torre.
Um ruído mais alto vindo do corredor o fez estacar. Devia ter conferido se Filch estava zanzando pelo castelo. Ele nem ao menos olhara os corredores por onde devia passar. “Muito bem, Andrew. Além de incompetente você também tem titica de trasgo dentro da cabeça!” Para olhar o Mapa agora, ele teria de acender a varinha e isso poderia atrair quem estivesse no corredor para ele. Preferiu ficar quieto e escutar por um tempo. Nada. Esperou mais alguns minutos. Apenas o silêncio. Com um suspiro de alívio ele começou a caminhar para a saída da passagem. Estava com o Mapa do Maroto na mão, pronto para conferi-lo quando chegasse ao corredor iluminado por archotes e, assim, correr pelo caminho livre até a sala da Grifinória. Levou um tremendo susto quando a tapeçaria foi erguida e um vulto alto entrou ali com ele.
Andrew se espremeu apavorado contra a parede. Tinha certeza de que não tinha sido visto, assim como não conseguira identificar exatamente quem entrara ali, mas até que a pessoa saísse, ele não pretendia sequer respirar. Quase deu um grito quando o vulto começou a falar, mas seu pavor chegou mesmo ao auge quando percebeu que não era para ele que a voz se dirigia.
– Está louca! – Apesar da raiva e da impaciência, Andrew não conseguiu identificar o timbre da voz. Ela parecia estranhamente distorcida e anasalada. – Eu já disse que EU é que devo chamar você e não o contrário.
– Eu não gosto da sua voz falando por este troço. – Andrew arregalou os olhos ao ouvir uma voz de mulher muito alta e clara. Embora parecesse meio metalizada, como que saída de um rádio.
– É apenas um meio de comunicação rápido e útil também. Já devia ter se acostumado.
– Não o chamei para falarmos sobre o tempo ou seus brinquedos idiotas. Acha que minha paciência vai agüentar muito mais suas demoras e desculpas?
– Eu não tenho que me justificar com você Bellatrix. Não é a você que eu sirvo.
– O mestre vai querer resultados, logo!
– Ele terá! Não é com você me atormentando a paciência que as coisas andarão mais rápido.
– E a garota? – Andrew prendeu mais a respiração ao ouvir isso. – Alguma novidade?
– Estamos perto. Ela vai achar o que queremos o mais rápido que puder. – Acrescentou antes que a mulher protestasse. – Ela quer ver o irmãozinho dela vivo e de volta ao lar. Não se preocupe, a menina está se esforçando.
Dessa vez, Andrew cobriu a própria boca para não gritar.
– Certo – concordou a mulher contra vontade. – Mas quando tivermos nas mãos a garrafa, eu quero a minha parte também.
O vulto ao lado de Andrew bufou.
– E você terá, Bellatrix. Eu cumpro o que prometo. Além disso, não há melhor lugar para pegar sete crianças bruxas. Digamos que posso até escolher. – Falou com um humor malvado.
– Não quero sete. Quero apenas as que eu marquei – retrucou a mulher num tom quase manhoso, mas não disfarçando que ali havia uma ordem.
– Você é insuportável, Bella. Eu às vezes me pergunto por que o Mestre a atura?
– Porque eu sou a mais fiel seguidora dele. Porque só eu o entendo plenamente.
– Me poupe de sua histeria fanática, Bellatrix. Não estou competindo por fidelidade junto ao mestre. Eu, ao contrário de você, tenho um trabalho real para mostrar a ele. EU consegui o que nenhum de vocês, incompetentes e fracos, foram capazes.
– Você acha que milord está em dívida com você, não acha? – Havia desdém e raiva na voz da mulher.
– E ele está Bella. Ele está. E quando isso acabar, você também vai estar em dívida comigo. E acredite, minha cara, eu vou cobrar o devido respeito de sua parte. Mas por hora vou ficar bastante satisfeito se não me chamar mais!
Andrew ouviu um som semelhante a um desentupidor de pia e depois silêncio. Continuou grudado à parede. Era o espião, ele tinha certeza. Tudo o que tinha que fazer agora era ficar quietinho e esperar o vulto sair. Nem precisaria olhá-lo na luz para descobrir quem era, bastava deixá-lo se afastar um pouco e conferir o Mapa. Teria não apenas um rosto, mas também um nome. Depois, ele correria direto até a sala da diretora e contaria tudo a McGonagall. Contaria que o espião estava chantageando Danna com um dos irmãos dela, que devia estar nas mãos dos Comensais. E nem precisava ser gênio para perceber que aquele monstro a estava fazendo procurar alguma coisa no lago. E Andrew apostaria o que lhe pedissem que essa coisa era provavelmente a garrafa de Mephistófeles. Além disso, estava bem claro que outros alunos da escola corriam perigo. O menino prendeu novamente a respiração, rezando para que o espião saísse logo.
– Lumus! – A luz da varinha varreu a passagem. – Tsc, tsc... Que coisa feia Sr. Bennet. Ouvir a conversa dos outros. Acho que isso dá mais do que uma detenção.
Andrew mal podia acreditar, ficou congelado no lugar. Mesmo que tentasse gritar, provavelmente não conseguiria.
– Mas o senhor está com sorte. Sabe, uma morte em Hogwarts, agora, seria muito inconveniente. Por outro lado, eu não posso deixar que o senhor saia daqui e conte o que ouviu.
As pausas na fala não distraíram Andrew do fato de que ele provavelmente estava perdido. Em pânico, lançou um olhar para trás avaliando as suas chances de sair correndo dali pela passagem. Se ele conseguisse se manter no escuro, talvez pudesse fugir e contar para a primeira pessoa que encontrasse que ele sabia quem era o espião infiltrado em Hogwarts. Que todos corriam mais perigo do que imaginavam. Mas ele não teve tempo de correr. A última coisa que ouviu antes da escuridão envolvê-lo foi:
– Bons sonhos, Sr.Bennet.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
(1) Ver a nota Sobre este capítulo, abaixo.
(2) Ver os capítulos 28 e 29.
(3) Talvez a maioria não reconheça a referência, mas tomem tb como uma dica de leitura. É uma pequena homenagem a um livro infanto-juvenil de um dos mais incríveis autores da literatura brasileira João Ubaldo Ribeiro. O livro se chama Vida e paixão de Pandonar, o cruel. É hilário, como quase tudo o que o João Ubaldo escreve e maravilhosamente doce. Leiam!
N/A: Desta vez nem demorei tanto, não é? =D
Primeiro quero comunicar a todos que dia 31 de janeiro, eu entreguei a minha tese para o meu programa de pós-graduação, o que significa que cumpri meus compromissos como uma boa CDF assumida que sou, hehe.
Isso significa muitas coisas boas, a primeira é que só volto a pensar na tese quando estiver perto da defesa =D.
E a segunda é que minha cabeça está a toda pensando em fics. Tanto no final do Retorno, o qual quero fazer com muito cuidado e carinho para não perder nada, como tb tenho pensado em muitas histórias novas. Uma delas, eu não resisti e já comecei a postar. Alguns já apareceram por lá. Mas sintam-se todos convidados. É uma fic romance, não muito longa, apenas para dar uma respirada entre este projeto e outros maiores que eu tenho. A fic se chama Just like Heaven (o link está no meu perfil) e segue o estilo da My Girl (minha outra romance). Tenho avisado aos que comentaram para não encher a caixa de quem não estiver interessado. Caso alguém queira ser avisado tb, é só ficar de olho na comu (no Orkut) ou mesmo me mandar um mail, ok?
Sobre o capítulo anterior: Sim O Cavaleiro do Rei é o Rony, claro. Afinal é essa a posição que ele escolhe para si mesmo no livro 1, não é? Sei que no xadrez a peça se chama cavalo, mas no filme, o Rony usa knigth (cavaleiro em inglês) e eu não tive tempo de conferir no livro na língua original. Mas a metáfora não se remete apenas ao xadrez, mas também a posição guerreira que o Rony sempre assumiu em relação ao amigo. Ele não é um escudeiro, mas um cavaleiro do rei. É assim que eu o vejo. Vcs voltarão a ver as metáforas do xadrez (acho que peguei uma febre, rsrsrs).
Sobre este capítulo: Espero que todos os que pediram tanto pelo Rony não se incomodem, mas eu escolhi alguns dentre vocês para representá-los neste capítulo e fazer uma pequena homenagem. Os 16 curandeiros, estagiários e residentes que ajudaram a curar o Rony, se referem aos 16 integrantes da comunidade “Sally, por favor não mate o Rony!” Sim, teve uma comunidade no orkut com esse nome, agora ela se transformou numa comunidade pela preservação de toda a família Weasley nesta fic e nas da Bel, hehe. De qualquer forma, este foi meu jeito de agradecer. Os membros mais ativos da comu apareceram neste capítulo e no anterior. A recepcionista Lizze (Lize Lupin, dona da Comu), a enfermeira Graziela (Grazi DSM, minha amiga não apenas virtual =D e autora da campanha), não foi possível nomear o atendente que conduziu o Harry até a sala da Alicia, mas o nome dele é Victor (Victor Farias, o autor da música da campanha rsrsr – sim, teve até isso). Por fim, a curandeira Priscila Prentiss (Priscila Louredo, autora das imagens da campanha e certamente uma das maiores entusiastas). Vcs foram tão maravilhosos que eu não resisti. Obrigada e um beijão!
Darla: Minha beta amada. Valeu pelo tempo recorde e pelo riso. Te adoro!!
Charlotte Ravenclaw: Fico muito feliz, querida. Essa parte R/H era uma promessa antiga minha para você. Que bom que cumpri a contento. Um beijo enorme!
Bernardo: Esse não é tão grande, hehe, mas ainda assim espero que vc continue com sua decisão de prosseguir colorado =D. Obrigada pela força sempre, amigo. Um beijo!
MarciaM: Querida!!! Obrigada pela confiança =D. Fico feliz que vc tenha sempre acreditado na “bondade do meu coração”, hehe. Beijão!
Marcio (Rabino): Obrigada, Marcio. Fico feliz que os personagens sigam o que vc imagina deles. Quanto à Mione, acho que a idéia de perder o Rony realmente a desestabiliza (vide o livro 6). Sua sugestão sobre os demônios é acertadíssima, vc não imagina quanto. Beijos.
Natinha weasley: Puxa, querida, eu fiquei encantada de vc de dizer que vai imprimir a fic, fiquei com um baita sorrisão. Obrigada pelos elogios, pela leitura ávida e pela compreensão com as demoras. Espero que tenha curtido este capítulo tb. Ainda estou sorrindo com o seu comentário. Beijão!
Georgea: Obrigada, mana. Quanto ao pedido, não adianta, só consigo imaginar o Rony tipo um romântico às avessas hihi. Quanto ao resguardo, espere o próximo capítulo =D. Beijos!
Srtáh Míííhh: Primeiro: VALEU PELO COMENTÁRIO 900!!! \o/\o/\o/ =D*Sorrisão* Lindinha, eu amei seu coment Grwope hehe. A Hermione é o máximo, não é? Nada como inteligência e cabeça fria. Vc não achava que ela poderia entregar os pontos ou o Rony assim, facinho, né? Quanto à saudade de comentar no Retorno, espero que vc possa matá-la comentando nas outras fics que estou planejando, hehe. Ahh... a Just vai sair rapidinho. Que bom que gostou do meu elenco hehe. Ele deu trabalho, mas adoro cada um. Obrigada pela dica da capa. Vou pensar nisso agora que terminei esse capítulo =D Beijão, querida!
Sô: Vc não tem se desculpar querida, ainda assim fico muito feliz com vc comentando de novo. Sim, foi difícil escrever terminando a tese, mas a verdade é que seria ainda mais difícil se eu não escrevesse. Vcs não imaginam a falta que sinto quando não escrevo. Obrigada pelos elogios ao capítulo. Certamente foi um dos que eu mais gostei de escrever. Um beijão!
Lola Potter: Valeu, Lola!! Obrigada mesmo. Espero que tenha curtido este capítulo também. Beijos!
LiLi N. ( Liz): Nem sei direito o que responder Liz. Só posso agradecer e dizer que fico muito feliz que algo que eu esteja escrevendo ocupe os pensamentos de outra pessoa. Isso é um enorme elogio. Também foi para mim o capítulo mais emotivo de escrever. Ao terminar, meu peito doía como se eu fosse a própria Hermione naquela situação. Beijo grande!
Brunaa: Bruninha!! Tenho sentido sua falta. Mas fico feliz que continue lendo. Um beijo!
wG_Diogo: Valeu Diogo! Para vc e para a Jaline por ter indicado a fic. Acho vai demorar para vc ler esta resposta já que ainda está lendo so capítulos, mas de qualquer forma, sinta-se a vontade de comentar o que quiser, ok? Beijos! P.S.: Brigada pelo Top 5 hehe
Mayara Potter: Nunca esqueço de vocês, Mayara =D. Obrigada por todos os elogios. É bom saber que não sou só eu que entro na história, hihi. É verdade, já terminei capítulos com dor no corpo. Não sei se suas aulas já começaram, mas espero que tenha um tempinho para ler este capítulo. Obrigada pelos pedidos de atualização tb, hehe. Um beijão!
Mimi Potter: Me prometi que não falaria da Danna nos comentários, hehe. Mas acho que o capítulo foi eloqüente sobre ela, não é? Obrigada e um beijão!
Feba: Que bom!! :D Nem o tamanho assustou? Hehe. Beijão!
Lívia Cavalheiro: Eu tb, Lívia!! Eu simplesmente amo a Mione, aliás com essa já estou devendo duas para ela. Primeiro foi nos livrar da Umbridge e agora salvar o Rony, hehe (liga não, to doida). Vc acertou direitinho a intenção do título, era exatamente isso =D. Um beijo gaminha!
Sônia Sag: Eu é que não vou falar do quanto amei o seu comentário Anam. Na verdade fiquei doida com ele hehe. Obrigada, mesmo querida. Tem sido muito bom trocar idéias com vc e perceber que mesmo longe tem pessoas que pensam tão parecido com a gente e ainda têm um coração imenso como o seu. Brigadão por tudo. Beijo!
Belzinha: Fico feliz que vc tenho visto o capítulo como um presente, mesmo!! Adorei vc ter gostado da sena Draco/Snape. Achei que ou vc amaria ou odiaria. Que bom que foi a primeira =D. Adorei o elogio à personalidade dos personagens. Muito obrigada, querida. Um beijo enorme e fique bem.
Morgana Black: Quem disse que a referência a Morgana não incluía vc? Heheh. Agora sim, a tesesinha entregue e muito tempo apenas para pensar em fics =D. O problema é o congestionamento de idéias. Preciso urgente de um apito hahah. Beijos querida e obrigada!
Expert2001: Valeu mesmo!! Bem, a tese já está entregue e isso sem dúvida vai render tempo para pensar na fic =D. Mas já aviso, os sustos não acabaram, ok? E talvez tenha algum terror tb, afinal, sempre é preciso algum sacrifício =(. Esteja preparado. Beijos!!
Victor Farias: Valeu pelo carinho Victor. Sei que vc anda atolado de trabalho e fico muito feliz que vc consiga se manter lendo a fic. Obrigada de coração. Quanto à tese, acho que vc não ostaria, hehe. Teses são quase sempre muito chatas. =D Um beijo querido!
Lica Martins: Puxa, vc me colocou num time que é tudo de bom mesmo. Quanto à bula de remédio, eu posso providenciar, viu? Seria a minha tese, hahaha, uma bula de umas 300 páginas (chata e só fala de doença, hehe). Adorei vc falar em prazer da leitura. Eu sou uma leitora fanática e escrever algo que os outros gostam de ler é muito gratificante, mesmo. Eu tb amei escrever este capítulo, mas ainda não consegui escolher o meu favorito. Acho que terei de esperar o último. Beijão!
Trinity Skywalker: Adorei seu comentário ponto 2, hehe. É exatamente assim que imagino o Harry e a Gina hj (digo hj pq tenho certeza que ele sobreviveu ao livro 7, que está casado com a ruiva e, talvez, até eles tenham gêmeos hehe) Do ponto 3, digo o mesmo que falei para a Bel. Pensei muito em vcs duas enquanto escrevia. Achei que vcs ou amariam ou odiariam aquilo. Fico feliz de ter acertado. Ainda mais com o elogio da especialista em Snape que é vc, hehe. Quanto ao comentário da JK, é isso mesmo!! Please, o mundo precisa de mais Hermiones e Ginas do que das Pansy Parkinsons e Paris Hiltons da vida. Inteligência é bom, sexy e salva ruivos fofos hehe. Obrigada pelos elogios, querida! Bjão!!
Gina W.Potter: =D Já começo respondendo com um sorriso. Obrigada, Gina. Eu tb amo demais o nosso casalzinho. A verdade é que comecei a escrever a fic ainda no trauma do que a Jô fez no fim do 6, embora ache que isso tenha muito sentido na história dela, além de servir para mostrar o quanto é maduro o amor dos dois. Obrigada por todos os elogios e por sempre apoiar tudo o que escrevo. Um beijão!
Lize Lupin: Lize querida, espero sinceramente que vc esteja melhor querida! Bem, acho que o Retorno vai deixar saudades, ao menos em mim serão muitas saudades. Mas vai ser bom também finalizar a história, acho que dá uma sensação de realização =D. Quanto à Kate, eu já falei, acho que agora não adianta mais pq a cena do pedido de casamente eu só consigo ver com ela e o Steve. O mesmo vale para a primeira cena desse capítulo tb hehe. Beijão querida!
Doug Potter: Brigadão, Doug! =D
Maria Lucinda Carvalho de Oliveira: Atualizando para você não me chamar de má, hehe! Nuss! Fico feliz que a sua leitura tenha continuado a valer a pena e que a tenha emocionado. Isso é um grande elogio para um autor. Quanto a avisar, vc já está na minha lista de atualização, ok? Beijão!
[*cris potter*]: Ahhh querida, brigadão, tanto pelos elogiso quanto por entrar na comu. Fico muito contente. Isso é muito estimulante, sabe? Dá mais vontade de escrever. Valeu mesmo. Um beijão!
Priscila Louredo: Curandeira Priscila Prentiss, é melhor se cuidar com a Mione, acho que ela vai ficar no teu rastro agora hahaha. Sua campanha foi maravilhosa, querida. Acho que rendeu meu momento JK hehe. Adorei as imagens, tudo!Por isso a homenagem para vc eo outros 16 que lutaram tão bravamente pelo Rony. Adorei! Beijão!
Ana Carol Murta: Obrigada, obrigada, obrigada, querida!! Acho que por algum problema a F&B NUNCA avisa das atualizações =(, mas não se preocupe, é por isso que tenho o e.mail de todo mundo que comenta e sempre mando um avisinho básico. Ahhh então vc estava entre a equipe de 16 curandeiros do Rony, é? =D De novo obrigada, querida. Beijos!
Luisa Lima: Linda, eu amei seu comentário, hehe. Por favor, peça desculpas a sua avó por mim =). Quanto ao livro, bem, agora livre da tese ele vai ganhar um dia par semana apenas para ele. Verdade. Em março começo as minhas pesquisas. Não se preocupe que se vc quiser te mantenho a par da evolução (seja o que Deus quiser!). Quanto ao título, eu expliquei lá no início da N/A, epero que tenho gostado. Um beijão!!
Ana Karynne: Acho que o Rony é um romântico não sendo hehe. Mas não tem como não ficar louca pelo jeitão desastrado dele, né? Acaba sendo fofo a não mais poder. Um beijão linda!
Luna Weasley: Espero que eu tenha satisfeito nem que seja um pouquinho a sua curiosidade neste, hehe. Ahh Luninha... tb ando cheia de saudade de vc, mas parece que não temos tido sorte em nos encontrar. Quem sabe agora com o fim da bendita (tese), não é? Obrigada pelo carinho de sempre.
Pamela Black: Rsrsrs... acho que me junto a vc, Pam. Não vivo sem o Harry, hihi. Quem lindo o seu comentário, amiga. Não é maldade, mas fiquei feliz em provocar toda essa emoção. Isso é muito elogioso para quem escreve. Vc vai entender assim que postar sua fic. Obrigada de coração. Beijão!
Mayana Sodré: Mayana, sinceramente vou tentar não demorar tanto agora =D, apenas o necessário para estruturar com muito carinho cada um dos capítulos finais dessa história e não deixar nenhuma pontinha solta. Quanto à emoção do capítulo, vcs deviam ver o meu estado quando acabei, parecia ter sido atropelada, hehe. Fico feliz que ele tb tenha mexido com vcs. Beijos, querida! P.S.: Adorei vc ter entrado no Fire!
Kika: Esse capítulo revelou um pouquinho, não é? Claro que o Siriuzinho precisava do pai maravilhoso dele. Quanto ao pedido, eu concordo, para o Rony foi até fofo hehe. Um beijão, querida!
Paty Black: Ahh mana, obrigada! Que bom que vc gostou. Concordo que a maior parte do capítulo foi muito triste mesmo, mas como não seria com o Rony em perigo? E o Harry é um lindo fofo, né? Mas nada como as nossas garotas sempre prontas a salvar o dia. Não tem como a gente não adorar as duas. Brigadão pelo carinho, linda. Um beijão!
Bruna Perazolo: Não tome isso como maldade, mas se vc chorou eu me senti aplaudida. =D Obrigada, querida. Fico feliz em ter conseguido passar toda essa emoção. Beijos!!
Daniella Granger: Gostou de ver a família reunida? Eu confesso que adorei. Deu uma satisfação escrever aquilo! Dani, a sua mensagem realmente me emocionou. Eu fiquei até sem saber bem o que dizer. Quem tem que agradecer sou eu pela leitura e pelo carinho que vcs sempre demonstram comigo. Desejo muito sucesso para vc na sua profissão e te digo mais: amar o que a gente faz é o primeiro passo para isso. Eu acho Rony e Mione lindo tb, mas ao contrário de vc, vivo um amor Harry e Gina hehe.Um imenso obrigada e um beijo enorme!
Thais_me: Que bom, Thais. Fico feliz que mesmo com as demoras eu não espante ninguém. Obrigada pela leitura e pelo apoio. Um beijão!
Bruna Zigoni: Valeu, Bruna. Fico feliz que a fanfic tenha conquistado vc. Não sou boa em teorias sobre o livro 7, mas tentei trazer alguns elementos que gosto, especialmente sobre a Gina. Confesso que, de longe, os integrantes do quarteto são meus personagens favoritos. Quanto ao Snape, embora eu não goste muito dele, não acho que seja um traidor. Além disso, acho o mau humor dele hilário. Obrigada pela leitura, querida. Um beijo grande!
Kendra Owen: Nossa, Kendra, vc pediu atualização num período difícil hehe. Foi no dia 31 que finalmente encaminhei a minha tese, mas olha, pode considerar este ainda como presente de aniversário, viu? Eu acho que estando dentro do prazo de uma semana, vale, hehe. Quanto ao livro, pode ter certeza de que a Ana já pediu emprestado =D. Beijão e quem agradece pela leitura sou eu.
Eleonora: Puxa, eu fico sempre tão feliz quando alguém novo descobre a fic e diz que foi conquistado, me deixa muito feliz mesmo. Obrigada de coração. Quanto a leitura das fics da Bel, vc não vai se arrepender. São ótimas, maravilhosas mesmo. Obrigada pela leitura. Um beijão!
Drika Granger: Acho que o início deste capítulo te deixou mais calma, né Drika? Espero rsrs. Tb gostei da atriz que as meninas acharam para ser a Medéia, ela ficou perfeita para o que eu imaginava. Quanto ao Harry, ahhhhhh... ele é realmente perfeito, já que o Drew Fullen tem inclusive lindos olhos verdes.Obrigada pelo carinho. Beijos!
Binha Wright: Acho que dessa vez fui mais rápida, não é. Pouco mais de duas semanas hehe. Voltando a velha forma. Beijos, querida!
Clow Reed: Eu tb acho esses dois hilários. A verdade é que essa vilania tem um pouco de patético e isso é muito engraçado, hehe. Fico feliz que goste da Danna e do Andrew, tb os acho muito fofos. Tenho planos de escrever uma short-fic apenas sobre ela quando terminar o Retorno, acho que vc vai gostar. Quanto a salvar o Rony, vc tb estava entre os curandeiros não é? Hehe Brigadão, querido!
Ana Carolina Guimarães: Valeu Ana! Que bom que achou que o capítulo não demorou tanto e que gostou dele. Quanto à tese, estou “com o burro na sombra” (expressão típica do sul hehe). Deu tudo certo \o/!! Espero que tenha curtido essa família linda nesse capítulo tb. Um beijão!
Lady Eldar: Adorei o seu comentário, querida. =D Acho que dividimos esse amor pelo Rony, não é? Ele é muito fofo. Quanto ao Harry, eu só não digo o mesmo pq já tenho um hehe. Que bom que vc é das que gosta da minha turminha, P.O.s nem sempre caem no gosto de todos e a Danna é realmente especial. Que bom que clareei as coisas para vc e sim, o título foi por isso mesmo. Beijão!!
Srta.Black: Sim, a casa dos Potter tem todos os feitiços de proteção imagináveis. Mas eu não posso responder mais do que isso para vc agora. Sinto muito. Obrigada por lembrar deste =D. Beijão!
Guida Potter: Eu fico muito feliz de vc ter voltado a comentar Guida =D. Eu imagino o seu choque sim, eu recebi uma quantidade imensa de ameaças depois daquele capítulo rsrs. Sobre seu pedido, aguarde o próximo capítulo que vai ter muiot Harry e Gina e tb dos gêmeos. Obrigada pelo carinho e apoio com a tese. Beijão!
-=|J䣡ñë G¡£¡ö†¡|=-: Puxa, Jaline. Valeu mesmo! Não se preocupe, sei como é não conseguir comentar tudo o que gente lê. De qualquer forma brigadão. Adorei seu comentário absolutamente growpesco hehe. Que bom que o Sirius está crível =D, eu já sou apaixonada pelo meu bebê de papel hihi, imagine quando chegar o de carne e osso? Obrigada pelos elogios as partes do capítulo! Gente, vc é a primeira pessoa que liga o nome da Medéia hihi. Valeu pelos elogios e pelo carinho, querida! Um beijo grande e muito obrigada!
GI MARY: Valeu querida!! Aqui está o 31. Obrigada pelos elogios =D. Beijão!
Um beijo bem estalado e até o próximo!
Sally
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!